More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 11
15 de Novembro




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Eu tinha planejado uma segunda-feira perfeita para mim. Chegaria na escola depois do fim de semana cansativo fazendo o teste da UCC, encontraria Edward no corredor sozinho e ele ia me olhar com aquela cara de débil mental que só ele tinha. Provavelmente tentaria tocar na minha testa com seu dedo indicador, sua mania irritante, e eu falaria um “Pare, Edward!” de um modo infantil. Depois faria uma parada dramática e diria “Oh, feliz aniversário atrasado!” e o abraçaria, aproveitando cada instante daqueles milésimos de um segundo. Se tivesse coragem suficiente, sussurraria alguma besteira em seu ouvido, depois de desenterrar meu rosto de seu pescoço aspirando seu perfume delicioso, e aí estudaria atentamente seus pelos do braço. Se eles se arrepiassem, Edward gostava de mim.

Bem, eu tinha planejado tudo isso, mas quando chegou domingo à noite, a gripe que eu tinha pegado no fim de semana somado ao mal-estar da menstruação e a irritabilidade pela prova da UCC, decidi que não iria para escola na segunda-feira. Cheguei a me arrepender por alguns minutos, mas isso só daria mais gostinho a ele. Eu queria provar a mim mesma que não era tão depende de Edward assim. E consegui.

Pelo facebook, na segunda, Jessica me disse que ele estava emburrado hoje, porém não me deu mais explicações sobre o caso. Perguntei se Kate-vadia tinha ido, e ela disse que não. Pensei na possibilidade dele estar assim por causa dela, mas depois afastei a hipótese de minha cabeça. Da última vez que Edward tinha ficado com essa “tpm”, Kate estava lá, e ele nem ao menos dirigiu um “oi” a ela. Diferente de mim que, enquanto descia para ir para sala que eu costumava ficar no intervalo com as meninas, vi-o sentado depressivo na escada, e ao me ver, ele deu um sorriso triste em minha direção. Bem, na hora eu estava com um sorriso de coringa na cara, porque Lauren tinha me contado algo muito engraçado, e talvez ele tenha pensado que eu sorri para ele, e ele retribuiu. De qualquer forma, apedrejei-me mentalmente em casa por ser tão covarde a ponto de não sentar ao seu lado, acariciar seus cabelos e perguntar se estava tudo bem. Eu era uma boba mesmo. Uma boba apaixonada.

Nessie também não tinha ido hoje, então me restou ligar para Lauren, para saber o que realmente tinha acontecido. Pelos seus relatos, nada de comprometedor.

Terça-feira cheguei bastante ansiosa na escola, queria colocar meu plano em ação. Enquanto subia as escadas para ir a sala, resolvi parar no bebedouro e beber água, e qual é minha surpresa ao encontrar Edward de costas para mim, debruçado sobre o bebedouro?

Terminei de me arrastar pelos degraus e parei atrás dele, encostando meu ombro na parede ao meu lado, para esperá-lo. Quando acabou, virou-se para mim, e ao me ver, deu um pulo para trás, como se tivesse levado um susto. Começou...

— Deus é mais! — disse sorrindo, e subiu as escadas, lentamente.

Bebi a água e me virei para subir. Edward estava quase parando já no andar de cima, enquanto Embry estava inerte no meio da escada, com uma garrafinha de água, fitando-me. Olhei-o, desconfiada. Ele sorriu e abriu a tampinha de cima de sua garrafinha, jogando água para cima. Revirei os olhos. Edward dois esse.

— Vou jogar em você — ameaçou, ainda me olhando.

Olhei para Edward parado lá em cima, assistindo a cena com atenção, um sorrisinho brincando por seus lábios.

Eu nada disse, voltei a andar, mas Embry parou em minha frente. Fechei meus olhos por reflexo, quando senti uma gota de água cair em minha cabeça.

— Cabelo liso é outra coisa — disse, saindo de minha frente.

Cabelo liso, humph. Continuei meu caminho, Edward agora voltava a andar, adiantado um pouco a minha frente. Ele abriu a porta, e notei que segurou segundos demais de costas, antes de soltá-la, dando tempo para eu passar sem problemas. Ele estava sentado na primeira cadeira da segunda fila, ao lado de Nessie, que já estava lá.

— Neeeeeeessie! — cumprimentei-a, com uma animação sincera. Ela sorriu para mim. Joguei minhas coisas na cadeira atrás dela.

— Você tá bem? — perguntou, avaliando-me.

Fiz um biquinho.

— Nããããão! — respondi arrastado. — Estou gripada, meu cabelo tá horrível, não queria ter vindo...

— Nota-se! Fique com essa gripe para lá! — brincou, colocando uma mão entre a gente e se afastando um pouco.

— Tem que se afastar mesmo dessa gente — disse Edward, intrometendo-se em minha conversa, como sempre. Apenas me limitei a revirar os olhos para ele.

Conversei algumas besteiras com Nessie, quando ela perguntou que horas eu ia dar parabéns a Edward. Eu disse que estava esperando o momento perfeito, e ela nada disse. Lauren chegou um tempo depois, mais maluca que o normal. Quando a aula começou, Irina de algum jeito ficou mais próxima de Edward hoje, resolveu puxar uma cadeira e colocá-la ao seu lado. Os dois não paravam de conversar, e cada vez mais eu a xingava mentalmente. Estava estragando tudo!

Pedi para Lauren pôr sua cadeira ao meu lado, já que ela tinha sentado um pouco no fundo, e depois de muita insistência, ela cedeu. Quando colocou sua cadeira ao meu lado, Edward virou para ela, falando alguma besteira. Emmett, um menino gorducho e simpático que costumava sentar em nossa fila, passou um daqueles papéis informativos que vem dentro da embalagem do Big Big para mim.

— Jessica que mandou — disse, jogando o papel em minha mesa. Soltei um muxoxo e li o que tinha: quando a privada foi inventada.

— Olha, Lauren, quando seu trono foi inventado — falei, passando o papel para ela.

Edward estava prestando atenção na gente, tanto é que pegou o papel na mão de Lauren, curioso. Ele disse algo a ela, e eu logo soube que era sobre mim porque ele disse meu nome.

Edward só falava com minhas amigas para fazer piadas sobre mim. Que ridículo.

Fitei-o sério e ele dava risada, assim como Lauren.

— O que Edward disse de mim, Lauren? — perguntei, ainda encarando-o.

Depois de aguardar meia hora seu ataque de riso cessar, ela respondeu:

— Ele disse que a privada era o seu quarto.

Edward riu mais ainda.

Virei para frente com medo de me contaminar com tanta idiotice. Éramos terceiro ano ou quinta série?

Continuei copiando o exercício que a professora de matemática havia posto no quadro, quando Nessie disse a Edward:

— Parabéns atrasado, Edward!

Larguei a caneta imediatamente e a fitei, incrédula. Ela me olhou assustada, não entendendo a situação.

— Obrigado, Nessie — agradeceu, mas nem o olhei. — Me dê parabéns, Lauren — pediu, brincando. — Você eu não quero não — disse, referindo-se a mim. Nem lhe dei o gostinho de olhá-lo.

— Parabéns, Edward! — desejou Lauren. — Quantos anos?

Não sei se meu olho estava ardendo demais devido a minha gripe ou se eles estavam mesmo se enchendo de lágrimas. Só sei que vi meu teatrinho desmoronando naquele momento, mais um plano estragado.

— 9 — respondi por ele.

— Sua idade mental — rebateu, fuzilando-me. — 17.

Voltei a olhar para Nessie, ela ainda não entendia nada.

— Por que você deu parabéns a ele agora? — indaguei-a acusatória, baixo, só para ela escutar. Ela tinha estragado tudo!

— Ele estava me encarando, eu não sabia o que dizer.

Revirei os olhos.

— Eu estava esperando o momento certo, ia conseguir abraçá-lo, agora não dá mais!

— Você pode sim dar parabéns a ele.

— Não posso não! Você acha que vou levantar aqui no meio de todo mundo e abraçá-lo do nada?

Ela nada disse e apenas ficamos em silêncio. Eu temia ter sido um pouco rude com minha amiga, ela que sempre tenta me ajudar, mas não consegui evitar. Tinha esperado por esse dia a meses, para ele simplesmente acabar assim: dando tudo errado, como sempre. Tentei me acalmar, falando que isso não tinha sido nada. Não era para acontecer só isso.

Ela murmurou um tempo depois:

— Você pode sim dá-lo parabéns, é só dizer “Parabéns, Edward, te dou parabéns porque eu sou educada”.

Não respondi.

Talvez eu tenha tido a oportunidade perfeita quando tinha chegado e o encontrado sozinho no bebedouro. Porém, minha lerdeza — e timidez — mais uma vez ganhavam.

Edward passou a aula toda conversando com Irina. Na aula de biologia, as meninas pediram para eu calar a boca, alegando que eu estava falando demais hoje. Eu apenas ri e fiz drama, dizendo que não ia falar mais nada, quando Edward começou a conversar com Lauren:

— Eu estava indo para a UCC, né, e tinha um cartaz enorme na rua dizendo: “15 de novembro, o dia mais esperado do ano”.

Eu não o olhei, mas sabia que aquilo estava sendo redirecionado para mim.

— 15 de novembro? — perguntou ela, não entendendo.

— Bella sabe o que é, olha ela tentando esconder um sorriso aí — acusou, e eu sabia que ele me encarava. Eu ainda estava com o meu drama mexicano. — Robert Pattison.

— Aaaaaah! — exclamou Lauren, entendendo.

— Você vai a estreia? — ele perguntou, agora diretamente para mim. Jessica, Lauren e Nessie me olhavam. Não respondi. — Hein? — insistiu.

— Edward está falando com você, responda ao rapaz — Jessica provocou.

— Rapaz! — exclamou Lauren, antes de começar a rir. Eu tive que rir com ela, rapaz, eca.

— O vampirinho purpurinado — continuou ele.

— Não me dou ao trabalho de responder a uma peça como essa — eu disse, apontando-o com nojo. — Além do mais, vocês disseram que eu estava falando demais hoje.

— Mais isso não se aplica a outras pessoas — rebateu Jessica, rindo.

— Eu estava falando demais — insisti.

— Você não deve levar seu problema aos outros.

— Eu estou quieta porque estava falando demais.

Paramos com nossa briguinha boba.

— Teve o quê ontem na aula de inglês, Edward? — indaguei, mas tive que repetir. Ô menino surdo!

Ele ficou um tempo pensando.

— Ele corrigiu a prova da UCC.

— Você fechou inglês? — indaguei provocativa.

— Acertei quatro das cinco. — Ele me olhou por um tempo, já sabendo a resposta de sua próxima pergunta. — Você fechou, né?

— Claro — respondi presunçosa.

No intervalo, compramos nossa merenda e sentamos no banco lá em baixo, invadindo o território de Edward. Ele não estava lá, mas seus amiguinhos sim, e isso incluía a perua da Kate. Estávamos conversando animadamente, quando vi Edward descendo a escada, vindo em nossa direção. Ele passou por minha frente, dando um daqueles sorrisos idiotas dele.

Quando acabou o intervalo e subimos para sala, encontramos Victoria, uma garota espalhafatosa da outra sala, mas supergente boa. Ela estava sentada no colo de Quil, insinuando-se para ele e não tive como não rir de suas piadas. Eu estava sentada em cima da mesa de Nessie, assistindo a cena, quando meus olhos caíram para a parede no fundo da sala. Edward estava lá, encostado, quando Bree — mais umas das “amiguinhas” de Edward — parou em sua frente, a centímetros dele. Os dois começaram a conversar em sussurros, e eu tentei desviar meus olhos a todo custo daquela imagem, mas não conseguia. Ele a abraçou e afundou seu rosto em seu pescoço e ficaram um tempo assim. Senti como se mil facas estivessem sendo cravadas no meu coração, e meus olhos ardiam. Dessa vez eu sabia que eram lágrimas. Quando, enfim, consegui parar de olhar para lá, tentei me concentrar no teatrinho de Victoria, porém, de relance, ainda os via lá, juntinhos. Victoria percebeu o que estava acontecendo, e para “melhorar” minha situação, disse:

— Tá rolando ali, é? — indagou, apontando para o casalzinho.

Todo mundo parou para olhar e algumas disseram “eeeeeehhh”. Afundei-me mais ainda na mesa, quando ele disse:

— É! — E agarrou-a mais ainda, dando beijinhos em seu pescoço.

Deus. Como isso doía.

Nas aulas seguintes nada aconteceu. Dia mais que péssimo esse, tudo o que eu queria era ir embora. Já tinha passado da minha cota de sofrimento por hoje. Mas isso nunca seria suficiente para mim. Na aula de português, a professora mandou a turma se reunir com as equipes do projeto da unidade. Edward estava no grupo de Kate, e puxou sua cadeira para o seu lado. Boa parte da aula se resumiu nele mexendo nos cabelos dela.

Por que ele simplesmente não podia parar com essas coisas? Dor, dor, dor, como dói.

Na aula de história foi outra chatice. Permanecemos no mesmo lugar da aula de português, então Edward não estava mais perto do meu grupo. Quando eu estava indo para casa com Lauren, o vi parado no ponto de ônibus, mas fingi que nem tinha notado e passei direto, sem nem olhar para o lado.

Eu estava com muita raiva de Edward hoje.

Eu precisava de um novo plano, e já sabia exatamente o que devia fazer.

Ciúmes. 


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Notas finais do capítulo

Que tal comentar e recomendar? :)
Algumas pessoas vêm reclamando da demora do nosso casal favorito ficar juntos longo, mas a única coisa que posso dizer é isso: eles precisam crescer. Bella o ama mais que tudo, já admitiu isso, corre atrás ao seu modo, só falta Edward. Quem sabe o último dia de aula o acorde? Até lá, nada posso fazer, ele não vai se dar conta da burrada que anda fazendo do dia para a noite, tento deixar essa história o mais real possível, então, continuem acompanhando para ver o que vai rolar!
Gostaria que vocês seguissem o tumblr do meu livro: http://oenigmadosschneider.tumblr.com/
Post amanhã ou no sábado, beijos :)