Sicária escrita por Probleminhas


Capítulo 1
Ela, a Ardilosa




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Esgueiro-me pelas ruas, deslizando como uma garça. O cabo do punhal, incrustado de ricas joias, gela os nós de meus dedos. Não devo reclamar; Sou apenas uma sombra, um escravo, um soldado.

Sou um fantasma banhado pela chama da vida.

A morte entrecorta minha alma. A morte influencia cada movimento meu cada uma das minhas lágrimas.

Sou apenas uma jovem universitária inócua. Nem tenho meus vinte e cinco anos ainda e meus olhos fingem infantilidade sob a frágil camada de frieza que rodeia meu corpo igualmente doentio.

Então, por quê?

Por que cabe a minha pessoa impulsionar as rédeas do destino, cavalgando o cavalo negro das trevas e forçando-o a engolir cada carapaça humana e vomitar seus cadáveres imersos na bile asquerosa de meu equino chamado Óbito?

Minha mente está enferma.

Eu não sei por que estou aqui. Não sei como vim parar aqui. Não sei nem ao menos o porquê de minha voz estar tão embargada enquanto gravo essa fita.

Minha voz pouco importa. Tudo que importa é o que eu faço.

Eu sou uma facínora e mereço um fim. Mais que merecer, desejo-o; Por favor, me matem. Por favor, me cacem. Cacem Laurel Hill até que a prendam, condenem-na por matar 17 pessoas em apenas três anos. Três anos que, para mim, duraram uma eternidade.

Eu sou Laurel Hill. Uma parte dela, ao menos.

Observo as chamas que atei sob a casa do velho homem gordo que me assediara aos 12 anos. Ah, aqueles tempos eram tão ingênuos! Sem homens, sem drogas ou álcool. Sem absinto, cerveja ou maconha. Principalmente, não havia sangue.

Não há como voltar à minha era frívola e pueril.

Mas agora ela se sobrepõe sobre mim. Em toda minha vida, em meus vinte e três anos que duraram um milênio em meu tempo psicológico, ela se sobrepôs. Ela me subjugou, me profanou infinitamente até que fervessem em mim labaredas maculadas do ódio. Ela foi a única pessoa que odiei durante minha vida.

Eu quero chorar. Apenas quero chorar. Faz uma quinzena que eu não choro; Um recorde, visto meu estado emocional. Quero matá-la, mas logo ela tomará posse de meu corpo e o controlará novamente, me afugentando para os confins de meu cérebro enfermiço.

Eu sempre fui fria, impassível e bem humorada. Por que, então, estou uma pilha de nervos ultimamente? Por que estou explodindo comigo mesma e com os outros?

Por que eu consigo tomar controle sobre ela, puxar-lhe as rédeas e colocá-la em seu celeiro, mas ainda assim anseio por matar? Para descarregar minha fúria por ela?

Mas não matarei. Devo aquietar-me: Aqui estou eu, exuberando lágrimas e ódio sob minha fina máscara de indiferença, repleta de pontos fracos, e lá está aquela que eu tanto odeio, vicejando vida e alegria para depois arrancar-lhes, arrancar-lhes todos aos seus fetiches abjetos? Maldita.

Aquela sórdida necrófila.

Assim como eu, é risonha, bem-humorada, fria, zombeteira, indiferente. Repulso meu próprio ser por ter uma mera semelhança ao psicológico daquela criatura. É uma mulher alta, talvez com seus 1,70, de curvas anormalmente sensuais e os maiores seios que já vi em alguém de sua idade. A pele é lisa, sedutora e da cor de mogno, embora o rosto seja coberto por uma palidez fantasmagórica e algumas espinhas ocupem discretamente suas costas, devido ao abusivo uso de drogas.

Seus cabelos são de uma cor de ébano invejável, fechados para a luz, compostos apenas de trevas. As madeixas espetadas e de um ondulado quase completamente liso descem delicadamente até o começo de seu traseiro enorme. O corpo é obviamente fútil, mas não deixa de ser linda e apreciável. Infelizmente. A personalidade daquele ser é repulsiva.

Seus olhos cor de mel são levemente amendoados e de um brilho psicótico, que reflete seu jeito de ser. Como consumidora de livros, uma vez eu li Os olhos são a janela da alma.

É vaidosa, ambiciosa, mesquinha. Preocupa-se demais em destacar as suas curvas desejáveis apenas para ganhar algum dinheiro prostituindo-se. Isso com o corpo que não é dela. E, se for para ganhar dinheiro, não se importa em matar. Pode ser sicária, puta, qualquer coisa que dê à ela dinheiro suficiente para comprar as próximas tragadas de maconha.

Aquela mulher adoraria roubar meu punhal e matar-me para sempre. Mas não pode. Hesita, e sempre hesitará; Preza seu corpo físico, preza MEU corpo físico. Aquela maldita egocêntrica admira-se, e, em meio ao seu narcisismo, acredita ser belíssima, talvez a moça mais linda do mundo.

Mas nunca será bonita em seu psicológico. Em sua mente, é apenas um monte de lixo e, graças à suas malditas artimanhas, eu, minha mãe e meu pai somos as únicas pessoas à saber de sua existência. De sua inútil e maldita existência.

Devo assassiná-la. A única pessoa com quem sujarei as mãos de meu espírito será ela. Minhas mãos físicas há muito não mais são puras. A filha da mãe acha que nunca vou assassiná-la porque acredita que meu bom senso e boa índole são infinitos; Além de vadia, ela é totalmente retardada.

Eu sou o lado sano de Laurel Hill, quase totalmente reprimido e selado.

E ela é o lado insano de Laurel.

Ela é aquela que adoraria te assassinar dolorosamente caso você exponha essa fita.

A partir de agora, devo chamar-lhe de espectador dilacerado.


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