Kurohanayome - A Noiva de Negro escrita por Min Lunera


Capítulo 22
Último Confronto


Notas iniciais do capítulo

Aí, pessoal!
Mais uma semana se passou e chegou a hora de postar mais um capítulo. Espero que estejam gostando. Obrigada a todos que acompanharam até aqui. :3
Boa leitura, até mais. ~



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Eu estava em desvantagem ali, porém estava decidida a lutar, de um jeito ou de outro, até a morte.

            Luna parecia surpresa com o jeito firme que eu estava diante dela. Comentou:

            -Nunca vi um ser humano com uma fidelidade tão pura quanto a sua a Ciel. Acho que ela supera até a dos sacerdotes da Igreja para com o Ser Superior. Tem certeza que quer oferecer sua vida para um propósito sem sentido? Seria muito desperdício de sua parte...

            Não pensei duas vezes e disse com toda segurança do Mundo:

            -Eu nasci para cumprir isso de alguma forma e ninguém me fará esquecer minha sina. Sou Elizabeth Middleford, a esposa do cão de guarda da Inglaterra.

            O anjo deu um meio sorriso e me perguntou com ar incrédulo:

            -Você acha mesmo que seu título e seu nome significam algo? Sejamos francas, você não passa de uma humana confusa e inconformada com o destino que se formou para você desde que seu noivo deixou de fazer parte de seu mundo. Lutar e morrer pelas coisas que ele defendia quando humano será um desperdício de vida.

            Respondi franzindo as sobrancelhas:

            -De fato, títulos significam nada, mas o esforço para honrá-los significa muito. Eles fazem parte do meu destino verdadeiro e irei tê-los como prioridade em minha vida até eu expirar. O Ciel que conheço não morreu como todos dizem e eu estarei ao lado dele sempre. Não adianta querer me fazer mudar de ideia. Desperdício de vida seria viver uma vida que não é minha. A integridade é minha e eu cuido dela da minha maneira.

            Luna suspirou:

            -A cada frase sua, eu reparo o quanto você é inocente. Lamento muito uma alma tão boa como a sua ter sido infectada por essas criaturas vis e por estar envolvida neste evento nada agradável. – tirou a espada da bainha. – Por isso, não se preocupe, sua morte será rápida e indolor. Basta ficar quieta.

            Empunhei meus floretes ante meu corpo e grunhi:

            -Nunca.

            Logo, avançamos uma contra a outra. Luna descia diagonalmente, movendo suas asas com ímpeto e erguendo a espada para me atingir num golpe de alto a baixo. Pus meus floretes cruzados formando um “x” sobre minha cabeça e a impedi de me acertar. Nossas lâminas rangeram e meus braços oscilaram.

            Ela disse:

            -Ai, ai, humana fútil... Acho que errei... Você não é corajosa ou fiel, mas muito tola!

            Luna se afastou e esquivei para trás. Com um meio sorriso sarcástico, o anjo falou:

            -Veja o que sua tolice lhe causou agora.

            Aquelas palavras me trouxeram um sentimento de que alguma coisa havia acontecido de ruim e eu ainda não havia reparado. Então, observei meus floretes e vi que eles haviam se quebrado: as lâminas estavam repletas de fendas e alguns pedaços caíram sobre a neve. Não pude conter meu espanto, mesmo sem palavras para expressá-lo:

            -Mas, o que... ?

            -Armas feitas por humanos não prevalecem contra a minha espada. Você não tinha reparado, mas o poder que aqueles demônios deram para seus floretes expirou antes do tempo. Agora, prepare-se para o seu fim.

            Retrocedi com passos vacilantes e encostei as costas num tronco de árvore. Eu estava encurralada e não tinha pensando em algo para fazer numa situação como aquela. Não queria me render ou morrer daquela forma, sem ao menos ter atingido minha oponente, mas parecia que seria daquela forma. Se eu corresse ou não, ela me alcançaria e os shinigamis estavam ocupados.

            Respirei fundo e me lamentei por ser um alvo fácil naquele momento.

            -Ei, você não vai tocar nela! – Grell apareceu em minha frente, ficando de costas para mim. Ele arfava muito. Jogou o cabelo para trás e grunhiu: - Temos que repetir isso por quantas vezes?

            Luna respondeu com desdém:

            -Você não tem moral para comigo desta maneira, Sutcliff. Eu sei o que você fez com as prostitutas de Londres há anos alguns atrás.

            O shinigami ligou a serra elétrica:

            -Eu estava cumprindo ordens. – disse para mim: - Lady Elizabeth, saia daqui e chame por Sebastian e Ciel.

            Balancei a cabeça:

            -Já vou.

            O anjo gritou:

            -Não pensem que será tão fácil assim! Não tenho interesse algum em você, seu pateta de vermelho! – ela se referiu a Grell e me encarou de modo ameaçador.

            O ruivo não disfarçou a raiva:

            -Para a sua informação, este patetade vermelho irá dançar elegantemente sobre suas cinzas assim que acabar com você!

            Aproveitei o momento e corri para longe dali. Eu já não usava mais os óculos e meu cabelo havia se soltado. Pude escutar os sons que a batalha de Grell e Luna emitia, mesmo me afastando cada vez mais. Repentinamente, não escutei mais a moto-serra de Grell.

            Involuntariamente, parei de correr e olhei para trás, imaginando o pior. A escuridão e silêncio profundo me assustavam.

            De repente, escutei algo se aproximando. Eu não consegui identificar de onde o som vinha e fui ficando tensa. Então, ao sentir algo me abraçando por trás, gritei. Uma mão se pôs sobre minha boca e Ciel me sussurrou:

            -Sou eu. Calma...

            Meu coração estava aos pulos e eu tremia. Quando ele me soltou, me virei e o abracei, enterrando minha cabeça em seu peito. Disse:

            -Você quase me matou do coração! Pensei que fosse Luna... – levantei a cabeça.

            Ele suspirou e respondeu:

            -Desculpe por isso e por ter demorado. Só agora conseguimos deter Charlie.

            Arregalei os olhos:

            -Vocês mataram o rei?

            Ciel me respondeu com um pequeno sorriso:

            -Não, só precisei chantageá-lo Ele desfez a aliança, agora devemos cuidar do resto.

            Fiquei aliviada com aquela notícia, mas, ao me recordar dos shinigamis e anjos que deixei para trás, me agitei:

            -Devemos ajudar Grell e os outros! Onde estão seus servos e Sebastian?

            O demônio tornou-se sério e respondeu:

            -Estão cuidado do maldito do Charlie e tentando acalmar a turba que se formou no salão. Acho melhor você não voltar para lá ainda, mesmo que seus pais estejam mais tranquilos ao nosso respeito.

            Franzi as sobrancelhas e demonstrei não compreender:

            -Como assim “mais tranquilos”?

            Ele inclinou a cabeça de lado e respondeu:

            -Seu irmão veio até mim antes de eu sair do local e me disse para lhe pedir desculpas por ele.

            Fiquei mais perplexa ainda com aquele ato. Logo, meu primo disse:

            -Não se preocupe, depois conversamos sobre isso com mais calma.

            Outra vez, ouvi ruídos vindos de um canto da escuridão. Ciel me abraçou e murmurou:

            -Estes anjos malditos já me irritaram.

            -Somos dois. – respondi trêmula e com minha voz abafada em sua roupa.

            Não demorou muito para que Luna se revelasse dentre as árvores, com uma pose serena e ar triunfante. Ela olhou para nós e debochou:

            -Mas, olhem que cena linda, o demônio protegendo seu bichinho de estimação. Acho que irei matar dois coelhos numa cajadada só, nesta noite.

            Ciel respondeu seco:

            -Cale a boca. Charlie já foi eliminado, agora falta você e os outros. Esta batalha já está na reta final e eu ganhei.

            -Não está terminada enquanto você e seus aliados não tombarem. – o anjo de cabelos castanhos sorriu de modo malicioso. Apontou para mim e disse: - Sabia que seu bichinho é um tanto atrevido? Eu não queria matá-la em sua frente, mas ela não colaborou comigo e...

            Ele a interrompeu e disse:

            -Para a sua informação, Elizabeth é minha futura esposa e, se mexem com ela, mexem comigo. Mexendo comigo... – os olhos dele tornaram-se vermelhos. – Você abre a porta do inferno para si mesmo.

            Futura esposa... Senti meu rosto queimar diante daquelas palavras e o encarei por impulso como se buscasse o esclarecimento daquilo em seu rosto, a fim de ter certeza de que eu não havia escutado errado. Ciel reparou nisso e me respondeu mentalmente: era sobre isso que ele queria falar comigo na noite que Lau apareceu na mansão Phantomhive. Meu noivo queria que eu prometesse fazer o meu melhor e não o deixasse.

            Apenas sorri: ele sabia que meu coração já pertencia a dele, não precisava de mais alguma promessa para garantir que eu seria seu braço direito.

            A expressão de Luna diante disso era de total desprezo. Ela bradou indignada:

            -Isto é o cúmulo da impureza! Um verdadeiro anátema! Antes eu já tinha intenções de sobra para detê-los, agora esse motivo já é o suficiente para evitar que o Mundo vire de cabeça para baixo! – empunhou a espada.

            Ciel me soltou e ficou em minha frente. Disse obscuro:

            -Tente a sorte.

            Oscilei em segura-lo pelo braço:

            -Ciel...

            Sem olhar para trás, ele me disse:

            -Afaste-se daqui, Lizzy. Desta vez, não medirei esforços para detê-la e... – abaixou o tom de voz de modo que pareceu ele temer algo: - Acho que você ficará com medo, então feche os olhos. Por favor.

            Sem mais algum questionamento, me distanciei dos dois e apenas observei a cena: Ciel se transformou lentamente enquanto ele e Luna se confrontavam.

            Mesmo querendo seguir à risca todas as orientações de meu noivo, eu não conseguia desprender minha atenção dele e nem do anjo com aparência feminina: a espada azul da criatura que Ciel enfrentava se movia tão rápido que parecia que ele esquivava de um facho de luz. Por fim, o demônio conseguiu atracar com o anjo e ambos caíram no chão. O solo estremeceu e uma árvore se curvou com a intensidade do tremor. Eu caí também e me encolhi.

            Ao levantar a cabeça, vi que eles estavam em outro canto e me movi numa direção que permitia melhor observação.

            Ciel estava cada vez mais com uma aparência não-humana. Admito que me arrepiei ao ver seu rosto diferente, mas me acalmei ao recordar que aquilo era ele. Não tinha o que temer: fazia parte da natureza dele há um bom tempo e eu sabia disso desde o início. Pelo visto, quando ele a expunha, era possível ter um melhor rendimento de seu grande poder.

            De repente, fui cercada por um grupo e logo reconheci os shinigamis. Grell estava com o braço sobre os ombros de um colega, que tinha os cabelos alaranjados. Quando me viu, disse constrangido:

            -Me desculpe, não consegui detê-la.

            Respondi prontamente:

            -Tudo bem, mas, agora, quem precisa de ajuda imediatamente é Ciel!

            William ajeitou seus óculos com a ponta de sua lança e analisou:

            -Grell perdeu a batalha com Luna porque já estava exausto em ter lidado com outro anjo do grupo. Realmente, é difícil lidar numa luta de um a um. Se nos unirmos, será possível reverter esse quadro e destruirmos este anjo, que está enfrentando o Conde, mais rápido do que separados. – chamou pelos outros: - Vamos!

            O ser de aparência andrógina e de cabelos vermelhos disse para o shinigami que o apoiava:

            -Ronald, me deixe aqui e ajude os outros.

            Ronald não disse nada, apenas pôs Grell sentado no chão.

            Voltei a prender minha atenção no cenário que todos cercaram Luna. Ela já estava colérica:

            -Vocês não podem me deter! Vocês nunca irão prevalecer neste Mundo! Eu irei mudá-lo sozinha se preciso!

            Mesmo sob os protestos, golpes múltiplos e velozes, árvores tombadas e gritos de dor, finalmente mobilizaram o anjo: o demônio do grupo conseguiu segura-la contra o chão pelo pescoço, enquanto William e Undertaker seguravam a espada longe de sua proprietária. Ronald prendia uma de suas asas no chão enquanto a outra já estava cravada na neve com a arma de William.

            Eu estava de joelhos e inclinada para frente, cravando meus dedos no solo gélido e boquiaberta com aquela cena tão incrível e assustadora ao mesmo tempo. Os olhos vermelhos do demônio fixaram-se nos meus naquele momento e pude compreender o que Ciel quis dizer com “fechar os olhos”.

            Forcei para que eu cerrasse os meus e tapei os ouvidos com as mãos. Um grito estridente percorreu por todo o bosque e me fez arrepiar da cabeça aos pés. Em seguida, um brilho intenso irradiou e veio um silêncio profundo quando escureceu.

            Começou a nevar suavemente. Quis manter meus olhos fechados e permanecer naquela escuridão segura, temendo abri-los e me assustar com alguma coisa anormal.

            De repente, senti dedos mornos tocarem em minhas têmporas. Logo o dono daquelas mãos me perguntou:

            -Você está bem?

            Abri os olhos lentamente e vi Ciel em sua forma normal diante de mim. Os shinigamis se reuniam ao fundo enquanto isso. Meneei um “sim” com a cabeça. Levantei com a ajuda dele e olhei para trás. Então, vi cinzas prateadas misturadas com penas e uma espada com a lâmina opaca no mesmo canto onde Luna estava. Concluí que aquilo era o que havia sobrado dela.

            Aquilo tinha um aspecto surreal demais para eu estar vendo acordada, mas, de qualquer forma, suspirei de alívio: a missão havia terminado.


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