O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 30
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Começando a felicidade de novo! hahah Boa leitura!



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Completamente boquiaberta, fiquei encarando Sam esperando por uma resposta o mais rápido possível. Ao ouvi-lo dizendo sobre Andy ter encontrado o que poderia ser o endereço de onde os alunos poderiam estar, eu entrei em choque. Aquela era, com certeza, uma das últimas coisas que eu poderia esperar depois que Jonah fora pego pelos seguranças de Lilian.

Roman também se levantou do chão para que ficasse no mesmo nível que nós três.

- Como ele sabe?! – perguntei aflita.

- Jonah achou um papel na sala de Liliam em que estava marcado um endereço um pouco afastado da cidade, assim como internato, porém para o lado sul de Londres. – ele suspirou. – Porém, como já sabemos, Jonah fora pego pelos seguranças de Lilian. Andy disse ter os seguido até a entrada do internato e os viu colocando Jonah dentro de um carro e desapareceram na rua. Ele encontrou o papel no chão da sala de Lilian, então provavelmente ela não viu.

Mesmo tendo sido pego durante seu plano, Jonah conseguira ainda pensar em tudo, tanto que, provavelmente, deixara o papel cair de propósito para que Andy e Jenna o encontrassem e nos avisassem. Eu estava feliz com a notícia, mas ao imaginar que agora Jonah também sofria nas mãos de Lilian, senti um medo aterrorizador tomar conta de mim.

- E onde é exatamente esse local? – perguntou Roman com as mãos no bolso.

O clima parecia ainda mais frio do que dois dias atrás, provavelmente só aumentaria nos próximos dias.

- Rua Olympic, número 1700. – ele mordeu os lábios. – É um pouco longe daqui, mas podemos caminhar até a cidade e tentar pegar um táxi ou sei lá. Acho que tenho alguns trocados na mochila, assim posso pagar.

- Ok, mas temos que comer alguma coisa antes. – falei interrompendo-o. – Faz horas que nem vemos comida. Jesse colocou algumas barrinhas de cereal na mochila antes de sairmos, assim podemos enganar a fome por algum tempo. Mas precisamos de comida de verdade.

- Eu devo ter alguma coisa. – disse Roman antes de desaparecer dentro da cabana e voltar minutos depois carregando uma jaqueta e procurando por algo dentro dos bolsos. – Tenho... bom, não é muita coisa, mas deve ser o suficiente para comermos alguma coisa na cidade. Eu pago a comida e Sam, o táxi.

Jesse estava estranha desde de manhã, não dizia muita coisa e nem sequer opinava quando dávamos nossas opiniões em relação à outros planos futuros. Geralmente, ela iria discutir por conta de alguma ideia estúpida de Roman ou apenas diria sua opinião, então, vê-la quieta daquela forma era extremamente inquietante.

- Rua Olympic... – murmurou ela consigo mesma de repente. – Não sei porque, mas acho que conheço esse lugar.

- Conhece? – perguntei me sentando ao seu lado.

- Sim... acho que já devo ter ido lá ou coisa parecida. – ela mordeu o lábio inferior. – Não liguem para mim, deve ser a falta de sono e comida de verdade.

Nós rimos, entretanto, ela estava certa. Não aguentaríamos mais tempo sem dormir de verdade e comer alguma coisa que não fossem barrinhas de cereal.



A cidade estava extremamente movimentada, carros por todos os lados, pessoas andando com guarda chuvas e casacos pesados. Crianças brincavam com outras crianças, pessoas conversavam e riam tranquilamente, como se nada os estivesse impedindo de serem felizes. Naquele momento, eu sentia inveja deles, não sabiam da sorte que tinham em não precisarem se preocupar com perseguições, ameaças de psicopatas e sequestros em massa.

O taxista ouvia ao rádio tranquilamente enquanto um jornalista repassava as notícias do dia. Pelo o que entendi, uma garota fora morta durante um assalto quando entrara na hora errada numa loja no centro e os policiais estavam tentando encontrar o assassino.

Curioso, parecia que em cada canto da cidade alguém estava tentando escapar de algum psicopata ou coisa parecida.

No primeiro táxi que pegamos, o motorista ficara em silêncio a maior parte do tempo, apenas ouvindo as conversas entre Jesse e Roman e às vezes, opinando em coisas que ambos diziam. O homem achara engraçado o fato de estarmos indo para uma região tão afastada da cidade e não darmos nenhuma explicação. Tentou várias vezes tirar informações de Roman, quem por pouco não deu, mas fora impedido por Jesse, quem deu um tapa bem forte na boca dele.

Ao meu lado, Sam estava silencioso apenas observando e ouvindo os discussões e rindo quando Jes deu o tapa. Percebendo minha atenção sobre ele, Sam entrelaçou nossos dedos e colocou nossas mãos sobre seu colo.

- Tem alguma chance de você me beijar?

- Estamos dentro de um carro com cinco pessoas e você me pede para beijá-la? – sussurrou num tom de brincadeira. Vendo a forma insistente que eu o encarava, Sam assentiu negativamente e se aproximou lentamente. – Você é insaciável, Overton.

Primeiramente, fora apenas um toque de seus lábios nos meus, lento e delicado. Só mudara assim que nossos lábios se chocaram fortemente, tentando manter discrição por estarmos dentro de um carro com outras três pessoas. Eu senti que Sam sorrira por cima do beijo notando que minha brincadeira ainda pairava no ar.

Entretanto, todo o clima se foi assim que nos separamos e percebemos que haviam outras três pessoas naquele carro junto a nós e, bom, todos estavam nos encarando.

- Vão procurar um quarto. – disse Jes dando um tapa na cabeça de Sam, mesmo ela precisando praticamente se jogar em cima de Roman para fazer isso.

Nós rimos das crises de Jesse e quando Roman começara a falar que essa ideia de ficarmos nos beijando nas horas erradas não prestaria e se não poderíamos manter uma descrição pelo menos até o “Problema Lilian” acabasse.

Depois de longos minutos dentro do carro, finalmente paramos em frente à um restaurante, onde poderíamos comer algo antes de ir até onde os alunos estavam. Rapidamente, cada um comeu o que sentia vontade e quando terminamos, pudemos ir atrás de outro táxi para que nos levasse direto para o local do endereço que Jonah encontrara.

Pegamos mais uma vez um táxi, porém dessa vez o motorista era um homem mais novo e não fala muito, apenas escutava uma música instrumental no rádio. Enquanto o táxi se locomovia pelo trânsito de Londres, observei como a paisagem mudava a cada quilometro, passando de prédios altos para casas mais comuns e pequenas, alguma até feitas de madeira. Agora, estávamos passando por campos cobertos por grama ficando branca por causa da neve. A imagem de campo se tornou constante a cada quilômetro alcançado, nos levando até o endereço.

Franzi o cenho, o endereço estava nos levando para uma parte realmente afastada da cidade.

- Com licença, o senhor tem certeza que estamos indo para o lugar certo? – perguntei para o motorista, quem apenas levantou sua cabeça para que pudesse me ver pelo retrovisor.

- Sim, exatamente para onde estava escrito no papel que me entregaram. – respondeu ele voltando a prestar atenção na estrada.

Demorou muito tempo até que encontramos o local onde Liliam estava escondendo os alunos. O taxista estacionou o carro próximo ao que parecia uma calçada, para que pudéssemos descer. Enquanto Sam pagava o motorista do táxi, eu estava sem palavras para o que via – Liliam era definitivamente não apenas louca, mas muito esperta. Ela havia escondido os alunos sequestrados em um lugar mais que inesperado.

O lugar era extremamente grande, um prédio longo tomando conta de um quarteirão inteiro, com muros ainda mais altos que qualquer casa que jamais vi. Em cara canto de seu muro, havia uma torre para segurança, inclusive mais uma bem acima do grande portão com a tinta desbotada.

Olhei para os lados a fim de ver a reação dos outros e pude perceber que estavam ainda mais surpresos que eu, Roman com suas sobrancelhas arqueadas e Jesse, bom, Jesse estava mais que boquiaberta, na verdade ela encarava o lugar como se pretendesse sair correndo a qualquer momento. Sam veio até mim encarando-me atrás de uma resposta, mas eu apenas retornei a olhar na direção do prédio antigo.

- O que acha que ela está tramando? – sussurrou ele sem tirar os olhos do prédio.

- Não sei. Mas definitivamente, não é coisa boa.

O portão estava escancarado até a metade, como se tivesse sido aberto a muito pouco tempo. De fora, pude ver que havia um pátio cinzento até a entrada real do prédio onde Lilian escondera os alunos sequestrados por ela, como uma armadilha para mim.

- Tem como ser mais óbvio a armadilha? – disse Roman irônico. – Cara, isso não vai prestar.

- Quieto, Roman. – repreendeu Jes. – Só... só vamos achar todo mundo e sair daqui logo, esse lugar me dá arrepios.

Sem nem sequer avisar, Jesse seguiu em direção ao portão escancarado ameaçando entrar sozinha. Jesse estava nervosa quanto ao prédio, sentia medo de algo relacionado à ali, porém, não pretendia dizer, ela era muito quieta quanto a segredos. Juntos, a seguimos em direção ao prédio onde estavam os alunos sentindo que o medo estava presente naquele local.

Eu definitivamente não estava esperando o que via, ainda mais alguma coisa vinda da velha louca, como Roman diria.

O prédio era uma grande prisão abandonada, com lascas de tinta caindo das paredes, o som das vozes dos detentos nos trazendo calafrios e ainda por cima, os gritos dos garotos que foram sequestrados por Lilian.





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Notas finais do capítulo

#medo #medo