Me agarrei em seus pés pálidos e gelados, gritava o seu nome esperando uma resposta. Aos poucos a aldeia intereira foi à floresta atender os gritos esperançosos de uma garotinha de seis anos, queria que eles a ajudassem a minha mãe, mas já era tarde demais.

A morte da minha mãe foi dada como suícidio. Eu e o meu pai Adaam nos mudamos para a casa da minha avó, meu pai a amava  muito e permaneceu viúvo, às vezes o encontrava sofrendo em silêncio e chorando baixinho enquanto observava a fotografia da minha mãe.

Eu era muito apegada à minha mãe, lembro-me das histórias que ela contava antes de dormir, do cafuné que ela fazia, ou da dor de quando ela escovava o meu cabelo, como eu sinto saudades daquela dor, mas tive que aprender a escovar o meu cabelo sozinha.

Fui criada pela minha avó, uma senhora viúva e rígida, ela fez o possível para me trasformar em uma dama e realizar o seu sonho de me casar com um jovem rico, era ambiciosa e não escondia isso de ninguém e nunca aprovou o casamento dos meus pais, mesmo depois do falecimento da minha mãe ela continou a insultando, e pior tinha que sentir o seu veneno calada.

12 anos depois

 O dia amanheceu com uma bruma sob o relevo das montanhas, era o meu aniversário de 18 anos:

-Parabéns pra você nessa data querida...

-Ah! muito obrigada vovó.

-De nada. Abra o presente querida- disse ela empurrando me uma caixa amarelada e outra meio rasgada.