Always! escrita por Srt Dubs


Capítulo 12
Capítulo 12 - A briga.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capitulo, ele me custou um bom tempo de criação...rs



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Marina balançou a cabeça decepcionada, entretanto, de alguma forma, eu sabia que não era para mim.

- E porque eu faria isso? – Helena me perguntou brava como um javali selvagem.

- Você entendeu o que eu quis dizer, sabe que se e contar a diretora estará dando um tiro no próprio pé. – Helena ficou me olhando como se não acreditasse no que eu tinha acabado de dizer.

- Marina, nossa conversa não acabou... – ela disse começando a andar para fora da sala, mas eu entrei na frente dela.

- Você não tem o direito de decidir por mim e muito menos pela Marina, nossa amizade e tudo que nos diz respeito só cabe a nós decidir. – Marina me olhou preocupada e permaneceu sem dizer nada.

- Estou mais envolvida nisso do que imagina... Conte a ela, Marina, duvido que continue a seu lado se souber seu segredo. – Marina fechou-se em seu casulo pessoal, como sempre fazia quando queria esconder seus pensamentos e sentimentos. – Tudo bem, então, conto eu...

- Helena, ainda não! – Marina disse se impondo.

- Sophia, a verdade é...

Eu estendi a mão para que ela parasse de falar, por mais que eu quisesse saber qual era esse bendito segredo, o certo seria que a Marina me contasse.

- Não quero saber! A única que tem que me contar é a Marina, e se ainda não confia o suficiente em mim, eu posso esperar... – Marina observou com uma mistura de curiosidade e surpresa no olhar, Helena iria dizer algo, porém o sinal tocou e ela passou por mim irritada.

Olhei para a Marina esperando que ela dissesse alguma coisa, mas ela apenas sustentou meu olhar por alguns minutos como se avaliasse a situação. Em seu olhar eu senti uma insegurança e percebi algo que me assustou, havia novamente uma parede entre nós.

- Por favor... – eu disse como se aquilo bastasse e ela entendeu, claro, porém permaneceu calada. – Não levante essa parede de novo, não para mim...

Marina dirigiu seu olhar para algo que julgou mais interessante, algo no pátio do colégio, os alunos entraram e eu saí da sala, indo para a minha primeira aula.

Alice não se importou com meu atraso, tentei me controlar para não pensar em nada daquilo que tinha acabado de acontecer. Stefan me observou da carteira ao lado e eu fingi que nada estava acontecendo. Olhei para ele sorridente e ele acenou.

Milly puxou a cadeira e sentou a meu lado, Alice, e novamente, pareceu não se importar.

- O que há com você, dormiu mal? – Milly me perguntou e não soube como disfarçar, mentir para ela era impossível.

- Depois, Milly! – eu disse me desvencilhando de qualquer chance de conversa, se o fizesse com certeza me derreteria em lágrimas.

- Tudo bem! – Milly respondeu preocupada.

Fiz meu deveres junco com a Milly e assim pude esquecer um pouco de tudo, contudo ainda estava angustiada, confusa, por que estava tudo tão difícil entre nós? Nunca tinha sido assim antes, mesmo com todas as diferenças...

- Ela está se afastando... – Eu disse em meio a pensamentos, a Milly me olhou sem entender. – Faz um bom tempo desde a ultima vez que vi aquele olhar...

- O que houve? – eu tentei resumir toda a conversa, para evitar que as lagrimas viessem.

- Acha realmente que isso significa alguma coisa? – Milly perguntou pensativa.

- Não tenho nem ideia... – eu admiti.

O sinal tocou e a próxima aula era de português, eu estava com medo de voltar a sala da Marina e constatar que eu estava certa sobre o muro que ela reergueu entre nós. Bem, essa “parede” é apenas uma forma metafórica de dizer que ela se afastou, como quando ela entrou aqui, pois ela não permitia que os alunos se aproximassem muito.

Demorei a conseguir qualquer sinal de amizade da parte dela, mas nada me fazia desistir e confesso que ainda não sei o que me faz querer tanto que ela me reconheça como amiga.

- Por que se preocupa tanto? – Milly me perguntou e eu tentei não ficar chateada com o tom que ela usou.

- Não sei, Milly, já falamos tanto sobre isso... A amizade delas é algo especial para mim, me faz crescer, me torna mais feliz, não quero perder essa sensação maravilhosa que sinto quando estou entre elas, como se eu fosse mais importante, ou sei lá o que... – Eu respirei fundo antes de entrar na sala e continuei. – Estou vendo tudo ruir e nem sei o que causou isso...

- Tudo se resolverá... Seja forte!

Milly me deu a mão e nós entramos na sala, eu tentei evitar o inevitável, olhei para a Marina, ela estava sentada em sua mesa lendo alguma coisa que estava em suas mãos, os cabelos estavam presos em um coque, e ela só os prendia quando algo a incomodava.

Sentei na primeira cadeira como gostava de fazer, coloquei meu material sobre a mesa e comecei uma serie de respirações para quebrar a tensão. Marina se levantou e foi para o quadro, fez algumas anotações e nos observou.

- Bom dia, turma! – Ela disse forçando um tom de voz animado e feliz. – Hoje gostaria que vocês formassem duplas e fizessem os exercícios que eu listei aqui no quadro, vocês tem 20 minutos, depois eu irei corrigir e tirar dúvidas.

Marina olhou para mim por alguns segundos, mas em seguida desviou o olhar para que não houvesse nenhuma comunicação entre nós.

- A situação entre vocês está pior do que eu imaginava...

- Deu para perceber? – eu perguntei triste.

- Parece que a Marina comeu vespas no café da manha e foi ligada no modo “ignorar”, ela nunca é tão calada, sempre tem algum assunto top a ser debatido. – a Milly estava certa e pensar nas palavras dela me deixou ainda mais preocupada.

Quando a aula acabou, todos os alunos saíram, a Marina estava, novamente, sentada em sua mesa, como quando entrei na sala, parei diante dela e disse:

- O que eu fiz de errado? – Marina me olhou com descaso e isso doeu na minha alma.

- Acho que você está atrasada para sua próxima aula... – Ela disse voltando a ler suas anotações.

- Não estou e você sabe bem disso... – Sempre depois da segunda aula havia um intervalo de 8 minutos. – Por que você se fechou tão de repente? O que há de errado?

Marina me olhou séria, ou melhor, impaciente como jamais vi, eu tive vontade de dar alguns passos para trás, no entanto não o fiz.

- Eu não sei sobre o que tudo isso se trata e entendo que não queira me contar, nos conhecemos há pouco tempo e embora nossa amizade seja forte, ainda não temos tanta intimidade. – Ela não pareceu se comover com o que eu tinha dito, mesmo assim eu continuei. – Não acredito que você vai se afastar sem nem ao menos me dizer o motivo!

- Desculpa, mas eu não te devo satisfação sobre a minha vida pessoal, por isso você já pode ir. – Permaneci imóvel, mas dessa vez não porque queria e sim por não conseguir, me senti tão estranha ao receber aquele tom frio. – E, ah, se quer um conselho: cresça Sophia! Pare de se importar tanto com os outros, não se iluda, nós nunca fomos amigas, acha mesmo que eu...

- Não precisa terminar! – eu disse gritando, Marina pareceu surpresa com a minha reação, eu peguei minhas coisas sobre a mesa e olhei mais uma vez para ela. – A Helena tinha razão, você não se importa com o sentimento dos outros, mas o pior é saber que confiei em você...

- Nunca pedi sua confiança, aliás, nunca pedi nada de você! – Marina disse como quem diz “xeque-mate”, entretanto a ultima a falar seria eu.

- Sinto muito por ter me enganado com você!

Corri pelo corredor e encontrei a Milly na porta do banheiro, ela me abraçou sem perguntar nada, do jeito que ela era.

- Milly, ela...

- Calma! Vamos para a biblioteca, você respira e me conta o que houve, pode ser? – eu concordei e fomos devagar até a biblioteca.

Me acalmar foi algo bem trabalhoso, mas a Milly esperou pacientemente, como sempre, até que eu pudesse contar o que a Marina havia me dito.

- Não é possível! – a Milly disse quase gritando o que fez a dona Lurdes olhar brava para nós. – Ela não deve ter falado sério...

- Como não, Milly? Ela nunca falou comigo daquele jeito, nem quando nos conhecemos. – Eu me sentia péssima, meu coração estava tão apertado que eu mal o sentia bater. – Parece dramático, mas o que farei da minha vida agora?

- Ah, Sophia, sei que deve estar sendo horrível, entretanto o drama não te cai nada bem. – Eu sabia que ela tinha razão, mas nada faria passar aquele sentimento de perda. – Você é muito maior que isso e por mais importante que a Marina seja, o que ela fez só prova que tudo isso foi um engano da sua parte.

- Milly! – eu exclamei e a dona Lurdes olhou novamente para nós. – Nunca me engano com as pessoas!

Minha amiga sorriu carinhosamente sem nenhum sinal de deboche ou sarcasmo, pos a mão na minha tentando me confortar.

- Sinto muito, amiga! Não gosto de te falar coisas tristes e realmente sinto em dizer: você errou dessa vez... – Meu olhos ficaram marejados e eu não pude evitar que as lagrimas caíssem. – Sophia, você é uma ótima amiga, daquelas que se pode contar a todo instante, é divertida e esforçada... Mas sua maior fraqueza é confiar demais nas pessoas, sei disso por que estou sempre a seu lado e vejo o quanto se esforça para não decepcionar ninguém, esperando que isso seja o suficiente para que façam o mesmo por você. O maior erro que podemos cometer é acreditar que as pessoas pensam como nós, por isso nos decepcionamos.

- O que quer que eu faça? Eu sou assim e não sei se mudar seria bom. Sabe o quanto foi difícil sair daquela “ilha” em que eu vivia quando mais nova. Odiava ser tão amarga e ignorante, mas era a forma que eu havia encontrado para me defender...

- Defender de que? Sophia, você estava se escondendo de você mesma, eu lembro que quando entrou aqui, todos riam de você por ser tão autentica, mas você nunca deu chance para verem quem você era de verdade. – Me lembrar dessa época me fazia querer chorar ainda mais, era parte do meu passado que eu queria deletar, mas a Milly não parecia ter terminado o sermão. – Você se fechou como a Marina fez agora e só deixou seu lado ruim para nós, entretanto eu sabia que você era melhor do que aquilo e por isso somos amigas.

- O que quer dizer? Que a Marina pode ter mentido para mim hoje? – eu perguntei confusa.

- Eu realmente nunca vi você errar com ninguém quando as escolhe para serem suas amigas, então há sim a possibilidade dela ter feito como você anos atrás. – O raciocínio da Milly parecia bom, mas ao me lembrar daquele olhar frio e desinteressado que a Marina me dirigiu, tive minhas dúvidas.  – De um tempo, mas não desista ainda, mesmo que tudo indique que ela esteja totalmente fechada para você.

- E o que te faz pensar que há esperança? – eu perguntei incrédula e a Milly sorriu novamente.

- Sempre há esperança, minha querida! Além do mais, você já conseguiu uma vez e de uma forma bem mais difícil, afinal você nem a conhecia direito. – Me lembrei da muitas vezes que tentei uma aproximação mais forte com a Marina, e até conseguir isso me resultou em muitos olhares sérios e poucas palavras como “Tenho que ir!”. – Hoje você a conhece melhor do que qualquer um de nós.

- Você tem razão! E se tudo der errado? – Milly me olhou como se a resposta fosse obvia e realmente era. – Eu terei que seguir em frente...

Estávamos indo para o refeitório quando ouvi:

- Sophia! – Helena me chamou quando passei pela porta da sala dela. – Onde você estava? Porque não veio a aula?

- Desculpa, professora, eu tive uma coisa para resolver. – eu disse ainda de costas para ela. – Preciso ir!

- Como assim, precisa ir? – Helena não entendeu o porque do meu tom evasivo. – Temos que conversar!

- Se quiser passar para a coordenação o que houve eu irei assumir que não assisti a sua aula, agora vou para o refeitório, vamos Milly! – Milly me encarou, mas não se opôs ao que eu disse.

- O que houve? Por que não está conversando comigo cara a cara? – Fechei os pulsos e me virei transformando minha expressão de raiva para um sorriso falso.

- Ah, você não sabe? Esqueceu do que aconteceu hoje mais cedo? Hum, talvez você deva ir ao médico, pode estar com algum problema de memória, ou algo do tipo...

- Não se atreva, a usar esse tom comigo! Ainda sou sua professora, você me deve respeito! – Helena disse tentando impor respeito, mas eu me limitei a bufar e sair andando antes que dissesse mais alguma coisa que eu iria me arrepender depois.

- Ei, pessoal! – eu disse indo até a mesa.

Stefan se levantou e me abraçou bem apertado, eu tive a impressão de que ele sabia que eu não estava bem, pois foi um abraço tão reconfortante que até me fez sorrir. Ele disse um “Como vai você?” no pé do meu ouvido e se afastou.

- Melhor agora! – eu disse me sentando e tentando não parecer triste, mas eu tinha certeza de que meu rosto estava amaçado de tanto chorar. – O que tem para o lanche?

- Aquele bolo que você adora. – Erika disse me passando o pedaço que ela tinha feito a gentileza de pegar por mim.

- Obrigada! – eu disse feliz, era bom receber um agrado num momento tão complicado, me lembrei naquele instante dos biscoitos em minha bolsa. – Trouxe alguns biscoitos da Maria...

Não tive a cara de pau de dizer que tinha trazido especialmente para eles, mas achava certo compartilhar aquelas maravilhas que só a Maria sabia como fazer. Estávamos conversando sobre coisas banais como sempre quando de repente:

- Sophia, o que aconteceu com a Marina hoje? Ela está tão estranha... Ai, Milly! – Paula deu um pulo quando a Milly a chutou por debaixo da mesa.

- Não sei, Paula, mas também gostaria muito de entender... – eu disse em quase um resmungo e meus amigos pareceram não entender o porque do meu desanimo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam??



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