More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 12
Vamos brincar de nuvem?




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Hoje eu estava disposta a ignorar Edward. Eu queria de alguma forma afetá-lo do jeito que ele me afetava, mas se tratando de Edward, eu podia esperar de tudo. Tinha a leve impressão de que ele seria mais simpático hoje, por causa de seu comportamento de ontem. Era sempre assim. Ele fazia suas burrices em um dia, e no outro, parecia outro garoto. Porém, quem era o mais idiota daquela relação imaginária não era Edward, era eu, que alimentava aquela loucura cegamente.

Cheguei no segundo horário e a professora de português já estava na sala. As coisas de Edward em meu lugar, mas ele estava no fundo da sala. Nessie em uma cadeira na frente da mesa de Lauren, na certa discutindo sobre o projeto da unidade. Peguei uma cadeira mais no fundo, já que todas ao redor dali estavam ocupadas, e coloquei ao lado de Lauren. Ambas estavam caladas hoje, e Jessica, que também estava lá, isolou-se no fundo da sala, uma cadeira antes de Leah.

Estranhei pelo fato delas estarem brigadas, isto é, Leah e Jessica. Só falávamos com Leah quando necessário, como nos trabalhos em grupo. Nessie e Leah nunca se entenderam de fato. No primeiro ano, Nessie costumava andar com uma menina chamada Haidee, amiga do ginásio. Quando Leah entrou na escola naquele mesmo ano, foi amizade instantânea com Haidee que, com o tempo, foi se afastando de sua antiga amiga. Nessie sempre achou que a culpa da amizade delas terem esfriado foi de Leah, mas eu nunca concordei com isso. Se elas fossem mesmo amigas, formariam um trio, e não excluiria ninguém. Sem contar que eu soube de segredos íntimos de Nessie pela Leah, já que Haidee a contava tudo. Isso definitivamente não era amizade verdadeira.

No segundo ano, Haidee saiu da escola, e Leah e Nessie se juntaram em meu grupo. Apesar de se falarem, sempre notei uma frieza da parte de Nessie com Leah, que nunca foi superado. Leah também não ajudava muito com sua personalidade mesquinha, egocêntrica e, por vezes, fútil. Sempre querendo ser o centro das atenções, se acha a dona da verdade.

Nesse ano, para ser mais exata, do meio do ano para cá, Jessica também começou a pegar antipatia por Leah. Tanto que se juntou a Nessie para falar mal da “amiga”. Eu e Lauren sempre fingimos que estava tudo bem, mas sabíamos que não. As duas isolavam cada vez mais Leah, até que a confusão explodiu em um grupo de química, quando a professora disse que poderia ser um quarteto no máximo, e éramos um quinteto. Uma teria que sair. Como eu não estava presente, Leah quis que eu ficasse de fora, sendo que ela é do tipo parasita nos grupos. Quando as meninas disseram que ela quem ficaria de fora, Leah se exaltou, e começou a falar mal delas para Lauren, que apenas fingia escutar; Nessie se estressou e mandou ela dizer tudo aquilo em sua cara, e Leah, envergonhada, abaixou as orelhas e ficou calada. A partir daquele dia, nossa amizade nunca mais foi a mesma.

Antes, costumávamos passar o intervalo juntas, em uma sala isolada. Porém, isso começou a mudar, apenas eu, Lauren e Leah ficávamos por lá. Depois Lauren e eu enjoamos de ficar lá e passamos a ficar do lado de fora, e como Leah não teve coragem de nos seguir, separamo-nos de vez.

Hoje ela costuma sentar no fundo da sala, e até está fazendo amizade com os garotos de lá.

Tentei puxar conversa com Nessie, mas eu sentia seu comportamento longe hoje. Lauren estava mais dormindo do que acordada. Resolvi permanecer em minha cadeira, quieta, esperando que elas voltassem ao normal. Eu escutava a voz de Edward perto de mim, conversando animadamente com Leah, e tentei a todo custo ignorar meu ciúme. De canto de olho, vi Irina sentar em uma cadeira na fila ao seu lado, e ele indo sentar ao lado dela. Os dois ficaram conversando por um tempo, até que Nessie começou a discutir com ela sobre algo relacionado a surpresa do final do ano, de sua cadeira mesmo, em minha frente.

De vez em quando eu virava para olhá-la responder algo, sem desviar meus olhos uma vez para o garoto ao seu lado, apesar de saber que ele me olhava. Eu estava tão cansada disso, tão cansada de Edward brincar comigo. Tão cansada de ir ao seu facebook e encontrar uma garota diferente lhe mandando mensagens. Cansada de todo seu carinho com as meninas de minha sala e até das salas alheias, e comigo, tratava-me como se eu fosse um nada. Cansada de quebrar a cara, mais uma vez, por causa de alguém. Como eu queria esquecê-lo.

Na aula de sociologia, enquanto a professora fazia a chamada para entregar o resumo do módulo, levantei da cadeira, para me espreguiçar. Edward estava rodando em volta de mim nesse momento, e custou apenas um olhar em sua direção para ele parar em minha frente e sorrir. Droga. Não dê tanto ibope, não dê tanto ibope, repeti para mim mesma.

— Dia 15 tá chegando.

— É... vou preparar os meus lencinhos. Sábado à noite vai estrear Amanhecer parte 1 na Telecine e eu vou assistir.

— Não já lançou todos? — indagou Lauren, intrometendo-se em nossa conversa.

Edward às vezes ficava um pouco impaciente quando alguém de fora entrava em nossas conversas porque, grande parte delas, apenas nós dois entendíamos.

— Não — respondi. — É a primeira parte.

— Me poupe — murmurou ele.

— Edward também é fã, chorou na cena do parto e se emocionou no casamento.

— Foi — concordou, irônico —, adorei a cena do casamento.

— Você já foi ao cinema assistir algum? — indaguei.

— Não entendi.

— Você já foi ao cinema assistir algum filme de Crepúsculo? — expliquei-lhe melhor.

— Ah, já.

— Qual?

— Eu não assisti.

Olhei-o, impaciente.

— Você não disse que iria assistir para zoar os fãs?

— Eu fui, mas não entrei, fiquei do lado de fora vendo as menininhas chorarem.

— Eu — respondi meiga. Adorava pirraçá-lo, talvez era o mesmo prazer que ele sentia ao fazer o mesmo comigo.

Ele se estressou com minha cara e saiu de lá.

Já vai tarde, murmurei mentalmente.

Para o meu desgosto, ele se sentou ao lado de Leah, isto é, atrás de Jessica, que estava mal-humorada hoje. Marcus estava atrás dele, então os três — Edward, Leah e Marcus — engataram em uma calorosa conversa sobre faculdades. O que mais Leah falava agora. Aff. De uma hora para outra, notei que a conversa tinha tomado rumos diferentes, então pedi para Lauren fazer leitura labial em Edward, e eles falavam sobre marcar um lugar pra ir, ou que iriam a um lugar e se encontrariam. TRAIDORA!

Jessica nos encarava com sua cara de bosta, e a chamei para sentar perto de nós, mas ela recusou. Parecia bem entretida lá. Quando bateu para o intervalo, eu e Lauren íamos saindo, mas Jessica nos chamou. Nessie estava ao seu lado. Assim que ficamos sozinhas na sala, Jessica disse:

— Leah estava falando mal da gente para os garotos.

Gelei. Como assim?

— Vocês estavam me chamando naquela hora, mas eu estava prestando atenção na conversa deles. Não escutei muito, me deu um ódio daqueles garotos do fundo gritando.

— Ela disse o quê? — indagou Nessie, seus olhos já raivosos.

— Explicava a versão dela para nossa briga, não deu para ouvir direito. Disse meu nome, o seu, e o de Bella. Vou perguntar a Marcus depois o que era.

Marcus era bem próximo de Jessica, mas Leah era tão burra e gostava de ser notada que quando se irritava com algo, fazia questão de contar a todos. E quando digo todos, são todos mesmo.

— Vou pedir a Edward para eles nos contar — sugeriu Lauren.

— Edward? — indaguei, debochada.

— É, se lembra ano passado quando ele fez aquele teste em dupla com ela, e nos acompanhou na rua dizendo que fez tudo sozinho e ela não fez nada, e pediu para que não contássemos a ela?

— Lembro, mas mesmo assim, Edward está diferente esse ano.

— Deixa que eu pergunto a Marcus — insistiu Jessica e concordamos.

No intervalo, o banco lá em baixo estava vazio. Kate piranha não veio hoje, e eu até sentia a atmosfera pura. De longe avistei Edward perto da cantina, conversando com seus amigos. Não iria demorar muito até ele vir ao nosso encontro, já que nos viu sentar lá.

Quil e sua irmã sentaram próximos a gente, e do outro lado, Tânia piranha e outra da laia dela do segundo ano. Hoje essa vadia tomou na cara na aula de sociologia. O grupo dela não tinha apresentado, então ela resolveu fazê-lo sozinha hoje. Escolheu um tema qualquer, sobre a prostituição das mulheres, fez um texto sobre o assunto — que eu tinha quase certeza que era da Internet — e apresentou se achando a dona do pedaço. Lógico que na hora das palmas a lesma ambulante do Edward ficou que nem um doente mental batendo palmas seguidas para ela, enquanto eu e minhas amigas, se encostamos um dedo no outro, foi muito.

— Professora, vou imprimir o texto e entregar a senhora — disse, presunçosa, tirando seu pen-drive do computador.

— Não precisa — respondeu a professora, curta e grossa.

Digamos que a professora de sociologia era meio paga pau do meu grupo, sempre nos colocava lá em cima e dizia que éramos superiores as pessoas da sala, e tudo isso na frente deles. Talvez seja esse o motivo do ódio dos nossos coleguinhas por nós.

— Tem certeza, professora? — insistiu, com aquela vozinha fina e insuportável de gente dada que ela tinha.

— Quero não.

Chupa, vadia.

Segurei o riso, mas assim que saí da sala, não me aguentei com minhas amigas. O pior foi ela depois ao nosso lado, perguntando a um e outro como tinha se saído. Meu Deus, será que essa garota não se tocava o quão ridícula ela era?

Edward logo estava parado em minha frente, depois de andar para um lado e para o outro, como quem não queria nada.

— Você fez quantos pontos na UCC?

— 40 no primeiro dia e 55 no segundo.

— Cara, fiz mais pontos que você! — exclamou feliz, como se aquilo fosse um grande feito.

— Você fez quanto?

— 103.

— Nos dias separados — eu disse.

— Ah, não sei, 50 e pouco em um e 50 e pouco em outro. Acertei mais de matemática, só errei quatro. Mas errei muitas em português, e ela tem maior peso.

— Fui melhor no segundo dia, também fui bem em matemática, mas me lasquei no primeiro dia.

Ele assentiu e voltou a andar. Estava apenas eu e Lauren no banco, Jessica tinha ido para um lado e Nessie estava pagando a escola. Quando penso que não, vejo Edward se pendurando em uma pilastra da escola, enganchando suas pernas como se fosse um macaco em um galho.

Velho, o que é aquilo? — indaguei assustada, apontando para Edward.

Lauren olhou para onde eu apontei e começou a dar risada que nem uma hiena. Tive que rir também depois do meu susto inicial, e ele percebeu que estávamos rindo dele, pois virou para a gente e deu um sorriso encantador. Marcus estava ao seu lado.

Edward definitivamente não era certo da cabeça.

Na aula de física, por incrível que pareça, ele resolveu sentar em seu lugar, isto é, atrás de mim. Os garotos lá estavam falando sobre a banda Eva, já que um amigo meu tinha um ingresso sobrando e queria vender. Levantei para pegar uma cadeira que estava um pouco a minha frente, para pôr minha mochila e meu pé em cima, mas parei ao ver Edward me provocar.

— Quem gosta da banda Eva é Bella.

Ia pegar a cadeira, mas Jessica me impediu, alegando que ia usá-la para sentar. Fiquei em pé de frente a minha cadeira, vendo-a colocá-la encostada perto da parede, e pôr seu celular em cima, conectando-o na tomada para carregar. Fitei-a, incrédula.

— Você não disse que ia sentar?

— Pega essa aqui — disse, apontando para uma cadeira desgastada ao seu lado.

— Mas essa é feia! — choraminguei.

— E o que é que tem? Não é pra você pôr o pé?

Sentei emburrada em minha cadeira. Edward ainda enchia meu saco.

— Eu não gosto da banda Eva — respondi-o, sem paciência.

— E se Robert Pattinson gostasse você iria gostar também?

— Não. — Curta e grossa.

— Droga! Que fã é você? Traindo o movimento?

Bufei.

— Mas você gosta da Taylor Swift.

Jessica voltou a falar algo ao meu lado, e ignorei Edward novamente. Ainda estávamos discutindo sobre a cadeira, até Nessie se intrometer também. Vi Edward de relance conversar com Emmett, que estava ao seu lado. Voltei a sentar na cadeira e o fitei.

— Gosto mesmo da Taylor Swift — afirmei. — E você também gosta.

— Eu?

— Sim, você tocou para mim na gincana esse ano, se lembra?

Ele riu.

— Eu não gosto, é fácil tocar as notas.

— Mas para tocar você precisa conhecer a música — rebati.

— Não precisa, não — respondeu, contrariando-me, mas seu sorriso o denunciava.

— Precisa sim! E você gosta de Paramore também!

— Paramore? — indagou Emmett.

— É, Paramore — disse Edward. — Só gosto de algumas músicas, mas gostei mais quando ganhei uma competição com Misery Business.

— Ganhou o quê? — indaguei curiosa.

— 500 paus, mas tive que dividir com os caras da banda.

— E são quantas pessoas?

— Foram 125 para cada um.

Ele disse que comprou um instrumento lá estranho que nem me lembro o nome e começou a contar sobre os que pretendia comprar.

— Ela não tá entendendo nada — disse ele para Emmett, rindo de minha cara.

Como se Emmett estivesse...

— Eu queria comprar um teclado — eu disse.

— Pra quê? Pra tocar aquelas musiquinhas... — zoou, fazendo um gesto como se estivesse tocando nas teclas do piano.

Soltei um muxoxo e virei para frente. Ele continuou conversando com o Emmett, quando peguei um pacote de cheetos na bolsa e dividi com Nessie. Lauren pediu um pouquinho também, passei o saco para ela e quando vi, até Edward estava pegando.

— Ei, ei, ei, esse salgadinho é meu, como você distribui para os outros assim? — repreendi-a de brincadeira. Peguei o saco de sua mão e ofereci a Emmett depois.

Na aula de português Edward sentou uma cadeira depois da sua, ao lado de Irina. Nessie estava contando como estava seu estágio na clínica que eu trabalhava, antes de pedir demissão. Notei que de vez em quando, Edward prestava atenção e depois desviava o olhar. Lógico que durante a aula ele havia soltado alguma de suas muitas perolas para a sala, e eu sempre rindo de todas, até que Nessie disse:

— Você ri de tudo que Edward fala!

— Se é engraçado.

— Nem tudo — rebateu, e fitou-me atentamente. — Posso te perguntar uma coisa?

Pelo seu tom de voz, eu já sabia exatamente o que era.

— O quê? — indaguei nervosa.

— Calma! — disse, rindo. — Você já está toda vermelha!

Devo ter ficado mais corada naquela hora. Por que eu estava com vontade de rir? Ficar encabulada é o ô!

Ela se virou para sua carteira, pegou uma lapiseira no estojo e escreveu algo na mesa. Desviei meus olhos para outro lugar, esperando paciente para ver o que era. Quando terminou, mostrou-me:

Quais os seus reais sentimentos em relação a Ted?”.

Mais uma vez ela usava o codinome que havíamos posto em Edward, Ted.

Seus olhos não desviaram um segundo de mim, e comecei a passar a mão pelo cabelo, nervosa.

— Não sei... — respondi vaga.

— Da última vez que eu perguntei você disse que não o amava, mas não é o que parece.

Suspirei.

— Não menti da última vez. — Isso tinha sido há alguns meses. — Acho que agora só um pouquinho — respondi, juntando meu dedo indicador e o polegar em sua frente.

Ela riu.

— Então você gosta dele?

— Eu sinto coisas estranhas com ele — respondi, morta de vergonha, nem sei o porquê. — Depende.

— Como assim, depende? — inquiriu, sem paciência.

— Às vezes sim, às vezes não.

Eu queria lhe explicar sobre isso, mas a professora nos interrompeu e não voltamos mais no assunto. Eu queria ter dito a ela que amava Edward quando era carinhoso e engraçado comigo, mas o odiava quando me ignorava ou me dava patadas.

No intervalo entre uma aula e outra, levantei de minha cadeira para esticar as pernas; estava falando algo com Lauren, quando vejo Edward parado na frente de minha cadeira, enchendo o saco de Nessie. Eu ri. Terminei minha conversa e voltei para minha cadeira, parada alguns minutos atrás de Edward, esperando ele se tocar. Como não fez menção de se mexer, coloquei uma mão em um braço seu, e a outra no outro — sim, fiz de propósito — e o puxei para o lado. Ao ver que era eu, deu um de seus pulos dramáticos. Dei de ombros e sentei na cadeira, como se nada tivesse acontecido, Nessie sorrindo para nós.

Na aula de matemática, Edward voltou a desenhar seu desenho pornográfico no quadro, “praia do nudismo” como o mesmo intitulava a obra, e até havia uma placa no desenho escrito isso. O velho cara de tarja preta exageradamente grande cobrindo as partes estava lá, parecendo Tarzan. Jessica tinha ido embora porque passou mal.

— Esse cara é você, Edward? — indaguei, não me segurando e rindo. Lauren me acompanhou.

— Não — respondeu, rindo também.

— É que o cabelo tá idêntico.

Ele desenhava outro cara, magricelo, com cara de bunda ao seu lado, fazendo seu “brinquedinho” pequeno. Depois começou a desenhar uma mulher entre os dois, mas dessa vez o cabelo dela era longo e liso. Depois desenhou um balão de fala na cabeça do “Tarzan”.

— O que escrevo aqui? — perguntou para mim.

Parei para pensar por um momento.

— Hmmm... aquele negócio que você diz quando entra na sala correndo.

Ele começou a dizer um monte de nomes doidos, até dizer “hadouken*”, um poder do Street Figther. Essa história começou quando, em uma bela manhã de aula, estávamos todos sentados fingindo prestar atenção no que o professor dizia, mas a sala estava tão desorganizada que ele deixou para lá. Do nada, a porta é aberta com força, e de lá pula nada mais, nada menos que Edward, gritando “HA-DOU-KEN”, com as mãos juntas e estiradas para frente, como se estivesse soltando algum poder. Ninguém na sala segurou o riso — isso depois de superarem a onda de susto. Desde então, ele costumava fazer isso. Tinha também o Mario, que ele abria a porta, vinha correndo até o meio da sala e dava um pulo, rodando no ar, com um braço erguido, como o Mario faz no joguinho. Sim, Edward não era normal.

— Mas se eu pôr hadouken vou ter que mudar a posição do braço dele e a expressão.

— Coloca uns coraçãozinhos na cabeça da mulher.

— Pra quê?

— Porque ela está encantada com o cara — expliquei, com uma voz melosa.

Ele fitou o quadro e pensou em desenhar, mas desistiu.

— Se eu colocar ela apaixonada, vou ter que mudar a cara dela e vai borrar e dar trabalho — disse, como se fosse um artista profissional. Bufei. — Já sei!

Ele escreveu algo no quadro que não consegui enxergar, pois estava com meus óculos hoje ao invés de minhas lentes de contato. Pedi para que Lauren lesse para mim.

Vamos brincar de nuvem.

— Nuvem? — indaguei, não entendendo nada. Nessie também não.

— Eu fico nu e você vem — explicou ela e soltei um muxoxo. Nessie se acabou de rir.

Ai, Edward, como você é idiota!

— Lauren tá por dentro da piada — disse ele, ainda escrevendo no quadro.

Ele. Estava. Escutando. Tudo. E não, não falei alto para ele escutar.

— É porque já disseram essa piada para ela — eu disse, maliciosa.

Ele desenhou um balão na cabeça da mulher, e escreveu “Nuvem?”. Depois, na cabeça do homem magrelo e mal-dotado, escreveu “Quem esse grandão acha que é?”. Voltou ao Tarzan, e escreveu em baixo “Eu fico nu e você vem”.

Aff.

Voltei a copiar o que a professora tinha posto no quadro, e Edward continuou lá de pé, incrementado sua praia nudista, até que ficou parado na frente de onde eu copiava.

— Edward. Edward. Edward. Edward — chamei-o repetidas vezes, uma atrás da outra, e confesso que fiz isso, bem, primeiro para irritá-lo, e segundo, porque eu adorava como seu nome saía de meus lábios. Era quase como uma carícia.

— Que é? — indagou, olhando-me.

Fiz um movimento com a mão para que ele desse o fora dali, e ele deu um passo para o lado, entendendo.

Depois disso, não tivemos mais nenhuma interação. Pensei em tirar foto do desenho de Edward, mas Nessie me apressou, pois teríamos que ir à gráfica agora, fazer o orçamento para imprimir um jornal do trabalho de português para a gente. Saímos eu, ela e Lauren, antes de todos.

* Vídeo do poder no jogo: http://www.youtube.com/watch?v=VuVPJNXJzN0


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Notas finais do capítulo

Edward é ou não é o garoto mais idiota do mundo? Se houvesse algum Top 5, ele realmente estaria em primeiro lugar! O próximo sai amanhã ou no domingo. Beijinhos :)