Entre Livros E Maldições escrita por Witch
Notas iniciais do capítulo
Eu não queria escrever mais, entretanto foi mais forte do que eu. Sempre é mais forte do que eu u-u
Como já foi dito, isso aqui é um universo alternativo. Existe a maldição e todos estão presos em Storybrooke as usual.
Só não me leve muito a sério.
- Senhoras e senhores! A Rainha do Macabro!
A festa de lançamento da coletânea “Meia Noite” estava no seu auge. Os maiores escritores, roteiristas, desenhistas, atores, jornalistas e alguns sortudos fãs de terror se juntavam naquele imenso salão. A música que saia das diversas caixas de som era de uma antiga banda gótica para combinar com o tema da festa, onde todos vestiam-se a caráter. Alguns tinham as roupas rasgadas e sujas de sangue, dignas de fantasias de Halloween, alguns, mais clássicos, vestiam ternos antigos e cartolas. As mulheres vestiam longos vestidos antigos ou vestidos extremamente justos.
Era uma festa para os grandes fãs do terror, sobrenatural, mistério e do macabro. Os fãs corriam de um lado para outro, tentando criar coragem para se aproximar dos seus ídolos. Alguns autores se reuniam no fundo do salão e riam, conversando sobre pôquer e livros recentes.
A noite estava calma e a festa, agradável.
Seguindo o anúncio que fez a maioria dos convidados olhar para a porta, entrou a Rainha, como os outros, vestido a caráter... Ou não. A mulher era conhecida por seu senso de moda super elegante e seus longos vestidos góticos vitorianos era uma marca registrada em todos os grandes eventos que ia.
Afinal, ela era a Rainha.
E como sempre, ela não desapontou. Olhos castanhos confiantes, um sorriso despreocupado e arrogante enfeitado por um batom vermelho, ela andava como se fosse dona de todo lugar e de cada um dos convidados. E de fato, era.
Ela vestia um justo corset negro coberto por um casaco negro com detalhes prateados por todas as extremidades, uma calça de couro preta abraçava suas pernas. O salto da bota de cano longo fazia um barulho mínimo quando se chocava com o chão.
Senhoras e senhores, a Rainha realmente.
- Regina! – veio a exclamação.
A festa continuou normalmente. Alguns olhares discretos e sorrisos. Era interessante a festa de escritores: metade se conhecia, outra metade se odiava. Havia os críticos que não poupavam palavras, havia os novatos que ficaram famosos pela mídia e havia os realmente talentosos.
Regina seguiu a exclamação e foi para o fundo do salão, onde o seu mentor junto com outros escritores conversava animadamente.
- Marco! – ela exclamou de volta abrindo um enorme sorriso.
Marco era já um senhor com cabelos brancos, um bigode mal-feito, óculos pequenos e redondos, vestido num terno cinza claro. Ele se apoiava na bengala de madeira e sorria para sua aluna favorita.
Os dois se abraçaram e ela cumprimentou aos outros com um sorriso verdadeiramente sincero. Eles se conheciam, afinal jogavam pôquer toda quinta-feira a noite e sempre se encontravam nesses eventos.
- Eu nunca reclamo quanto tem comida de graça. – disse um dos escritores. Ele era enorme, cheio de tatuagens e mal vestido para uma festa daquele tamanho, mas Dickon era uma lenda da literatura de terror. O homem era capaz de fazer adultos estremecerem com seus livros. – Mas, sério? – ele indagou olhando ao redor – Eu entendo a presença de alguns aqui. Mas colocar aquele rapaz, é Oliver o nome? Sei lá, enfim o rapaz escreve comédia romântica! Puta que o pariu!
Os outros riram.
- É mídia. – respondeu Regina. Tinha pego uma taça de vinho do garçom enquanto Dickon falava. – O público o adora! Como não chamá-lo? – tomou um gole e sorriu quando sentiu o gosto descendo por sua garganta. Nada superava um vinho de boa qualidade.
- Eu concordo. – disse Neil tomando um gole do whisky. Seus cabelos bagunçados e olhos cansados eram prova suficiente de que o escritor tinha passado a noite inteira em frente ao computador. – Mas, colocar alguém assim numa festa só com escritores como nós? Suspeito, no mínimo.
- Vai ver ele só quis vir. – disse a outra mulher no grupo. Charlotte vestia um longo vestido branco perolado e brilhante. Seus cabelos já brancos caiam o tempo todos sobre seus olhos. – Eu sou escritora de suspense, mas não nego que admiro escritores diferentes da minha linha de conforto. Regina e Neil são exemplos vivos.
Regina iria responder e Neil também abriu a boca para se defender, mas Marco foi mais rápido.
- Ora, Charlotte, mas é completamente diferente. Neil e Regina são escritores fantásticos. Eles transitam pelo terror, pelo suspense e pelo supernatural o tempo inteiro.
- Eu sei, eu sei! – se defendeu a mais velha. – Só digo que o rapaz pode escrever romances, mas isso não significa que ele não seja muito bom ou que não mereça estar aqui.
Regina soltou uma risada e olhou o salão até encontrar o objeto da conversa. Oliver era um rapaz, talvez uns 21 anos, com curtos cabelos loiros e olhos azuis. Típico de Charlotte defender rapazes bonitos e jovens. Revirou os olhos.
- Não é essa a discussão. – interrompeu Dickon. – O rapaz pode até ser bom, mas convidá-lo para uma festa dedicada a coletânea que ele não fará parte é estúpido. Há muitos escritores aqui talentosos que não farão parte da coletânea, mas olhe como eles estão olhando tudo com olhos famintos! Tem alguns que não desgrudam os olhos de nós! Mas o rapaz está agindo como se fosse um martírio estar aqui. Acho uma afronta.
Neil suspirou. Charlotte continuou discutindo com Dickon, Marco viu outro de seus estudantes e foi cumprimentá-lo e como sempre Regina e Neil começaram a discutir sobre contos e romances.
- Eu li “E éramos um”. – disse Neil terminando o whisky. Seus olhos estavam vermelhos de sono.
- Ah, não me diga. – respondeu com pesar. – Eu detesto esse conto, não sei como eu permiti que ele fosse publicado.
- Bobagem. Eu adorei. Estávamos discutindo ele pouco antes de você chegar.
- Neil, eu não gosto de falar sobre ele e tenho medo das críticas de Dickon. Prefiro até ignorar que um dia eu escrevi aquele pedaço de lixo.
Neil soltou um sorrisinho e ela o olhou curiosa.
- Você sabe o que é mais engraçado? – ela não respondeu e Neil prosseguiu, realmente não tinha esperado uma resposta. – Meu mentor me disse certa vez que tinha escrito um conto para uma de suas amantes, a mulher que ele mais amou por sinal, mas ele odiava o conto. É engraçado pensar que um conto, algumas palavras, o incomodavam tanto a ponto de deixá-lo com raiva. Ele odiava a obra tanto que o tinha escondido em seu escritório assim ninguém jamais encontraria.
Ela bebeu mais um gole e ele sinalizou para o garçom pedindo outro um copo de whisky.
- Eu perguntei por que ele simplesmente não destruía o conto. Era fácil e o deixaria em paz. Sabe o que ele respondeu?
Regina negou e Neil continuou.
- “Por que é o meu conto favorito”. Ele disse. Estranho né? E ainda completou: “Quando você escrever algo que te incomode tanto quanto aquele conto me incomoda, parabéns, esse é o conto que mais te expõe.”
Outro gole de vinho.
- Eu não sei para quem é aquele conto e não quero me envolver, mas ele é realmente muito bom. Tem muito tempo desde que sinto algo espremer meu coração dessa forma. – ele abriu um sorriso. – Eu adoro o seu terror, o seu drama e o seu trágico, afinal é daí que veio seu apelido de Rainha, mas seu romance também é muito bom. Acho que o Oliver ali teria muito para aprender com você.
Ela riu agradecida.
- Você também não fica muito atrás, Neil. Eu li recentemente o seu “o estranho caso que aconteceu com a Senhorita O’neil.”
Ele jogou a cabeça para trás enquanto ria. Aquilo chamou a atenção de outros na roda. Neil era muito reservado, então quando Regina repetiu o comentário, a discussão iniciou.
- Aquele conto é a sua cara, Neil! – acusou Dickon também gargalhando.
A coletânea Meia Noite era iniciativa privada de uma pequena cidade dos Estados Unidos. O prefeito da cidade queria muito aumentar o acervo cultural de seus habitantes, então ele, com fundos retirados de algum lugar, começou com o projeto. O objetivo era juntar os melhores escritores de diversos gêneros diferentes e fazer várias coletâneas.
Os editores e autores interessados mandavam o conto para a editora responsável pela coletânea e naquela noite, na festa, seriam revelados os nomes dos autores contemplados com a publicação.
Ninguém ali precisava de mais um livro, mas era divertido, além do que, todo autor deseja ser lido e eles estavam sempre dispostos a apoiar movimentos culturais, principalmente literários.
- Faltam ainda umas 50 páginas. – disse Regina no meio da roda de escritores.
Todos sabiam que sairia, pelo menos, mais duzentas páginas.
- É o terceiro, não é? – indagou Dickon. – Eu só li o primeiro, mas fiquei com tanta raiva de você que ainda não li o segundo.
Ela abriu um sorriso confiante e orgulhoso.
- Eu não sei por que me deixo ler seus livros. – começou Charlotte dramática. – Todas as vezes, eu me apaixono por um personagem e todas as vezes, você o mata!
Todos riram e era uma verdade. A Rainha do Macabro era muito boa em fazer os leitores se apaixonarem pelos personagens, só para depois matá-los de uma forma extremamente revoltante.
- Pois é! Por que acha que não li o segundo ainda?!
- Fica pior. – disse Marco. – Ela gosta de tirar os corações dos nossos peitos e espremê-los até virar cinza.
Regina escondeu o sorriso atrás do copo de vinho. Pobre Marco, ele que não sabia de tudo...
A música parou. Todos se concentraram no palco onde um homem pequeno e suado começou a falar. Regina o ignorou e bebeu o resto do vinho.
- Com licença. – disse um garçom se aproximando. Ele a tinha servido a noite toda. – Um gentil senhor pediu para lhe entregar um bilhete. Se incomodaria?
Ela o olhou com suspeita, mas aceitou. Houve risos, mas Regina não se incomodou o suficiente para prestar atenção. O bilhete estava velho e muito amassado. Ela o abriu com cuidado para não rasgar e então, percebeu que era um cartão postal de uma velha e pequena cidade: StoryBrooke, dizia o postal com letras cursivas e atrás, escrito apressadamente havia uma palavra: Quebrada.
E ela entendeu.
- Senhoras e senhores, a lista de contos!
Mil e um pensamento passavam na mente de Regina naquele momento, mas ela só conseguia sorrir. Tinha esperado 28 anos por aquilo. Longos anos nesse mundo de magia escassa e imprevisível e finalmente, a maldição quebrou.
Iria para casa o mais rápido possível, depois pegaria o carro e se dirigiria para Storybrooke. Esperara tempo demais por aquilo.
- “E éramos um!” da nossa belíssima Rainha do Macabro, Regina Mills!
Aplausos e ela olhou ao redor meio perdida.
- “E éramos um?” – indagou Marco. – Estou surpreso!
Ela também estava surpresa. Esse conto odioso não deveria estar entre os indicados, afinal ela e Frederick tinham escolhido “O garoto que queria voar”, não “E éramos um”.
Mas o que estava acontecendo?! Quem tinha sido o responsável por toda aquela bagunça? A coletânea, o seu conto odioso e a premiação?
Só uma resposta vinha a sua mente.
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É isso ai, thanks o/