More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 20
Há males que vêm para o bem II




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Lauren imediatamente tirou a bolsa da cadeira vazia, porém, ainda faltava uma.

— Vamos pedir para ele pôr uma mesa aqui — Jasper disse, olhando o amigo. Edward virou para procurar alguém, mas o garçom parou ao lado de Jasper. — Você pode colocar mais uma mesa aqui para nós?

Eu apenas assistia a cena, feliz demais.

— Não precisa — respondeu o garçom, olhando a cadeira vazia ao lado de Lauren. — Vou pegar só mais uma cadeira para pôr aqui — ele apontou para a ponta da mesa que estava vazia, ao meu lado.

Jasper deslizou para cadeira ao lado de Lauren e Edward ficou de pé, olhando de esgueira para o amigo, que apenas riu em resposta. O garçom voltou com uma cadeira e colocou na ponta vazia da mesa e Edward sentou. Ai, meu Deus, Edward estava perto de mim! Ainda bem que eu tinha caprichado no perfume hoje.

Outro garçom veio com uma bandeja de pizza na mão, oferecendo-nos, e os meninos recusaram. Jasper pediu um refrigerante para ele.

— Por que não comem com a gente? — Nessie indagou.

— Já comemos pizza, estamos cheios. Eu disse que tinha almoçado tarde — Edward respondeu.

E lá ia eu finalmente abrir minha boca:

— Naquela hora eram duas horas no máximo, já deu tempo de esvaziar sua barriga.

Ele olhou para mim, divertido.

— Sim, mas aí comi a pizza.

— Devorou a pizza, na verdade, quase não me deu um pedaço — Jasper intrometeu-se em nosso momento.

— Claro, eu comprei pra mim, não pra você.

— Mas a casa era minha!

Os dois começaram a discutir em nossa frente, Jasper acusando Edward que comia como se não houvesse amanhã, ele se defendendo rindo, dizendo que não, e eu e as meninas apenas assistíamos tudo. Dava pra sentir a amizade entre eles.

— Não sei nem porque você não vai comer aqui — continuou Jasper.

— Edward tá arregando — provoquei-o.

— Arregando nada, estou cheio — ele ficou em silêncio e voltou a dizer, olhando diretamente para mim: — Você assistiu ao filme?

Eu sabia exatamente do que se tratava.

— Mas é claro, fui sexta passada e quero ir de novo — deixei bem clara a segunda informação, na intenção que ele captasse o recado.

— Que filme? — Jasper quis saber.

— Ela é fã da saga Crepúsculo — respondeu, sorrindo torto para o amigo.

Sorri. Naquele momento senti como se ele me conhecesse profundamente apenas com aquela simples informação. Sorri mais ainda ao notar como era seu joguinho para me conhecer, provocava-me com uma coisa, e quando eu ia rebatê-lo, sempre acabava soltando algo que eu gostava. Foi assim que ele descobriu meu amor por Paramore e Taylor Swift.

— Ah, sim. Nunca assisti nenhum filme.

— É muito bom, Edward também é fã! — provoquei-o mais uma vez.

— Sou, muito fã! — respondeu irônico, balançando as mãos no ar.

— Ele assistiu Amanhecer e chorou.

Jasper riu, olhando de Edward para mim a todo o momento.

— É, eu chorei com aquele vampirinho brilhando.

Eu ia revidar o que ele disse, mas Nessie foi mais rápida, falando por cima de nós:

— Vão começar, é? Será que até aqui é isso?

Paramos de falar na mesma hora e eu o olhei presunçosa, ele fez o mesmo. Jasper com certeza já tinha sentido nosso clima, pois hora ou outra nos mandava olhares confusos e interessados. Ele começou a falar sobre algo confuso lá, que envolvia Bella e mídia e eu não estava entendendo nada.

— A mídia controla o sucesso de Crepúsculo? — perguntei, tentando entender sua confusão de palavras.

— Não, foi a Bella, que publicaram lá na mídia, a traição.

Finalmente entendi o que ele tentava falar.

— Ah! A traição de Kristen com o Robert? Aquilo foi mentira! — tratei de dizer, e os dois riram.

— E o Taylor lá, fez outro filme que eu até curti. Qual é o nome? Esqueci agora... — Jasper continuou.

— Ah, sei qual é, também esqueci — disse Edward.

— É um de ação? — perguntei.

— Sim... — Jasper respondeu.

— Não lembro o nome... — Só me vinha o nome em inglês na minha mente. Enquanto Jasper falava sobre o quão legal tinha sido o filme, eu lembrei: — Sem Saída!

— É, esse mesmo! Muito legal. Você não gosta do Taylor?

— Ela gosta do vampirinho brilhante — soltou Edward e o fuzilei.

— Não, não gosto do Taylor — respondi, ignorando Edward —, ele é muito metido — finalizei, fazendo uma expressão de desgosto e jogando o cabelo para trás, teatralmente, arrancando mais um riso dos dois.

Grande parte do tempo, Lauren e Nessie permaneceram caladas. Edward também não emitia muita coisa, apenas fazia comentários sobre algo que eu e o amigo dele dizíamos. Jasper e eu, por outro lado, não calávamos a boca um só segundo. Devo dizer que minha falta de ação foi apenas no começo da noite, porque quando me senti mais à vontade com os dois, voltei a ser eu mesma. Jasper era uma boa pessoa, nunca esperaria que Edward tivesse um amigo como ele, os dois eram tão diferentes, mas se completavam, era como eu e Alice. Era incrível como Jasper tinha tantos assuntos na ponta da língua, não deixava a mesa ficar em silêncio um só segundo, terminávamos de discutir sobre algo, e ele já emendava com outro, sem contar seu modo de conversar olhando nos olhos da pessoa e eu amava aquilo.

Teve uma hora que ninguém estava nos olhando e ele levantou uma sobrancelha para mim, divertido, e eu ri.

Nessie dava alguns palpites de vez em quando, era mais quando eu começava a contar casos de Edward. Lauren, por sua vez, estava irreconhecível. Ela falava tanto com a gente, e agora nem ao menos soltava um “ai”. Com certeza não tinha se sentido muito à vontade com o amigo de Edward, mas ao menos ria das piadas que soltavam na mesa. Senti que Edward ficou mais solto no final da noite, tentava puxar alguns assuntos, mas mesmo assim, por vezes, puxava uma conversa paralela com o amigo, sempre sobre faculdade, quando Nessie sussurrou ao meu lado: “Parece Leah”, e Jasper logo notou que não gostávamos daquilo, abrindo a conversa quando Edward vinha com seus “particulares”.

Só sei que teve uma hora que eu sinceramente pensei que Jasper era nosso colega de classe, não Edward, tamanha era sua intimidade conosco. Os dois tinham a mesma idade que eu, mas era evidente a infantilidade da parte de Edward; mesmo assim, a noite estava sendo perfeita, principalmente quando Edward me olhava e às vezes se perdia em mim, fitando-me por segundos seguidos. Eu tinha comprado aquela roupa especialmente para ele, para nossa grande festa. Cheguei a pensar que tinha jogado meu dinheiro fora quando a cancelaram, mas o destino tinha me surpreendido mais uma vez. De fato estava vestindo-a para Edward, na mesma noite da festa, apenas em um lugar diferente, e em algo muito mais íntimo — coisa que nunca aconteceria em uma festa regada a bebidas e música alta.

O garçom veio nos servir novamente.

— Não rola nem uma cortesia pra gente, não? — Jasper indagou, sorrindo. — Venho sempre aqui.

Ele balançou a cabeça negativamente, também sorrindo.

— E se a gente comer do delas, pode? — continuou, e eu o olhei, indignada.

— Também não.

— Mesmo se ninguém estiver olhando? — o garçom riu.

— Se você não ver, então não tem problema — Edward completou.

Eu e as meninas ríamos, e o garçom se retirou.

Jasper passou a mão pelo rosto.

— Eu odeio fazer a barba — comentou, ainda alisando o rosto, para Edward.

— Pelo menos você tem uma — Edward rebateu, e nós rimos.

, cara, é mesmo, parece rostinho de bebê.

Desculpa perfeita para eu ficar encarando Edward. Ele também passou a mão pelo rosto.

— O bom é que não preciso ficar fazendo todo dia que nem você.

— Mesmo assim, véi, a amiga de um amigo meu tem bigodinho, ela é bizarra.

Eu e as meninas nos acabamos de rir.

— Bigodinho? — exclamei, fazendo careta.

— Pois é, menos esse cara aí que não.

— Dá uma raiva porque tem guri aí de 13 que tem e eu não — Edward resmungou. Por instantes imaginei-o de barba.

— Deve ser por causa da calvície — murmurei, e Jasper me olhou, interessado.

— Você tem calvície? — Jasper perguntou, rindo.

— Tenho um pouquinho aqui em cima — murmurou, abaixando a cabeça para Jasper ver. Aquilo não era mesmo uma calvície, apenas o meio do cabelo dele que era um pouco ralo, mas eu gostava de encher o saco.

— Já, cara? — Jasper se acabou de rir.

— Deve ser que vai cair primeiro em cima pra nascer embaixo — expliquei, apontando a mão para o cabelo dele.

Edward me fitou, incrédulo, e Jasper riu mais ainda.

Naquele momento me dei conta que nunca tinha passado tanto tempo ao lado de Edward, em uma conversa socializada. E devo admitir, aquilo era muito bom. Por que ele simplesmente não poderia ser daquele jeito sempre? Se eu quisesse ter um relacionamento com aquele garoto, eu teria que ter muita paciência. O que faltava em Edward era maturidade.

— E o motorista que seu pai ia contratar pra você? — Jasper indagou, provocando-o. Edward apenas mandou-lhe um olhar atravessado. — Um cho-fer — pronunciou, pausadamente.

Eu e as meninas rimos do seu modo de falar.

— Pare com isso — Edward alertou-o.

Chofer não é mais chique? Então.

— Motorista é tão coisa de prezinho — soltei.

Não, motorista definitivamente não era coisa de criança, mas eu que não iria me intimidar com eles.

— Eu não aguento mais andar de ônibus — Jasper murmurou, mudando de assunto. — Não vejo a hora de entrar na faculdade e ganhar meu carro.

— Se você passar vai ganhar um carro? — indaguei-o.

— Sim... — respondeu meio vago.

— Meu pai disse que vai se aposentar de dirigir — Edward comentou.

— Por que seu pai não te dá um carro novo? Ele tem grana pra isso — Jasper provocou novamente.

Eu não sabia para onde ele queria ir com aquele papo de dinheiro. Queria me impressionar? Dizendo que Edward era rico? Eu não estava nem aí para as posses dele.

— Que dinheiro, véi?

— O velho não disse que ia construir uma mansão lá em Itajaí?

— Não sei que mansão... E a casa que você tinha?

— Prefiro chamar aquilo de terreno — disse, sorrateiro.

Eu e Nessie nos entreolhamos.

— Cadê seu celular? — Jasper perguntou, depois de ver o meu sobre a mesa.

— Deixei lá em casa.

— Não sei pra quê você tem celular, se fica com medo de ser assaltado na rua. Compra essas coisas caras para não usar. O meu é tão pobre que tenho vergonha de mostrar — disse Jasper, rindo. Eu ri com ele. — Se alguém quiser falar com você, como faz?

— Fala quando eu chegar.

— Hoje mesmo você podia ter ligado para as meninas.

— Eu não tenho o número delas — ele rebateu.

— Por que não pede? — Jasper insinuou, um sorriso maroto brincando pelos lábios, que Edward captou, e em resposta, olhou-o sério.

— Pra que vou querer?

Os dois ficaram se olhando por um tempo, pareciam conversar pelo olhar, como eu e Alice costumávamos fazer. Era coisa de melhores amigos. Não sei o que tinha acabado de rolar na minha frente, mas Edward apenas desviou os olhos e balançou negativamente a cabeça. Definitivamente algo estava rolando ali.

Jasper continuou a falar das posses de Edward, de sua casa na praia — que eu logo pedi que ele nos convidasse para ir, e ele disse que iria pensar e soltou um sonoro “Não!”, sendo repreendido depois pelo amigo —, e eu comentei que desde que seu pai comprou um Amarok era só o que ele falava todo santo dia na aula, e que quando ganhou aquele celular, não saía mais de sua mesa, fazendo questão de mostrá-lo a todos.

— Ele fica a aula toda com o celular na mão — salientei, olhando desafiante —, quando a gente olha pra Edward ele tá lá, usando o face pelo celular — fiz um gesto com as mãos, imitando sua pose na aula; todos riram e Edward me fuzilou com os olhos.

— Que mentira!

— Ah, Edward, isso não é mentira, não, viu — Nessie me defendeu. — Você fica mesmo o tempo todo com o celular.

— É um viciado — soltou Jasper.

Pô, véi, todos estão contra mim hoje, é? — exclamou ele, ultrajado.

Nós rimos.

— Estamos sim! — confirmei.

Soltei como Edward costumava pegar ônibus para ir para casa, dizendo sua maneira peculiar de voar — porque nem correr ele fazia —, e que diariamente os carros quase o atropelavam. Quando a conversa chegou em faculdade, Edward logo disparou:

— Eu passei na Fasar!

, cara, parabéns! Estudou muito, né? — parabenizou o amigo, irônico.

Apenas revirei os olhos.

A irmã de Jasper tinha passado em primeiro lugar na federal de arquitetura, e quando ele me perguntou o que iria fazer, Edward logo soltou que eu era sua concorrente. O garçom voltou a nos servir, e os meninos não tardaram em pedir novamente alguma cortesia.

— Vocês vão acabar expulsos daqui — conspirei.

— Ou ganhar algo de graça — Jasper se defendeu.

— Está mais fácil vocês saírem mesmo — Lauren brincou.

Nessa hora a garotinha de mais cedo que encarava Lauren saiu de sua mesa e rodeou a nossa, passando bem perto dela e parando atrás da cadeira de Jasper. Vi claramente quando ela levantou o bracinho e fez menção de bater em Lauren, mas como não conseguiu alcançá-la, ela correu de lá, voltando à mesa. Não me aguentei e comecei a rir, todos me olharam sem entender nada.

— Você não viu, não? — perguntei para Lauren. — A menina passou atrás de você e tentou te bater!

— Ai, meu Deus, ela está tentando me matar! — disse, fazendo uma expressão amedrontada. Nessie tinha a visto, mas não prestou atenção na hora que ela tentou bater em Lauren.

— Que menina, gente? — Jasper não estava entendendo nada, e Edward apenas me encarava, com as sobrancelhas erguidas.

Expliquei a história da menina a eles, que se acabaram de rir.

— Nem vou falar muito com você para ela não pensar que estamos juntos nessa — brincou Jasper olhando para Lauren e nós rimos.

Depois de mais algumas rodadas de conversas, já eram quase dez horas quando Nessie pediu a conta. O garçom prontamente a trouxe em uma caderneta preta e minha amiga abriu vendo o valor. Ela pagou tudo e depois iríamos dividir em casa. Jasper passou seu dinheiro do refrigerante, mas Nessie não aceitou. Ele continuou insistindo, mas minha amiga não queria de jeito nenhum. Ele tentou dá-lo a Lauren que também não aceitou, e depois a mim, que recusei. Ficamos bons minutos assim, o dinheiro dele rodando pela mesa e Edward dizendo que se pegasse não devolveria mais.

Pagamos e Nessie me chamou para acompanhá-la no banheiro. Levantei primeiro da cadeira e corei quando peguei Edward encarando descaradamente minhas pernas desnudas sob a saia. Desviei os olhos, envergonhada, e esperei Nessie. Lauren também levantou e fomos as três para o banheiro, deixando-os sozinhos na mesa.

— Vocês nem disfarçam, né? — comentei rindo.

Olhamo-nos no reflexo do espelho; minha maquiagem por incrível que pareça estava intacta. Meus olhos brilhavam e até minha pele estava melhor naquela luz. Havia uma confiança em minha expressão e pela primeira vez eu não via uma garotinha imatura em minha frente, apenas o reflexo de uma mulher que podia sair sozinha com seus amigos à noite e conseguia manter um ótimo papo com o garoto que estava a fim.

— Você está indo muito bem! — Nessie me elogiou, passando seu brilho labial e depois me ofereceu. — Está falante e Edward não para de te olhar.

— Sério? — Se possível, meus olhos brilharam mais ainda naquele momento.

— Sim, gata.

Depois da pausa Nessie decidiu que já era hora de nós irmos. Saímos do banheiro e passamos em frente ao caixa, onde havia alguns garçons. Nessie já tinha vindo nesse restaurante antes, então alguns já a conheciam. Ela se despediu deles, juntamente com Lauren, enquanto eu olhei distraída para nossa mesa atrás da porta de vidro. Fiquei surpresa ao notar Edward virado para nós, olhando-nos, assim como o seu amigo. Sendo pegos em flagra, eles viraram rapidamente. Sorri. Tudo estava tão perfeito. A primeira vez que eu saía sozinha à noite com meus amigos e de quebra, o garoto dos meus sonhos estava lá. Não tinha melhor jeito de começar minha vida noturna.

Voltamos à mesa, mas não sentamos. Nessie avisou que estávamos indo e perguntou se eles ficariam, Jasper negou, dizendo que também iria conosco. Os dois se levantaram e Edward ficou um tempo ao meu lado e seguimos desse modo. Paramos na frente do restaurante e havia um táxi parado do outro lado da rua.

— Tá cheio — disse Nessie.

Olhei bem para o táxi e não vi ninguém, mas achei melhor não argumentar.

— Vamos que eu levo vocês ao ponto de ônibus — Edward provocou, olhando diretamente para mim.

— Só se for para você pegar ônibus para sua casa...

— Minha casa é aqui perto...

— ... logo ali — finalizei, falando por cima dele, que não tinha me deixado terminar. Edward, eu já sei que você mora ali, você já deve ter repetido isso umas dez vezes hoje.

— Tem outro ponto de táxi na frente do mercado, vamos até lá — Jasper nos interrompeu.

Fomos andando com eles. O salão de festa que eu tinha comentado mais cedo com minhas amigas já estava aberto e tendo festa. Havia uma espécie de escalada na parte de brinquedos, e eu perguntei animada a elas o nome daquilo, mas Jasper mandou eu repetir a pergunta a ele, olhando interessado para onde eu apontava.

— Eu também esqueci — disse —, mas teve um no shopping Risolle um dia desses.

— Eu vi, isso é tão legal!

Eu não sei bem como aconteceu, mas de repente eu via minhas amigas atrás de mim, Jasper e eu engatados em uma conversa animada, e Edward um pouco a nossa frente, meio aéreo. Ele chamava Jasper a todo minuto para uma boate diferente ali perto, alguma festa ou outro programa. Aquele jeito de se amostrar dele já estava me dando nos nervos, mas Jasper pareceu notar, pois toda hora cortava a infantilidade do amigo e voltava a conversar comigo. Quando ele começou a discutir sobre futebol, fiquei calada apenas escutando, e então ele virou para mim, estudou minha expressão e logo disse:

— Você não curte futebol, né?

— Não — respondi sem rodeios e ele riu.

— Por isso estava calada.

Era impressão minha ou ele acabou de me chamar de tagarela? Ai, ai.

Atravessamos a pista com Jasper dizendo que tinha ido a um casamento no dia anterior e emendou a noite em outra festa, chegando em casa de manhã e sendo acordado pelo pai que tinha viajado, telefonando para casa às oito da manhã para regar as plantas. Rimos demais nessa hora.

— Então, né — murmurou Nessie, quando paramos no ponto de táxi.

— É... — começou Jasper.

Era evidente que todos estavam sem jeito.

— Então é isso, prazer em conhecer você — disse Nessie, indo abraçá-lo.

— O prazer foi meu! — Ele retribuiu o abraço e deu dois beijinhos na bochecha dela.

Eu estava atrás, tipo em uma fila. Edward estava atrás do amigo, com as mãos no bolso. Quando Nessie o soltou, ficou parada esperando Edward vir. Ao notar que ele estava tímido demais, foi até onde ele estava.

— Tchau, Edward!

— Tchau... — falei para o amigo dele, abraçando-o. Seus lábios avançaram sobre meu rosto, e eu quase ia saindo quando ele veio dar outro no outro lado. Engraçado foi na hora que fomos virar o rosto, demos uma parada de frente, tempo de sua boca acertar a minha. Senti a pressão rígida em minha bochecha e sorri. Separei-me dele, sorrindo. Era um bom cara.

Desvencilhei-me dele e fui até Edward. Isso seria difícil. Era nítido o desconserto de ambos, então, tomando a iniciativa, sorri tímida para ele, que foi logo retribuído prontamente, que sorriu pelo nariz.

— Então, tchau... — ele disse.

— Tchau.

Sem pensar duas vezes, andei rápido em sua direção e joguei meus braços enlaçando seu pescoço. Para isso, precisei ficar na ponta dos pés. Edward rodeou-me com seus braços fortes, e eu sentia suas mãos fazendo um leve carinho no meio de minhas costas. Primeiro ele deu um tapinha amigável e depois deslizou um pouco pela coluna, subindo e descendo. Enquanto isso meu rosto estava enfiado em seu peito. Eu não queria soltá-lo, e queria que ele sentisse o mesmo. O perfume que usava não era o mesmo que me atentava na escola, entretanto, era bom do mesmo jeito. Ali, eu não conseguia pensar em nada. Só existia Edward, eu e nosso caloroso abraço. Segundos depois, e creio que não foram poucos, afrouxei meu aperto e ele fez o mesmo. Soltei-o lentamente e me virei para o carro, sem olhar para trás. Eu estava nervosa demais com a situação, e nem ao menos consegui pensar em nada para aproveitar o momento em seus braços.

Lauren abriu a porta para que entrássemos e ambas esperaram que eu fosse a primeira. Dei um último tchau para eles e entrei no banco de trás do veículo, deslizando até a janela. De lá dava para ver os dois pela janela aberta do carona, que também olhavam para dentro do carro. Meus olhos fitaram rapidamente os de Jasper, mas não era ele quem eu queria encarar, era Edward, sempre acanhado atrás do amigo. Nessie bateu a porta e era hora do adeus final. Eles acenaram e o carro saiu andando. Ainda olhei para trás e os vi já atravessando a rua, refazendo o caminho que tínhamos feito, Edward com um sorriso gigante no rosto contando algo animado para o amigo, que também ria. Que lindos. Só vieram cá para nos trazer! Quer dizer, o amigo dele, porque Edward...

Depois de falar o endereço ao motorista, começamos a discutir sobre a noite. Todas concordaram que o amigo de Edward era supersimpático, que Edward era um bestão que estava querendo se amostrar para nós e que estava igual a Leah, que só comentava sobre faculdade. Que se não fosse Jasper, Edward já tinha ido embora faz tempo, e, claro, que eu tinha mandado superbem na noite — isso até Lauren ser explícita me chamando de tagarela, mas Nessie discordou, disse que eu estava certíssima. E, claro, do meu abraço.

— Bella praticamente se jogou em cima do garoto! — contava Nessie, rindo. Lauren também se matava de rir.

— Foi a emoção, gente — defendi-me, envergonhada.

— Emoção... sei... você bem que se aproveitou da situação!

— Ele não passou nem milésimos de segundo nos abraçando, mas ela... — Lauren soltou.

Eu realmente não sabia o que tinha acontecido comigo naquela noite. Sim, eu estava em um plano de mandar a timidez para o buraco, ele já estava sendo efetuado há quase dois anos, mas hoje... Hoje eu havia me superado. Era o cara que eu gostava mais o amigo bonitinho dele. Uma substância química perfeita para intimidação, porém, foi extremamente ao contrário do que aconteceu. Eu havia me superado aquela noite e estava muito orgulhosa com o meu comportamento. Tudo que conseguia pensar era se tinha passado uma boa impressão, se toda aquela gentileza deles não tinha sido apenas educação. Eu, sinceramente, esperava que não.

Ao chegar em casa, tive esperanças de que algo mudasse. Se Jasper tivesse mesmo gostado de mim, poderia falar algo no facebook, e se minhas suspeitas se confirmassem, de que Edward gostava de mim e o amigo estava ciente, isso poderia acontecer facilmente. Mas era sonhar alto demais, e eu sabia disso.

De uma coisa eu começava a ter certeza: conheci muito mais da vida íntima de Edward do que numa festa boba, que só iria mascarar tudo. Não teríamos nem de longe essa intimidade que tivemos hoje. Abraço? Se eu tivesse sorte o veria na saída, mas olhando agora, Edward sozinho não faria nada. Novamente a frase que meu pai disse quando a festa foi cancelada numa fez tanto sentido: há males que vêm para o bem.

Dormir nunca foi tão difícil.


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Notas finais do capítulo

Eeeeeeeita, olhe aí a segunda parte *-* Bella surpreendeu vocês, sim ou claro? Hahaha. Espero que tenham gostado, principalmente o superabraço deles. Bem, tenho apenas mais um capítulo escrito, depois disso nada mais aconteceu =[ Vou segurá-lo um pouquinho mais para render, mas posto ainda essa semana!
Obrigada FabiÂniCullen pela sua linda recomendação, você é muito fofa ♥ Quero agradecer também a todos que comentaram no capítulo passado, foram muito mais que a média daqui e fiquei bastante feliz com isso!
Enfim, beijos e até mais!