O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Quando eu tinha postado esse cap, a fic fez um mês *---* saudades define



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A cabana em que passaríamos a noite era bem mais do que eu esperava. Jes e Roman nos conduziram por entre a neve até o que parecia uma clareira bem no centro do bosque, onde havia uma casa de madeira entre as árvores. Obriguei-me a pensar que poderia haver alguma coisa muito sinistra naquela cabana, mas quando entramos, mudei de idéia instantaneamente. Era bem grande, com quatro cômodos, incluindo o que parecia uma sala, mas muito menor. Estava um pouco bagunçada e parecia estar abandonada há alguns anos, pois havia sujeira para todos os lados. Nos quartos, ainda haviam restos de camas onde poderíamos dormir e usar os casacos como cobertores durante o frio da noite. A cabana tinha um teto baixo, provavelmente alguém alto como meu pai bateria a cabeça ao tentar ficar de pé.

Em um dos quartos, alguns pedaços de madeira cobriam o chão, provavelmente caíram durante um vendaval ou apenas uma chuva forte. Juntei-os num canto para que ninguém tropeçasse.

- Pelo menos vamos conseguir dormir essa noite. – falei enquanto retirava o que parecia um lençol velho e rasgado. – Têm lareiras nos dois quartos?

- Sim. – Jes pegou um isqueiro de seu bolso e ascendeu a lareira de um dos quartos, depois foi para o outro e repetiu o feito. – Quem será que morou aqui?

- Não sei... – Mas isso não importa agora. Estamos em perigo fora daqui e provavelmente, não poderemos voltar para o internato, se não, Liliam nos mata.

Eu me sentia estranha ali dentro, quase como se houvesse algo de errado com aquele lugar. Senti um arrepio na espinha ao pensar quem poderia ter morado em uma cabana como aquela em meio à um bosque no meio da parte um pouco distante do centro de Londres. A cabana parecia ter sido usada por lenhadores há muito tempo atrás, pois havia toras de madeira do lado de fora e muitos sinais de árvores derrubadas.

Jes assentiu com a cabeça.

- Resolveremos o que fazer de manhã. – ela tirou um pouco de neve do cabelo. – Está todo mundo muito cansado, resolver alguma coisa agora não é uma boa idéia.

Sam e Roman apareceram no mesmo instante carregando em seus ombros grandes pedaços de madeira para colocar nas lareiras.

- Onde arranjaram isso? – perguntei ajudando Sam a colocar um pedaço de madeira pesado em um dos quartos.

- Estava aqui do lado. Acho que algum lenhador largou esses pedaços ali e sei lá, esqueceu. – Sam esfregou as mãos tentando se esquentar. – Podemos usar caso falte madeira durante a noite.

- Um lenhador esquecer os restos de madeira? – Jes franziu o cenho desconfiada. – Pouco provável.

Sam deu de ombros e olhou para um dos quartos, provavelmente se sentiu atraído pelo calor que a lareira emanava deixando o quarto numa temperatura agradável. Sorri ao perceber sua reação, pois era exatamente o que eu sentia.

- Bom... – disse Roman, ele parecia desconfortável. – Só tem camas de casais nos quartos e...

- Você vai dormir no chão. – interrompeu Jes indo direto para o quarto onde os dois ficariam sem nem ao menos deixar Roman responder. Claro, cai na risada não aguentando aquela cena. – E nem tente discutir!! – berrou ela de dentro do quarto.

Roman soltou um longo suspiro cansado e a acompanhou um pouco desapontado.



Havia esfriado muito durante a noite, tanto que tivemos que colocar mais madeira duas vezes em cada lareira para que pudéssemos dormir. Sam suspirava alto enquanto dormia, provavelmente estava tão cansado quanto eu, pois deveria ter ficado desesperado ao não me encontrar enquanto fugíamos de Lilian no internato.

O corte em minha bochecha latejava um pouco, não me deixando dormir calmamente como eu queria. Por sorte, eu colocara alguns remédios dentro da mochila que trouxe de meu quarto e pude usar um para amenizar a dor e impedir uma infecção.

- Está frio. – sussurrou Sam, os lábios de encontro ao meu pescoço. Eu estava deitada de costas a ele, e por isso, me virei, ficando cara a cara com seus olhos negros. Ele sorria, mas ao tocar sua pele, percebi que estava bem fria, mais do que o normal.

Em resposta para a sua “indireta”, fui para mais perto dele e me aninhei de encontro ao seu peito, ficando com um de seus braços em minhas costas puxando-me para mais perto dele. Era bom estar assim naquele frio intenso, com uma pessoa que amo tanto. Sam soltou o ar que reprimia nos pulmões, parecia que estava se sentindo melhor daquele jeito.

- Quando isso tudo acabar, - disse de repente. – vou leva-la num encontro. Sabe, para namorar direito.

Sorri ouvindo aquilo. Sam queria “namorar direito”, isso era uma daquelas frases maravilhosas que qualquer um sonha em ouvir e, para minha mais completa surpresa, eu estava ouvindo.

- Então espero que tudo isso acabe logo. – me aninhei mais perto dele, sentindo sua respiração de encontro a meu cabelo. – Não vejo a hora de sair daqui. Você acha que temos alguma chance de vencer Lilian?

- Sim. – sussurrou. – Mais do que certeza.

Mesmo sentindo que havia uma pontada de insegurança em sua frase, ignorei meu medo e fechei meus olhos. Ele beijou o alto de minha cabeça e em minutos, eu estava em sono profundo, sonhando com Liliam, Sam e meu pai...



Acordei com o som de algo batendo na madeira da cabana e com o sol forte em meus olhos. Era uma maneira ruim de acordar, mas me esqueci completamente disso quando me virei e encontrei Sam dormindo como uma criança – sua expressão suavizada pelo sono e me prendia contra ele como se eu fosse um travesseiro ou urso de pelúcia. Consegui levantar um pouco do meu tronco sem acordá-lo, mas ainda estava presa em seus braços.  Tirei alguns fios rebeldes de seu cabelo que caiam sobre os olhos e desci meus dedos de suas sobrancelhas até o queixo, onde deslizei-os por seus lábios. Caramba, Sam tinha sono pesado.

Fiquei daquele jeito por mais algum tempo não conseguindo conter um sorriso vendo-o se mexer várias vezes e até mesmo sussurrar meu nome. Continuei assim até que ele abriu os olhos bem lentamente. Quando me viu, exibiu um sorriso largo e um pouco sonolento.

- Oi. – falei. Uma de minhas mãos descansava em seu peito, enquanto a outra ajudava-me a me apoiar. – Você tem sono pesado, sabia?

- Tenho? – ele coçou os olhos. – Deve ser porque você dormiu aqui comigo. – ele passou uma mão em meu braço por cima da blusa grossa. – Ainda não acredito que já é de manhã... Temos mesmo que ir?

- Sam, nem pense em amarelar! – comecei a rir quando disse isso e em resposta, Sam apertou meu nariz com seu dedo indicador e o do meio.

Deslizou a mesma mão por meu rosto até que chegou em meu queixo. Sem nem ao menos hesitar, abaixei o rosto para que nos beijássemos. Ele tocou os lábios nos meus de leve no começo, apenas como uma forma de reconhecimento de minha boca. Senti sua mão indo até minha nuca e fazendo pressão, numa forma de eu ficar mais próxima dele.

Sorri quando percebi que ele ergueu o tronco, empurrando-me de leve para o lado enquanto ainda nos beijávamos, e quando vi, ele estava em cima de mim. Seus lábios traçaram uma linha por minha bochecha até que desceram para meu pescoço, conseguindo retirar suspiros de mim. Mas então, voltei à realidade quando senti sua mão subindo minha camiseta.

- Sam, não. – sussurrei segurando seu pulso. – Jes e Roman estão aqui do lado.

- Eles estão dormindo... – disse voltando os lábios para meu pescoço. Eu lutava entre o prazer que estava sentindo e o fato de que não podíamos. Não naquele lugar e nem naquele instante. – Não vão ouvir nada...

- Sam, eu estou falando sério! – falei com firmeza, fazendo-o finalmente parar. – Outro dia, ok? Agora... agora não é certo. – vi que seus olhos mostravam o quanto ficou desapontado, mas eu tinha razão. Aquela, não era uma boa hora.

Ele suspirou e se levantou da cama, indo em direção da lareira para apagar o fogo que queimava mesmo com o vento gelado que entrava por entre as frestas da madeira. Coloquei uma jaqueta grossa por cima da blusa que usava e fui atrás de Jes e Roman, os quais provavelmente ainda dormiam. Abri a porta do quarto lentamente encontrando a cena mais hilária de toda minha vida.

Roman estava na cama, deitado com Jes, mas o pior nem era isso e sim, o fato que eles dormiam abraçados.

Claro, comecei a gargalhar escandalosamente, fazendo os dois levarem um grande susto.

- Mas que droga...? – Jes olhou para o lado e quando viu Roman, juro que quase fiquei surda com o grito dos dois. Cada um pulou para o lado me fazendo-me rir ainda mais.-  Roman, o que você está fazendo na minha cama, seu imbecil?!

- Eu não sei! – berrou ele coçando a cabeça. – Acho que sou sonâmbulo...

- Sonâmbulo?! – disse Jes irritada – Sério? E foi me avisar isso só agora?

- Eu esqueci, Jesse! – ele se levantou rapidamente com o rosto corado.

Os dois ficaram discutindo por um bom tempo, coisa que me fez rir muito, pois colocar Jes e Roman juntos sempre causa motivo para risos altos e grandes palhaçadas. Aquela cena estava sendo uma ótima escapatória para o que poderia acontecer daqui algumas horas...






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Notas finais do capítulo

RINDO ETERNAMENTE KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK



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