Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 69
Com Ele: novas tensões – parte final


Notas iniciais do capítulo

Mais um, pra encerrar a parte de novas tensões. Se segurem, porque vem chumbo grosso. Preparados para uma retrospectiva da fic mais demorada de minha vida?
Espero que sim! Porque este desafio que o Damon vai encarar agora é a reta final para ele e Elena descobrirem o quanto se amam.
Boa leitura!



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As duas semanas que se seguiram ficam meio difíceis de definir pra mim. Eu estava assustada, frustrada, angustiada, e sentia que a cada segundo sem notícias do Damon, eu morria um pouco. Alaric resolveu trazer minha mãe até aqui. Eu não vou dizer que me queixei, minha raiva com respeito a ela quase não existia mais. É minha mãe, e eu a amo. Fora que não saberia sobreviver a estes dias sem ela.

Sofia tem mais de Damon do que parece. Sei que sua angústia e frustração se espelham a minha em muitos sentidos, mas ela se mantém como uma fortaleza ao meu lado, e ao de Stefan. O que me causa ainda mais frustração. Pois todos me olham como se eu fosse quebrar, e embora isso seja uma verdade, gostaria apenas que não fosse assim. Mas como evitar quando não faço ideia de onde Damon está? Ou ainda pior, algo que não quero pensar, mas penso sempre: ele está vivo?

Na segunda semana do desaparecimento do avião de Damon, foi que minha vida virou um inferno completo. A imprensa sempre a nossa porta, nos sufocando por todos os lados por novidades. Alaric convenceu Stefan a ceder uma entrevista, negociando com eles por um pouco de paz, o que eles cumpriram, em parte. Mas tudo voltou ao mesmo de sempre quando foi anunciado que encontraram destroços do avião de meu marido na floresta de Fontainebleau, na França. As buscas já duram dois intermináveis dias.

—Você precisa se alimentar, filha. – Minha mãe estende uma bandeja com um lanche pra mim.

—Certamente deve. – Diz Alaric, tirando momentaneamente o olhar do mapa que tem diante de si, enquanto conversa com o grupo de buscas na França. Stefan foi pra lá, e minha frustração começa quando sou obrigada a ficar aqui a mercê de notícias.

Ele fala alguma coisa em francês e me amaldiçoo mentalmente por nunca ter me interessado a aprender este idioma. Será uma primeira coisa a pensar depois que tudo isso acabar, e Damon estiver ao meu lado, bem.

Quando Alaric interrompe a ligação, ele me olha, e depois pra Sofia que parece entender o idioma melhor que eu.

—Vou precisar me juntar as buscas. Quanto mais gente pra cobrir área melhor. Stefan contatou a embaixada, eles se encarregarão de mais um grupo para apoio.

—Eu vou! – Digo me pondo de pé e ele já me responde com uma negativa.

—Você e Sofia ficam aqui. Stefan está na França, e por mais que eu não goste, você precisa assumir a empresa e auxiliar todos na forma Damon de liderar. Conto com vocês duas – ele gesticula de mim pra Sofia, - pra que isso aconteça.

Por mais que eu queira relutar, sei que ele tem razão. A empresa está praticamente abandonada nestas semanas.

—O que eles disseram? – Sofia quer saber.

—Encontraram rastros nos arredores. Indícios de possíveis acampamentos improvisados. Eles acreditam que eles devem estar se deslocando pra algum lugar perto de água, que é o melhor a se fazer. Embora pensem que sair dos arredores do destroço foi burrice.

A mínima possibilidade de que Damon esteja bem, elimina pra mim qualquer raciocínio de julgamento de suas ações para estar bem. Só o quero de volta, o mais rápido possível.

—Vou viajar hoje mesmo. Apenas preciso resolver umas coisas com Meredith antes. – assentimos todas ao ouví-lo.

Alaric ainda está se preparando para seu casamento, mas com todo esse apoio que nos tem prestado, e como tem se dedicado, fica até difícil de lembrar disto. O que só prova o bom amigo que ele sempre será.

Ele não perde muito tempo mais conosco e logo se vai, para se preparar pra viagem, me prometendo trazer Damon pra casa. Eu não quis ser rude e dizer que Stefan havia feito o mesmo com Sofia e eu semanas antes, pois só quero afastar qualquer energia negativa que possa surgir de meus pensamentos.

No fim do dia, eu me encontro recostada em travesseiros, olhando para uma fotografia de nosso casamento, e pensando o quanto perdi tempo tentando punir o Damon. Pensando o quanto deixamos de ser felizes por orgulho, medo, ou falta de fé um no outro.

—Ele vai estar bem, querida. Sabe que sim. – Encaro minha mãe com um nó na garganta. Agora fico imaginando o quanto ele ainda deve sofrer por meu pai. Não consigo me imaginar sem Damon. Só de pensar, uma dor corta minha alma, e me sinto sufocar. Ela está acima de qualquer estima por sobreviver a algo assim.

—Sinto falta do papai. – Ela suspira tristemente e senta ao meu lado na cama.

—Eu também, minha linda. Mas, tenho certeza de que se Grayson estivesse aqui, ele diria o mesmo que te direi agora: Damon é forte e ele te ama. Posso apostar que o líder por trás da tal expedição por água é ele. Fazendo de tudo pra voltar pra vocês. – Ela sorri enquanto acaricia minha barriga.

—Ele realmente me ama, né?

—Pode apostar que sim. – É a voz que Sofia, respondendo por minha mãe e saltando na cama. – Quero dormir aqui. Acho que todas deveríamos fazer isso hoje.

—É, acho uma boa ideia. – acode minha mãe.

—Eu também. – Concordo. Embora, neste momento, eu só o quisesse aqui.

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Quando eu me vi olhando diante daquele vidro de hospital, o meu amigo inconsciente. Eu estava dividido entre dois sentimentos. O primeiro era a felicidade de ter encontrado o Damon apenas dois dias depois de me juntar ao grupo de buscas. Ele estava desidratado, faminto e resmungão, como sempre. Fora o ferimento envolto por uma bandagem improvisada na cabeça, ele estava bem, assim como o piloto. Tiveram muita sorte e ninguém pareceu ficar ferido gravemente. Mas isso dependia muito do conceito de grave que cada um tem. O segundo sentimento era de medo, pois, ao chegar com Damon ao hospital, até mesmo antes disso, já notando algumas atitudes estranhas dele, me dei conta de que o Damon que saiu de Nova Iorque semanas atrás não era o mesmo que estava diante de nós.

Tentando simplificar as coisas, eu agora estava diante de meu amigo, completamente sedado para ser impedido de exigir ser liberado direto de volta a Salvatore Tecnology. Eu estava diante de um Damon que eu não via havia muito. Nas palavras do médico: “estava diante de um Damon de cinco anos atrás”.

A bandagem na cabeça dele acabou significando muito mais do que eu gostaria. O piloto falou que teve que tirá-lo do avião desacordado, e que ele ficou assim por um dia inteiro. Para quando finalmente acordar, começar a exigir saber onde estava e logo querer sair do lugar, mesmo com ele dizendo que não era o apropriado. Eu conhecia Damon a anos pra não culpar o piloto a ceder toda a pressão que sofreu. Inflexibilidade é o nome do meio de Damon, ou era, até Elena, mas agora...

Estou cansado, e com um nó na mente porque tive que tomar uma decisão muito séria para poder cumprir minha palavra de que cuidaria de Elena para ele. Stefan acha que o irmão está apenas desorientado pela pancada, e como o seu francês não é tão bom quanto ele gostaria, foi fácil convencê-lo a deixar os médicos tratarem tudo comigo.

Meu próximo passo é esperar Damon acordar, e saber melhor do que ele se lembra. Embora eu não espere muito após saber que cinco anos da vida dele foram completamente apagados, sem nenhuma chance de recuperação. Ao menos por agora.

—Ric! – Stefan me chama, me fazendo desviar o olhar do irmão. Ele solta um suspiro enquanto encara Damon e depois volta a olhar pra mim. – Elena e Sofia virão assim que eu chegar a América. Viajo daqui a duas horas. Vou passar no hotel e pegar minha bagagem.

—Tudo bem. Pode ir tranquilo. Cuidarei de tudo por aqui. – Ele assenti e se vai.

Passo as mãos por meu cabelo. Mas que droga! A única coisa que me resta é esperar que Damon acorde, e conversar novamente com ele.

E as duas horas que se seguiram foram um completo tormento. Quando ele abre os olhos eu estou diante de sua cama. Ele faz cara feia ao perceber que sou eu.

—Olá, você!

—Eles me doparam. Você entende como isto é um absurdo? – Resmunga, enquanto levanta a postura para sentar-se na cama.

—Sim, com toda certeza um crime contra o estado. – Ele me olha com ódio. – Deixa de drama, você estava enchendo o saco, eles se cansaram, te apagaram. Compreensível. Como na vez que tive que te socar e te apagar pra você para de chorar pela Rose perto de mim. – Ele torce os lábios em desgosto com a lembrança.

—Naquele caso eu mesmo me socaria. – Fala bufando enquanto eu tento algo um pouco mais recente de suas lembranças.

—Elena ligou, estava preocupada. – Ele ergue as sobrancelhas com cara de descrente.

—Minha assistente te ligou preocupada comigo? – Ele bufa. – Nossa! Ela sabe fazer bem o trabalho de bajulação, ou é muito masoquista.

Aí está a primeira bomba do dia...

—Na verdade, Damon... – penso bem no que fazer, acho que devagar é melhor. – Acho que era só preocupação e bem sincera. – Ele dá de ombros, completamente alheio ao que penso sobre sua assistente. Meu Deus!

—Como está minha filha? Ela está com Rebekah, com Andie? Falando nisso onde está Rebekah? Sei que minha esposa e eu estamos em crise, mas... Bem... esperava que ela se preocupasse mais comigo do que isto.

Acho que estou pálido, pois sinto que vou sofrer algo a qualquer instante, um frio corta meu corpo e resolvo ser um pouco mais objetivo com ele, antes que enlouqueça percebendo o que mais ele apagou da mente.

—Do que se lembra exatamente antes do seu acidente, Damon? – Ele me olha com curiosidade e receio, mas me responde logo depois de bifar mais uma vez revirando os olhos.

—Na verdade é tudo uma confusão. Não faço ideia do que estou fazendo na França, não lembro de nenhum negócio esta semana aqui. A última coisa de que me lembro é de discutir feio com a minha genial assistente. Lembro de um voo sim, mas não pra França, eu estava tentando voltar pra casa e a droga da empresa que ela contratou não queria decolar, falaram sobre uma tempestade ou algo assim, - ele gesticulava irritado, - deveria ser verdade, afinal. Olha onde eu vim parar.

Sinto meu corpo tremer gelado. Lembro bem dessa situação, pois já rimos dela muito ao longo destes anos. Grayson não teve uma boa impressão de Damon na ocasião, foi a primeira vez que ele veio visitar a filha e falar de seu novo emprego, e Damon quase fez Elena enlouquecer porque não conseguia decolar numa tempestade. Meu Deus! Isso faz quase cinco anos.

—Que foi? – ele me pergunta, enquanto me assiste desabar até a poltrona mais próxima.

Quando eu não respondo ele insiste:

—Alaric!

—Foi há cinco anos. – falo tão baixo que acho que foi só pra mim.

—O quê? – Ele pergunta novamente, e eu o encaro.

—Isso foi há cinco anos, Damon. Você perdeu mesmo sua memória.

—Do que você está falando?

Eu ignoro o começo do surto dele enquanto entro em meu próprio desespero. Como proteger Elena disso? E Sofia? Ele acha que a filha tem 14 anos, uma jovem brilhante de quase 20.

—Alaric, fala comigo. – Olho para Damon, que já perdeu muito de sua expressão mandona e descrente, e agora, olhando minha total perda de controle, está apenas suplicando por explicações. Essa vai ser a pior conversa da minha vida. Eu tenho certeza disso.

—Você pegou um voo para França, para conversar pessoalmente com os investidores de Mônaco. Há algumas semanas. – Ele assenti atento e com calma. – Você me fez prometer que cuidaria dela, e eu juro que vou fazer o possível para que isso aconteça. Só espero que você confie em mim, porque, pelo o que vejo, terá que ser do meu jeito. – Ele parece confuso outra vez.

—Do que você está falando? Prometeu cuidar de quem? O que aconteceu, Ric?

Não tendo muito mais no que pensar, saco meu celular e procuro uma foto, estendendo o aparelho pra Damon assim que a encontro, não me surpreendo quando sua face de confusão me encara.

—Você estava se perguntando o porquê de sua esposa não estar aqui. – Ele me olha totalmente perdido. – Na verdade ela ainda está a caminho...

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Nada do que Alaric falava tinha sentido pra mim, e eu poderia pegar no pé dele, se não estivesse o encarando pálido e quase sem voz diante de mim. O conheço tempo o suficiente para saber que tinha algo errado.

Mas qual não foi minha surpresa ao olhar para a tela do aparelho que ele me passou. Havia uma foto, uma grande família ao que parecia, lado a lado um do outro, enquanto sorriam pra lente da câmera.

Haviam luzes, flores, taças e um bolo. E eu vi meu irmão, meu advogado e mais um par de pessoas de que não me lembro, me cercando, sorridentes. Na verdade, nos cercando, porque, ao meu lado, muito menos contente do que deveria, estava minha atual assistente, trajando um belo vestido de noiva, comigo ao seu lado, segurando-lhe a cintura. E sorrindo como nunca antes.

— O que é isso? – Pergunto a Alaric, depois de assimilar toda a cena em questão.

—Temos muito o que falar. E eu tenho poucas horas, talvez só um dia, pra evitar que você estrague toda a sua vida. De novo.

Eu não faço ideia do que significa a foto, ou o que ele quer dizer, mas eu certamente não me casei com ela. Jamais faria isso!


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Notas finais do capítulo

Até mais!



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