– Porque eu vi manchas de sangue no chão.

Manchas de sangue? Será que tem outro sobrevivente? Talvez, mas se tivesse, de onde sairiam as manchas? Um corte ou uma mordida? Tinham muitas perguntas na minha cabeça.

- Sam, você que matou os zumbis da cozinha? – perguntei.

Ele negou com a cabeça, eu olhei para Bryan e ele fez um gesto de que também não foi ele, então, tinha um sobrevivente, agora era só saber se ele está vivo ou não. Mas também poderia ser sangue de um zumbi, mas o sangue de um zumbi é escuro, meio que diferente de nós, humanos e, o sangue era da mesma cor do nosso, vamos dizer, vermelhos.

- Tem outro sobrevivente então – concluí – como os zumbis poderiam ter morrido?

- É bem lógico seu raciocínio, mas se esse sobrevivente tiver morrido? – perguntou.

Provavelmente ele deve ter morrido mesmo, mas se tiver sido só um corte? Tentei pensar mais no assunto.

- Não podemos mudar de caminho, se estamos indo para os Estados Unidos, temos que continuar, não vamos seguir o caminho do sobrevivente, se já não tiver morrido.

Nós olhamos novamente para Sam, com uma mordida no braço. Poderíamos ficar com ele, mesmo sabendo que ele viraria um zumbi.

- E o Sam? – eu disse – como ele vai ficar?

- O levaremos conosco.

Essa era uma coisa boa, ainda ter alguém com quem ficar. Mas ele estava com o braço mordido e eu, com o pé torcido, só Bryan que ainda estava “inteiro”.

- Vamos voltar para a casa – eu disse e voltamos.

Fiz um curativo no braço de Sam. Ele duraria menos de vinte e quatro horas, mas eu queria preservá-lo. Separamos um lugar para dormir, mas eu e Bryan tivemos que separar nosso quarto do Sam, caso ele virasse um zumbi no meio da noite, nós morreríamos. Sam ficou no quarto ao lado, deixamos água e comida para ele e eu e Bryan ficamos no outro quarto.

Peguei alguns livros na estante do quarto e comecei a ler. Bryan fez o mesmo. Fui trocando de livro várias vezes, era tudo livro de conhecimento, nada de interessante para mim, já que não tinha nada para eu fazer, fui dormir. Quando acordei novamente, já eram oito horas da noite e vi Bryan em pé.

- O que vai fazer? – perguntei a ele.

- Vou ver se Sam está bem.

- Vou com você – eu disse pulando da cama.

Saímos do quarto e olhamos para o primeiro andar. Tinham num total de cinco zumbis dentro de casa, mas deixamos eles em paz. Fomos até a porta de Sam.

- Sam, podemos entrar? – perguntou Bryan. Sem respostas.

- Sam? – chamei novamente, mas acabei chamando também a atenção dos zumbis.

Finalmente Sam abriu a porta, ele estava com uma expressão doentia e seus olhos já estavam vermelhos. Ele parecia ter chorado.

- Sam, o que houve? Está tudo bem? – perguntei.

Entramos no quarto e vimos roupas jogadas no chão e o vidro do espelho quebrado.

- O que você fez Sam? – perguntou Bryan.

Não obteve respostas, mas pude ver que Sam tentava cortar os pulsos. Seria uma boa ideia de suicídio se ele não virasse zumbi, porque deve acertar na cabeça e não nos pulsos.

- Sam, esteve chorando? – perguntou Bryan.

- Dói muito – explicou ele – eu não consigo aguentar mais, parece que tem vários animais mordendo minhas células, a dor está pior de quando o zumbi me mordeu.

Eu comecei a chorar, a culpa foi minha, uma criança de sete anos tem que sofrer desse jeito, nem consigo acreditar, não só Sam vai sofrer como Bryan, que perdeu Natasha e vai perder Sam.

- Vamos deixá-lo em paz – eu disse acariciando seus cabelos.

Bryan e eu voltamos para o nosso dormitório.

- Será que ele ficará bem? – perguntei para Bryan.

- Não sei – falou ele se sentando na cama – vou perder mais um membro da minha família.

Sentei-me ao seu lado.

- Vamos ver Sam amanhã novamente, está bem? – falei.

Montei um colchão no chão e foi dormir.

- Menos azar nessa noite – esse foi tipo um “boa noite” num mundo de apocalipse, e pareceu que Bryan entendeu bem.

Acordei no meio da madrugada, eu não conseguia dormir, mas pareceu que Bryan havia conseguido. Fui ao banheiro, meu pé doía muito. Tomei um banho e fiz uma nova atadura no meu pé. Quando saí do banheiro, Bryan estava sentado na cama.

- Não consegue dormir? – eu perguntei.

- Estou preocupado com Sam – respondeu Bryan.

- Vamos nessa manhã visitá-lo – falei.

Ele assentiu e voltou a dormir. Sentei no meu colchão. Será que Sam já virou um zumbi? Tudo que acontece, eu gosto de ver o que é, mas não fiquei nada animada de ver se Sam estava bem, como Bryan reagiria a isso? Voltei a dormir.

Acordei novamente às sete da manhã e Bryan também. Fomos até o quarto de Sam para bater a porta, mas algo mudou minha atenção. Tinha mais quatro zumbis mortos no primeiro andar, ainda tinha o sobrevivente, mas deixamos isso para depois.

- Sam – chamei por ele, sem respostas.

- Sam! – chamei novamente.

Chamamos muitas vezes, mas ficamos sem respostas.

Abrimos a porta do quarto dele e deparamos com Sam, mas como zumbi.