Assassins Creed: Liberdade escrita por O Mentor


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Fala aí, pessoal.
Trago para vocês mais um capítulo de Assassin's Creed: Liberdade.
Espero que curtam.
Boa leitura.



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A lua já estava alta no céu quando Afonso de Magalhães finalmente chegou em casa. Havia levado talvez uma hora, tentando driblar todos os guardas das docas que estivessem de vigia. Não que fossem muitos. E a maioria estava cansada e irritada. Raramente faziam seu trabalho direito. No entanto, o jovem sabia bem que se tivesse o azar de ser visto por um deles, o mau humor deles se transformaria em raiva. Com certeza o matariam e jogariam seu corpo no mar. Quem iria sentir a sua falta? E seria uma ocasional diversão para os guardas poder matar algo além dos ratos que se esgueiravam por entre os seus pés naqueles postos avançados imundos.

Cansado e molhado, Afonso desmontou de seu pequeno cavalo e o conduziu lentamente aos estábulos de sua casa. Eram pequenos, com espaço apenas para dois animais e um pouco de comida. Feno, quase sempre. Quando conseguiam um dinheiro a mais, Furão (um nome adequado para um cavalo rápido e magro como ele) podia comer aveia. De vez em quando uma fruta que Afonso colhia em uma floresta próxima.

Sua própria casa também não era grande coisa. Uma construção de dois andares longe do centro da cidade, na área rural. Feita de reboco, tinha apenas uma sala de visitas, uma cozinha, um banheiro e dois quartos, um para Afonso e outro para sua mãe. Não chegara a conhecer o pai. Por ser um nobre português, tivera que voltar para seu país natal logo que seu filho nasceu, para resolver algumas questões profissionais. Ninguém sabia ao certo o que era e, desde que ele foi embora, nunca mais se ouviu falar nele. Miguel de Magalhães havia sido dado como morto, mesmo que ninguém tivesse alguma prova de como e onde havia sido sua "morte".

Mas Afonso não ligava para aquilo. Não ligava para o pai. Nunca mais havia pensado nele desde que perguntara sobre isso para sua mãe. Obviamente, ela tentara minimizar todas as partes que parecessem cruel para o garotinho de 5 anos. Mas não dera certo. Ele já tinha na cabeça a ideia gravada de que seu pai os abandonara. E os abandonara bem no momento em que sua mãe mais precisava dele: para criar um filho.

E como se isso já não bastasse, deixou muito pouco para eles, apesar de ter muito dinheiro. Levara a maior parte consigo para Portugal. A única coisa que a mãe herdara era aquela casa minúscula, o cavalo Furão e pouco dinheiro, apenas o suficiente para sobreviver durante alguns meses, até ela achar um emprego e poder se sustentar. Essa era uma das coisas que levaram Afonso a roubar. Agora eles não eram pobres, é verdade. Até que viviam muito bem. Mas o garoto sempre se ressentia por poder ter uma vida melhor, poder ter uma vida de nobre. E isso não acontecera, simplesmente porque o pai o abandonara.

Entrou em casa sem pensar em nada disso. Dirigiu-se silenciosamente para o seu quarto, com medo de acordar a mãe. Ela já estava acostumada a suas saídas noturnas e sabia muito bem o que o filho fazia. O motivo de não impedi-lo era um mistério. Mas também não era um problema. E Afonso gostava disso.

Trocou suas roupas sujas por uma camiseta e uma calça de linho brancas. Deitou-se em sua cama e dormiu instantaneamente.

No dia seguinte, foi acordado pelos raios de sol entrando pela sua janela. Levantou-se, trocou suas roupas e desceu para o andar debaixo. Sua mãe já estava lá, se preparando para ir ao trabalho. Ela era criada de da mulher de um homem rico da região, que tinha seu Palácio localizado um pouco ao sul de onde eles moravam.

Taíla de Magalhães era uma mulher bonita, mesmo em seus 43 anos. Os cabelos negros eram curtos, mas bem cuidados. A pele era levemente morena e os olhos eram verdes como os do filho. Ela era alta e esguia e tinha sangue indígena por parte de sua mãe, que se casara com um bandeirante português.

– Bom dia, filho. - disse ela, com um sorriso no rosto.

– Bom dia, mãe. - Afonso se curvou levemente.

– Como foi sua noite ontem?

– Tranquila. - ele respondeu, temeroso. Será que ela havia descoberto sua pequena aventura...?

– Hmm... Tudo bem. - ela retrucou calmamente, para o alívio de Afonso. - Você tem algum compromisso marcado para hoje?

– Nada de importante, mãe. Por que?

– Porque eu tenho um serviço para você, nesse caso. Preciso que pegue uma encomenda para mim no Porto. - Taíla lançou-lhe um olhar sério - E sem confusão, entendido?

– Sim, senhora! - Afonso assentiu e partiu. Pegou seu cavalo e galopou em direção ao porto, ainda atento a qualquer sinal de guardas. Era bem improvável que sua confusão do dia anterior tivesse sido esquecida e certamente aquele capitão havia passado a sua descrição para as autoridades.

No entanto, conseguiu chegar nas docas sem maiores problemas. Ainda era cedo e a maioria dos guardas estava acordando de sua guarda noturna. Afonso observou o porto lotado. Os mercadores não perdiam tempo, já descarregando suas mercadorias e vendendo-as ali mesmo ou despachando para os mercados do centro da cidade. O jovem voltou-se para o píer que sabia que eram descarregadas as encomendas. Caminhou até lá e começou a procurar. Essa era a única parte do porto onde eram encontradas mais embarcações portuguesas do que inglesas. Apesar do barateamento das mercadorias da Inglaterra, os brasileiros ainda confiavam mais em sua metropole para fazerem entregas específicas.

Achou uma pequena caixa de madeira quase escondida entre as outras maiores. Ele reconheceu o brasão dos Magalhães nela, um escudo prateado com três faixas amarelas e vermelhas em um padrão xadrez. Um homem baixo e gordo, aparentemente o capitão do navio, estava próximo às caixas, apenas aguardando os destinatários aparecerem.

– Bom dia, senhor. - Afonso saudou-o, educadamente.

– Bom dia, meu jovem. - O gordo respondeu, com um sorriso. Seu bafo cheirava a alho e cerveja. - No que lhe posso ser util?

– Vim pegar esta encomenda para minha mãe. - ele apontou.

– Ah, sim. Essa daqui? - rapidamente, o homem pegou um livrinho de seu bolso e começou a checar algumas informações. - Ela foi encaminhada por... Miguel de Magalhães?

Afonso sentiu um aperto no peito após a menção daquele nome. Teria realmente seu pai enviado um pacote? Mas ele deveria estar morto.

– Sim. - ele respondeu com firmeza.

– Então... Ele não deu o dinheiro antes de enviar. Deixou uma nota para que o destinatário pagasse.

– Sério?

– Sim. Está bem aqui. - o gordo mostrou a nota, escrita em uma caligrafia forte e rústica. Havia o brasão da família no final dela. - É pagar ou deixar que seja confiscada.

Afonso sabia que se uma mercadoria ou encomenda não fosse vendida ou entregue a tempo, os guardas da cidade iriam tomar para si. O que era lhes era útil era utilizado. Caso contrário, era simplesmente jogado no mar. O garoto sabia que tinha poucas opções. Seu dinheiro havia sido deixado em casa. Por mais que se lembrasse do que a mãe havia dito, ele precisaria roubar.

– Obrigado, senhor. Mas acho que estou sem dinheiro. Espero que os guardas sejam gentis com o presente do meu pai. - e saiu caminhando de volta para a cidade. Mas não seguiu em direção ao campo. Ao invés disso, ele virou uma esquina e entrou em outro píer. Olhou ao redor, para se certificar que não estava sendo observado e pulou para dentro de um barco de pesca vazio ancorado. Utilizando cordas e ganchos como pontos de apoio, escalou até o topo do mastro. Este não era muito alto, mas era o suficiente para que ele conseguisse saltar para o convés de uma caravela próxima dali. Por sorte, a distância era curta e suas botas de couro mal fizeram barulho na madeira lisa. Caminhou silenciosamente até a popa da embarcação e saltou para a próxima. Esta estava um pouco longe e ele teve de se agarrar a uma janela no casco para não cair na água, uns 5 metros abaixo. Foi então se movimentando horizontalmente, ainda agarrado aos pontos de apoio na lateral da caravela. Ao chegar perto do píer que estava antes, teve apenas que descer um pouco e se soltar em direção a água morna. Nadando, conseguiu chegar por trás do homem gordo e roubar a sua encomenda sem dar nenhum sinal de sua presença. Então, apenas fez o caminho inverso pelas caravelas e o barco de pesca, em direção ao outro píer.

Três quartos de hora depois, ele chegava em casa. Como sua mãe ainda estava no trabalho, ele decidiu se sentar e ver do que se tratava a encomenda. Era uma caixa de madeira pequena, com talvez 20 centímetros de comprimento por 10 de altura. A fechadura estava trancada com um cadeado. Ele rezou para sua mãe ter a chave. No entanto, havia uma carta anexa. Ela estava lacrada com um brasão que ele não reconheceu. Parecia uma ponta triangular voltada para cima, com alguns adornos nas laterais. No entanto, isso o fez sentir uma dor de cabeça leve, como se ele devesse saber o que era aquilo. Mas decidiu ignorar e rompeu o lacre:


"Minha querida,

Fico extremamente chateado e receoso ao saber que esta noite pode ser a última de minha vida. Os franceses invadiram Lisboa a pouco tempo e junto com eles vieram os Cavaleiros. Me esforcei ao máximo para expulsá-los de nosso querido país, mas não venho obtendo sucesso há dias. A maioria dos meus companheiros já está cansada desta luta sem esperança e todos já falam abertamente sobre fugir para o Brasil, sob o exemplo do príncipe regente. Não irei os impedir. A força inimiga é muito poderosa para poucos de nós. E os ingleses, que deveriam estar nos ajudando, apenas tornaram suas costas para nós. Estamos perdidos. Mas eu fiz um juramento, querida, e o cumprirei até a morte. Hoje irei lançar um ataque aberto contra a fortaleza francesa. O que restou de meus homens irá me seguir.

Meu maior arrependimento é saber que não poderei tê-la novamente em meus braços depois de hoje. E saber da tristeza que causei a você e a nosso filho por causa disso tudo. São muitas coisas a dizer, mas não posso demorar-me muito nessa carta. Talvez, algum dia, você possa entender tudo aquilo que eu sofri e passei por vocês.

Cuide bem de Afonso. E entregue o conteúdo dessa caixa para ele quando estiver pronto. Você conhece o Esconderijo. Leve-o para lá imediatamente.

Para sempre seu, na vida ou na morte,

Miguel de Magalhães."


Afonso não sabia exatamente o que sentir após fechar a carta e colocá-la por cima da mesa. Ódio? Comoção? Arrependimento? Era muito confuso para ele. Aparentemente, seu pai ainda se importava com eles, mesmo depois de tê-los abandonado. Havia até mesmo mandado um presente para ele e uma carta para sua mãe. No entanto, aquilo era uma confirmação que ele estivera vivo durante todos esses anos. Por que nunca escrevera? Ou dera no minimo um sinal? Ele não sabia ao certo e ainda havia algumas coisas na carta que o intrigaram. Era certo que os exércitos de Napoleão haviam invadido Portugal, mas o que eram os tais Cavaleiros? E esses companheiros e juramento? Seu pai não era militar, até onde ele sabia. E, o mais importante, o que diabos era esse Esconderijo?


Mas levaria um tempo até que pudesse voltar a pensar nessas coisas novamente. Pois neste exato instante a porta foi aberta com violência. Taíla de Magalhães estava suja, cansada e com as vestimentas rasgadas. Parecia que tinha acabado de sair de uma guerra. E suas próximas palavras confirmaram que algo estava errado:

– Pegue esta caixa, uma faca e vamos! Temos que sair daqui!



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Notas finais do capítulo

E então? Parece que as coisas começaram a ficar sérias para o lado de Afonso.
Comentem aí o que acharam e eu agradeço imensamente.
Até mais!
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Database:
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