– Guardas! Seu príncipe precisa de ajuda. – disse Loki enquanto descia do cavalo rapidamente assim que entraram pelos portões do palácio.

Thor então desceu lentamente por causa do pulso que doía e vieram ao se encontro e perguntaram se queria ajuda.

– Não. Quero apenas fazer um curativo...

Loki e ele se entreolharam e o moreno fazendo uma reverência, disse:

– Vocês ouviram a sua majestade. Levem-no.

O loiro então se afastou indo para enfermaria enquanto Loki foi para o seu quarto. Enquanto as empregadas colocavam água quente em sua banheira, imagens rápidas de Thor o encarando bem de perto surgiram indesejavelmente em sua mente.

Mais tarde, naquele mesmo dia sentado no pátio ele pensou que Thor provavelmente não era de todo, mau.

Tinha péssimas ideias e hábitos, mas Loki pode ver naquela manhã uma bondade até então escondida.

– Posso? – perguntou o loiro sentando-se próximo a ele, perto dos pilares de sustentação.

A chuva havia passado, mas a umidade que ela deixara fez com que a temperatura caísse ainda mais.

Loki deu espaço, concordando. Olhou para Thor e viu alguns pontos em sua testa, enquanto seu pulso estava enfaixado com uma gaze grossa.

Os dois ficaram olhando o chão molhado que tinha muitas poças formadas de diferentes formas e tamanhos.

– Eu tenho que agradecer novamente. E pedir desculpas...- começou o loiro.

– Estou ouvindo.

– Obrigado por hoje. Você me salvou...quero dizer, a enfermeira disse que a pancada foi muito forte, tão forte que me fez desmaiar. E eu não conseguiria voltar sozinho...não tão rápido. Você me disse que faria isso por qualquer um que precisasse. E isso me surpreendeu, por mim...e por você. Não sei se você mentiu...mas, eu sei que eu não faria isso por qualquer um que precisasse...

– Você se refere a mim, obviamente. Se fosse eu quem tivesse caído, você provavelmente me deixaria lá, para morrer.

– Exato. É por isso que eu devo pedir desculpas. E pela maneira que eu o tratei desde que você chegou aqui.

Os dois se olharam e com um sorriso educado, Loki respondeu:

– Acho que a sua cabeça bateu realmente muito forte. Um agradecimento e um pedido de perdão vindos de você e no mesmo dia?

– Sou verdadeiro em minhas intenções. Não desejo ser seu amigo, mas temos que concordar que estamos na mesma situação. De nada adianta nos atacarmos quando somos vítimas das decisões de nossos pais.

– Essa foi a primeira coisa sensata que você disse até hoje para mim, asgardiano.

Os dois se olharam e Thor continuou:

– Você poderia ter me deixado lá. Me matado até...ou apenas me empurrado. Não digo que eu confio em você, mas o momento em que decidiu me ajudar, independente de qualquer coisa...mostrou muito sobre o seu caráter, Loki. Você é superior entre todos de sua raça que eu conheci até agora.

– Caráter independe da raça, asgardiano. Vocês, seres tão evoluídos já deveriam saber isso de cor e salteado. – respondeu o jotun disfarçando bem o seu embaraço.

– Espero que não tenha me entendido mal. De qualquer maneira, obrigado. Novamente. – concluiu Thor se levantando e saindo.

Loki pode perceber que Thor não era exatamente o que ele achava que seria: ele tinha sido grato, sensato além de incrivelmente bem articulado.

Pensou que Thor tinha razão também, eles não podiam continuar brigando, eles estavam unidos por causa desse pacto e uma hora ou outra tinham que aceitar isso. Não poderiam viver em pé de guerra para sempre. Não que algum dia se tornassem próximos, mas agora ele pensava que talvez Thor nunca fosse se arriscar tanto para tentar prejudica-lo. Não em seu próprio reino e com tanto em jogo.

Pela primeira vez ele se permitiu respirar e relaxar um pouco. Tomaria cuidado, obviamente, mas tentaria dar um ponto de confiança para todos daquele reino que começava se tornar o seu lar também.

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Os movimentos do príncipe de Asgard eram precisos e rápidos. Com a sua espada ele fazia seu professor experiente ter que se distanciar cada vez mais.

O barulho do metal pesado e da voz de Thor ecoava naquele dia frio que começava.

Loki chegou até o pátio na manhã do baile de Inverno e se deparou com aquela cena que chamou a sua atenção.

Após alguns minutos, o professor dispensou seu aluno aplicado que notou a presença de Loki.

Se aproximando, pegou uma toalha e uma garrafa de água.

– Veio tentar aprender a lutar? – Thor perguntou enquanto enxugava seu rosto.

– Nós jotuns ainda preferimos usar o cérebro. Mas nada contra. Você me surpreendeu, achei que fosse apenas jogar seu grande martelo para todos os cantos e pronto.

– Se você fosse tão inteligente como julga, saberia que nós asgardianos somos guerreiros por natureza. Aprendemos todos os tipos de técnicas.

Os dois então se encararam e Thor sorrindo tomou um grande gole e disse:

– De qualquer maneira, acho que nem com todos os ensinamentos, você se tornaria um bom guerreiro.

– Isso é um desafio, asgardiano?

– Pode apostar que é. – Thor sorriu fazendo Loki sorrir também.

– Você está em aula, podemos duelar mais tarde...- propôs Loki rodeando-o enquanto o loiro apenas o observava.

– Minha aula acabou, você está com medo?

– Medo é algo que eu desconheço. - Loki respondeu pegando uma outra espada que estava próxima e o chamou com as mãos.

Thor largou a toalha e a garrafa e pegou novamente sua espada, indo de encontro com o moreno.

– Então, você está pronto para tamanha humilhação, asgardiano? Ainda dá tempo de correr, só assim sobrará um pouco de dignidade para você...

– Você fala demais, Loki. Eu prefiro agir. – respondeu Thor fazendo seu primeiro movimento muito rápido e certeiro.

Loki se defendeu e com um sorriso respondeu de maneira ainda mais rápida, fazendo Thor se esquivar muito rápido.

– Você aparentemente sabe lutar...- Thor comentou com pouco caso.

– Eu até agora achava que você também. Acredito que tenha me enganado. – Loki riu.

– Ah, é mesmo? E então isso? – Thor deu uma giratória e com golpes muito rápidos, fez Loki ficar encurralado entre duas paredes. Com a espada entre seu pescoço, Thor sorriu triunfante.

Loki parecia assustado e muito surpreso. Thor então disse:

– O que achou, hã?

– Muito bom. E previsível. – respondeu uma voz atrás dele enquanto o Loki que ele encarava evaporou. Thor virou e viu Loki sorrindo a um passou de distância dele.

– Ei, como você fez isso?!

– Se eu contar, não terá mais graça...

– Mas isso é trapaça!

– Eu disse que nós jotuns usávamos o cérebro, não que éramos honestos. – respondeu Loki levantando uma de suas sobrancelhas.

Thor então o atacou novamente com diversos golpes seguidos, finalizando com uma rasteira, fazendo Loki cair com tudo e sua espada voar longe.

– Não o julgo. Nós também não somos tão bondosos assim. – ele se aproximou, encarando-o e se apoiando, quase se deitando sobre Loki, mas sem se encostarem.

O moreno não podia se mover já que os braços de Thor estavam em torno de seus ombros.

– Me diga algo novo, asgardiano. – Loki sorriu e se levantou um pouco, se apoiando em seus cotovelos e fazendo seu rosto ficar ainda mais próximo de Thor.

Thor então deu um meio sorriso enquanto Loki molhou levemente seus lábios. Os dois se encaravam enquanto suas respirações ficavam muito pesadas.

– Thor? Loki?!

Os dois olharam para o lado e viram Frigga de longe observando a cena. Thor se levantou e Loki fez o mesmo.

– Mãe, o que houve? – perguntou Thor indo até a sua garrafa e bebendo mais uma boa quantidade de água.

– Eu estava esperando por Loki. Querido, você disse que me ajudaria com os efeitos para a festa...

– Sim, eu disse. Eu estava indo na verdade. Desculpe-me por fazê-la esperar. – Loki respondeu se levantando e massageando seu próprio pescoço.

– Não tem problema. Vocês estão bem? – ela perguntou percebendo que os dois aparentavam estar muito confusos além de sem graças.

– Claro. Se derem licença. Vou tomar banho. A noite será agitada...- disse Thor pegando suas coisas e se afastando.

– Oh, eu espero que ela seja mesmo. – concluiu Frigga seguindo para o salão acompanhada por Loki, muito pensativo.

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Loki havia terminado de pendurar o último enfeite do imenso salão.

Seria o Baile de Inverno e como de costume, todos os convidados deveriam ir com uma vestimenta de cor branca, cor da neve além de uma máscara da cor que quisesse.

– Bacana a decoração. – ele ouviu uma voz se aproximar.

Virando-se viu Thor já a caráter com uma máscara de cor vermelho sangue.

– Você ainda não viu nada, asgardiano. – Loki sorriu e fazendo um leve movimento com as mãos, fazendo pequenos flocos de gelo caírem de cima.

Thor então riu e brincando colocou a língua para fora tentando pegá-los:

– São de verdade! Incrível...

– Sim, eles são. Não são ilusórios...eu até poderia criar algo assim, mas que graça teria, não?

Eles se olharam e Thor passou levemente seus dedos pelos cabelos, pelos ombros de Loki.

– Tinha neve...- explicou o loiro enquanto eles ainda se olhavam.

– É melhor eu dar um jeito nisso. Esse efeito é só para a hora da dança. – Loki disse se afastando e com outro movimento fez toda a neve sumir.

– Então...neve. Deve fazê-lo lembrar de casa...

– Sim.

– Você sente muita falta de Jotunheim?

– Às vezes. Mas procuro não me prender a esse tipo de emoção. Sou grato por tudo o que fizeram, mas agora não faço mais parte daquele reino.

Os dois sorriram um para o outro e depois desviaram os olhares. Loki começou a recolher o material utilizado para os enfeites. Thor então comentou:

– Você é muito forte. Quero dizer, você controla bem as emoções...admiro isso. Eu particularmente não consigo.

– Sou uma rara exceção, asgardiano.

– Então, os outros jotuns costumam sentir...sentir desejos e vontades?

– Desejos? Vontades? – perguntou com o ar mais inocente que conseguiu.

– É Loki, você sabe...desejos. Sexuais.

Loki se segurou para não rir naquele momento. Era tão estranho ver Thor daquele jeito e ter aquele tipo de conversa com alguém que até pouco tempo atrás o odiava.

– Oh, não. Nós nascemos de árvores. Já em tamanho adulto. – respondeu enquanto os dois caminhavam até a porta do salão.

– Ok. – respondeu o loiro completamente sem graça.

– Isso foi uma piada, asgardiano.

Thor começou a rir e então Loki se permitiu rir também.

– Então...você sente? Quero dizer, os jotuns sentem atração?

– Sim, mas não sei se da mesma maneira que vocês, que os outros reinos. Não posso dizer isso com propriedade. – declarou Loki sentindo seu rosto queimar.

– Você nunca sentiu nada por ninguém?

– Você já?

– Bom, eu procuro sentir. Quero dizer, eu quero. Eu quero sentir isso por alguém. Eu desejo isso...eu acho que amar alguém deve ser a melhor coisa do mundo. Quando eu estiver apaixonado, serei completamente dedicado...

– Como você acha que conseguirá isso? – Loki perguntou interessado.

– Tentando. Conhecendo pessoas...uma pessoa. Não sei...não há fórmulas para isso, certo?

– Eu não posso afirmar isso...Bom, eu realmente tenho que ir me arrumar agora. Até mais, asgardiano. – Loki respondeu se afastando rapidamente completamente embaraçado.

Thor apenas o observou, e suspirando frustrado ele se perguntou o que estaria fazendo, o que estava acontecendo com ele.