Melanie

Toquei o ombro livre de Sam tentando tirar sua atenção de qualquer coisa que não fosse a parede.

- Será que podemos conversar? – perguntei mais a espera de um “não” do que uma resposta afirmativa. – É importante.

Sam estava me ignorando, claramente preocupado com o fato de colocarmos os alunos do North England em perigo. Porém, ainda assim eu não conseguia entender seus atos, afinal, tudo o que eu estava tentando fazer era nos ajudar e não o contrário. Eu tinha a completa noção de que o que faríamos era perigoso e envolver os outros alunos ainda pior, entretanto, também possuía uma impressão boa quanto a Jonah nos ajudando. Aquele garoto conseguiria, eu sabia que sim.

Ele estava sentado em um dos troncos próximos a casa, tentava ficar o mais distante possível de mim, Jes e Roman. Quando estava preocupado ou aflito, Sam era do tipo que preferia apenas se afastar das pessoas queridas, pois, de acordo com ele, não queria transmitir sua preocupação para os outros.

- Sim.

Mesmo estando quieto e não olhando-me em meus olhos, agora eu sabia que Sam prestava atenção às minhas palavras.

- Eu sei que nosso plano e o de Jonah são perigosos, Sam. Mas você não viu o que ele disse ao telefone? Conseguiu com que todos concordassem em nos ajudar, isso significa que somos importantes. – eu disse sentando-me ao seu lado. – Mas se não fizerem, nunca saberemos onde os alunos estão! Olha, pode ser que estamos correndo um risco sério, porém se for para conseguir ajudar as pessoas que foram sequestradas, esse é um risco que eu pretendo correr.

Sam finalmente voltou seus olhos para mim. Ele estava com uma expressão cansada, chegando a ficar exausta. No mesmo instante, senti-me culpada por tudo aquilo e o que mais quis, fora desaparecer.

Sim, desaparecer.  Por mais que eu não quisesse admitir, tudo aquilo fora causado por meu pai, ele que começara a guerra contra Lilian e agora, a deixara com eu no comando. Não era justo, por que simplesmente não deixar Lilian com o dinheiro e nunca mais perturbar nenhum aluno?

- Não é por isso que estou incomodado, Mel. – murmurou.  – É mais, porque... bom, nem eu sei ao certo. Tudo o que eu quero mais nesse momento é encontrar esses alunos, ajudar a prender Liliam e... poder finalmente sair daqui. – Sabe, poderemos viver nossas vidas em paz.

Ele passou as mãos nos cabelos negros mostrando o quão nervoso estava.

- Eu espero que esse dia chegue logo. – aproximei-me mais dele apoiando minha cabeça em seu ombro e ele, passou um braço ao redor do meu. – Isso me lembrou de quando o conheci. Você usava a camisa 9 de futebol.

- Ainda uso. – sorriu. – Logo aquela camisa vai criar rasgos, nos jogos sempre me puxam por ela, não sei como ainda não tem nenhum buraco. – um riso escapou de seus lábios. – Bons tempos quando eu ainda esperava chegar. Lembro quando seu pai me disse para cuidar de você. A garota que John Overton me pedira para cuidar... quem diria que eu me apaixonaria por ela.

Sorrindo, aconcheguei-me em seus braços.

- Eu te amo, Sam. – sussurrei. – Você é o meu garoto da camisa 9.