-É meu, espero que goste.-Disse ela empurrando-me a caixa amarelada.-Esta outra é de seu pai, ele pediu que não abrisse, depois que ele voltar irá conversar com você.

-Para onde ele foi?-Disse abrindo o presente que minha avô me dera.

-Ele foi para o festival da colheita. Agora abra o presente e experimente-o.

O presente era um vestido longo completamente bordado na cor azul.

-Gostou? Eu que fiz, agora vista para fazer os ajustes, afinal não queremos um vestido largo no grande dia.

-Que dia?

-Ora, o dia do baile da colheita de verão, você tem que estar espetacular pois virá muitos filhos de grandes comerciantes, ricos e solteiros, ótimos pretendentes.

-Mas quem disse que eu irei ao baile.

Ela arqueou as sombrancelhas e fez uma careta:

-Juliet você vai para o baile querendo ou não.

Odeio esses eventos hipócritas cheios de etiqueta e bons modos, me deixam com falta de ar, mas a última palavra da casa era da matriarca, então tive que obedecer calada.

Ainda estava parecendo um manequim ou um espantalho, afinal há alguma diferença? Quando meu pai apareceu na porta para conversarmos, minha avô se retirou e ficamos à sós:

-Esta caixa como pode perceber é bem antiga, ela...ela pertenceu a sua mãe, nunca tive coragem de abri-la, acho que ela queria que fosse sua, algum dia...mas esse dia chegou e é hoje você já é adulta agora e tão parecida com a sua mãe. Tome aceite este presente.

-Muito obrigada pai, mas acho que eu quero ficar sozinha, esse é um momento delicado para mim, não gosto de tocar em uma ferida cálida e um pouco aberta.

-Ah! Claro.

Tomei um pouco de coragem e com as mão tremûlas, lentamente retirei a tampa.

Dentro da caixa havia coisas pessoais como uma caixinha de música onde ela guardava as suas jóias, cartas antigas, e fotos de quando tinha a minha idade. Realmente eu sou seu retrato fiel. E também encontrei a fitinha vermelha que me lembrava o tão doloroso dia, no fundo da caixa vi algo reluzente, sua superfície encontrara a luz do sol cegando o meu olho por alguns segundos, era uma chave.

Fiquei um tanto curiosa com a chave, revirei a caixa e não achei nada que tivesse uma fechadura. Em silêncio entrei na minha casa antiga, onde morava antes da minha mãe morrer, fui até o antigo quarto dos meus pais, abri o armário da minha mãe, procurei, procurei mas só achava teias de aranha e poeira. Quando estava quase desistindo, encontrei uma caixinha de marfim preta, com uma fechadura, em que a chave encaixara perfeitamente.