Let It Rock! escrita por Moon


Capítulo 9
Capítulo 9 - Murder City (PDF parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Yoo.
Título do capítulo é uma música do Green Day :3



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Acordo em um chão frio. Sento-me e percebo que aquilo não havia sido um sonho. Toco meu pescoço, só para ter certeza, e quase choro. Há uma marca que lateja ali, uma queimadura. Olho ao meu redor, a sala é enorme e parcialmente iluminada por lâmpadas azuis. Estou presa em uma jaula metálica, fria, assim como várias outras ao meu redor, que prendem outros Vocaloids. À minha direita uma robô de cabelos ruivos, com um fio teimoso que permanece em pé, e vestido engraçado. À minha esquerda, um garoto aparentemente mais velho que eu, com cabelos rosados e traje Vocaloid.

Olho para mim mesma e mordo os lábios para não chorar. O meu antigo uniforme Vocaloid voltou. Aquelas peças de roupa estranhas, espécies de mangas soltas, não mudaram nada. Em um, havia uma tela finíssima, facilmente confundida com algum tecido, de touch screen, que se acendia ao toque. Em outro, aqueles botões de MP4, Play, Pause, Stop, Volum + e Volum -. Além de medidores de som, que no momento estavam apagados.

Deito-me novamente no chão frio da jaula. Pode vir me salvar agora, Kaito... Lembro dos últimos dias que passei com ele. Uma das melhores semanas que já vivi. Lembro daquele rosto sério, daqueles olhos azuis, daqueles lábios sedentos por um beijo. Acabo não conseguindo me segurar, deixando as lágrimas rolarem por meu rosto. Lembro de uma tarde, onde ele me visitou, em minha casa. Ficamos assistindo à TV, na sala. Juntinhos.

– Eu sou seu príncipe? - ele riu, ao escutar.

– Sim, você é. - confirmo e o beijo. E de novo, de novo...

Um barulho me trás para a realidade, novamente. Três homens de jaleco branco entram na sala gigantesca. Um trazia uma algema, outro, uma arma atordoadora e o último, um molho de chaves. Este se aproxima de minha jaula e escolhe uma das chaves que trazia. Ao fazer isso, abre a porta da prisão. Tento me desesperar e correr, fugir dali, mas sou segurada pelos outros dois homens, antes que possa fazer qualquer coisa.

Sou vendada e arrastada pela sala. Tento cooperar, pois não quero ser machucada novamente. Continuo sendo arrastada por um tempo, ainda vendada, até que ouço um barulho de portas se fechando atrás de mim e tiram minha venda. Estou em outra sala gigantesca, mas, dessa vez, a sala tem uma parede composta por janelas, que iluminavam a sala por causa da luz do sol. Havia uma mesa branca longa, um homem sentado de costas para mim, do outro lado do objeto. Os dois homens que haviam me trazido, me forçam a sentar em uma cadeira, na ponta da mesa. Em seguida, eles saem, me deixando sozinha com o homen, que se vira para mim.

– Olá, Hatsune Miku-san. - ele me cumprimenta e dou uma boa olhada nele, sem responder. Não pretendo dizer nada.

Seus cabelos são grisalhos, vestia um jaleco branco, assim como todos naquele estabelecimento, o rosto exibia uma expressão cansada, rugas e olhos verdes. Seu nariz era um pouco afilado demais... Parecia que tinha arrancado o nariz de alguma mulher e colado ali.

A porta se abre atrás de mim, novamente, e sinto o ódio me invadir, ao ouvir o que o homem diz.

– Olá, Lily. Bom trabalho. - ele aponta para mim, me fazendo sentir vontade de morder aquele dedo até fazê-lo berrar!

– Claro, chefinho - sua voz irritante me faz arrepiar. - Sempre cumpro minhas obrigações.

Ela anda, até se colocar ao lado do "chefinho". Me olha e sorri, retribuo com um olhar de ódio. O chefe volta a falar.

– Bom, Hatsune. Te chamei aqui, porque queria esclarecer algumas coisas. - continuo sem dizer nada, então ele suspira e continua - Te dar as boas vindas, de novo. É bom saber que tenho a Lily ao meu lado.

A loira sorri, então me lembro de algo. Quando fui à casa dela, Lily havia dito que fugira com Kaito... Ela teria mentido? Muitas perguntas rondavam minha cabeça agora. Só tinha certeza de uma coisa, ela só soube que eu havia fugido, porque eu falei isso para as garotas. Se tivesse sido precavida, não estaria ali, agora...

– Lily. - digo entre os dentes. - Você entrou no clube só para me espionar, ou o Kaito também se envolvia nos seus propósitos?

Ela faz uma pausa. Olha para o chefe, depois volta a me olhar. Sorri e responde.

– Os dois. - ela dá de ombros.

– Entendo. - assinto.

Tantas perguntas rodeiam minha cabeça, que nem percebo quando o homem volta a falar. Olho para ele, mas não entendo uma palavra. Provavelmente, eram só as "boas vindas" que ele queria dar.

– Era só isso. - ele cruza os braços e volto para a realidade. - Chame aqueles caras para escoltá-la novamente, Lily. Digo, escoltar nossa convidada.

– Tudo bem. - ela cantarola e sai da sala.

– Senhor. - falo, quando a loira sai. - Só eu voltei?

– Fala de seus amigos?

– Sim. Onde eles estão?

– Infelizmente - ele suspira - Não posso tê-los de volta. Foram adotados e eu não tenho tempo de entrar na justiça, até porque, revelaria com o que trabalho, e eu seria preso.

– ...Como? - levanto meu rosto e olho-o com firmeza.

– Eu seria preso se revelasse com o que trabalho. - ele dá de ombros. Neste instante, os homens chegam e me vendam novamente, me arrastando de volta para minha jaula.

–----------------------------------------------POV LEN---------------------------------------------------

O dia amanhece ensolarado e quante. Um ótimo clima, mas nada está me animando, ultimamente. Levanto e pego meu celular, dando de cara com uma mensagem de voz da Miku. Hesito, mas não sou capaz de ignorá-la... Pelo menos não mais do que já estou...

Ouço a mensagem pacientemente. Ela sente mesmo falta de mim? Duvido. Ela deve estar feliz ao lado do seu "príncipe". Bufo e vou tomar meu banho. Segunda chegou de novo. E pensar que passei o final de semana inteiro em casa! Eu sou muito idiota! Depois do banho, escovo os dentes e visto o uniforme da escola. Em seguida, escovo e prendo meus cabelos. Pego minha bolsa de ombro, com meus materiais, e desço as escadas, atrás de Rin e de comida.

– Rin! - grito, enquanto desço.

– Estou aqui! - ela responde, da cozinha.

Tomo café da manhã junto com ela, imaginando que nossos "pais" estariam dormindo, como de costume. Ao terminar, saímos de casa e vamos para o colégio. Sou da turma B, então, fico feliz por não ter de encarar Miku tão cedo.

As primeiras aulas se seguiram normalmente, porém, quando vou ao clube, no recreio, percebo que a presidente não está ali.

– Cadê a Miku? - pergunto, fechando a porta atrás de mim.

– Dizem que está desaparecida desde ontem. - Lily diz e gelo, ao ovir.

– Quem disse isso?

– Vi no noticiário, ontem. Era aquele que passa de madrugada. - ela explica - Fiquei acordada até tarde.

– Provavelmente foi sequestrada - Kaito dá de ombros - Pensam que ela tem uma família rica, mas, assim que descobrirem que ela não possui família, irão matá-la.

– E você não se importa?? - grito.

– Eu não posso fazer nada. - ele não olha para mim. Agarro pela gola e forço-o a dirigir aqueles malditos olhos para os meus.

– Como assim? Você não era o namorado dela? Que espécie de namorado dá de ombros enquanto sua parceira está desaparecida? Que tipo de cara faz isso??

Todos nos olham, mas eu não me importo. A única coisa que me importava no momento, era a vontade que eu tinha de bater naquele cara, até sua cara começar a sangrar. Gumi se aproxima e nos separa, seguida de Meiko, que me segura.

– Se tentar se mecher, eu quebro seu braço. - Meiko ameaça, me fazendo gelar e assentir. Eu sei que ela é extremamente forte.

– Calma, Len! - Gumi grita. - Eu me importo com a Miku, diferente destes dois - ela aponta para o ex-casal - E eu quero ir atrás dela, custe o que custar! Pois sei, que se fosse qualquer um de nós, ela seria a primeira a se levantar e fazer algo.

– É isso mesmo. - sorrio para ela, que retribui o ato. - Então, quem vai se juntar à nós?

Rin, Teto, Yuki, Luka e a própria Gumi, levantam uma das mãos. Meiko me solta e se senta ao lado de Kaito.

– Então, - volto a bradar - Começaremos a investigação hoje!

– Sim! - as garotas respondem.

–-------------------------------------AINDA POV LEN--------------------------------------

Ao chegar em casa, me jogo na cama, cobrindo o rosto com as mãos. Ela não podia ter desaparecido assim. Aquilo não podia estar acontecendo. Me sinto péssimo. Se tivesse sido maduro e não tivesse ignorado a Miku por tanto tempo, talvez eu estivesse ao seu lado quando ela fora sequestrada. Continuo pensando nisso e quase explodindo de arrependimento, até que Rin invade meu quarto, quase atropelando a porta.

– Rin, mas o que voc...

– Len, - ela berra, me interrompendo. E, como me chamou pelo nome, sei que o assunto é sério. - Acho que sei para onde Miku foi levada!

Arregalo os olhos.

– O que...?

– Me escuta, tá bom? - ela continua nervosa, mas se senta ao meu lado, na cama. - No dia em que vimos o vídeo na biblioteca, quando eu e a Miku chegamos em nossa sala, ela me perguntou se aquilo não chamaria a atenção da empresa. - levanto as sobrancelhas até não caberem mais em minha testa. - Eu respondi que não, pois eles não ficariam remexendo a internet atrás de nós. Mas... Acho que estava errada... O fato é que, eu disse para ela que nós, que fomos adotados, não seríamos levados para lá, pois teriam que entrar na justiça para isso! Mas ela não é adotada, Len! Entende onde quero chegar?

– Ela voltou para a empresa... - repito o que bombeia em minha mente.

– É a teoria mais provável. Ela teria chamado a atenção deles, ao fazer sucesso com o vídeo.

– Mas, Rin, uma coisa não está bem explicada. - coloco o punho na testa - Eles realmente não teriam tempo para ficar remexendo a internet. Seria mais simples se tivessem sido avisados ou coisa do tipo...

– Mas o chefe deve ter visto na TV ou.. não sei!

– Não acho que ele assista à TV e ainda não saiu nenhuma matéria sobre o vídeo. Senão, teriam nos entrevistado.

– Ah... É verdade...

– Alguém avisou para eles?

– Faz sentido, mas só quem sabe da existência deles são os Vocaloids. Nem o governo os conhece!

– Então como eles têm permissão para fazer experiências com humanos?

– Eles não têm. - suas palavras perfuram meu cérebro - O que fazem é ilegal.

– Como sabe?

– Nenhum governo permitiria experiências com bebês. Muito menos implatações de chips ou coisas do gênero. É óbvio!

– Óbvio... - repito. Idéias começam a surgir, como foguetes, em minha cabeça. - Rin, nós iremos faltar aula amanhã.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que jaulas são apenas usadas para animais, mas... Esse povo é desumano U-U