Eu Poderia Usar Alguém escrita por Cassie V
Acordei. Acordei num quarto de hospital. Havia duas camas e um sofá que originalmente deveria ter sido branco, mas agora estava meio encardido. Olhei tudo até que meus olhos bateram no corpo frágil de mamãe que estava abrindo a porta do meu quarto com uma expressão cansada. Ela notou que eu tinha acordado e foi correndo até meu lado.
- Meu bem... Como se sente?
- O que... Onde está ele?
- Quem, meu amor?
- O homem. Que me salvou.
- Ah, sim. Ele foi embora. Mas ele deixou um bilhete. Quer que eu leia?
- Por favor. - mamãe tirou do bolso um papel azul e começou a lê-lo lentamente:
"Espero que não se importe, mas volto para visitá-la mais tarde. Pois demorou pra acordar e eu estava cansado. Ontem eu avisei seus amigos o que houve e talvez eles apareçam ai mais tarde.
Ainda não sabe quem sou, eu suponho. Mas você me conhece."
- É isso.
- Só isso?
- Sim... - admito que me senti um pouco decepcionada. Eu queria que ele fosse mais... eu não sei. Carinhoso, talvez. Céus! O que eu estava pensando? O homem já fez o favor de salvar minha vida e eu ainda pedia carinho. Eu sou uma negação.
- Tudo bem. Ei mamãe, vá pra casa descansar, você está com uma cara ruim. Eu estou bem, de verdade.
- Okay, meu anjo. Seu celular está na bolsa ali em cima do sofá, caso precise de mim.
Mamãe já estava na porta quando consegui formular a pergunta mais óbvia:
- Mãe... O homem, ele foi preso? - ela teve que respirar fundo e me encarar com olhos profundos de preocupação antes de responder.
- Sim. Ele foi preso e eu espero que morra na cadeia.
Ela se virou e saiu do quarto.
Não lembro o que eu queria fazer aquela hora, só sabia que eu não ia ficar ali deitada olhando as paredes e muito menos dormir. Chamei a enfermeira.
- Precisa de algo, senhorita Williams? - ela era baixinha, morena, com olhos tão verdes como os meus, e seu sorriso era tão doce e verdadeiro que eu consegui confiar nela só por vê-la.
- Eu só queria perguntar, se eu vou demorar pra sair daqui. Não gosto de hospitais.
- Bem, não sou a pessoa certa pra responder isso, mas posso chamar o doutor. Ele pode te responder tudo que quiser.
- Tá bom. Mas depois, você poderia ficar um pouco aqui comigo? Não gosto de ficar sozinha por muito tempo.
- Está certo, querida. - ela saiu e eu fiquei encarando a janela. Estava chovendo em Franklin e eu fiquei me perguntando se isso era normal no verão. Mas talvez seja uma chuvisca de verão.
Ouvi um barulho. Alguém estava entrando e era cedo demais para ser a enfermeira.
Era um garoto. Alto, meio loiro, com lábios finos, ele sorriu pra mim quando entrou no quarto. Meu coração palpitou. Seu cabelo estava levemente molhado pela chuvisca lá fora, e os ombros do seu casaco cinza também estavam (eu conhecia aquele casaco).
- Olá.
- Oi.
- Meu nome é Eric... Bright. Eu estudo no Franklin High School com você. Eu ouvi dizer que estava no hospital e achei que seria educado vir lhe visitar.
"Céus. O que ele faz aqui?"
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