We Found Love escrita por Jessie Austen


Capítulo 2
O Pacto




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Thor caminhava pelos campos de trigo na frente de seus quatro amigos, Sif, Frandal, Volstagg e Hogun.

– O que você vai fazer? – perguntou a única mulher do grupo, após perceber o príncipe não diria nada.

– Não há muito a ser feito, não é mesmo?

– Acalme-se, meu amigo. Talvez o Pai de Todos tenha uma idéia melhor e...

Frandal foi interrompido por Thor que respondeu:

– Você fala como meu pai tivesse alguma sabedoria. Ele não se importa comigo, só se importa com o poder, com a riqueza. Eu estou cansado.

– Não fale assim de seu pai, Thor. O que Frandal quis dizer é que talvez tudo isso tenha um propósito final. – comentou Hogun.

– Sim, talvez o príncipe queira paz também...paz eterna. – disse Volstagg.

– E quem disse que eu quero paz com aqueles monstros? Paz eterna...faça-me rir. Para mim esse pacto está mais zombaria eterna. Vocês sabiam que os outros reinos que tomaram essa decisão, fizeram esse mesmo pacto, em todos eles quem se uniu foi uma mulher e um homem? Só em Asgard e Jotunheim serão dois homens. – contou Thor com desprezo.

– Mas os Jotuns não são necessariamente homens, Thor. E eu soube que eles podem se transformar em tudo, bem...quase tudo, menos em aves. – disse a guerreira.

– Sim, quem sabe você não se depare com uma bela gigante, uh? Talvez ela não resista ao nosso charme asgardiano. – brincou Frandal fazendo todos rirem, menos Thor.

– Não seja inocente. Eles não passam de monstros, é isso que são. Toda essa guerra, antes mesmos de nossos pais nascerem é apenas uma amostra do que são capazes. Pois eu o tratarei da maneira que ele merece, com infinito desprezo.

Os quatro se entreolharam. Quando Thor se decidia ninguém poderia fazê-lo repensar. Ele sempre fora muito orgulhoso, teimoso e determinado.

Era compreensível também sua reação, afinal de contas quem gostaria de ser prometido a alguém que não conhecesse, apenas por motivos políticos?

A união ocorreria naquela noite em Asgard mesmo e ele queria apenas ficar distante de todos os preparativos e os olhares maldosos que o rodeavam.

Após um tempo distante, e ao perceber que não poderia fugir disso, ele se despediu de todos e voltou para o palácio. Estava completamente furioso e sentia-se frustrado a ter que “se casar” com alguém que não amava, que nem ao menos conhecia.

E quando chegasse o momento e ele conhecesse alguém e se apaixonasse? A pessoa nunca iria aceita-lo em tais condições!

Quando esse pacto, esse acordo entre dois reinos acontecia, ambos os herdeiros deveriam viver juntos, neste caso, Thor e o príncipe de Jotunheim viveriam no palácio de Asgard.

Se sentia tão sufocado, tão traído por seu pai. “É o que devemos fazer, Thor” é que Odin havia dito após contar o que seria obrigado a fazer.

– Claro que é. Não é o senhor, poderoso Odin que se casará com um monstrengo. – disse para seu reflexo no espelho enquanto se trocava.

Viu seus olhos azuis refletirem uma tristeza sem tamanho.

Thor era um belo e jovem asgardiano, era conhecido por isso. Além de sua bravura, todos comentavam que ele a cada ano que passava se tornava ainda mais atraente, com seus cabelos longos, loiros e lisos.

– De que adianta tudo isso, se eu vou me tornar piada? Maldito seja o filho de Laufey...eu tornarei a sua vida um inferno. – disse para si próprio.

Mal poderia imaginar que tais palavras, assim como seu reflexo em um espelho, voltariam para ele.

Todos os asgardianos e a realeza de Jotunheim estavam presentes no palácio aquela noite.

Thor que até então não havia falado com ninguém começava a ouvir o barulho da multidão aumentar cada vez mais do lado de fora.

Não quis se alimentar e não queria ver ninguém. Quando terminou de se arrumar, caminhou até o salão de eventos como se estivesse indo para o abatedouro. De certa forma, era assim mesmo como se sentia. Tudo parecia um pesadelo, não podia acreditar no que estava acontecendo, simplesmente não podia.

Após ser anunciado, ele entrou rodeado por quatro soldados. Passando pelo corredor completamente abarrotado de pessoas que gritavam e o chamavam. Fez questão de não sorrir nem olhar para ninguém. Entrou com seu ar imponente e arrogante, algo herdado de seu pai, que neste momento o encarava de seu trono.

A rainha ainda sorriu, mas Thor fingiu não ver. Não precisava disso agora, de ninguém. Afinal, a partir de agora estava sozinho. Ele não havia sido entregue, praticamente vendido naquele acordo tolo? Pois bem, de agora em diante agiria como bem quisesse.

Olhou para a multidão e achou seus amigos que acenaram para ele também. Neste momento Laufey e Odin começaram discursar.

“Parecem até amigos...hipócritas.” pensou o loiro baixando a cabeça.

Os dois reis falaram por um bom tempo até que todas as chamas fossem apagadas e só as de onde eles estavam, acima de todos, ficassem acessas.

Neste momento, o príncipe de Jotunheim, entrou, caminhando pela multidão.

Thor fechou os olhos para enxerga-lo melhor. Quando ficaram próximos, pode então vê-lo. Este vestia roupas pesadas e escuras, contrastando com seu rosto que tinha traços finos e delicados.

Loki era o seu nome. Quando o anunciaram este entrou acompanhado por quatro soldados.

Não se parecia nada com um gigante, mas definitivamente não se passaria por um típico asgardiano se essa era a sua intenção.

Tinha cabelos pretos e brilhantes, seus olhos eram verdes claro, com a pele pálida e lábios muito vermelhos.

Thor o encarou até ele parar ao seu lado enquanto Odin discursava.

Loki pareceu notar e assim que virou levemente seu rosto para ele, Thor lançou o encarou com desprezo, virando-se para frente novamente.

Mesmo agora, enquanto encarava lugar algum, percebeu que o jotun ainda o observava atentamente e isso o irritou, fazendo-o olhar novamente.

Qualquer coisa que Loki fizesse, algo mínimo e Thor acabaria com ele ali mesmo.

Seus olhares se encontraram novamente, mas foi a vez de Thor receber um olhar de desprezo e Loki voltou-se para a Odin que agora recebia uma calorosa salva de palmas.

Ele simplesmente não conseguiu decifrá-lo. Seu olhar era misterioso. E depois Thor acabaria descobrindo, conhecendo que aquele mistério poderia ser traduzido em ironia, tristeza, orgulho e confusão.

O pai de Todos se aproximou, ficando entre eles.

– Olá, Loki. – mas não recebeu resposta – Preciso que vocês agora juntem suas mãos esquerdas em cima deste manto.

O pai de todos então mostrou a eles um tecido branco de fios de ouro em cores vermelha e verde e os dois obedeceram, Thor primeiro e Loki seguindo-o.

– Certo. Agora preciso que um segure a mão do outro.

Thor suspirou e segurou as mãos de Loki, passando seus dedos pelos dedos dele, percebendo que os dedos de Loki eram frios e macios.

Eles se encararam por alguns segundos mais até que Laufey se aproximou também e disse para o outro rei:

– Já está na hora. Pode ser feito.

Odin fez um sinal e dois criados se aproximaram e entregaram a eles uma pequena adaga.

Com esta eles fizeram um corte em seus dedos, deixando cair o líquido nas mãos dos príncipes que apenas assistiam.

Seus sangues em tom vermelho e azul escuro mancharam o tecido e neste instante um mago asgardiano e um feiticeiro jotun se aproximaram de Thor e Loki e começaram a sussurrar palavras desconhecidas, enquanto faíscas azuis e vermelhas começavam a sair.

Thor reparou através da claridade que Loki encarava sem expressão àquelas cores dançando na frente deles.

Uma claridade se espalhou por todo o ambiente, quase cegando e eles souberam: estava feito, agora estavam unidos.

As luzes voltaram a todo ambiente enquanto a multidão aplaudia fervorosa mesmo sem entender ou saber o que tudo aquilo significava.

Thor e Loki se olharam mais uma vez antes do jotun se afastar e limpar suas mãos em suas vestimentas.



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