O Livro do Universo escrita por Ana Julia


Capítulo 7
A viagem vai ser bem longa




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Volto para o cais do Bones.Acabo não aguentando segurar a risada quando vejo dois meninos (Ethan e Zack) enroscados num fio cheios de anzóis e um peixe pulando no cais tentando voltar à água para sobreviver.Vou até eles e ajudo a desenroscar o fio.Volto para dentro para pedir a Amandla que tire os anzóis espetados neles e que faça alguns curativos; porque seriam bem necessários.O peixe que eles conseguiram era do tamanho perfeito para comê-lo.E acima de tudo, ele era comestível.

Acendemos a churrasqueira ao entardecer, Katherine se auto denominou responsável pela churrasqueira e pelo fogo.Achei aquela atitude dela bem prestativa para quem não estava se divertindo.Eu a observava mexer o fogo como se fosse um cubo mágico, as vezes esquecia que se aparecessem mortais teria de estar com as mão fora do fogo, mas ela nem ligava, as mão dela continuavam perfeitas sem queimaduras, e aquilo era incrível.Ela também podia controlar o calor, a intensidade e o tamanho do fogo; o que me deixava mais abismada.

O peixe estava ótimo, a noite caíra e Luke estava firme e forte no volante do navio, como se não precisasse ao menos cochilar.Katherine estava na sala de velas que eu agora estava chamando de “sala de cera”.Zack estava dormindo um sono pesado e enquanto ele dormia, uma baba enorme se formava no canto da boca dele, e o corpo dele tomara conta da cama toda. Ethan estava dormindo, mas ao contrário de Zack, ele havia guardado lugar para Katherine.Fui ao quarto de Amandla, por sorte, ela estava acordada.Bati na porta mesmo assim e perguntei

–Ei Amandla, posso dormir com você ? tive problemas com Zack.

–Brigaram ?

Franzi a testa.

–Não.Foi, só que ele “tomou posse” da cama toda.E está babando; enquanto dorme.

–Argh parece nojento.

–E é.Posso ?

–Pode, mas, não ronque, nem me escale,nem chute, nem fale.E se for sonâmbula, não irei nem me preocupar com você.

–O.k. obrigada.

Eu me ajeitei no canto esquerdo e nós duas dormimos.

Eu acordo com um barulho estranho, como se houvesse tesouras abrindo e fechando vindo em nossa direção .Todos também pareciam ter ouvido esse estranho barulho que se aproximava.Todos voltamos ao cais e nos entreolhamos.Katherine percebe que o barulho está vindo do oceano.

–O que é isso ?

Luke responde, intrigado, como se isso fosse anormal, e era.

–Não faço a mínima ideia.Mas eu não quero descobrir.

Ele estava indo em direção a porta, quando Ethan chama a atenção dele.

–Luke, talvez...já que eu sou elemento água eu possa mergulhar e ver o que há ali em baixo

Amandla agarra o cotovelo dele com força e o fuzila com o olhar.

–Você não vai.Entendeu moçinho ? vai ficar aqui.

Zack parece tentar uma nova discussão

–Bem, já que ele não vai, eu posso ir, sou do elemento terra e tem terra lá em baixo não é ?(ele devia estar se referindo à lama) Devemos estar emperrados numa âncora velha, ou algo do tipo.Eu vou mergulhar e...

Katherine o olha como se ele estivesse fazendo uma piada de mau gosto.

–Zack você nada igual uma minhoca.Vai se afogar ao chegar na água ou, com sorte, vai virar comida de peixe.

–Minhocas sabem nadar ?

–Não sei.Pule e descubra.

–Tudo bem..

–Seu idiota é claro que você não vai pular !

Ele concorda como se sempre quisesse ter dito isso desde o inicio.

Luke, que até agora estava parado na frente da porta volta a querer mudar um pouco a rota, quando de repente, uma navalha- tesoura de bronze pula no cais.Todos nós corremos para o deck coberto do navio para nos protegermos daquelas tesouras assassinas.Assim que elas pulavam no barco, se fincavam na madeira do convés.Quando Luke correu para a sala de controle do navio o barco emperrou.Posso ter certeza que nessa hora todos nós pensamos “Isso vai ser ótimo.Vamos morrer agora.” Nesse momento, ainda com a névoa da manhã posso dizer que de uma embarcação menor surgiram 3 pessoas de casacos longos pretos, com capuz e começaram a golpear aquelas coisinhas medonhas.Assim que as tesouras pararam de cair, eles pegaram algumas e colocaram no bolso dos casacos.Duas das pessoas tiraram o capuz imediatamente quando parou de chover tesouras (sim chover tesouras, ou se quiser pode literalmente dizer que estava chovendo canivete).A primeira era uma menina de cabelos alaranjados com a ponta vermelha, que parecia estar pegando fogo, e usava uma camiseta do Guns and Roses.Já a segunda pessoa era um garoto negro, forte, que estava sorrindo para a menina e se perguntado “Como isso foi fácil, talvez poderemos usar essas belezinhas para...” e tramando e tramando.A terceira pessoa levanta a cabeça para eles, ainda sem mostrar o rosto e fala

–Sim, essas invenções ridículas podem servir para algo, mas algum de vocês dois ao menos notaram que somos visitantes ? Somos ladrões mas, ainda somos educados, não é mesmo Tess ? não é mesmo Susi ?

Ambos somem com o sorriso do rosto e respondem

–Sim príncipe Johnathan, desculpe príncipe Johnathan.

–Muito bem.

Agora, esse príncipe misterioso tira o capuz.O cabelo dele era um loiro claro comum e os olhos dele eram tão verdes quanto o musgo que cresce nas florestas.Ele vestia uma roupa de camuflagem preta como a roupa do garoto que se chamava Tess e que a garota que se chamava Susi usava uma calça de mesma estampa.O príncipe carregava também um arco e flecha de dedo, que deveria possuir algum tranquilizante.

Eu estava escondida atrás de Amandla, agora pensando, “já que são ladrões vamos ser saqueados e provavelmente mortos.”Mas não foi bem assim como eu pensava, o príncipe andou até Luke, que parecia super tranquilo, e disse

–Precisamos de carona até a terra dos azeites, pode nos levar até lá ?

–Terra dos azeites ? desculpe, eu não compreendo.

Tess acaba de puxar uma tesoura-canivete do bolso como sinal se dissesse “Vai dar uma de espertinho ?”

–Susana querida, me passe o mapa que estávamos usando agora à pouco para que eu possa mostrá-lo onde fica a terra dos azeites.

Ela pega um pergaminho, como se estivesse feito por uma criança super dotada, mas como uma brincadeira de caça ao tesouro.

–Aqui, por obséquio, qual seu nome ?

–Luke.

–Bem, Luke, aqui está, a terra que pretendemos chegar...

–Ah sim, agora compreendo, querem chegar em Atenas ? na Grécia.Sim eu lhes dou carona, estávamos mesmo indo para lá.

Tess dá um sorrisinho intimidador.A garota, Susana, tem feições mais, puras.Já Tess parece um mega guarda costas.Zack vai até eles e pergunta a idade deles, eles trocam olhares como se quisessem fazer uma brincadeira de mau gosto, e dizem

–Temos 17

Ele caminha até o príncipe, faz uma reverência mal feita e faz a mesma pergunta.

–Tenho 15

Zack se anima, por ter quase a mesma idade, e talvez, um companheiro que possa lhe ensinar pegadinhas novas.

Tess,Zack e Ethan passaram a tarde toda pescando, Tess os orientava bem, pois já devia ter algumas habilidades antigas.Katherine e Susana trocavam dicas de beleza e como sobreviver com pouca maquiagem.Amandla, Luke e Johnathan passaram planejando rotas.E eu, passei a tarde lendo na proa do navio.

Quando chegou a noite, preparamos atum “grelhado” com brócolis e cenouras.Depois de comermos, Luke e o príncipe nos chamaram para a re-divisão dos quartos.Katherine,Susana e eu ficamos juntas. Tess,Zack e Ethan ficaram juntos.E Amandla, Luke e o príncipe ficaram juntos no ultimo quarto.

Eu estava pegando minhas coisas do antigo quarto quando o príncipe me segurou pelo ombro no corredor.

–Quer ajuda Helena ?

–Não, obrigada, e meu nome é Annie, não Helena.

–Deixe-me ajudá-la Helena.Por favor.

–Me desculpe mas, eu não sou Helena.

Ele pegou minha mala e me deixou com os livros e com a nécessaire.Levou até o novo quarto e pediu para que eu o acompanhasse para a poupa do navio, ainda me chamando de Helena.

–Pois bem Helena, me desculpe, Annie.Posso lhe chamar de Ann ?

–Claro.

–Me chame de John.

–O.k.

–Há muitos anos atrás existia uma bela jovem casada com um rei grego. Ela era a mais bela jovem de todo mundo, a sua beleza cativava até seus inimigos.E aconteceu do irmão do rei Romano se apaixonar por ela.E a roubou.Os gregos tentaram de milhares formas pegá-la de volta, travaram muitas guerras pela moça.Os gregos até construíram um enorme cavalo de madeira como presente aos troianos, mas o cavalo estava cheio de soldados gregos, que na calada da noite, roubaram a jovem e colocaram fogo na cidade de Tróia.O rei troiano recuperou, e numa ultima guerra, matou o rei grego, legítimo marido dela, pela amada de seu irmão.Pelo menos, foi assim que me contaram essa história de Helena de Tróia.Eu cresci ouvindo essa história, antes mesmo da tragédia com meu reino, sonhava em encontrar minha Helena.

–Isso é , lindo John.

–Isso é mesmo minha cara Helena.

Agora que eu estava entendendo.Ele estava me olhando com um olhar totalmente perdido.Me fitando os mínimos detalhes.Ele passou a mão no meu cabelo e o colocou atrás de minha orelha.E recitou poemas lindos.Contou-me histórias.Ele era encantador, ele poderia fazer aquilo por mil anos e eu nunca me cansaria de ouvi-lo.A voz dele era confortável, a aparência dele me lembrava a liberdade que pouco me restava.Só uma coisa nele me preocupava.Ele era o príncipe dos ladrões.E havia acabado de roubar meu coração.

–Minha cara Helena, se posso chamá-la de minha, pois tu, fizeste me perder no labirinto de Creta, lhe peço uma coisa, descanse.O dia de amanhã lhe cansará.

–Pode sim John, estou indo....Boa noite.

–Boa noite; Helena.



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