Dois anos... Nossa! Esse foi o tempo mais conturbado da minha vida.

Meus pais estão praticamente com vidas novas. A sociedade com o Damon e a cooperativa estão a mil. A fazenda inteira foi reformada. Da última vez que eu estive lá, meu pai estava comprando mais alguns cavalos e tinha trocado, finalmente, aquela sua camionete antiga. Estava tudo indo muito bem, a única coisa ruim - ou não- é que ele decidiu que eu administraria com ele a distância, fazendo um intermédio com a Salvatore. Por sorte eu sempre conversava com o Stefan.

Bonnie casou-se com o Jer tem pouco mais de um ano, eles estão muito felizes, ela se dá cada vez melhor no trabalho dela. Tyler, eu quase não acreditei, mas ele tem saído com a Caroline, e neste espaço de tempo ela está cada vez mais no nosso círculo de amizades. Está quase ocupando o lugar da Bonnie, dormiu várias vezes em meu novo apartamento, estamos bem próximas, embora eu insista com ela pra não me falar nada sobre o Damon, às vezes é impossível evitar.

Sim, eu mudei de apartamento. O Matt voltou pra cidade e eu achei justo que ele tivesse seu próprio lugar. O Johny me promoveu a sua assistente e por vezes eu o represento em alguns eventos. Só posso dizer que decidi iniciar uma nova vida. Eu gosto do meu novo apartamento, ele é um pouco mais moderno que o anterior, mas ainda tem aquele aspecto de lar, o que eu adoro. Adoro chegar em casa depois do expediente e me jogar no meu sofá.

E tem o Damon e eu. Nossa! Depois de tudo o que passamos, eu olho pra trás e só vejo uma fase, os anos na Salvatore, nosso relacionamento. Foi uma época conturbada em minha vida. Eu ainda converso muito com Sofia. E quando eu digo muito, é muito mesmo. Nunca deixamos de nos falar e ela sempre está por perto. Saímos para jantar, compras, baladas. Mason está sempre na cola dela, mas Damon me parece mais flexível, por que Heitor sempre está por perto também, e, aparentemente, ele confia muito no Heitor.

Minha vida está assim. E quer saber? Eu achei que seria mais difícil, que eu ficaria um bom tempo por baixo mais não. A verdade é que eu nunca pude desistir do Damon. Depois daquela conversa no café eu voltei pra casa e chorei feito louca, depois fui visitar meus pais e tudo se confirmou, eu nunca deixarei de amá-lo, no fim, eu tinha razão, eu saí perdendo mais, mas eu também voltei atrás numa promessa, eu disse a ele que nunca desistiria dele, e quase o fiz. Eu fiz, por um tempo, mas eu ainda o persigo, não exatamente no sentido que o Robert persegue, mas eu apenas quero dizer que na verdade, não desisti.

Robert é outra coisa nesta minha nova vida, ficamos muito amigos, e ele nunca me disse qual o interesse que tem em se aproximar do Damon. Ele ainda persegue a Natasha e a Rose, mas eu acho que elas são muito boas, por que até hoje ele não acha que está pronto pra confrontar o Damon. Eu sempre acho que ele me esconde uma parte da história, e que é esta parte que ele ainda está tentando provar.

Stefan está namorando com a Katherine, segundo a Caroline, esta me parecia que ia ter um enfarte de tão incrédula. Talvez os Salvatores tenham quedas por assistentes afinal. Alaric continua firme com Meredith, eu adoro ele. Saímos as vezes pra jantar juntos, e é incrível como os dois tentam me empurrar pretendentes.

E assim estou eu, minha vida, e o melhor de tudo, ou não é que estou me preparando para ir assessorar Johny em Paris, no encontro dos empresários. Esta viagem me trás lembranças agridoces, eu só consigo pensar que estarei cruzando com o Damon por uma semana, acho que será o mais longo tempo em dois anos.

E tem o Elijah. Ele definitivamente não existe. E ele é minha parte salgada nesta viagem. Ele e tudo o que está relacionado a ele.

Caso eu tenha esquecido de mencionar, tem o Kol. Ele está mais presente agora. Mudou definitivamente pra Nova Iorque. E devo dizer que de todos os pretendentes que me apareceram talvez ele seja o mais acertado. Sim, por que Matt está de floreios com uma mulher misteriosa que ele conheceu em Los Angeles, e acho que a amizade dos dois está caminhando pra algo mais sério. E ele está feliz. Assim também estou. Eu nunca a vi, mas ele nos garantiu que em breve ela virá. Falou que ela também era daqui e estava fazendo uns cursos fora, mas agora vai voltar e se reestabelecer aqui em Nova Iorque.

E aqui estou eu, indo encarar a quarta-feira antes de nossa viagem a Paris no sábado.

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Dois anos... Longos dois anos.

O que foi mais exaustivo pra mim foram e ainda são as sessões de Maximus. Ele diz que eu fiz grandes progressos. Todos dizem. Eu devo dizer que não acredito muito nisso, mas eu me sinto apenas mais leve. Apenas uma coisa tira esta leveza: Elena. É extraordinariamente frustrante o fato de eu ainda me sentir incomodado com tudo que diz respeito a ela.

Sofia está firme com o namorado. E sim é o namorado dela. Ela está próxima de fazer seus dezoito anos e eu estou quase enlouquecendo. Por sorte eu sempre tive meu irmão e Alaric segurando as pontas na Salvatore, aqui em casa e na minha vida. Falando no Stefan ele roubou minha assistente totalmente e eu estou com a Caroline outra vez. Alaric parece que vai casar a qualquer momento, mas eu me divirto em ver ele fugindo disso. Ele foge demais.

Dentro destes dois anos eu tive que manter uma certa imagem. Mas foi impossível. Eu tentei namorar de novo, mas não dava. Então foi a Sofia que começou a me acompanhar no eventos. Ela sempre quis isso, e devo admitir que ela é muito boa. Tem sempre uma resposta ótima na ponta da língua pra imprensa. Outra coisa difícil de superar com Elena é justamente a Sofia. Ela ligou-se demais a minha ex namorada, até mesmo a Rose, morre de ciúmes da amizade entre as duas.

Rose. O que posso dizer? Ela definitivamente mudou e quase consigo enxergar a mulher pela qual fui perdidamente apaixonado, mas como antes acredito que nada vai mudar entre nós. Mas agora somos amigos, muito amigos. Quem não gosta muito disso é Stefan, Alaric também não, mas ele guarda sua opinião.

E então está vindo a semana dos empresários em Paris. E é claro Elena estará lá, e Elijah e também o Johny. Desde que ele terminou seu relacionamento com a Vetra, coisa que me deixou em choque, que eu tenho o visto sempre cercado por Elena. Ela definitivamente é seu braço direito. O que me inquieta é pensar que talvez ela tenha um pouco a haver com o fim do casamento do Stark, mas isso sinceramente não me importa.

Uma coisa que foi realmente uma revelação neste tempo foi o trabalho com o Gray. Está perfeito, muito lucrativo e bem administrado. Stefan está fazendo um ótimo trabalho. Eu queria tratar tudo diretamente com Gray, assim como Stefan, mas eu não queria correr o risco de topar com a Elena. Eu sempre fujo disso. Eu pude vê-la um par de vezes em eventos e coincidentes e indesejáveis encontros. Por Deus, ela continua linda. Há algo de diferente nela. Eu nunca a vi mais mulher. A verdade é que ainda sou louco por ela. Ela tem feito um trabalho maravilhoso com Johny. Ela sempre foi boa no que faz, e ninguém faz como ela. Não só no trabalho mas... Enfim não importa. Hoje tenho sessão com o Maximus.

...

–Você está pronto para a semana de Paris? – Maximus e seus tons de desafio.

–Estou.

–Pronto pra confrontar Elena? Elijah? Talvez seja um ótimo teste de tolerância. Você tem se saído bem nisso.

–Elijah não me afeta mais como antes. Eu só consigo enxergá-lo como um frustrado que nunca tem o que quer de verdade. E Elena... Bem, ela vai estar trabalhando e eu também.

–Será um reencontro marcante nestes dois anos, vocês não estiveram convivendo assim a um tempo.

–Sim.

–Me fale sobre sua filha.

–Continua a mesma. Desafiadora, bastante inteligente, destaque no colégio. Ano de formatura. Você sabe.

–E o namoro?

–Firme, eu acho que ela grudou nele. Embora eu pense que talvez isso mude. Há muitos caras na faculdade, fase nova, não sei.

–Não confia que ela siga amando o namorado?

–Não, não é isso... Eu só... – droga ele me pegou outra vez.

–Ainda com problemas de confiança.

–O ciúme está na minha veia, e embora eu não admita, ela gosta muito do rapaz. Acho que ele é uma boa pessoa e ela sabe disso. No fim, não irá trocá-lo por outro.

–Você acredita mesmo nisso ou está me falando o que eu quero ouvir? – boa pergunta.

–Acho que ela gosta dele. E se houver outro cara ele terá que ser genial.

–Você conseguiu me deixar quase satisfeito, mas vou te dar o benefício da dúvida Damon. Vá para Paris, fique de frente com seus maiores traumas. Elijah, Elena. Quero te ver apenas na volta. Eu vou adorar ver seus progressos. Se conseguir vir até mim sem um escândalo, então teremos chegado a um fim.

–Depois de quase três anos eu diria que isto é maravilhoso.

–Você foi meu caso fácil.

–Imagino. – ele sorri pra mim. Seria loucura dizer que meu terapeuta virou um amigo?

Agora só falta Paris. Que venha a cidade luz.

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–Senhorita Gilbert, você confirmou nossa presença no jantar de apresentação?

–Claro.

–Claro, como eu ainda posso duvidar. –Johny nunca vai cansar de ser brincalhão. – Está bem instalada?

–Maravilhosamente.

–Nos vemos em três horas.

–Sim senhor.

A viagem foi tranquila, logo na chegada nos deparamos com alguns empresários, mas acho que chegamos num grupo diferente do da Salvatore. Não vi ninguém de lá. Estou indo encarar o elevador até meu quarto. As portas se abrem e eu entro. Vazio. Me permito respirar fundo e refletir um pouco sobre como me sinto estando de volta a Paris pra este encontro. Da última vez que estive aqui conheci o Damon, o verdadeiro. Ele se permitiu mostrar-se, mesmo pelo efeito do álcool, mas foi uma revelação. Foi quando dentro de mim algo mudou por ele. O elevador se detém, estou de cabeça baixa e vejo alguém entrar, endireito minha posição e então seu olhar está dentro do meu. Quanto tempo faz desde que pudemos estar assim?

–Elena. – ele diz formalmente, mas seu tom de voz é estranhamente calmo e cortês.

–Damon. – eu respondo e ele se coloca ao meu lado.

–Acabou de chegar?

–Exatamente.

–Fez boa viagem? – quem é ele? O que fez com o Damon?

–Sim. – estou em estado de choque.

–Que bom. – ele me olha e solta um riso torto. Eu devo estar sonhando. Ele está agindo... Normalmente. Normal!?

Ficamos em silêncio e novamente o elevador se detém, mas não é meu andar.

–Nos vemos por aí. – ele diz indo em direção a saída.

–Até logo. – falo quase por reflexo, estou no modo androide. O que diabos aconteceu aqui? Estou ofegante, levo minha ao peito. Isso foi extremamente perturbador. Sempre que nos encontramos havia uma certa tensão, e agora é como se eu estivesse diante de outra pessoa totalmente indiferente. Acho que afinal foi isso que me tornei. Alguém indiferente. Meu peito aperta. Eu preciso sair daqui e tentar por a cabeça no lugar, esse elevador tirou minha razão, e preciso estar focada.

Entro no meu quarto e vou direto pro banho. Eu pretendo me equilibrar.

Elena você precisa se equilibrar. É só o começo da semana, você não pode pirar agora. Não pire!

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–Damon!? – é Alaric na porta de meu quarto. Droga eu esqueci totalmente dele e do que combinamos. Merda Damon, foi só uma conversa no elevador e você se saiu muito bem. Caminho até a porta. – Qual é cara? Ainda não está pronto? Você me faz vir com você até Paris de novo pra se atrasar pros seus compromissos? Vamos logo descer pra este jantar.

–Eu vi ela. – interrompo e ele me olha.

–Elena? – olho pra ele como se fosse um idiota. Quem mais seria? – Onde?

–Nos encontramos no elevador.

–Uol! – ele exclama sentando-se no sofá ao meu lado. – E? – olho pra ele.

–Eu conversei com ela, perguntei se tinha feito boa viagem, acho que ela não estava muito afim de conversar. Foi bem fria, quase não me respondia.

–Estranho.

–Não acho. Ela apenas superou bem.

–E você também. Acaso não vive dizendo isso? Por que ficou assim?

–Ela está tão... Mudada. Está bonita.

–Sempre foi Damon. Disso eu já sabia. – revira os olhos.

–Está mais. Há algo de novo nela, embora o perfume não tenha mudado, o cabelo está diferente também, mais volumoso. Não tive tempo de notar isto antes, mas agora ficando preso com ela num local tão...

–Você quase agarrou ela não foi? É esse todo drama.

–Eu... – droga por que ele me conhece tão bem? – É. Tive vontade de prensar ela em uma das paredes e beijá-la até me sufocar. Que droga! – ele gargalha.

–Eu acho que ela estava era sem reação. Desde quando você é do tipo que engata conversas?

–Eu não sei. Eu apenas falei. Foi involuntário.

–Você mudou. Acho que Maximus está fazendo um bom trabalho. Então por que você não trata de se vestir, daí nós descemos e você dá mais uma olhada nela.

–Não sei não. Estou me sentindo instável.

–Como?

–Se eu ver ela falando ou sorrindo com alguém eu vou pirar.

–E isso já mudou alguma vez? Se você não pirar de ciúmes aí sim vai começar a ser estranho. Esse é você Damon e não terá tratamento que te faça mudar. Embora eu deva reconhecer que diminuiu consideravelmente. Anda!

–Está bem, eu vou. Fico pronto em vinte minutos.

–Tem que ser menos. Está atrasado. Deixa de ser mulherzinha, levei dez pra me arrumar.

–Você é um ogro. – ele me olha feio.

–Já estou indo...

Falar com Alaric sempre me acalma, ele é tipo uma boia a qual eu me agarro quando o mar está revolto. Foram apenas uns segundos de conversa e meu mundo virou. Como ela ainda me afeta deste jeito?

Ora, vamos lá Damon. Você sabe como. Você a ama. Isso não mudou, e nem mudará. Passe o tempo que for. Que droga!

...