Lisa POV

O Mateus tinha me ligado hoje mais cedo, tinha me chamado pra sair. Se ele estava interessado em mim, eu não sei. Mas só sei que eu não estou interessada nele. Desculpa. Ele é lindo, gato, gostoso e tudo de bom, mas sei lá... Mesmo eu não conhecendo a Jessica eu vi nos olhos dela que ela realmente gostava dele, e não queria ser eu a menina que iria fazer ela sofrer. Não mesmo. Então, por mais que ele fosse um pecado em pessoa, nada de beijo Lisa. NADA. 

Olhei para o relógio e faltava uma hora e meia pra 17hrs. O Mateus iria me pegar as 17hrs. Subi para me arrumar.

Tomei banho e demorei um pouco no banho, isso já era rotina. Sai do banho e abri meu closet - sim, meu pai era riquinho e dava tudo o que eu não queria, e isso incluia um closet - e peguei a primeira roupa que eu vi pela frente. (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=62535946&.locale=pt-br) Sim, rockeira mesmo. Quando terminei de me arrumar ainda faltava meia hora para ele chegar. Então entrei no meu twitter e fiquei jogando, só para passar o tempo.

"To chegando. Você pode ir descendo ou quer que eu te busque até a porta da sua casa e conheça seus pais logo no primeiro encontro?"

"Besta! To descendo. Me espera na portaria, x :)"

- Pai, vou sair. Chego antes da 00h00 eu acho. Mas se eu ver que não vou chegar, eu te ligo. Beijo, te amo.

- Vai sair com quem Lisa?

- Um garoto que eu conheci ontem. Nada de mais, nós vamos ao circo.

- Circo? Você tem pavor de palhaço Lisa, já superou?

- Não, mas tenho que superar. E nada melhor do que superar um medo com um gato do seu lado, né?

- Safada - ele me dá um tapinha nas costas - vai lá. Me avisa se for chegar tarde. Te amo.

Saio de casa e pego o elevador. Eu morava no ultimo andar, resumindo: na cobertura. E o ultimo andar era o número 33. Eu ficava uns dois minutos no elevador. Cheguei lá em baixo e ele já estava lá em baixo me esperando.

- É... - olho para o relógio - você é pontual. Gosto de pessoas pontuais.

- Então você vai gostar de mim - ele ri.

- Vamos? Daqui até o circo é quase meia hora - além de eu morar em um condominio metido a besta, eu ainda morava quase no fim do mundo - e lá começa as 17h45.

- Vamos. - ele abre a porta do carro para mim. Quantos caras já fizeram isso para mim mesmo? Ah é, nenhum.

Fomos o caminho inteiro conversando. Ele não era só gostoso, mas era legal também. Ô pedaço de mau caminho... E o melhor: ele tinha os mesmo gostos que eu. Curtia rock, curtia séries de tv, amava ler... Meu Deus, se não fosse pela Jessica acho que eu me apaixonaria por ele, sério.  Mas não posso nem pensar nisso, sério.

-  E... Chegamos. - ele para o carro.

Eu olho para o circo, e me apavoro na hora. Quando eu era pequena eu fui ao um circo com meu pai, e lá eu fiquei com medo de palhaço. O que não falta em um circo é palhaço, então já entrei em pavor antecipadamente. Comecei a tremer na hora e paralisei.

- Lisa...? Lisa? Tá ai ainda? Dormiu? Eu sou tão chato assim? - ele ri.

- Ah, oi... Desculpa. Faz tempo que eu não vinha em um circo. Já tinha me esquecido como era lindo - menti, mas não sei se ele engoliu, mas se não engoliu, dane-se. 

- Vamos entrar?

- Vamos né.

Ele sai do carro e vai abrir a porta para mim. Quando eu desço do carro ele pega na minha mão e vamos comprar pipoca antes de entrar. Quando entramos, ficamos bem na frente. Uma mesinha ali no canto, meio escuro o lugar, mas dava para ver perfeitamente o palco. Droga.

Sentamos e ficamos conversando enquanto não começava. Eu esqueci por alguns minutos o meu pavor por palhaços, mas quando começou eu comecei a tremer e só pensava em sair correndo dali.

Foi uns 10 minutos de show e o palhaço ainda não tinha entrado. Quando ele entrou eu comecei a tremer e meus olhos encheram de lágrimas.

Calma Lisa, relaxa. É só uma pessoa normal com uma fantasia assustadora. Nada demais. Relaxa, respira e não chora... Por favor, não chor... Droga, eu falei pra você não chorar menina.

Comecei a chorar e torci para que ele não estivesse vendo. Mas ele viu. Droga, estraguei tudo.

- Ta tudo bem Lisa?

- Na verdade... Não. Me tira daqui, por favor - falei aos soluços enquanto ele me encara confuso - agora.

Ele levantou e me puxou pelo braço. Chegamos lá fora e eu me sentei em um banco, e não parava de tremer. Ele pegou na minha mão e me encarou, exigindo uma explicação.

- Eu tenho fobia de palhaço. Coisa de criança né? Eu sei, mas sei lá. Pensei que já tinha superado, mas não superei. Desculpa ter estragado tudo.

- Não, você não estragou tudo. Vamos para outro lugar? Que tal um parque, ou sei lá?

- Parece uma boa idéia.

Entramos no carro e fomos para um parque não muito longe dali. Compramos sorvete e ficamos conversando o resto da tarde. Deu 21hrs e eu já tinha enjoado de ver patos no lago.

- Cansei do parque. Vamos embora?

- Vamos. Quer ir para a casa já ou quer ir para outro lugar?

- Não sei. Podemos ir para minha casa e assistir um filme? - eu não estava com segundas intenções, eu JURO.

- Parece uma boa idéia... - ele me olha e solta um sorriso malicioso - mas teus pais não estão em casa?

- Minha mãe não mora com a gente. Só meu pai. E sim, ele está em casa.

- Então que tal irmos para a minha casa? Eu não moro com meus pais, só com alguns amigos...

- Ta, vamos.

[...]

Chegamos na casa dele, e meu Deus, que casa linda. Era enorme. Entramos de mãos dadas e chegamos na sala e logo de cara eu vi a Jessica, a Pamela e o Guilherme.

- Chegou o cretino... - a Jessica diz brincando com ele e sorrindo, mas seu sorriso logo desaparece quando ela me vê - claro, como não pensei nisso? - ela sobe deixando os outros na sala.

- Cretino... - a Pamela diz, e sobe atras da Jessica.

- Sério Mateus? - o Guilherme diz e sobe atrás delas.

- Quando você disse amigos, eu pensei que fosse amigOs, não amigos e amigAs. - eu disse soltando a minha mão da dele.

- Desculpa, pensei que você já tinha sacado.

- É, mas eu não saquei. Olha, eu vou embora... Por hoje chega. Eu me diverti muito, obrigado pelo dia. Tu sabe aonde me achar - dou um leve beijo na bochecha dele - me liga qualquer dia. 

Falo e saio e pego o primeiro táxi que passou.

[...]

- O cara era tão chato assim para você chegar tão cedo em casa? - meu pai pergunta descruzando as pernas e colocando o jornal sobre a mesinha.

- Não, ele era legal. Mas ele me levou para a casa dele e... - meu pai me interrompe.

- ELE TENTOU ALGUMA COISA?

- Não, ele foi mega cavalheiro. Mas quando eu conheci ele, ele estava com uns amigos e no meio deles tinha duas meninas. E uma delas, era a ex dele. E quando ele falou que eles eram só amigos, ela saiu chorando. Deu para ver nos olhos dela que ela ainda gostava dele, e não sou eu que vai fazer ela ficar mal, não mesmo. E quando eu cheguei na casa dele, ele mora com essa menina e mais um casal. 

- E você meteu a louca e saiu correndo, tipo aquelas cenas de filme drámatico?

- Mais ou menos. Eu falei para ele me ligar qualquer dia, e sai. Isso é drámatico?

- Sim, é drámatico filha.

- Droga. - nós rimos.

- Boa noite pai. Te amo.