Entre Livros E Maldições escrita por Witch


Capítulo 6
Poker Night I


Notas iniciais do capítulo

Inicialmente, o capítulo seria maior, entretanto se eu não postasse assim, eu provavelmente só postaria amanhã e alguém, que eu não posso dizer o nome, não aceitaria isso u-u



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Duas semanas se passaram.

Nenhum ogro, goblin ou qualquer outra criatura ousou entrar na cidade desde o ogro sacerdote. As lojas e empresas voltaram a abrir. As pessoas começaram, lentamente, a criar uma rotina. As escolas voltaram a funcionar e por um momento, Emma pensou que poderia haver alguma paz.

Regina também não parecia interessada em começar uma disputa. Claro, ela e Snow se evitaram o máximo possível.

O melhor, na opinião de Emma, foi poder dormir. Tomar um banho quente, uma boa taça de vinho, depois deitar e só acordar no dia seguinte se sentindo uma pessoa nova e renovada. É, a vida era boa quando se tinha o luxo de uma cama macia e quente, além de uma boa e tranqüila noite de sono. Henry também parecia mais disposto depois de uma semana dormindo sem pesadelos ou ogros gritando na cidade.

– Podem falar o que quiser. – começou August tomando um gole de café – Mas dar a mansão para a Rainha foi a melhor coisa que fizemos.

Emma balançou os ombros, mas menção da Rainha não fez a loira tremer ou se assustar como Graham ou Snow faziam, não, Emma parecia até não ligar e às vezes, August não sabia com certeza, mas a loira parecia relaxar.

Ele ainda não tinha dito o que queria para Emma. A covardia o impedia. Toda vez que tentava se confessar para Emma, toda vez que olhava em seus olhos verdes, ele simplesmente não conseguia. Parecia fácil, mas não era. Regina ria dele, todas as vezes que ele admitia não ter tido coragem para falar a verdade. A bruxa parecia em parte contente pela covardia e em parte, incomodada por isso.

A Rainha ainda era um grande mistério para ele, ou melhor, para todas as pessoas. Ela se mantinha na grande mansão e às vezes, andava pela cidade como se procurando alguém.

– Emprestar. – disse Graham. – É temporário, lembram?

August balançou os ombros, claramente não impressionado. Emma se manteve em silêncio. Com os ataques suspensos, o trabalho do xerife e de seus delegados diminuiu. Ainda havia muita coisa a fazer, mas momentos como aqueles, bebendo café e conversando calmamente eram mais comuns.

– Que bom saber que a nossa policia é tão dedicada! – a voz debochada ecoou na estação.

Graham virou-se rapidamente para entrada e jogou os papéis que lia para os lados; August simplesmente virou-se para visitante e abriu um sorrisinho; Emma se levantou, não estava nervosa como Graham nem completamente calma como August.

– O que você quer, Regina? – indagou a loira com muita calma.

August bebeu outro gole enquanto observava a discussão. Seria interessante.

A escritora abriu um sorriso culpado.

– Eu vou ter que deixar a cidade por alguns dias.

Emma franziu as sobrancelhas e August escondeu o sorriso. Graham só observava.

– Por quê? – indagou Emma cruzando os braços.

– Pôquer. – foi a resposta. – Eu jogo com alguns amigos toda quinta-feira.

– Você vai deixar a cidade para jogar pôquer? E se os ogros voltarem? E se encontrarmos Gold?

– Será por, no máximo, dois dias, senhorita Swan. Eu tenho certeza de que vocês conseguem ficar sozinhos durante esse tempo.

Mas, será? As pessoas ainda estavam se reajustando a rotina. Se um ataque acontecesse agora, se eles perdessem mais pessoas para os ogros, se o caos voltasse, eles perderiam todos os avanços duramente conseguidos nessa semana.

– Tem que ser essa semana? – continuou Emma. – As pessoas ainda estão se acostumando com tudo. Se algo acontecer agora e não tivermos como lutar, a cidade vai voltar àquele caos.

A bruxa parou, lambeu os lábios lentamente. Emma se mexeu desconfortável.

– Eu entendo, senhorita Swan, mas veja, eu não perco uma partida de pôquer há quase 10 anos. – admitiu – E eu já perdi duas. Se eu continuar assim, meus colegas vão achar muito estranho e virão investigar.

Regina podia ser muitas coisas, pensou Emma, mas ela definitivamente não era muito discreta. A bruxa poderia simplesmente ter desaparecido para o pôquer sem dar satisfação a ninguém, Regina não parecia do tipo que precisava de autorização para fazer qualquer coisa, então ir até a estação comunicar que ela viajaria? Não, tinha algo muito errado nisso.

– Pode haver um outro jeito, talvez. – comentou a bruxa.

Emma sorriu. Esperava por isso.

– E o que seria?

Regina sorriu.

– Eu poderia convidá-los para uma partida, na minha mansão. – começou. – E como estou com meu dead-line vencido, graças ao barulho da sua cidade, eu posso usar isso como desculpa para escapar das próximas partidas.

Claro que Regina omitiu o fato de que Neil e Dickon estavam com o dead-line vencido há meses e aquele seria o último jogo de pôquer até os dois publicarem. Além do fato de que Charlotte iria para a Rússia por alguns meses para ajudar na gravação de um filme e Marco estava completamente ocupado com o roteiro para uma nova série.

– Então, você quer trazer estranhos para cá? Como toda essa bagunça acontecendo?

– Eu tenho certeza de que nada irá acontecer por uma noite. –respondeu Regina, os olhos ainda fixos em Emma. – com a maldição quebrada, a barreira que dividia os mundos: Storybrooke, o mundo mágico e esse mundo estão se partindo. Eles podem entrar aqui sem problema algum, assim como os ogros ainda podem.

– E o que você quer de nós?

Foi mais fácil do que ela achara.

– Só quero que vocês me emprestem o August. – balançou os ombros como se não fosse grande coisa.

Emma franziu as sobrancelhas mais e Graham olhou para August, que pela primeira vez parecia completamente surpreso.

– Eu? – indagou o escritor.

Regina concordou.

– E por que deveríamos fazer isso? – continuou a loira surpresa e ainda confusa.

– Por que se não eu vou ter que sair da cidade e eu não me lembro de outra pessoa aqui sendo capaz de assustar os ogros.

– Podemos sobreviver durante alguns dias.

– Podem? –abriu um sorriso cruel. – Lua cheia. Ogros furiosos. Filhos da lua. Posso continuar?

Contraditória e nem um pouco discreta. Um mistério. Um enigma. Um jogo.

– Se aceitarmos. – começou a loira desconfiada. – August terá que ficar em contato conosco o tempo inteiro.

– Está com ciúmes, Senhorita Swan? – indagou divertida. A loira não entrou na brincadeira.

– Fui clara?

Regina assentiu. Balançou os ombros.

– Então, August, na minha mansão, às 18. –piscou e sem mais, virou-se e saiu da estação.

Graham e Emma se viraram para o escritor.

– O que diabos foi isso? – indagou Graham.

August estava perdido. Ele sinceramente não fazia ideia do que tinha acontecido.

– Eu sinceramente não sei. – respondeu o escritor e olhou para Emma. – Eu juro. Não faço ideia.

Emma não disse nada, só o olhou com quase raiva. Pegou a jaqueta de couro vermelha.

– Eu vou almoçar com Henry hoje. – disse e saiu.

Os dois homens trocaram olhares. Confusos.

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– O que foi a Guerra Pelo Lago? – indagou Henry enquanto mastigava.

Snow e Charming se entreolharam. Emma balançou a cabeça negativamente e olhou para os pais.

– Não tem nada no meu livro. – continuou o rapaz. – Eu fiquei curioso.

Snow ficou em silêncio. Charming bebeu um gole de água. Emma e Henry se olharam.

– O que foi? – indagou Emma. – Vocês parecem nervosos.

Snow suspirou.

– Ninguém sabe exatamente o porquê da Guerra Pelo Lago, só é de conhecimento geral que a Regina exterminou completamente o exército ogro que tentava conquistar o Lago de Selene. – respondeu. – Dizem que o lago ficou vermelho por causa do sangue.

– O que era o Lago de Selene? – perguntou Emma. Tinha se esquecido momentaneamente da fome.

Snow e Charming balançaram os ombros.

– Como Snow disse, ninguém sabe o porquê o Lago criou a guerra entre os dois lados. Até então, era um lago comum no meio da Floresta Encantada. – respondeu Charming. – Sempre foi uma incógnita. Mas eu sempre achei que ela só usou o Lago como desculpa para exercer poder e fazer todos a temerem.

Snow interrompeu.

– Eu não concordo. Quando a guerra do lago aconteceu, eu já estava fugindo dela. Regina não teria o porquê iniciar uma guerra assim do nada.

– Não seria do nada. – disse Charming.

Os dois se olharam.

– Então. – interrompeu Emma. – Ninguém sabe as razões dela? Ninguém nunca perguntou?

– A Rainha Má não é alguém para conversa, Emma. – disse Charming. –Me prometam que vocês vão ficar o mais longe dela possível.

– Claro. – respondeu a loira.

Nem Henry, Snow e Charming acreditaram.

– Ela é perigosa, Emma. – disse Snow.

– É verdade. – comentou Henry. – Eu vi no livro. Ela é perigosa, Ma.

A loira suspirou. Era óbvio que Regina era perigosa! A mulher conseguia dominar um ogro com um misero estralar de dedos, não só isso, mas a mulher era uma bruxa! Emma não sabia explicar o porquê não tinha tanto medo e tanto receio de Regina quanto todo mundo parecia ter. O sentimento não era racional, mas o que podia fazer?


==

– Um dragão? – indagou August surpreso.

O resto do dia tinha sido complicado. Graham o olhando com desconfiança, Charming sendo cuidadoso e Emma o ignorando. Ele tentara explicar que não fazia ideia do por que Regina o tinha escolhido para a tal noite, mas ninguém acreditava, afinal ele fora visto trocando palavras com Regina mais de uma vez.

Chegou um momento que ele queria gritar, confessar para Emma e para todos as verdades que ele guardava há 28 anos. Mas, no fim, o medo de que todos o odiassem ainda mais foi mais forte e August permaneceu em silêncio.

Emma não sabia por que o estava evitando. O fato de que August tinha algum tipo de relacionamento com Regina a incomodava e o pior, ele nem sequer admitia que tinha esse relacionamento, mas era óbvio! Não foram poucas as vezes que ela passava pela mansão e lá estava o escritor, curioso, conversando com a Rainha.

– Um dragão. – repetiu. – Vermelho, asas, cospe fogo.

– Eu sei o que é um dragão!

– Então por que a confusão?

Quando deu 18 horas, August tocou campainha na mansão da rainha. O que ele encontrou o surpreendeu: Na mesa principal da sala de estar estavam grandes escritores do terror: Dickon, Neil, Charlotte, Marco e o jovem Alamir. A mesa estava com copos de bebidas (August reconheceu o whisky, vinho e cerveja), havia petiscos em vasilhas perto de cada um, as fichas distribuídas e prontas.

– Quem é esse bonito rapaz? – indagou Charlotte. A antiga escritora piscou para August. – Por que ele não se junta ao nosso jogo? Eu voto por esquecermos das fichas e jogarmos strip-poker.

August riu junto com os outros.

– Como se o rapaz gostasse de restos! – exclamou Dickon. Curto e grosso, como sempre. – Ele é novo e com certeza gosta de carne nova! Além do mais, eu morreria se tivesse que ver você e Marco nus!

– Não se importaria comigo e com Neil nus, Dickon?! – indagou Alamir soltando uma gargalhada. Seu sotaque mais perceptível que outrora.

– Não disse isso! Vocês dois seriam toleráveis! Mas Marco e Charlotte?! – fez uma cara de nojo.

Toda a mesa começou a gargalhar novamente. August gostou do pessoal. Ele, como escritor e leitor ávido, já tinha lido pelo menos uma obra de cada um daqueles escritores. Alamir era o mais novo, mas longe de ser o menos talentoso. A atmosfera da mansão estava diferente, notou, mais leve e intima. Ele soube imediatamente que todos ali se conheciam há muito tempo e se adoravam.

– Então é mentira que você e Charlotte tiveram um caso? – indagou Neil para Dickon.

– Claro que sim! – exclamou Charlotte enojada.

– Seria tão ruim assim ficar comigo? – indagou Dickon rindo.

Os dois se insultaram por alguns minutos enquanto Neil, Alamir e Marco riam sem parar.

– August. – era Regina. Ela estava parada no corredor e o olhava com curiosidade. – Na cozinha, por favor.

– OH! – Exclamou Charlotte percebendo a situação – Você vai roubar um dos homens mais bonitos que eu já vi só para você?! Podemos dividir. – piscou para August, que não sabia se ria ou se escondia.

– Eu nunca fui de dividir. – respondeu Regina com um sorriso maroto no rosto. Se virou para August e repetiu – Cozinha.

– Não demore muito, estamos te esperando! – exclamou Marco.

– Ou melhor, demore! – exclamou Dickon. – Há certas coisas que tem que ser aproveitadas!

Mais risadas. A caminhada até a cozinha foi feita em silêncio. Ainda era possível ouvir as vozes dos outros, rindo.

– Por que você quer um dragão?

E então, assim que chegaram a cozinha, Regina começou a interrogá-lo sobre um dragão. E o diálogo continua:

– Eu não quero um dragão, só preciso achá-lo.

August balançou os ombros tentando se concentrar. A conversa paralela o distraia.

– Emma. – disse August se lembrando – Ela teve que matar um dragão. Mr Gold a acompanhou até lá e roubou a poção dentro da besta.

– Ela não é uma besta. – vociferou. – Que poção?

– Poção do Amor Verdadeiro, mas ele a enganou. Ninguém o vê desde então.

Regina ficou em silêncio, pensando, por fim fez outra pergunta:

– Onde foi essa luta?

– Debaixo da biblioteca. – respondeu.

– Ótimo.

Iria lá ao dia seguinte. Sozinha. Com sorte, Maleficent teria escapado de Emma. Seria bom ter outra aliada realmente poderosa contra Rumpel. Seria muito bom.

Com uma pista sobre Maleficent, a procura estava praticamente acabada. Vira Belle outro dia na rua com a garçonete, uma filha da lua. Tendo Belle a sua mercê, Rumpel não pensaria duas vezes antes de se revelar. Assim que fizesse seu movimento, toda essa paz acabaria.

– Ótimo. – repetiu. – Pode ir agora. – virou-se pegando um prato com doces na mesa.

August não entendeu.

– Era só isso? – indagou surpreso. – Poderia ter me perguntado na estação!

– Poderia. Mas, ai não veríamos a senhorita Swan tão furiosa o dia inteiro, veríamos? – indagou. O sorriso era cruel.

–Você só me chamou aqui para irritar a Emma?

– Diga para a sua namorada que eu não tenho interesse por você. Eu já tenho pessoas demais querendo me matar, eu não preciso de uma namorada ciumenta atrás de mim.

– Mas, eu e Emma não namoramos. – respondeu o escritor abrindo um sorriso.

– Não? – indagou parecendo decepcionada. – Não importa. O olhar de raiva no rosto dela serviu como recompensa.

Com o prato, ela passou por ele.

– Boa noite, August.

O escritor riu. Se ela acha que se livraria dele tão facilmente, deuses, ela estava muito enganada.

A noite do pôquer só estava começando e ele prometeu que não saíria daquela casa até descobrir mais coisas.


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Notas finais do capítulo

o/



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