Ela é Demais! escrita por Kel Costa


Capítulo 15
Capítulo 15




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Kiara estava na cozinha, mexendo em alguma coisa nos armários e eu tentei passar por ali sem que ela me notasse, mas a garota parecia ter olhos nas costas. Ela virou a cabeça para trás - quase igual ao filme Exorcista - e mostrou seus dentes brancos.

- Prima, vem cá!

Me aproximei dela e já que estava na cozinha, me perguntei por que não poderia fazer uma boquinha. De Kiara, claro. Ok, isso não seria legal.

- O que?
- Eu nunca te vejo comer nada. Não é dieta, é? Porque você nem precisa disso.
- Não. Não é dieta.

É apenas um tipo de alimentação diferente. Sorri tentando ser simpática e despistá-la.

- Eu como e muito! Sou esfomeada mesmo, mas acho que você nunca esteve presente nessas horas.

Até porque acho que ela se assustaria ao me ver comendo. Kiara tirou uma caixa de biscoito de dentro do armário e eu nem sabia que tinha aquilo ali. Charlie provavelmente deve ter comprado comida para ela. Minha prima abriu o pacote, pegou um biscoito doce e me ofereceu também.

- Hum, não obrigada. Não sou muito fã dessa marca.
- Oh. Que pena...
- Pois é. Meu pai sempre se engana.

Deixei Kiara comendo seus biscoitos e voltei para meu quarto. Já era de noite quando meu pai chegou e eu fui até seu quarto falar com ele. Bati na porta e ele me mandou entrar em seguida.

- Oi querida. Como foi seu dia?
- Normal. Queria falar contigo, pai.
- Sobre?

Sentei na cama dele, dobrando minhas pernas e observando ele arrumar meticulosamente suas roupas nos cabides.

- Pai, Kiara hoje tocou num assunto que eu não soube muito bem como sair. Ela tem notado que eu não como. E vai notar o mesmo de você.
- Ela te falou isso?
- Me perguntou hoje de tarde lá na cozinha. E isso porque tem pouco tempo que ela mora com a gente, né? O que vamos fazer com o passar dos dias?

Nem sei para que eu estava fazendo essa pergunta, pois pela cara do meu pai, ele estava tão sem resposta quanto eu. Charlie coçou a cabeça e sentou-se ao meu lado.

- E se nós... comêssemos de vez em quando com ela?
- Nem pensar!

Ele ficou de pensar numa solução para nosso "problema" e enquanto isso eu decidi sair para caçar. Todo esse papo de comida, biscoito e tudo mais, tinha aberto consideravelmente o meu apetite. Me arrumei e fui para a rua à procura da caça. Estava andando por uma rua praticamente deserta, mas tinha avistado um homem estranho perto de um beco. Não eram os melhores, mas eu me sentia um pouco melhor quando me alimentava de foras-da-lei. Dei a volta pela rua, para chegar por uma outra entrada do beco, que era mais escondida e quando estava próximo da minha vítima, senti uma coisa bem familiar atrás de mim. Virei-me rapidamente e dei de cara com um homem tão pálido quanto eu. Loiro. Olhos vermelhos. Um vampiro.

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- Isabella Swan.

Quando ele pronunciou o meu nome, a ficha caiu. Ele me conhecia e pelo seu sotaque, eu sabia exatamente de onde ele me conhecia. Virei de costas novamente para mostrar meu descaso, mas antes de poder me mover, ele surgiu na minha frente. Seus olhos se estreitaram enquanto ele sorria maliciosamente, passando o dedo polegar pelo lábio inferior.

- O que é isso, Isabella? Não vai cumprimentar um conhecido?

Eu sabia que ele era um Volturi, isso já estava bem claro para mim, mas eu não sabia quem ele era exatamente. Todas as minhas lembranças daqueles dias fatídicos eu tentei apagar de minha mente, pois me doía pensar nisso.

- Você quer sair do meu caminho, por favor? Minha caça vai perceber nossa presença aqui.

Pedi, rosnando baixo, apenas para que ele me ouvisse. O loiro virou-se ligeiramente para trás, olhando a minha vítima e deu alguns passos para o lado, me dando passagem.

- Como sou um perfeito cavalheiro, vou deixar que se alimente. E a propósito, acho que você se esqueceu... Mas meu nome é Alec.

O estalo na minha mente. Alec. Era lógico que eu sabia quem ele era. Tão ruim quanto a pequena loira. Minhas pernas travaram no mesmo lugar, mas me obriguei a me mover para não aparentar fraqueza. Fui em direção ao pobre - ou não - homem ali no beco. Olhei para trás quando me afastei e vi que Alec tinha se escondido para não ser visto pelo homem. Minha vítima aparentava ter uns 30 anos e ao me ver, ficou alegre por achar que tinha petisco dando sopa na área. Bem, talvez ele estivesse certo, mas o petisco era ele.

- Oi delícia. Está perdida?

Um verdadeiro malandro, sorriso faceiro no rosto enquanto me olhava dos pés à cabeça. Eu sentia o sangue correr mais rápido agora por suas veias, excitado do jeito que ele estava. Sua jugular me chamava, pulsante e minha mente não parava de pensar no Volturi lá atrás. O que ele estava fazendo em Forks? O que queria? Meu pai sabia?

- Ei!

Estava tão distraída que o homem me puxou pela cintura, colando sua boca no meu pescoço, me pegando desprevinida. Rosnei para ele, expondo meus caninos e puxei seus cabelos, levantando seu rosto. Seus olhos me fitaram, arregalados e antes que ele soltasse o grito que estava prestes a sair, eu cravei meus dentes em sua veia, deixando seu sangue jorrar para minha boca. O que eu ouvia agora além das súplicas da vítima, era o som de palmas ecoando pelo beco. Rolei meus olhos procurando por Alec e o vi já perto de mim, apenas 1 metro de distância.

- Meus parabéns! Tática perfeita, se deixar ser agarrada! Ataque perfeito também.

Soltei o corpo mole do homem, mas não tinha matado ele ainda. Na verdade, em minhas últimas duas alimentações, eu não consegui matar as vítimas. Tinha deixado-as desacordadas por minha vontade. E não foi diferente dessa vez. Suguei o suficiente para me alimentar e soltei seu corpo, que foi escorregando pela parede até ele cair sentado.

- Fique longe de mim!

Encarei Alec, colando meu rosto no dele e olhando-o profundamente. Eu acho que ele se lembrava muito bem que eu não gostava de brincadeiras. Me afastei e pude ouvir o estalar de um pescoço. Era óbvio que ele não deixaria o homem vivo. Era uma testemunha.

- Nós ainda não acabamos, Bella.

Quando senti que ele estava vindo atrás de mim, movi um latão de lixo, daqueles de depósito, que tinha ali no beco, na sua direção e o imprensei contra a parede. Consegui ouvir o baque do seu corpo, chocando-se no concreto e fiquei satisfeita.

- E para você, eu sou Isabella.

Aproveitei a vantagem que ganhei e saí depressa do local. Tomei o cuidado de não deixar meu rastro muito evidente até minha casa, então fiz vários caminhos, passando por lugares completamente distintos. Não podia correr o risco de trazer Alec até minha família. Kiara não tinha nada a ver com nossos problemas... nem... Edward.

Entrei em casa e fui direto ao quarto do meu pai, que estava vendo televisão. Ele se assustou com o jeito que entrei no quarto, já que sempre batia antes.

- Bella?
- Pai, Alec Volturi está em Forks?
- Alec...?
- Volturi, pai! Itália...

Seus olhos enegreceram quando ele entendeu do que eu estava falando. Meu pai, que até então tentava viver com um chefe de família pacato e trabalhador, tinha se transformado no bom predador que era. Eu gostava de vê-lo daquele jeito, pois me fazia sentir segura, mesmo sabendo que não precisava de proteção.

- Onde você o viu?
- Ele me achou. No centro. Eu fui caçar e ele apareceu de surpresa. Eu tentei o máximo que pude, despistá-lo para não me seguir, mas não sei se consegui. Fiquei com medo por causa de Kiara. Pai, o que ele está fazendo aqui? Achei que fossem nos deixar em paz.

Eu tinha surtado ou era impressão minha? Meu pai segurou-me pelos ombros e seus olhos voltaram ao normal enquanto ele sorria debochado para mim.

- Está entrando em pânico, Bella? Você não é assim.
- Eu sei. Foi apenas... um colapso.

Ele suspirou e andou até a janela, observando o lado de fora por alguns minutos.

- Você vai precisar tomar conta da sua prima enquanto ele estiver por aqui. Eu vou descobrir o que ele quer, fique tranquila.


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