Intenato North England, Londres, Inglaterra.  14h e 25min. 1 ano atrás

John pegou a primeira folha de papel que encontrara na sala e, tremendo e suando, escreveu a carta para ela mais rápido do que sua mente poderia naquele momento. A mulher chegaria logo, ele teria que escrever a carta o mas rápido possível, pois sabia que dessa vez, ela não deixaria viver. Já enfrentara aquela mulher por tanto tempo que o desgaste já se tornara visível em seus olhos e a forma com que seu corpo agia. Os dedos escorregavam da caneta de forma constante, irritando-o por não poder fazer aquilo mais rápido.

Deu todas as instruções que ela precisaria, mas que apenas ela e mais ninguém pudesse entender. Não havia como esconder seu medo, estava presente em seus olhos da mesma forma que o medo começava a perturbar John e o fazer ter alucinações. Agora, via como se a caneta em suas mãos criasse vida e assumindo uma forma comprida e escorregadia, John viu sua caneta se transformar em uma cobra.

Não é real.

Não é real.

Não é real.

Repetiu a mesma frase diversas vezes em sua mente enquanto terminava de colocar as últimas palavras em ordem. Releu a mesma pelo menos duas vezes certificando-se que ela entenderia tudo como uma indireta difícil de se solucionar, porém, nada complicado e demorado.

John! Onde você está?

Ouviu a voz da mulher cantarolando no andar de baixo. O som de sua voz fez com que o desespero tomasse conta de John mais uma vez e as alucinações voltaram. Ela viu a lâmpada do porão se transformando em uma cobra, assim como a caneta e se esgueirar para dentro de sua blusa. Fechou com os olhos com força tentando afastar as alucinações e voltar-se para a carta em suas mãos.

John! Querido, onde você está?

Ela o chamava de uma forma sarcástica, pois nunca se referia a John como “querido”. A mulher o queria morto e por essa razão, o procurava por cada canto de seu amado internato esperando encontra-lo e finalmente dar fim naquela espécie de saga.

John dobrou a carta muitas vezes e escreveu na parte de cima o nome da garota que seguiria as instruções que ele colocara na carta. Ela teria que entender, pois se não, a mulher conseguiria o que tanto queria e assim, a menina também morreria.

Ele escondeu a carta onde a garota provavelmente encontraria e se voltou para a porta do porão rezando para que nada o esperasse do outro lado. Antes que pudesse chegar a porta, havia um estreito corredor úmido e gelado, o qual John teria que atravessar para poder chegar até o final. Apenas no centro havia uma lâmpada e por isso, sua visão do que estava  a sua frente era mínima. Ele se esgueirou apoiando-se pelas paredes até finalmente encontrar a maçaneta da porta do porão. Sorrindo aliviado, John abriu a porta e fechou-a logo atrás de si.

Ele havia conseguido.

A primeira fase de seu plano estava concluída.

Ao se virar, sua respiração até mesmo parou ao encontrar o que estava bem a sua frente. O sorriso maquiavélico da mulher estava estampado em seus lábios de uma forma ameaçadora que apenas ela conseguiria ter, assim como seus braços esticados na direção de John com uma arma em suas mãos. Ele encarou o cano da arma apontado na direção de seu peito sem a menor piedade e os dedos da mulher que já se prendiam no gatilho.

- Achou mesmo que fosse escapar? – ela riu. – Tarde demais.

John respirou fundo esperando pelo estrondo e logo em seguida, o tiro que o atingiria bem no peito. Fechou os olhos tentando lembrar-se da garota que conseguiria seguir suas instruções, sua filha tão amada que, mesmo enfrentando à aquela mulher, faria com que John pudesse morrer em paz.

Estava feito e nem mesmo sua morte poderia mudar isso.

Um som alto encheu os ouvidos de John Overton e como o esperado, logo em seguida uma bala o atingiu no peito. A pressão fez com que ele tombasse para trás e seu corpo atingisse o chão pesadamente. John arquejou sentindo que sua visão começava a escurecer e o chão ficasse coberto com o sangue vermelho.

E assim, John Overton jazia completamente morto aos pés de sua assassina.