Jessica POV

Abro os olhos, lentamente. Sinto um braço pesado envolvendo minha cintura. Droga, não foi um sonho, pensei. Peguei o relógio que estava jogado ali no chão, e marcavam três e vinte da manhã.

Me mexi, tirando o braço do Guilherme de cima de mim. Me sento na cama, procurando minhas roupas pelo quarto. 

Olho para o Guilherme que está me encarando, na cama. Minha blusa ainda estava em minha mão, corei com aquilo.

-Porque está indo embora no meio da noite?

-Gui... - me sento na ponta da cama, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha - ontem a noite, foi tipo... Me perdoa. Não era aquilo que eu queria fazer. A raiva tomou conta de mim. A Pamela me chamou de vadia, Gui. Vadia. 

-Espera, o que a Pamela tem a ver com isso?

-Ahn... Eu meio que... Eu meio que contei para ela do nosso beijo, aquele dia aqui no guarda-roupas.

-Qual é o teu problema, Jessica?! - o Guilherme sai apressado do quarto, indo em direção ao quarto da Pamela. 

Sigo ele, ainda vestindo minha blusa. Olhei para o Guilherme parado na porta da Pamela, olhando incrédulo lá para dentro.

-O que... - paro ao seu lado.

A Pamela estava deitada, nua ao lado de um cara que eu nunca vi na minha vida. Os dois dormiam abraçados em sua cama. Parece que eu não fui a unica puta da noite, não é Pamela? 

-Tá, vem Gui. - o puxo pelo braço, levando-o de volta para seu quarto. - A Pam esta tão magoada quanto nós estamos. Não faz nada de cabeça quente.- falei, deitando-o na cama e cobrindo ele. - Boa noite. - dou um selinho nele, e saio de seu quarto. (n/a: observem a Jessica bipolar, linhas acima falando que aquilo foi um erro e agora dando selinho de boa noite nele.)

[...]

-Liz, é a Jessica aqui. Atende o celular. Vem aqui para casa? Briguei com a Pamela, não quero ficar sozinha. Vem, rápido. 

Já era o quarto recado que eu deixava para a Lisa. Não tinha conseguido dormir desde ver a Pamela com aquele cara. Queria saber quem é ele, só isso. 

Me levantei, e andei até a janela do meu quarto. O Sol estava nascendo. Sorri com aquela visão linda. Era uma mistura de rosa com laranja e um pouco de amarelo. 

-Mãe. - a Sarah fala, se mexendo na cama, com uma carinha de choro. Sento ao seu lado na cama, e a puxo para meu colo - Tô com frio, mãe. 

-Mas você está de moletom, Sarah. Não tem como ficar mais quente que isso.

-Mas eu tô com frio. 

-Vem, deita aqui comigo. 

A puxei para perto de mim, encostando minha testa na dela. Sua pele estava quente, e a Sarah gemia baixinho. Me afastei para olha-la, e notei que ela estava amarela. Coloquei minha mão em seu rosto, e ela estava fervendo em febre. Em quase três anos, a Sarah nunca tinha ficado com febre. - sim isso é possível. 

Me levantei, abrindo meu guarda-roupa, procurando algum termômetro. Joguei roupas no chão, caixas e portas jóias, e nada de termômetro. 

Fui no banheiro e o achei dentro de uma gaveta. Voltei para o quarto, e a Sarah estava vomitando em cima da cama. Ela estava deitada de barriga para cima, e vomitando. Daqui a pouco ela iria se afogar no próprio vomito. 

-Sarah, senta! - ela me obedeceu, com lágrimas nos olhos. - Ta tudo bem, ok? Eu tô aqui. - falei, abraçando-a. 

Senti o vomito de Sarah descer por meu corpo, parando em minhas pernas. Olhei para baixo e Sarah tinha vomitado em minha blusa. A olhei, que chorava em meu colo. A abracei mais forte, beijando o topo de sua cabeça. Peguei meu celular em baixo do travesseiro, e apertei o número "2", indo para a discagem rápida.

-Alô? - ouvi a voz do outro lado da linha, ainda sonolenta.

-Mateus, vem aqui no meu quarto, agora! Corre. 

A essa altura eu já estava chorando também. Sarah vomitou novamente em cima de mim, o que me deixou mais desesperada ainda. Olhei para a porta e vi o Mateus entrar em meu quarto, desesperado. Ao ver Sarah em meu colo, seu olhar mudou. Ele se deitou na cama, a abraçando de lado. 

-Fica aqui com ela, vou tomar um banho e nós vamos para o hospital. Não deixa ela deitar, entendeu? Senão ela se afoga no próprio vomito. E aqui - estiquei o termômetro para ele - mede a temperatura da Sarah, deixa uns cinco minutos. Eu já volto. 

Me levantei e me direcionei para o banheiro. Liguei o chuveiro, entrando debaixo com roupa e tudo. Tirei minha roupa e a joguei em algum canto do banheiro. A água quente batia em meu rosto, me fazendo relaxar. Desliguei o chuveiro, e peguei minha toalha. Me sequei, e vesti uma calcinha preta e um sutiã da mesma cor. Passei a toalha em meus cabelos, pegando a blusa que estava pendurada atrás da porta. Cheguei perto da porta, para pegar a blusa e me assusto, com o Mateus batendo nela.

-Jessica, caramba. Sai logo, ela esta com quase quarenta de febre! Isso não é normal! Vai logo, temos que levar ela para o hospital, ela não para de vomitar! - ele falou tudo embolado, nervoso. Abri a porta do banheiro, olhando para a Sarah. De amarela ela tinha passado para verde, e de dois em dois minutos ela vomitava mais um pouco.

-Vai se arrumar, Mateus! - falei, empurrando-o para fora do quarto. Peguei uma blusa que estava jogada no chão e um shorts e o vesti rapidamente. 

Peguei a Sarah no colo, tirando sua blusa, jogando-a em cima da cama. Passei o cobertor por seu corpo, tirando o vomito que tinha ali. Vesti uma roupa limpa nela, e sai do quarto.

Entrei no quarto do Guilherme, abrindo a porta com força. Ele se assustou e se sentou na cama, me olhando assustado. 

-Hospital, agora! - ele me olhou e olhou para a Sarah em meu colo, assentindo. Sai do quarto, encontrando o Mateus no corredor, com as chaves do carro na mão. 

Desci as escadas correndo, pegando uma garrafa de água na geladeira, caminhando em direção ao carro. Entrei no banco de trás, e sentei a Sarah em meu colo. Logo avistei o Mateus e o Guilherme saírem de casa, entrando no carro. Assim que os dois se sentaram, o Mateus deu partida no carro, acelerando para o hospital.