O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado


Capítulo 54
IX.6 O príncipe ataca.




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Ele não gostava rodeios. Tinha um especial prazer em ir diretamente ao assunto, sem entrar em jogos demorados. Por isso, a primeira coisa que fizera fora atingir o adversário com alguns golpes que não falharam o alvo. Atordoado com o murro na cara e o pontapé nas costelas, Keilo não se defendera convenientemente.

Em seguida, recuou, uniu as duas mãos e gritou:

- Final Flash!

A vaga cintilante de energia abateu-se sobre o saiya-jin e rebentou. Houve fumo, houve faíscas. Keilo desapareceu debaixo do ataque. E quando surgiu, entre a fumaça, um vulto combalido, Vegeta mergulhou em voo picado e atingiu-o com um potente soco. Não o deixou cair. Apanhou-o por trás na queda livre e fê-lo subir pelo céu com um pontapé nas costas.

Perseguiu-o voraz, para lhe assentar mais uns golpes. Só descansaria quando o visse inconsciente e subjugado ao seu poder. Concentrou toda a sua energia na mão, para desfechar um murro definitivo. Recolheu o braço para tomar balanço, rangendo os dentes.

Nisto, Keilo retesou o corpo, parando o voo vertiginoso e errante em direção às nuvens. No momento exato em que Vegeta ia esmurrá-lo, voltou-se e agarrou no punho com uma das mãos.  

- Calma, Vegeta! Eu não quero que isto acabe depressa.

O príncipe puxou a mão, mas Keilo tinha-a bem presa entre a sua. Levantou um joelho que Keilo evitou. Inesperadamente, Keilo soltou uma ruidosa gargalhada e deixou-o ir. Vegeta não desperdiçou a ocasião – enfiou um soco em cheio na cara de Keilo. A resposta veio em forma de cotovelada, um movimento à meia-volta, que se cravou no meio do peito do príncipe, que se engasgou, projetando a cabeça para a frente. Acabou derrubado por uma palmada.

Respirando profundamente, Goku sentia-se melhor. Nunca esperara que aquele confronto tomasse aquelas proporções. Keilo era um super saiya-jin esquisito, a sua força tinha uma característica peculiar e que não era devida à magia do Makai. Conseguiu perceber que Keilo era um saiya-jin especial, mas não sabia ainda muito bem porquê.

Vegeta entregava-se a fundo ao combate e Goku apreciou o seu empenho, quando tinha ficado petrificado no início. Com o seu ímpeto habitual despachara o adversário com um par de golpes precisos, mas era ele quem cruzava agora os ares e desaparecia por entre as árvores da floresta. Keilo foi atrás dele.

Com as costas da mão, Vegeta limpou o fio de sangue que lhe saía do canto da boca. Tinha a cabeça às voltas. Afastou irritado as pernadas das árvores que tinha arrastado na queda e levantou-se. Inspirou e fechou os olhos para recuperar de uma tontura. Ao abri-los encontrou Keilo que o observava de braços cruzados.

- És um bom adversário, Vegeta – disse-lhe. – Mas demasiado impaciente. Tens de ter mais calma.

- Não gosto de perder tempo.

- Hum… Assim, acabas por não apreciar o combate. Não te divertes como eu me divirto.

- Para me divertir, basta ver-te a sangrar. Tenho gostos simples.

- Uh!... Muito bem. Faz-me sangrar.

Vegeta aumentou o ki, espalhando a luz da aura dourada dos super saiya-jin.

- Quando eu começar, vais implorar-me que pare.

Keilo riu-se, descruzando os braços. A atitude descontraída provocava e irritava Vegeta que não o escondeu, rosnando.

- Sabes qual é a diferença entre nós, Vegeta?

- Eu existo e tu não passas de um feitiço.

- Eu tenho certezas e tu não.

- Certezas de quê?

- De que nem tu, nem Kakaroto, são rivais para mim. E não sou apenas um feitiço. Sou muito mais do que isso… príncipe. Tu sabes do que é que eu sou capaz.

Algo nele vacilou, mas Vegeta disfarçou com uma gargalhada.

- És um super saiya-jin, Keilo. – Cuspiu com desprezo – Só isso.

- Sou o super saiya-jin lendário.

- Eras o único super saiya-jin nessa época. Por isso, foste admirado e passaste a ser uma lenda. Agora, os tempos são outros. Mil anos passaram e surgiram novos guerreiros… Guerreiros poderosos! Já viste que tanto eu, como Kakaroto, somos super saiya-jin. Para além de nós os dois, existem ainda outros. O que me dizes a isto?

- Não sou um super saiya-jin qualquer. Não vos mostrei tudo o que sei fazer e, mesmo assim, derrotei Kakaroto.

- Ele também não te mostrou tudo o que sabe fazer.

- E vou derrotar-te a ti.

- Nem eu te mostrei tudo o que sei fazer!

Olharam-se com ódio.

Os ramos das árvores em redor foram açoitados pela energia que se soltou das duas auras fantásticas, que cintilavam e faiscavam como estrelas prestes a colidir na imensidão do Universo.

A iniciativa pertenceu a Keilo que investiu com ganas. A rapidez dos seus golpes era estonteante, mas Vegeta defendeu-se com acerto, procurando atacar sempre que via uma oportunidade.

Keilo, no entanto, foi mais expedito e com uma cotovelada derrubou Vegeta, que caiu no meio dos arbustos. Afastou-se a tempo ao sentir que Keilo vinha para o rematar. Rebolou, esquivou um punho que lhe passou rente à cara. Ainda no chão, juntou os dois pés e deu uma patada com tanta força que Keilo saiu disparado pela floresta adentro, a derrubar árvores à sua passagem.

Vegeta levantou-se com um salto. Apontou a palma da mão e enviou uma esfera vermelha de energia. Quando a esfera estava prestes a alcançar Keilo, este sumiu-se, utilizando a sua enorme velocidade.

Quando a esfera explodiu e iluminou a floresta de um vermelho medonho, Vegeta sentiu-o próximo. Teve o reflexo de baixar a cabeça e o braço de Keilo roçou-lhe os cabelos alaranjados. Esticou uma perna para desferir um pontapé, mas Keilo esquivou-se. Quando se virou, as mãos de Keilo apanharam-no, uma de cada lado da cara. Foi puxado e apanhou com uma cabeçada em plena testa.

Gritou com a dor cegante. Keilo largou-lhe a cabeça e um punho fechado afundou-se com força no estômago. Abalado com os golpes, caiu de joelhos.

Keilo agarrou-o pelos cabelos, colou o rosto ao dele.

- Sentes a minha força, príncipe Vegeta? Consegues senti-la? Pois isto não é nada! Sou capaz de muito mais! Já te disse, e tu sabes muito bem, que sou o super saiya-jin lendário. Podem ter passado mil anos, mas não há nenhum outro saiya-jin superior a mim. Mesmo que hajam dois, quatro ou dez super saiya-jin! Porque eu sou especial! Estou apenas a brincar e vocês caíram debaixo dos meus golpes como dois principiantes.

Vegeta olhou-o e disse-lhe:

- Eu também estou a brincar.

Keilo atirou-o com um safanão. Caiu de borco, a ofegar, a sentir o odor da terra húmida a entrar-lhe pelo nariz, a contaminar-lhe os pulmões secos. A tossir, soergueu-se para resumir o combate. Haveria de o derrotar, nem que fosse a última coisa que faria. Pelos seus cálculos, Kakaroto já deveria estar recuperado e, em breve, seriam dois contra aquele maldito presunçoso.

O desprezo de Keilo era insuportável.

- Estou farto desta brincadeira… Mas nada mais posso fazer a não ser brincar com vocês – revelou.

- Oh, então vamos passar a coisas mais sérias – concordou.

As ideias eram escassas, mas Vegeta ainda não estava disposto a desistir. Um verdadeiro saiya-jin combate sem receios. Tornou a concentrar o seu ki, reunindo toda a energia que lhe restava, sem deixar qualquer reserva que lhe valesse num momento crítico. Até ao fim, obstinadamente, sem dúvidas ou arrependimentos. Afastou Keilo com um pontapé, depois de um breve confronto corpo-a-corpo, estendeu os braços e começou a disparar uma saraivada de esferas amarelas.

Do outro lado da floresta, Keilo sorriu. Fácil de defender.

***

Goku assistia ao combate desde o alto. Estava recuperado, sentia-se apto para entrar novamente em ação, mas agora era a vez de Vegeta e não iria interferir, a não ser que o príncipe lhe pedisse ou necessitasse.

Ficara preocupado com a conversa que escutara. Não com o facto de o saiya-jin ter dito que era mais forte do que o estava a demonstrar – ele próprio tinha percebido isso quando o enfrentara – mas com aquela afirmação de que era tudo uma brincadeira, só que nada mais podia fazer a não ser brincar com eles.

O combate não era a sério. Era só para entreter.

Voltou a cabeça na direção do Templo da Lua. Pensou em Zephir e estremeceu.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Os labirintos do templo.



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