Eu estava sozinha em casa naquela manhã, Tom havia saído para fazer algumas de suas pesquisas, quando eu comecei a sentir umas contrações.

- Ink! – Eu gritei.

- Mirach, o que foi?

- O bebê, precisamos ir para os St Mungus rápido, pode pegar a bolsa para mim?

- Claro Ink já vai fazer isso.

Enquanto ele não voltava catei um pergaminho e uma pena para poder deixar uma rápida mensagem para Tom:

Tom,

Encontre-me no St. Mungus, estou tendo o bebê.

Mirach

Depois Ink aparatou comigo, porque convenhamos que no meu atual estado não seria muito prudente eu fazer isso sozinha, e em poucos segundos estávamos no hospital.

- Mira? O que você está fazendo aqui? – Othy perguntou assustado dando de cara com nós dois no saguão.

- O bebê está nascendo. – Eu falei calmamente, afinal ele era o único membro da minha família que estava sabendo disso.

- Deixa comigo.

Nessas horas há algumas vantagens em ser irmã e cunhada de curandeiros porque Othy falou com três pessoas e em menos de cinco minutos eu já estava sendo atendida. O trabalho de parto por outro lado não foi nem um pouco rápido, como acontecia com a maioria das bruxas, mas depois de algumas horas eu pude finalmente ouvir o choro do meu bebê.

- É uma bela menina, senhora Riddle. – O médico falou trazendo-a para perto de mim e pude ver que ela tinha os mesmos cabelos negros que Tom.

- Por que está tudo tão escuro? – Perguntei me virando para o médico, já que era impossível já ter anoitecido.

- Não se preocupe é só um eclipse solar, voltara a clarear em alguns instantes.

Isso acendeu uma pequena luz em minha cabeça enquanto olhava para a minha filha, algo que eu havia lido em algum lugar muitos anos atrás, mas decidi deixar para analisar essa sensação depois, por hora tudo que eu queria era ficar perto da minha filha.

Enquanto eles me devolviam minha menininha, agora limpa e embrulhada em uma manta cor de rosa, a porta do quarto se abriu revelando Tom.

- Sabe, você podia ter me mandado um patrono avisando ao em vez de simplesmente deixar um bilhete em cima da mesa da sala.

- Não gosto de ser atrapalhada quando estou trabalhando e muito menos você gosta quando fazem isso. – Eu retruquei. – Além do mais eu tinha tudo sobre controle.

- Sempre independente, será que ao menos uma vez você não poderia pedir ajuda?

- Mas eu pedi! Ink me trouxe até aqui!

- Menos mal, do jeito que você é achei que tinha aparatado sozinha em pleno trabalho de parto. – Ele resmungou.

- Muito engraçado Tom, não vê que estou morrendo de rir.

- Sempre o péssimo senso de humor. – Ele comentou dessa vez rindo. – Como você está?

- Melhor impossível. – Eu disse radiante. – É uma menina.

Ele se sentou ao meu lado na cama enquanto olhava para a nossa filha que como se sentisse a nossa presença abriu seus pequenos olhinhos.

- Ela tem os seus olhos. – Ele comentou encarando os olhos cinza dela embora eles tivessem um pouco mais de azul do que os meus.

- Depois de carregá-la por nove meses era bom que tivesse algo de mim ou Merlin precisaria se explicar muito quando eu o encontrasse.

- Como você quer chamá-la?

Tom e eu havíamos feito um acordo alguns meses atrás de que ele poderia escolher o nome se fosse um menino e eu se fosse uma menina, mas é claro que eu já tinha um em mente, um nome selecionado há anos, um nome que a maioria das pessoas me consideraria louca por colocar na minha filha, mas como as pessoas sempre me consideraram maluca não acho que isso será um problema.

- Liandan, ela irá se chamar Liandan.

- Liandan Riddle, a dama da noite, até que é um bom nome Mirach Adhara.

- Vai mesmo começar isso outra vez Tom Servolo? – Eu retruquei fazendo com que nós dois déssemos uma pequena risada.

- Eu preciso resolver umas coisas, mas prometo que volto logo para podermos ir para casa. – Ele falou me dando um rápido beijo antes de sair.

Assim que fiquei sozinha chamei por Ink e pedi para que ele me trouxesse tinta e pergaminho, quando ele voltou dei Liandan para que ele segurasse e comecei a escrever a minha carta.

Queridos papai e mamãe,

Hoje acabei de dar a luz a minha primeira filha e levando em conta o que aconteceu da última vez achei prudente que os senhores só ficassem sabendo agora, para manter a minha segurança e a dela. Eu passo bem e em breve poderão conhecê-la, a propósito seu nome é Liandan, minha Liandan Riddle.

Cordialmente

Mirach Prewet Riddle.

- Ink, pode entregar isso a eles, por favor?

- Ink fará isso com prazer. – Ele falou sorrindo após ler o conteúdo da pequena carta. – Ink gostou do nome dela.

Eu não pude deixar de sorrir enquanto ele aparatava, talvez eu tivesse exagerado um pouco ao mandar a carta, afinal era muita provocação em um único pedaço de papel, mas sou eu, e cá entre nós depois de tudo que eles me fizeram passar eu acho que eles mereciam aguentar isso e até um pouco mais. Porque isso serve para mostrá-los que eu não esqueci e que por mais que eles odeiem esse fato, foi por causa de uma coisa que eles fizeram que me tornei o quem eu sou hoje.

- Eu nunca vou perder você Liandan. – Falei acariciando seus ralos cabelinhos negros.

Em minha mente meu futuro e o da minha filha seria muito diferente do que acontecera a mim e a minha irmã, porque em minha mente nós ficaríamos juntas.