Em certa noite de verão, Harry encontrava-se em seu quarto na casa dos Dursley, como sempre entendiado, deitado em sua cama. Achava-se pensando o que acontecera no ano passado: como aquilo teria acontecido? Como ele ficara só? Ninguém mais acreditava nele! Mas aquilo era uma página virada. Contava os dias em seu calendário para voltar a Hogwarts e rever seus amigos Rony e Hermione.

Absorto em seus pensamentos, Harry não escutou a campainha e apenas despertou com a voz pastosa de seu primo:

–Ei, Harry! Tem um cara muito estranho aí, querendo falar com você.

Harry pulou imediatamente da cama, abriu a porta de seu quarto, e foi em direção ao corredor.

Começou a descer lentamente a escada, olhou ansioso em direção a porta da sala, mas ainda não tinha descido o suficiente. Pulou dois degraus e olhou novamente para a porta. Estava fechada. Mas, quem seria? Quem teria o trabalho de ir à casa dos Dursley só para falar com ele?

–Harry! Anda logo moleque! Não quero essa gentinha na minha porta! – disse tio Valter.

Harry olhou espantado para o seu lado esquerdo, de onde tinha vindo a voz de tio Válter. Apressou os passos e finalmente, chegou à porta, abriu-a lentamente:

– Quê?! O que você está fazendo aqui?! Não deveria estar na’Toca?

– Caramba Harry, que emocionante repção! Não gostou da surpresa?!

– Não, não é isso Rony, você sabe que os tempos não estão bons ultimamente. – falou Harry, olhando para o céu azul anil lá fora. – Então, o que é que você veio fazer aqui? Veio me capturar novamente com o carro voador do Sr. Weasley? – Harry riu; coisa que não fazia há muito tempo.

– É. Só que dessa vez é sem o carro.

Harry ficou pasmo. Abriu a boca.

– Claro que é sério, Harry. E o que você acha que eu vim fazer aqui?

– Hum... Ótimo! Vou arrumar meu malão – Harry deu uma pausa; estava louco pra se livrar dos Dursley – e acho melhor entrarmos.

– Não demora. Seu tio não foi com a minha cara, e se mamãe descobrir que eu fugi de casa...

– Então é melhor você vir comigo até meu quarto. Tia Petúnia não iria gostar de ver sua impecável sala exposta a um estranho sujo de poeira. – falou Harry com ar risonho.

Os garotos subiram as escadas silenciosamente até Harry abrir a porta de seu quarto:

– Este é meu quarto. Vai entrando.

Rony olhou ao redor, até que avistou a cama e imediatamente se jogou nela, enquanto isso, Harry foi enchendo o malão com tudo que via pela frente e falou:

– Como você conseguiu sair sem que a Sra. Weasley o visse?

– Dessa vez não foi tão fácil como antes – Rony suspirou cansado – Não pude contar com ninguém; seria mais fácil de mamãe descobrir, por isso tive que esperar todos dormirem (o que demorou bastante): Fred e Jorge estavam ocupados demais com os produtos da loja de Logros; mamãe ficou esperando papai voltar do trabalho e Mione não parava da conversar com Gina sobre feitiços de beleza – falou Rony com cara de enjôo – e não pude contar com Mione, sabe como ela é né, não iria aceitar que eu saísse de casa sem avisar à mamãe.

Harry já havia terminado de arrumar suas coisas cinco minutos antes de Rony terminar, então pegou Edwirges e falou:

– Já tô pronto para irmos embora – falou Harry ansioso; mal tinha prestado atenção no que Rony lhe explicara:

– E por que você resolveu vim me buscar? – perguntou Harry distraído, olhando para o relógio.

Houve uma breve pausa.

– Bem, - começou Rony timidamente – a mamãe sente muito sua falta lá em casa Harry; ela diz que você nos anima, porque conversamos muito. Mas pra falar a verdade, mamãe tem saudades dos tempos em que todos nós morávamos junto, o Gui, o Carlinhos... quando éramos pequenos; hoje em dia, cada um tem sua vida. Ela vai gostar de te ver lá, seria uma surpresa legal, não?!

– É... Eu sei que a Sra. Weasley me considera como um de seus filhos (...) – respondeu Harry vagarosamente.

Os dois garotos novamente se calaram por um curto tempo.

– E a Mione não pára de falar em você. – disse Rony baixinho.

– A Mione?! Como ela está? Também senti muita...

– É melhor irmos logo. Vamos? – atrapalhou-o Rony

– Vamos. Já está tarde.

Harry e Rony foram descendo rapidamente a escada, até que tio Valter falou:

– Aonde – você – pensa – que vai? – perguntou tio Válter pausadamente contendo a raiva.

– Pra casa do Rony, algum problema? – falou Harry com um leve tom de impaciência.

Neste momento Rony gemeu sem cerimônias e levantou sua mão direita como se respondesse à chamada das aulas de Transfiguração.

– Nem pense que vai passar por aquela porta, garoto! – falou tio Valter com a voz rouca, tremendo de fúria.

Harry encarou o tio com ar impaciente e ao mesmo tempo malicioso, então falou ironicamente:

– Há eh?! E o que vai fazer? – Harry empunhou a varinha com firmeza, apontando para o tio. – pensei que iria gostar de se ver livre de mim duas semanas antes!

Tio Válter ficou a ponto de explodir; a grossa veia em sua têmpora pulsava de cólera, tia Petúnia que estava na cozinha, olhou apreensiva para o marido, esperando dele uma resposta; Duda que também estava na cozinha, resolveu se sentar na sala para assistir aquela imperdível cena e Rony estava louco para sair dali; suas orelhas já ardiam como era de costume quando ficava nervoso.

Com sua mão esquerda, Harry pegou Edwirges, entregou-a a Rony e empurrou-o para o jardim; puxou o malão pra perto, encarou o tio novamente e saiu vitorioso.