Jessica POV

Nossas línguas brigavam dentro de nossas bocas. O Mateus apertava minha cintura e me puxava para mais perto, se é que isso é possível. Ele me jogou na cama e deitou por cima de mim, me beijando. Eu subi em seu colo e continuei o beijo.

Ele apertou meu seio de leve, que me fez fechar os olhos e jogar a cabeça para trás. Abri os olhos novamente e não era mais o Mateus que estava ali. Era o Lucas. 

Ele deu um sorriso de lado e voltou a me beijar. Eu tentei parar o beijo, mas era como se eu não tivesse controle sobre meu corpo. Quanto mais eu lutava, mais nós avançavámos para o próximo passo.

[...]

-JESSICA! - a Pamela joga um travesseiro em mim.

-Ai, que foi? - rolei os olhos pelo quarto, para ter certeza de que aquilo era um sonho mesmo.

-Você estava se revirando aí na cama. Estava tendo um pesadelo?

-Quase isso. Mas acho que eu preferia um pesadelo em que eu acordasse gritando e blá blá. Argh.

-Você estava sonhando com o quê?

-NADA! Vou tomar banho, tchau. - entro no banheiro antes que ela me puxasse de volta para o quarto.

Ah, que lindo! Sonhei com o Mateus e com o Lucas, e o pior: eu tava ficando com os dois. Tem coisa pior? Resposta: não.

Me apoiei na pia do banheiro e fechei os olhos. Pensei na noite que o Lucas entrou no meu quarto e nós começamos a quase se comer. Depois daquele dia o Lucas sumiu. Não atende o celular, não responde nas redes sociais, nunca está em casa. Ou ele só esta me evitando.

Balancei a cabeça para esquecer essas coisas e entrei de baixo do chuveiro. Se eu tomasse banho de banheira hoje, acho que eu dormiria lá.

Tomei um banho rápido e vesti minha roupa e sai do banheiro com medo de que a Pamela ainda estivesse lá. Dito e feito. A praga estava no meu quarto, jogada na minha cama fuçando no meu notebook.

-Vai sair? - ela fala sem tirar os olhos da tela.

-Sim. 

-Vai para onde?

-É... Levar a Sarah no parque. Tchau! - sai correndo do quarto.

Desci as escadas correndo e vi o Guilherme e o Mateus discutindo sobre um jogo de futebol. 

-To saindo. Tchau. 

Sai pela porta e atravessei a rua. O quê me levou para frente da casa do Lucas. Eu não tinha planejado isso, juro. 

Olhei para os lados e pensei em ir comer alguma coisa, ligar para alguma amiga minha, ou sei lá. Quando estava indo embora já, meu olho passou pela janela do quarto do Lucas. Vi uma sombra atrás da cortina, e eu sei que é ele. O pai dele é gordo e baixo, o Lucas é alto e magro. 

Dei meia volta e toquei a campainha. Ninguém atendeu e a sombra da janela desapareceu.

"Eu sei que você está em casa. Sombras na janela dizem muita coisa." mandei a mensagem para ele, e em menos de um minuto ele aparece na porta.

-Desculpa a demora, acabei de sair do banho.

-Ah, tudo bem.

Ficamos nos encarando e de dois em dois segundos ele suspirava, como se falasse "vai logo, quero entrar".

-Você... sumiu. - minhas palavras sairam mais como um sussurro.

-É... Eu andei meio ocupado esses dias.

-Ou você estava me evitando.

-Te evitando? Porque eu te evitaria?

-Porque... Eu não sei! - respirei fundo - que tal, porque nós ficamos?

-Nós... O QUE?

-Nós ficamos. No meu quarto. Até a Pamela entrar e acabar com tudo.

-Eu... Eu... Eu não lembro de nada disso, Je.

- Ah, claro! E ainda por cima tinha que estar bêbado, né? Parabéns Lucas!

-Não, Je! Eu juro, eu não lembro de nada.

Chegou uma mensagem no meu celular, era da Pamela: "´´Vou levar a Sarah para o parque´´. Acho que você esqueceu o mais importante: a Sarah." 

-Olha, eu tenho que ir - soltei um suspiro - tchau.

-Não, Je... - atravesso a rua e entro em casa, batendo a porta atrás de mim.

Não vi ninguém na sala e me joguei no sofá. Fechei os olhos com força e senti lágrimas se formando. 

-Não, Jessica. - falei para mim mesma, tentando segurar as lágrimas. 

Sentei no sofá e olhei para a cozinha. Ninguém. Subi as escadas e entrei no quarto do Guilherme.

-Fazendo as malas? - me surpreendi. Aonde ele iria em plena véspera de Natal?

-É, eu vou passar o Natal e Ano Novo com a minha tia.

-Você vai viajar Guilherme?

-Sim.

-Ah, que ótimo! - bati a porta do quarto dele e fui em direção ao quarto do Mateus. - Toc-toc, to entrando.

Abri a porta e me deparei com uma mala em cima da cama, e uma roupa ao lado. O Mateus estava tomando banho, então eu estava sozinha no quarto. Abri a mala e vi que ali tinha roupa suficiente para ele passar um mês, no máximo. O Mateus não gasta muita roupa. Ouvi o barulho da porta atrás de mim e me virei, o Mateus estava parado olhando para mim.

-Oi, Anja. - ele beijou minha testa.

-Você... Vai viajar?

-Vou passar um tempo na casa da minha mãe, o meu pai sumiu no mundo de novo.

-Você vai hoje?

-Sim.

-Ah. - falei desanimada.

-Tá tudo bem, Je?

-Não. Não ta nada bem Mateus. Que droga, me deixa! 

Sai do quarto dele quase chorando, e me tranquei dentro do meu quarto. Me joguei na cama e algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto. Mordi a boca tentando fazer com que a dor física fosse maior que a dor emocional.

Como assim eles iriam me abandonar no Natal, sabendo de tudo que eu passei recentemente? Perder a mãe e o pai de uma vez só, ter que cuidar da irmã de dois anos e terminar com o namorado e ainda por cima passar o Natal sozinha é bem fácil, né? Pelo menos eu ainda tinha a Pamela. Eu sei que ela não me abandonaria. 

-Je? Abre a porta. - era a Pamela. Abri a porta e vi que ela estava com uma bolsa nas costas.

-Ah, que lindo! Você vai viajar também? E vai me deixar sozinha aqui? Ah, valeu viu Pamela. Muito obrigada, mesmo! - bati a porta atrás de mim e me joguei na cama. Fiquei chorando por uns vinte minutos e meu celular tocou. Meu coração pulou do peito quando vi quem era. Lucas.

LIGAÇÃO ON

-Alô?

-Jessica.

-Lucas. - ri baixo.

-To ligando pra falar que sobre hoje mais cedo, é...

-Esquece Lucas. Ops, você já esqueceu, né? - revirei os olhos.

-Eu bebi demais. Desculpa.

-Sabia que quando nós estavamos nos beijando você me jogou contra a parede, e depois falou a mesma coisa que acabou de falar.

-Que eu bebi demais?

-Não. Você pediu desculpa.

-E você me desculpou.

-Eu fiquei com as costas doendo no dia seguinte, mas eu perdoei sim. - ele ri e eu solto um pequeno sorriso.

-Ta tudo bem, Je?

-Ta tudo bem sim. Então, vai passar o Natal em casa? Que tal vir comer doces e mais doces aqui comigo?

-Na verdade... Eu vou passar o Natal com uma amiga minha. - ´´´´´´´´amiga´´´´´´´

-Então você deve estar atrasado. Tchau.

Desliguei o celular e o joguei dentro do guarda-roupa. Olhei para dentro do guarda-roupa e me lembrei do dia que eu e o Guilherme nos beijamos ali dentro. Sorri de lado e depois balancei minha cabeça, tentando afastar os pensamentos de mim. Me deitei na cama e acabei dormindo.

[...]

-Eu não sou o unico que vai viajar! Eu não sou o unico que vai deixar ela aqui sozinha! Eu. Não. Sou. O. Unico. Entenderam? Então vocês também estão errados. - era a voz do Mateus. Abri os olhos e olhei para o relógio e já eram 18hrs. 

-Dane-se. JESSICA, ABRE ESSA PORTA PELO AMOR DE DEUS? - dessa vez foi a Pamela. Levantei e abri a porta, vendo os três com mochilas e com uma cara de cachorro que caiu da mudança.

-Já estão indo? Feliz Natal para vocês. - ia fechar a porta, mas o Guilherme colocou o pé na frente, me impedindo de fazer o tal. 

-Olha só, eu pensei que você ia passar com a sua mãe... - a cortei.

-E com os clientes dela? Ah, não. Obrigada.

-Je... Por favor, vem comigo? - a Pamela perguntou.

-Pra dar de cara com teu tio? Prefiro ficar em casa. - uns anos atrás o tio dela bateu no meu pai, por causa de uma cerveja. Tipo, UMA CERVEJA! 

-Então vem comigo? - dessa vez foi o Mateus.

-Nós não somos mais namorados, Mat.

-Mas somos amigos.

-Mas não vou atrapalhar teu Natal, pode ir. Aliás, todos podem ir. Eu vou ficar bem, eu e a Sarah vamos ficar bem. Feliz Natal. - bati a porta e a tranquei. Olhei para a Sarah brincando no canto do quarto e sentei ao seu lado e fiquei brincando com ela até não ouvir mais barulhos em casa.