Pov Effie

È difícil admitir mais acho que gosto de Haymitch. Praticamente nada fez realmente algum efeito em minha vida, nenhum nome teve significado algum para mim. Até agora.Sempre achei inaceitável qualquer tipo de relação afetiva que um distrito pudesse ter com o outro, afinal, o que temos em comum para sermos ao menos amigos? Então eu descobri que é isso que nos une. Os opostos se atraem, as diferenças são nossas igualdades, nossos erros são nossas experiências. Então estou prestes a ter o maior erro/experiência da minha vida: Me entregar para Haymitch.

Eu que sempre me vesti para impressinar as pessoas importantes, terei que se simples para impressionar  A pessoa mais importante. Irônico, não?

Mais irônico ainda é um estilista famoso mandar você trocar seus vestidos maravilhosos por um roupão qualquer. Mas não posso recusar, já que Cinna é o único o qual confio, na verdade ele é o único que tem alma por aqui.

Ok, agora você deve estar pensando ‘’Oh, quem é você para falar de alma se nem você tem uma?’’ pois bem, sou a pessoa certa para falar sobre um sem-alma, pois sou um deles. Percebi isso assim que Cinna entrou em minha vida, e então passei a perceber que, assim como quase todos por aqui, eu não  vivo, eu apenas existo. E, infelizmente,  não vou mudar. Não porque eu não queira, mais pois é mais  forte que eu, já é uma parte de mim.

Mas desde que fui encarregada de cuidar das tarefas do distrito 12, percebi algo diferente dentro de mim, algo novo o qual me fazia mais humana , mas também me fazia mais culpada. Me senti humana por ver a realidade alem das roupas que uso, saber que eu algum lugar alguém deu seu sangue para produzir alguns centímetros do vestido que uso e nem recebeu um pagamento digno em troca dele. Me senti culpada por saber que o fato de o trabalhador sofrer tanto, são minhas idas diárias as lojas, requisitando mais e mais tecidos.

Junto com esse turbilhão de sensações, veio Haymitch.Há alguns anos atrás eu simplesmente torcia para que o distrito 12 perdesse os jogos, caso contrario passaria o resto do ano ao lado de Haymitch na turnê. Algum tempo se passou, mas nada mudou. Seu cheiro forte de álcool,seu humor negro irritante e insuportável,sua arrogância, seus modos... enfim, seu jeito de ser  continuavam a me irritar, mas de algum modo a convivência entre nós foi deixando tudo mais ameno. Como todas as vezes em que os tributos eram mortos e que via duas teimosas lagrimas escorrerem do rosto de Haymitch e logo após uma piadinha para forçar a vinda de um leve sorriso de superação. Então passei a ver Haymitch com outros olhos, vê-lo como um vitorioso, morador do distrito12, sofredor, trabalhador e homem.Desde então, tenho esperado ansiosamente os Jogos Vorazes e sou uma das maiores torcedoras para a vitória do distrito 12.

Então percebi que, uma pessoa como eu não pode mudar, mas pode evoluir. Posso não ter alma, mais que tal um espírito no mínimo, considerável? Em um lugar onde só as aparências importam, os casamentos são meio raros por aqui. O amor é raramente celebrado,é mais como um negócio. Cada mulher assina um contrato aos 16 anos comprometendo-se a se casar até os 50 anos e ter no mínimo 2 filhos, para ajudar a taxa de crescimento da capital, caso altrapassêmos a idade imposta, deveremos doar metade de nossa renda ao governo. Portanto casar é mais uma escolha do que uma opção.  Então percebi que não era isso que eu queria para mim. Queria ser livre e ser o que eu quisesse ser. Casar por amor, por opção.Assim como Haymitch que é esse canalha bêbado por opção.

E foi ai que percebi. Talvez seja isso o que mais admiro em Haymitch. O fato de que ele não tem vergonha de ser quem ele é, mesmo sendo motivo de piada por todos. Ele está feliz com sigo mesmo, e escolheu ser assim,já que nos outros distritos, as pessoas são ‘’livres’’.

Talvez Haymitch seja a personificação da alma rebelde que eu gostaria de ter. Então percebi que realmente gostava dele, não era nada do meu imaginário. O problema é: Como abandonar o que eu sou pelo que eu gostaria de ser? Como seria minha vida o lado de um bêbado do distrito 12? Distrito 12! Com certeza ele não viria morar aqui, já que odeia a capital. E eu não moraria no distrito 12. Impossível. O que estou imaginando? Nós nem temos nada! E pelo visto nem teremos, afinal , como levaríamos isso adiante?

Como a maníaca que sou, passei meses e meses refletindo sobre essa edição dos Jogos Vorazes. O que eu poderia fazer por ela alem de desejar passar cada segundo perto de Haymitch. Eu poderia realmente fazer algo ao invés de só desejar. Então decidi que vou sim tentar algo com Haymitch. Pode ser que não dê certo  ( duvido que dará) mais pelo menos terei tentado.

Portanto estou aqui, nesse exato momento me vendo como uma amiga de Haymitch.Poderia estar mais feliz? Em uma  semana evoluímos nosso relacionamento de totalmente odiados para secretamente odiados! Você deve estar pensando de novo ‘’ mais que ridícula, você está feliz por isso?’’ Sim! Eu estou feliz por isso! Sabe por quê? Porque esse é o Haymitch!

 Em uma semana de visitas secretas consegui receber dele 3 sorrisos discretos, um toque no ombro,um elogio ½ abraço e 4 apertos de mão. Não que eu tenha contado.Mas o fato é: Devo ou não ter esperança? Devo ou não realmente considerar o fato de que podemos ser mais que amigos?Pois agora que realmente posso dizer que conheço Haymitch, estou certa de que estou apaixonada por ele. Me enganei em relação ao seu eu, ao fato de que ele não é solteiro nem bêbado e egocêntrico por intenção, mas que, de qualquer jeito, o papel lhe caiu bem. Mas estou certa no fato de que ele gosta de ser quem ele é e que ninguém vai mudar sua personalidade, o fato do quão é doloroso depositar toda sua fé em um tributo que é morto assim que os 60 segundos se esgotam.Não quão é difícil para ele ser humano.

E estou disposta a ajuda-lo a tentar ser alguém, mas a questão é? Ele quer mudar? Ele quer a minha ajuda? Descobrirei as respostas hoje. Como? Bom, dizendo o sinto. A questão é: Como Haymyitch reagirá?

Primeiro pensei em beijá-lo e, se ele correspondesse tudo bem, se não eu me fingiria de bêbada.Então me lembrei que não sei me fingir de bêbada. Depois pensei em perguntar se ele sente algo por mim e dependendo da resposta, me declararia. Mas como saberei se as ironias de Haymitch são verdadeiras ou não? E se eu....

- E ai, louquinha?- Haymitch chega sem bater e vai entrando como sempre. Espera. Haymitch chega? Como assim? Não! Era para estar escrito ‘’ Cinna chega ‘’!

- E ai, bêbado?- lhe respondo tranquila. Só por fora. O que farei agora? Não tenho nenhum plano.

- E aquele patrocinador, o que ele fez no rosto? Parecia um bestante com enjoo- ele faz piada e eu tento rir e relaxar, mais não dá. Então continuamos conversando por alguns minutos até que chegamos perto um do outro e o silencio se instala. Mas não um silêncio constrangedor, um silencio bom. Estávamos falando sobre relacionamentos passados e eu estava lhe contando sobre uma vez a qual fui beijar um cara que tinha modificações nos dentes pretendendo ser um vampiro, e ele mordeu meu lábio e ele começou a sangrar quando disse que fazia tempo que não tinha uma ficada ocasional e ele disse que no distrito 12 sua companhia não é tão valorizada quando deveria e que ele também estava sozinho. Então veio esse silêncio.

Então, de uma hora para a outra, sem tempo para que eu tomasse fôlego, Haymitch me beijou tão desesperadamente tão selvagem, tão de repente que mal tive tempo de raciocinar. Logo ele já tinha total controle sob mim e já tinha liberdade total sobre o meu corpo.  Então ele disse:

- Ficada ocasional, só para não perder a prática?

- Com certeza

- Só não se apaixone por mim Dona Rosa

- Impossivel- pois já estou apaixonada.