Assim que a noite caiu Thor foi ao quarto de Loki, chamá-lo para irem festejar o seu retorno.

Durante o tempo que ficou distante, ele pensou e muito sobre o que sentia, sobre os dois.

Era difícil admitir para si próprio o quanto havia se enganado e julgado Loki. Em contrapartida achava que estava recebendo o seu castigo por ter se apaixonado tão rápido e de maneira tão intensa.

Era uma punição dos deuses agora ela se encontrar tão mudado por causa de seus sentimentos.

Tudo que havia dito sobre Loki era tão absurdo que ele tinha vergonha de algum dia ter pronunciado tais coisas.

A viagem de fato havia feito bem a ele, pois apesar da ansiedade e saudade de Loki, a distância fez com que ele enxergasse coisas que talvez se estivesse perto o seu orgulho tivesse o cegado.

À tarde, quando beijou Loki sabia que era algo arriscado de se fazer, mas só assim saberia dizer se o outro tinha por ele algum afeto também.

Com um simples gesto, percebeu que no mínimo Loki o suportava, pois quando se separaram pode perceber o jeito que o jotun o observava.

– Vamos? - perguntou assim que este apareceu.

– Sim, já estou pronto...

– Se quiser podemos ir na frente. Meu pai disse que talvez não fosse, quer descansar...e meus amigos vão mais tarde.

Loki sabia, ou pelo menos achava que sabia onde o loiro queria chegar.

– Oh, vamos só nós dois, então?

– A princípio sim. Depois nos encontraremos com eles...

– Você que manda... - Loki respondeu tentando sorrir.

Os dois então caminharam pelo vilarejo em direção à taverna onde Thor costumava ir, mas ao chegarem viram que a mesma estava abarrotada de asgardianos felizes e cantantes.

– Conhece algum outro? - ele perguntou enquanto se afastavam.

– Bom, tem outro...mas fica distante daqui, tudo bem?

– Claro, vamos andando. Mas e os seus amigos?

– Depois eu comemoro com eles. Eu senti sua falta, sabia?

Os dois se olharam e Loki deu um sorriso que fez o asgardiano relaxar.

– Duvido que tenha se lembrado de mim. Você conheceu um outro reino, completamente diferente do seu...

– Pois não duvide. Bom, pelo menos, eu consegui com essa viagem colocar alguns pensamentos em ordem, sabe...algumas coisas que estavam confusas dentro de mim. É claro que não consegui relaxar...afinal, o pai de todos estava lá, então...

Os dois riram enquanto caminhavam por uma estrada de pedra que seguia por um caminho com algumas árvores grandes:

– Onde estamos indo? – o jotun perguntou.

– Oh, tem um lago belíssimo aqui por perto. Eu costumava nadar nele quando era criança...você vai gostar.

Os dois então chegaram e Loki viu o lago rodeado por pedras pequenas, formando de fato uma bela paisagem. Fazia uma noite agradável e a luz da Lua era a única coisa que eles tinham.

Sentaram em silêncio em um pedaço de tronco de árvore improvisado como banco, o coração de ambos quase escapando de seus corpos.

– É um lindo lugar, de fato. – Loki disse percebendo que Thor o encarava.

– É...belo, muito belo de fato. Não minto quando digo que você teria adorado a nossa viagem...

– Sim, mas isso seria impossível, já que nós jotuns não somos bem vindos, lembra?

– Bom, eu te protegeria. Eu mataria se fosse preciso...

– Eu sei me defender, asgardiano. Mas agradeço de qualquer maneira.

– Sim, eu sei que sim. Afinal...você foi quem me salvou uma vez certo? – Thor brincou.

– No penhasco, naquela tarde de chuva. Como não me lembraria? Eu me lembro de tudo...de todos os detalhes.

– E existe algum outro dia que você se lembre, Loki? Existe alguma outra lembrança vivida entre nós dois que está em sua memória?

Os dois se olharam, mas Loki não disse nada, apenas sorriu fazendo Thor rir.

– Ei, você está ouvindo esta música? – o loiro perguntou fazendo o outro perceber uma lenta melodia tocando ao fundo, vindo provavelmente de umas das tavernas lotadas que existiam ali perto.

– Sim...é muito bonita. Você conhece?

– Não, nunca ouvi para dizer a verdade. Nunca liguei muito para a música para dizer a verdade.

– Eu sempre adorei. Sempre gostei de dançar...- Loki confessou.

– Sério? Jotuns dançam? – Thor perguntou com um tom indignado, fazendo Loki rir.

– Sim. Muito bem por sinal. Não somos uns trogloditas como certos asgardianos.

– Você se refere a mim...

– Naturalmente.

– Poderia me ensinar? – Thor perguntou pegando sua mão, fazendo-o se levantar, aproximando seu corpo com o dele e fazendo leves movimentos.

– Meus truques não são tão poderosos assim, asgardiano. Eu não posso fazer milagres. – Loki zombou enquanto os dois começavam a dançar conforme a doce música dominavam seus corpos.

– Você tem medo? – o loiro perguntou.

– Medo? Eu não tenho medo de nada...do que eu temeria?

– De mim.

– De você? Claro que não...

– Não? Por que você foge do meu olhar então?

Loki o encarou e sorrindo de lado respondeu:

– Talvez minhas intenções sejam apenas diferentes das suas. Certo, eu ensinarei...você precisa ir com calma. Primeiro: segure minha mão...assim. Essa vem aqui, na minha cintura...isso. Coluna reta...sim. Agora, você precisa apenas acompanhar o ritmo, mais do que isso. Você sentir a música. – Loki explicou.

Seus olhares se encontraram novamente e eles se encararam enquanto começavam a dançar lentamente.

O jotun então suspirou e olhou para o lado, disfarçando seu nervosismo. Tinha sido uma péssima ideia ter vindo.

O asgardiano então segurou seu pescoço, trazendo-o de volta para ele, dizendo:

– Você me paralisa, Loki. Você me enfraquece, me deixa perplexo e nervoso. Tira do meu ar e meus pensamentos racionais. Todos eles. – sorrindo, continuou – Mas isso, ao contrário do que se possa pensar, me deixa feliz.

Thor pegou a mão de Loki que se esquivou, e disse:

– Eu...eu acho melhor a gente voltar.

– Tem certeza, Loki?

– O que faz você achar, acreditar que eu tenho sentimentos por você? Além de meu respeito? Asgardiano, eu...

– Você não é tão bom em mentiras quanto acredita... – Thor sorriu.

– A distância fez você criar ilusões sobre o meu respeito. Eu continuo sendo o mesmo de sempre...- Loki disse se afastando.

– Mesmo? Por que você está tão nervoso, então?

Loki tentou dizer algo, mas não conseguiu pensar em nada. Thor disse:

– Esses seis meses só fizeram eu perceber o quanto eu...é, eu sei o quanto isso é absurdo...logo eu, dizer uma coisas dessas? A verdade é que você me deixou de joelhos e...

O jotun neste momento segurou o rosto de Thor, surpreendendo-o e já não conseguindo disfarçar seus próprios anseios. Procurou pelos lábios de Thor, abraçando-o forte.

Ele se considerava forte. Forte até demais, mas nunca poderia resistir àquilo. Thor havia se declarado, se aberto a ele. Seu medo se esvaiu e seu receio agora era não nada ao sentir que o asgardiano invadia sua boca, pedindo mais, mordendo seus lábios, tirando seu fôlego.

– O-o que significa isso, exatamente? – este perguntou assim que se separaram.

– É um agradecimento. Pelo que o que você sente e pelas suas palavras.

– Espera, o quê? Só isso?

– A música acabou, asgardiano...eu não sei você, mas eu ainda quero me divertir esta noite! – Loki sorriu se afastando.

– Para onde você vai?

– Vou procurar seus amigos...eles eram parte da festa, não?

– Loki, eu...tá, ei me espera. – Thor disse indo atrás de Loki que corria rindo e deixando-o sozinho.