Before I Forget escrita por Aerys Silentread


Capítulo 2
I’m smeared across the page.


Notas iniciais do capítulo

"Estou manchado através da página."
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Mais um capítulo pra vocês, seus lindos! Espero que tenham uma boa leitura ;)



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Pueblo – Colorado

Ivre Bar

15 de outubro, 2009 – 11h55min p.m.

Highway To Hell, da banda AC/DC, tocava incessantemente, fazendo o visor do celular de Dean Winchester brilhar. O caçador, porém, não ouvia a canção. Em algum canto do bar onde se encontrava, uma banda tocava, sendo incentivada pelas pessoas alcoolizadas que assistiam; vaias, assovios, gritos. Sendo assim, a percepção de qualquer outra coisa era um pouco difícil.


Não que ele ligasse para o fato, ou que isso fizesse alguma diferença no momento, claro. O caçador virava um copo de whisky atrás do outro, sentindo a ardência quase incômoda na garganta, na boca do estômago. No entanto, o que ele mais queria não chegava. A perda dos sentidos. A inconsciência. Queria ficar bêbado, e tirar toda farra possível daquela noite. Fazer o que não devia, dizer o que não devia. Queria cair, queria quebrar, queria brigar. Queria desenterrar tudo aquilo que vinha guardando há tanto tempo, a dor, a mágoa, a frustração, a culpa. Queria deixar os sentimentos irem embora.


—... — em silêncio, um homem ao seu lado impediu-o quando encheu o copo com bebida novamente e levou-o aos lábios. Intrigado, Dean lhe encarou, um pouco zonzo, mas ainda assim atento. Não parecia muito mais velho que si, com olhos e cabelos negros, o rosto perfeitamente barbeado. — Cara... Acho que já ultrapassou sua cota de bebidas por hoje. Não acha que é melhor parar?


Winchester sorriu ironicamente, sentindo algo dentro dele se agitar. Sem dizer uma palavra, usou a mão livre para afastar o homem de si, e terminou de tomar a bebida, colocando o copo vazio sobre a bancada na qual se apoiava. Virou-se então na direção do moreno, o sorriso ainda no rosto.


— Quem você acha que é pra me dizer quando chegou a hora de parar?


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Pueblo – Colorado

Motel’s Rose

16 de outubro, 2009 – 02h00min a.m.


No quarto de um Motel qualquer à beira da estrada, Sam Winchester tentava não entrar em colapso. Já fazia algumas horas que tentava ligar para Dean e contar ao irmão sobre a ligação de Ellen, mas o irmão mais velho não atendia as chamadas. No começo, pensou que ele pudesse não ter visto, ou que o estivesse ignorando. Agora, porém, estava preocupado. Dean não passava tanto tempo assim sem dar notícias, não quando Sam ligava desesperadamente para seu celular.


O moreno estava considerando seriamente a hipótese de sair a pé e ir procurar o irmão, onde quer que ele estivesse, quando a porta do quarto se abriu, e Dean entrou por ela, cambaleante.


— Sam? — o louro perguntou, com a voz meio engrolada, e o mais novo, aliviado, imediatamente soube que o irmão estava bêbado, fato que o surpreendeu por um instante. Dean era duro na queda com a bebida, e sempre sabia quando devia maneirar. O que significava que o mais velho estava bêbado por vontade própria. — Eu pensei ter dito que não devia me esperar.


— O que raios aconteceu com você, Dean? — não menos preocupado que antes, Sam aproximou-se do irmão, reparando pela primeira vez em seu rosto. O supercílio esquerdo do louro estava cortado, e sangrava um pouco. Em seu maxilar, um hematoma começava a arroxear, e o lábio inferior estava partido.


— Briguei com um cara no bar. — o menor deu de ombros, arrastando-se até a cama de solteiro com alguns resmungos, sendo seguido por um Sam escandalizado.


— Como assim “briguei com um cara no bar”? Você ficou horas sem dar notícias! Eu fiquei horas ligando no seu celular! Poderia ao menos ter mandado uma mensagem pra dizer que estava tudo bem!


Sem responder ou dar quaisquer sinais de que o ouvira, Dean apenas deitou-se de bruços na cama, afundando o rosto no travesseiro. Sam até tentou puxá-lo de volta, nem que fosse apenas para limpar os ferimentos e verificar se estava tudo OK, mas o louro recusou-se a sentar, e brigou para permanecer deitado.


— Dean! — o moreno praguejou ao perceber que o irmão dormia. — Droga... — agarrou os cabelos, frustrado, andando de um lado ao outro do quarto durante alguns instantes.


Considerou seriamente a ideia de acordá-lo e exigir uma explicação, porém, ao virar-se, e vê-lo com o rosto virado para si, os olhos fechados, respirando tranquilamente, toda sua coragem escorreu ralo abaixo. Com um suspiro cansado, sentou-se ao lado do irmão, tocando levemente seu supercílio cortado e percebendo a inquietação do menor, mesmo enquanto dormia.


Quando foi que Dean começou a esconder as coisas dele?


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Pueblo – Colorado

Motel’s Rose

16 de outubro, 2009 – 03h30min p.m.


— Poderia repetir, por favor? — com uma careta, Dean esfregou os olhos, terminando de guardar as armas na mochila. Tinha a impressão de que a dor de cabeça o mataria a qualquer instante, porém, não ia reclamar e provar para Sam que o mais novo estava certo; que não devia ter bebido tanto na noite anterior, nem entrado numa briga. Sinceramente, nem se lembrava mais do motivo da discussão com o cara do bar, muito menos se interessava em saber.


Sam ergueu uma das sobrancelhas, um tanto quanto irônico, e sua vontade foi de dizer “Eu avisei”. Porém, não queria arrumar outra confusão com Dean tão cedo.


— Nichols Hills, Oklahoma. Há três meses, o corpo de Elizabeth Olivier foi encontrado num beco próximo a uma boate; ela foi esfaqueada, e declararam na certidão de óbito que a causa da morte foi hemorragia. Não houve suspeitos, nem câmeras, o caso foi arquivado. Há duas semanas, Jack Smith e Erik Nolan foram encontrados no campus da Nichols Hills University, e antes deles, outros três adolescentes mortos: Allison Hughes, Louise Black e Katie Bonner. Todos da mesma classe de Elizabeth. Adivinhe a causa da morte? — o moreno comprimiu os lábios, em sinal de que aquelas notícias o desagradavam. — Hemorragia. A mesma hemorragia que matou Olivier.


— Todos eles foram esfaqueados? — o mais velho questionou, recebendo um aceno positivo da parte do irmão. — Deixe-me adivinhar... Não só foram as mesmas causas, mas todos foram atacados mais ou menos na mesma região do corpo? — outra confirmação. — Foi o que pensei. — sussurrou, mordendo o lábio inferior.


— E isso não é tudo.


Dean franziu o cenho, estranhando a situação.


— Não?


— Não. — Sam balançou a cabeça em negação, fazendo uma careta. — Exceto por Elizabeth, no corpo de cada uma das vítimas, na região da jugular, há palavras gravadas a ferro.


— E que palavras seriam essas?


Sam desviou os olhos, inquieto.


Mentirosos.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Previsão de atualização: 13/11
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P.S.: Só por curiosidade, acho que seria legal comentar que uma viagem de carro de Pueblo, Colorado, até Nichols Hills, Oklahoma, seguindo a rota US-87 S, dura cerca de 9 horas e 50 minutos.
P.S.²: O "Ivre Bar" foi uma piadinha de mal gosto. Pra quem não sabe, Ivre significa bêbado em francês xD



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