War Of The Union escrita por GreenTop


Capítulo 10
Keep Holding On


Notas iniciais do capítulo

Yoo, tudo bem com vocês? Demorei para postar esse capítulo? Acho que sim né, gomen. Eu ia postar ontem, mas tive uns problemas e não deu para terminar de escrever. Bem, esse capítulo tem uma música, que é a trilha sonora da fic, quando chegar no momento cliquem no link, não é necessário ouvir a música, mas é bom para o caso de não conhecerem. Então, é isso, boa leitura.



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Estávamos ambos paralisados, observando estupefatos à cena a nossa frente. O estrondo que havíamos escutado poucos minutos antes fora ocasionado por uma bomba lançada em uma parte do acampamento não muito distante de onde estávamos. A destruição não parava por aí; aviões do exército do país do Norte sobrevoavam aquele lugar, antes julgado como seguro, prontos para o lançamento de novas bombas. Alguns soldados se aproximavam ao longe, portando armas de grande e pequeno porte, prontos para destruir, matar e aprisionar quem estava ali. Claro, afinal era apenas isso que sabiam fazer.

Eu sentia medo, muito medo. Aquela cena me lembrava do que acontecera há cinco meses, quando perdi praticamente tudo o que possuía. Não queria reviver tudo, perder tudo novamente, se daquela vez perdesse o Natsu... Eu não sabia se suportaria algo assim.

Natsu continuava parado ao meu lado, sua mão segurando a minha. Não demonstrava sinais de querer soltar-me. A cena provavelmente o fizera não perceber o enlaço de nossas mãos. Sua situação não estava diferente da minha; o medo estava estampado em seu rosto, assim como a surpresa.

Fui obrigada a tirá-lo daquele estado de transe. Se permanecêssemos ali parados por muito mais tempo poderíamos por nossas vidas em jogo. Além do mais eu estava preocupada com os outros, provavelmente Natsu também, afinal Lisanna estava lá. Levy, Loki, Erza, Gray... A ideia de que poderia perdê-los também me deixava aflita. 

― Natsu, vamos.

Ele apenas assentiu antes de me puxar para mais adentro do acampamento. Quanto mais andávamos mais podíamos ver os estragos causados. Pessoas fugiam para onde fosse possível, sem se importar com nada além de suas vidas. O pânico predominava naquele lugar, podendo ser sentido mesmo no ar, que parecia tão mais pesado do que era normalmente. Algumas pessoas estavam feridas, outras agonizando no chão, em meio ao desespero e presa de fuga foram pisoteadas.

Aquela cena era horrível, pior do que qualquer coisa que já havia visto antes. A morte dos meus pais, vê-los caídos no chão, sem vida, não era uma cena tão terrível quanto ver aquelas pessoas morrendo, pois eu estava vendo-os ali, em seus últimos minutos, sem esperança de sobrevivência.

Natsu continuava me puxando em direção ao abrigo do nosso grupo. Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto. Era impossível segurá-las, ver tudo aquilo e não sentir nada... Somente um ser completamente isento de emoções seria capaz de tal feito. A morte de pessoas que em situação alguma prejudicaram a sociedade, tudo por culpa de interesses financeiros e poder. Como a humanidade conseguia ser tão egoísta? Era a única resposta que eu desejava.

Enquanto corria Natsu olhava apenas para frente, talvez quisesse ignorar o que ocorria ao seu redor, ou ainda estivesse preocupado em chegar logo ao abrigo, mas de qualquer forma ignorar aquilo era impossível.

Somente quando nos aproximamos o suficiente é que Natsu soltou minha mão. Lisanna estava lá, olhando para todos os lados, em busca de Natsu, provavelmente.

― Nat-kun!

Ela correu até ele, beijando-o apaixonadamente. Pode ter sido egoísmo de minha parte considerando toda a situação que vivíamos, mas, mesmo com tudo o que estava acontecendo, não consegui deixar de sentir ciúmes, deixar de desejar que fosse eu a beijá-lo ao invés dela. Natsu... Por que não poderia simplesmente arrancá-lo do meu coração, como se arranca uma planta incomoda de um jardim de flores? Tudo seria tão mais simples se eu fosse capaz de fazê-lo.

― Você está bem?! Onde estava?! Eu fiquei tão preocupada com você, meu amor! Vamos, precisamos partir, todos os outros já correram, tentando fugir desse novo massacre. ― Ela disse, estava claramente muito preocupada com Natsu. Tentou puxá-lo, ele direcionou seu olhar para mim.

― Lucy, vamos.

Eu quase concordei, mas havia algo naquele acampamento que eu não poderia simplesmente abandonar: As cartas escritas para minha mãe. Deixá-las ali seria como vê-la morrer novamente. Aquelas cartas me ajudaram a superar tudo o que estava acontecendo, e, mesmo não sendo suficiente, não teria suportado sem elas.

― Eu preciso pegar algo, podem ir em frente. ― Disse, enquanto já entrava no abrigo.

― Espere, vou com você, também preciso pegar algo. ― Ele disse, me seguindo.

― Natsu! ― Lisanna tentou impedi-lo de vir comigo, porém, vendo que não conseguiria, também nos acompanhou.

Ao entrar no lugar fui direto para a minha cama, onde ao lado estava minha mochila. Tudo que me pertencia estava ali dentro, roupas, as cartas, absolutamente tudo o que eu possuía. Seria bom levar tudo, até porque não havia tempo, muito menos razão, para retirar as cartas e levar apenas elas.

Natsu, por outro lado, pegou o que estava sobre a sua cama: Seu habitual cachecol. Porque aquilo era importante para ele nunca perguntei, mas pelo que me recordava ele sempre o usava.

― Você nos fez arriscar nossas vidas vindo até aqui apenas para pegar algumas roupas?! ― Lisanna exclamou. Não os obriguei a vir comigo, e não era pelas roupas que estava me arriscando.

― Não, não é nada disso, eu...

― Lisanna, Lucy! O teto!

Olhei para cima. A estrutura estava abalada, não demoraria para aquilo cair. E realmente não demorou. Ouvi alguns ruídos, barulhos que sugeriam o que estava a segundos de acontecer.

Não havia tempo para sair de debaixo da parte em que o teto cederia, justamente onde eu e Lisanna estávamos. Talvez Natsu conseguisse salvar alguém, mas somente uma de nós, estávamos distantes demais uma da outra para que ele conseguisse salvar ambas, e nesse caso... Sabia muito bem a quem ele daria preferência.

Um segundo, apenas isso. Fechei meus olhos por um segundo, e esse um segundo se pareceu mais com uma hora. Vários momentos vieram a minha mente, tantas memórias, tantas coisas dolorosas. Talvez fosse melhor, não teria mais que conviver com a guerra, não teria que ver tantas pessoas morrendo, tanto sofrimento. Também seria bom rever meu pai e minha mãe.

Já estava aceitando a morte, mas após aquele um segundo ter se passado uma mão me puxou e me livrou dos escombros. Quando abri os olhos o que vi foi o rosto de Natsu. A poeira impedia-nos de ver mais a frente, porém quando ela abaixou a cena que vimos não era nada agradável, muito menos para Natsu.

― Por... Por que... Natsu?

― Lisanna... ― Ele sussurrou, sua voz não saia perfeitamente bem, mas ainda era audível.

Meus olhos se arregalaram, senti ainda mais vontade de chorar, um desespero crescente, aquela sensação que apenas aumentava. Lisanna estava caída no chão, com todos os escombros sobre si. Mesmo nunca tendo conversado muito com ela, mesmo que sentisse por muitas vezes inveja dela por possuir o amor de Natsu... Mesmo assim, vê-la ali, quase morrendo, aquilo era sufocante.

Natsu estava muito pior do que eu. Mas claro, ele a amava, era sua namorada. Tudo o que se passava pela minha cabeça era o porquê dele ter salvo a mim e não a ela. Por que, Natsu?! Por quê?!

Apenas parte do teto havia desmoronado, porém a outra parte não demoraria a ceder. Respostas deveriam ser procuradas depois, o mais importante era sair daquele lugar, e, por pior que estivéssemos, não deixaria Natsu morrer.

― Natsu, temos que ir, tudo irá desabar.

O agarrei e sai daquele lugar. Apesar de relutante, ele me acompanhou. Os soldados se aproximavam cada vez mais. Momentos antes eu aceitaria a morte porque Natsu estaria bem, mas depois do que acontecera morrer não era mais uma opção, muito pelo contrário.

Corríamos em direção à floresta, onde as árvores serviriam para nos esconder até que tudo aquilo passasse. Teria sido fácil, se não tivéssemos sido vistos por alguns soldados. Estes se colocaram a nos perseguir.

Tentava correr o mais rápido possível, Natsu também, mas as lágrimas dificultavam a tarefa, embaçavam minha visão, tornando muito mais difícil saber por onde eu corria.

Tudo o que eu ouvia eram gritos. Por cinco meses a guerra pareceu não existir, por cinco meses a única coisa com a qual tive que me preocupar foi minha situação amorosa. Agora tudo volta, como uma tempestade que se passou, mas que logo depois volta, com uma intensidade ainda maior. Por que tudo precisava voltar? Por que a paz não pode existir?!

Alguns metros a frente estava a floresta, somente mais alguns passos e estaríamos lá. Com o treinamento que recebemos sabíamos exatamente para onde ir, um território muito conhecido por nós, mas totalmente desconhecido para eles. Estaríamos salvos, mas nem tudo ficaria bem, nada nunca fica bem, nem mesmo quando parece estar.

Os soldados estavam cada vez mais próximos. Eu sentia medo de não conseguir, de sermos capturados. Meu medo mudou quando ouvi o som de um disparo, vinha daquele que estava mais próximo de Natsu.

― Natsu!

Minha reação foi rápida o suficiente para conseguir empurrá-lo para o lado. A bala passou de raspão pelo meu braço, causando apenas um leve ferimento. Se não tivesse empurrado Natsu o alvo atingido seria ele, e com certeza com estragos muito maiores.

― Tudo bem? ― Ele perguntou, apenas assenti. Na verdade não estava, não havia como estar tudo bem. Não paramos de correr nem por um segundo, nem mesmo quando conseguimos entrar na floresta.

Escondemo-nos atrás de um pequeno morro de Terra. Ofegantes por causa da corrida e rezando para que os soldados não nos encontrassem. Natsu olhava de relance por cima da terra, tentando encontrá-los. Os passos que ouvíamos antes cessaram; alguns minutos depois voltamos a ouvi-los, porém ao invés de se aproximar de nós eles se afastavam.

Deixei-me relaxar um pouco, tentando controlar os batimentos cardíacos, muito acelerados por conta da corrida. Natsu jogou sua cabeça para trás, encostando-a na terra e fechando os olhos. Ele colocou suas mãos sobre o rosto, tentando esconder as lágrimas, mas eu ainda podia vê-las claramente.

Toda a dor que eu estava sentindo ele provavelmente sentia em dobro. Perder alguém querido nunca é fácil. Eu apenas não conseguia entender. Por que ele me salvou ao invés dela? Por que deixou que ela morresse no meu lugar? Não conseguia olhá-lo, pois me sentia culpada pela dor que ele sentia. Se não tivessem me acompanhado, se tivessem seguido em direção ao resto do grupo...

Tentava também segurar as lágrimas. De nada adiantaria apenas chorar, a guerra não acabaria, não traria as pessoas que se foram de volta, só nos faria sofrer mais.

― Por que, Natsu? ― Perguntei a coisa que mais martelava em minha mente, porém sem olhá-lo, ainda não conseguia.

― Por que... O que?

― Por que você me salvou ao invés da Lisanna? ― Só então tive coragem suficiente para mover meu olhar para ele ― Você a ama, não é? Por que me salvou então? Por que deixou ela morrer?!

― Eu não sei. Naquele tempo tão curto... Eu não tinha nem ao menos tempo para pensar, meu corpo apenas se moveu. Eu não queria que nenhuma das duas se machucasse ― Ele novamente colocou suas mãos em frente ao rosto ― Eu queria ter conseguido salvar as duas, mas não pude.

― Mas por que eu?

― Eu já disse, não sei. 

Ainda não fazia sentido para mim, porém não queria continuar perguntando, não importava mais. Nenhum de nós conseguia dizer qualquer coisa. Ficamos assim, calados, por um bom tempo.

― Lucy, você se machucou ― ele disse, percebendo o ferimento no meu braço.

― Não é nada de mais.

― É sim, ainda está sangrando, é melhor parar esse sangramento ou pode ter problemas.

Mais problemas do que já estávamos tendo? Era impossível. Pelo menos eu achava que fosse. Natsu rasgou um pedaço da camiseta que estava usando para estancar o sangramento do meu braço. Apenas amarrou o pedaço de pano de forma que não sangrasse mais.  

― Obrigada ― Agradeci.

― Tudo bem.

― O que iremos fazer agora, Natsu? Procurar pelos outros?

Ele riu sarcasticamente.

― Procurar pelos outros para depois fazer o que? Continuar fugindo? Até quando? Tudo o que fazemos é fugir, e isso não vai acabar. Não acho que a guerra possa ter um fim.

Não conseguia acreditar no que ele falava. Não importava a situação em que estávamos, o que acontecera, ainda assim não justificava a falta de esperança que o atingiu.

― O que está dizendo Natsu?!

― Apenas a verdade.

― Esse não é o mesmo Natsu que eu conheci, o que aconteceu com você?

― Percebi que não adianta nada apenas torcer para que as coisas se resolvam. Quantas pessoas ainda precisarão morrer, hein, Lucy?

Ele falava como eu antes de conhecê-lo, questionava seus próprios valores, suas próprias esperanças, e eu sabia muito bem que aquilo não ajudaria em nada. Talvez por um lado tivesse razão, e também havia sofrido uma perda muito grande, suas esperanças estavam fragilizadas. 

― Eu não sei, mas se deixar de acreditar que as coisas se resolverão, se tirar de si a única coisa que te faz continuar seguindo em frente, então o que terá? Como irá continuar?

Ele não respondeu. Lembrava muito a mim quando não possuía esperanças. Quando a guerra começou e eu tive esse mesmo pensamento lembro-me do que minha mãe fez, aquela simples letra...

You're not alone, Together we stand, I'll be by your side, You know I'll take your hand ♪ (Você não está sozinho, Juntos nós permaneceremos em pé, Estarei ao seu lado, Você sabe que segurarei sua mão) ― Ele me olhava curioso. Segurei sua mão, demonstrando que estava ali, com ele ― When it gets cold, And it feels like the end, There's no place to go, You know I won't give in, No, I won't give in ♪ (Quando fizer frio, E parecer ser o fim, E não tiver para onde ir, Você sabe que não desistirei, Não, não desistirei) Keep holding on, Cause you know we'll make it through, we'll make it through, Just stay strong, cause you know I'm here for you,, I'm here for you ♪ (Continue aguentando, Porque você sabe que conseguiremos, conseguiremos, Apenas seja forte, Pois você sabe que estou aqui por você, Estou aqui por você) There's nothing you can say, Nothing you can do, There's no other way when it comes to the true, So keep holding on, Cause you know we'll make it through, we'll make it through ♪ (Não há nada que possa dizer, Nada que possa fazer, Não há outro jeito em se tratando da verdade, Então continue aguentando, Porque você sabe que conseguiremos, Nós conseguiremos).

Havia outras partes, aquela não era a música completa, mas era o que queria dizer a ele. Não importava pelo que fossemos passar, eu estaria com ele. Se nos mantessemos fortes e continuássemos aguentando tudo ficaria bem.

― Minha mãe cantava essa música para mim quando eu achava que a guerra não iria acabar. Por várias vezes eu também deixei de acreditar que as coisas ficariam bem.  

Natsu fez a coisa que eu menos esperava que fosse fazer: Sorriu. Um sorriso tímido, mas ainda assim um sorriso.

― Somente você para conseguir me fazer sorrir nesse momento, Lucy.

― Eu aprendi com alguém uma vez que um sorriso é a melhor forma de sair de situações difíceis. ― E esse alguém era justamente ele.

Natsu sorriu novamente. Não disse nada por alguns segundos, e eu sinceramente pensei que iríamos ficar assim por mais algum tempo, em silêncio.

― Lucy, eu acho que sei porque meu corpo te puxou naquele momento. Eu não podia perder a mulher que eu amo.

E voltamos àquela discussão anterior, cuja eu continuava sem entender.

― Se você não podia perder a mulher que ama, então, novamente pergunto, por que me salvou ao invés dela?

Natsu riu, não entendi qual era a graça naquilo que falava.

― Mas que droga, Lucy, é tão difícil de entender isso? Você é essa mulher.

― Como é? 


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Notas finais do capítulo

Explicações do Natsu no próximo capítulo.

Por causa dessa declaração do Natsu, que só iria acontecer mais para frente, quero muitos reviews certo? Tá, é brincadeira, mas a parte dos reviews é séria mesmo, deixem reviews dizendo o que acharam do capítulo, por favor, isso ajuda muito.