Nathan's POV

Uma final entre Chace e eu. Minha vitória não poderia ser melhor. Ele provavelmente estaria perto do mar, ou querendo ir até ele. De qualquer forma, as regras diziam que era proibido usar os poderes de semideuses ali. Mas quem se importava, afinal?

Peguei minha espada e fui procurar por Chace. Entre as árvores, vi um aerodeslizador parar a mais ou menos vinte metros de onde eu estava e recolher o corpo de um garoto. Pelo tamanho, não passava de uma criança. O canhão tinha acabado de estourar. Chace ainda devia estar por ali.

Apressei o passo naquela direção. Mas não precisei chegar tão perto.

- Então, o que pensa em fazer para vencer? - perguntou uma voz nas sombras do meu lado.

- O mais fácil: matar você.

Chace saiu do meio das árvores com o tridente nas mãos.

- Sente falta da sua namoradinha? - eu perguntei sarcasticamente. Tive que conter a vontade de rir quando o rosto dele se retorceu. - Não se preocupe. Você vai encontrar ela daqui a pouco.

- Até que fico com pena do seu distrito – ele respondeu. - Ter um tributo que chegou até aqui e que então vai morrer pelas mãos de outro Carreirista. Pelo menos você não vai viver o suficiente para sentir vergonha.

Eu o ataquei. Chace aparou o golpe com o tridente com um tilintar surdo. Ele forçou o tridente e raspou meu ombro. Lancei um corte na cabeça dele, que se abaixou. Trocamos de lado.

Chace saiu correndo e eu me dei conta: era para lá que ficava o mar. O caminho mais curto, pelo menos. Corri atrás dele. Os Idealizadores interferiram. Quatro panteras pretas enormes surgiram do chão e o atacaram. Chace matou a primeira, e outra delas veio até mim. Enfiei a espada no coração dela e esperei-a se contorcer antes de continuar.

Três delas agora estavam mortas e Chace lançou a última em cima de mim. Caí de costas no chão com o peso esmagador e fiquei sem ar por um minuto. A pantera estava morrendo, mas não tão rápido. Vi Chace pelo canto do olho voltando, o tridente erguido. Para me matar.

E foi nesse momento em que pensei: Foda-se. Eu vou ganhar essa merda de qualquer jeito.

Eu gritei. Uma chuva de raios se instalou na ilha com um clarão cegante. Um deles jogou a pantera para longe de mim, quilômetros longe. Mandei um deles na direção de Chace. Ele tentou se defender com o tridente, mas não adiantou. A arma foi despedaçada e o raio o atingiu no peito.

- Está fazendo a coisa errada, Nathan – Chace me avisou, a fim de ganhar tempo, eu achava.

Eu não o escutei.

- Não estou nem aí.

Avancei para ele. Havia buracos em seu macacão, que fumegava. O rosto dele estava cheio de fuligem. Não parecia em condições de se mexer.

Era agora. Chace teria o que merecia. Por me desafiar, por ter tirado uma nota melhor que a minha no Treinamento, por ter sobrevivido até aqui e tentado me matar.

Estalei outro raio em cima dele só para brincar. Chace gritou de dor, e eu sorri.

- Dói, não dói? - eu disse. - É só o começo. - Eu comecei a rir de triunfo.

Ergui Chace pela gola da camiseta e bati a cabeça dele no tronco de uma árvore.

- Isso era para acontecer desde o começo, não era? - eu disse. - Nós dois disputando juntos na final. Isso é pela nota no treinamento. - Dei um soco no estômago dele que lhe tirou o ar. - Agora por ter me desafiado todas as vezes. - Direcionei a energia do poder de raios nas mãos e o eletrocutei por dentro, mal sabendo que isso era possível. Ri mais ainda ao ouvir os berros de dor que Chace deu, se contorcendo. - Por se achar melhor que eu. - Usei a espada para cortar lentamente o pescoço dele.

- Não quer ressaltar que eu também sou muito mais desejado que você? - Chace disse, tentando usar o sarcasmo, que foi perdido no meio dos gemidos de dor.

Eu não o escutei.

- E finalmente por ter chegado até aqui. Em vão.

Dei um soco no rosto de Chace, que abriu seu supercílio e derramou sangue no olho dele. Soquei-o novamente, desta vez o soltando para que caísse no chão, de costas. Chace não se moveu mais, mas ainda estava vivo, é claro.

- Então, o que está achando? Ainda pensa que tem como ganhar? - eu perguntei. Afundei a espada no estômago dele com força, recebendo um grito arrepiante como resposta. - Se pensou, tenha a certeza de que está errado.

Puxei a arma de volta e a encostei no peito dele.

- Acabou. Eu ganhei – eu disse. E cravei a espada no coração de Chace, pronto para ouvir o canhão.