Death Note: Ressurreição escrita por Goldfield
Crise no sistema democrático
Onde está a justiça?
Crise no sistema democrático
Onde está a justiça?
Assassinos à solta depois de julgados
Quem punirá seus crimes?
Assassinos à solta depois de julgados
Quem punirá seus crimes?
Hey, hey, francesinha
Seja o juiz, seja o Kira!
Hey, hey, francesinha
Seja o juiz, seja o Kira!
Porque em terra de justiça cega
Quem tem um caderno é rei!
Porque em terra de justiça cega
Quem tem um caderno é rei!
Hey, hey, francesinha
Seja o juiz, seja o Kira!
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Capítulo XVIII
“Sabatina”
Justine pareceu não se surpreender ou intimidar diante do sorriso do Shinigami. Pelo contrário: sentou-se pacientemente na cama e, sem perder seu olhar inquisidor, preparou-se para ouvir as explicações de Masuku. Este girou mais uma vez sobre a cadeira, resvalou de leve as asas no PC e na escrivaninha, e em seguida respondeu:
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Clare recebeu a afirmação com naturalidade. Sua expressão facial permaneceu a mesma, seu corpo nem se mexeu. E, aparentemente alheia por completo ao impacto que aquela revelação poderia causar, ouviu o deus da morte dizer:
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Seguiu-se um momento de desconcertante silêncio, para ambos. Súbito, Masuku ergueu-se da cadeira de modo um tanto desajeitado e, de pé diante de Justine, pousou uma de suas mãos no ombro direito da jovem. Num tom eloqüente e superior, como um pai falando a sua filha, pronunciou-se:
–
O semblante da francesa alterou-se drasticamente. De sério e inabalável, transformou-se numa careta de rejeição, uma face emburrada e discordante. Com um movimento rápido de sua mão esquerda, empurrou o braço do Shinigami de cima de seu ombro e, ríspida, inquiriu-o:
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A indagação veio por parte de Nise, que surgira sem mais nem menos pela janela, mais sutil e aterrador do que um espectro. Justine fez menção de rebater a fala do recém-chegado Shinigami de cabelos cinzentos, porém este, numa ação inesperada, esticou os dois braços e empurrou a estudante deitada sobre a cama, num claro gesto de repreensão. Clare cerrou os punhos, mordeu os lábios e, fazendo o possível para controlar sua fúria, ouviu-o dizer:
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Frente a essa assertiva, Justine estremeceu.
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Os músculos de Clare se retorceram de leve, punhos ainda fechados, seu corpo abalado por ligeiro tremor. Um observador mais atento diria que a moça estava prestes a ter um ataque histérico, porém se controlava com o máximo de sua vontade. Mesmo tendo ideais em comum, de repente a loira sentiu-se como um mero joguete dos dois Shinigamis, uma ferramenta que poderiam descartar a qualquer momento. Respirou fundo e, contendo seu ímpeto de destruí-los, apesar de ainda manter certo tom raivoso na voz, rebateu:
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Os deuses da morte se calaram, observando uma Justine ofegante levar alguns instantes até conseguir voltar a falar, ainda se contendo:
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E, após dizer isso, o Shinigami de cabelos cinzentos voou através da janela, sua silhueta desaparecendo na escuridão da noite. Masuku, por sua vez, tornou a se voltar para o PC ligado e a universitária, inabalável, apanhou o Death Note de capa falsa, acomodou-se na cama e passou a executar alguns julgamentos atrasados, tendo memorizado alguns nomes e rostos em sua mente. Ela conseguiria contornar tudo aquilo. Ela mostraria ser realmente digna de ser Kira.
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O ambiente no quarto de hotel com as luzes apagadas era um tanto sombrio. A única iluminação provinha das telas dos notebooks ligados pelo recinto, em diferentes posições, todos exibindo o conteúdo gravado pelas câmeras de segurança do mercadinho em Montparnasse, obtido por intermédio de Junot. Parcialmente imersos na penumbra, dois ou três investigadores assistiam ao vídeo sentados ou de pé diante de cada computador, e Adams os informara que uma cópia também fora enviada a “R”, estando sob sua análise pessoal.
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Um breve silêncio dominou o recinto antes que Souza falasse:
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Todos voltaram suas cabeças para um dos cantos do lugar, onde, sobre uma pequena cômoda, Adams, engolido pelas sombras como um arauto macabro, acabara de abrir seu notebook, o qual exibia a costumeira tela branca com o “R” estilizado em preto no centro. Através dos alto-falantes, o líder da investigação explicou aos detetives:
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A equipe não conseguia compreender qual seria o esquema de “R”, ainda mais por envolver o funcionário do mercadinho, no entanto foi convencida pela segurança presente em suas palavras. A transmissão encerrou-se de súbito, Ernest fechando o laptop enquanto os policiais voltavam ao exame das gravações. Não podiam deixar escapar nenhum detalhe. Errar àquele ponto era algo inadmissível.
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Era dia no local de onde “R” se comunicava, a figura estando sentada de cócoras sobre o assoalho no chão, trajes negros e pés descalços, de frente para um notebook. A luz do dia penetrava pouco no recinto, através das frestas entre as cortinas do quarto. Pressionando um pequeno botão perto do teclado, o misterioso personagem desligou o computador, repousou uma das mãos sobre o joelho direito, sacudiu de leve os longos cabelos pretos e se voltou para a cama, junto à qual, oculta pelas sombras, encontrava-se a sinistra forma alada semelhante a uma gárgula. Ela ouviu o outro dizer:
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E, alongando os braços, complementou:
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A pequena garotinha loira de olhos verdes encontrava-se sentada no colo do idoso, o qual, por sua vez, achava-se acomodado numa velha poltrona da modesta sala. A criança, trajando vestido azulado e pequenas sandálias, não devia ter mais que seis anos de idade. Já o senhor aparentava estar no início da caminhada até a velhice, possuindo traços físicos ainda um tanto conservados, porém dono de um rosto triste. Tentando manter uma expressão serena no mesmo, ele ouviu a menina perguntar:
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O olhar do idoso se perdeu por um instante através do cômodo vazio, e ele respondeu, depois de um suspiro:
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François riu. Sua neta era realmente muito esperta. Puxara à mãe. Pena um destino tão trágico ter se abatido sobre sua família, comprometendo tanto a felicidade da jovem Justine. Mas ele moveria céus e terra para dar a ela uma vida repleta de alegrias e realizações. Não descansaria enquanto não visse um sorriso sempre presente na face da órfã.
O humano que usar este caderno não poderá ir nem para o Céu e nem para o Inferno...
O humano que usar este caderno não poderá ir nem para o Céu e nem para o Inferno.
O HUMANO QUE USAR ESTE CADERNO NÃO PODERÁ IR NEM PARA O CÉU E NEM PARA O INFERNO!
Justine acordou aflita, corpo coberto de suor, lençol da cama atirado longe. Ofegante, olhou ao redor, tateou o colchão e o travesseiro... Num dos cantos do quarto escuro, a silhueta de Masuku encontrava-se sentada junto ao encontro das paredes, apenas o intenso brilho vermelho de seus olhos estando distinguível... Fora um pesadelo. Somente um pesadelo...
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Death Note – Histórico:
Mello consegue obter o Death Note em poder da polícia japonesa e liberta Sayu, que acaba em estado catatônico. Nisso, o Shinigami Sidoh vem ao mundo dos humanos em busca de seu caderno, que fora roubado por Ryukuu, deus da morte que concedeu o mesmo a Raito. A visita de Sidoh contribui com informações valiosas para a investigação do detetive rival de Near...
A situação se torna ainda mais tensa. Kira descobre a localização do esconderijo de Mello, e uma batalha entre a máfia e a polícia, em cuja força toma parte Soichiro Yagami, pai de Raito, ocorre. Em meio à explosão de bombas plantadas pelo local, Mello é ferido, mas sobrevive... enquanto Soichiro acaba perecendo.
Encenando desespero por fora e mantendo sua frieza por dentro, Raito Yagami assiste à morte do pai sem arrependimentos. O caráter de Kira já fora totalmente corrompido pelo poder do Death Note. O humano utilizando-o agora se tornaria apenas uma criatura cada vez mais desprezível, até sua derrocada...
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Sexta-feira. Manhã em Montparnasse.
Tudo estava tranqüilo no mercadinho cujo gerente era Adam Chambert. Este, desde o início de seu expediente, encontrava-se fechado na sala dos fundos, ocupado com tarefas envolvendo listas e contabilidade. Coisa que Henri, o outro funcionário, odiava. Ciências exatas não faziam seu estilo. Quando pudesse, desejava cursar Psicologia. A área simplesmente o fascinava e, caso fosse competente em seu trabalho, certamente teria também bom retorno financeiro. Àquela hora, varria o estabelecimento, aproveitando a ausência momentânea de fregueses, quando a porta de entrada se abriu. Por reflexo, o rapaz ergueu a cabeça e já ia indagar o que a pessoa, ou pessoas, recém-chegadas desejavam, porém viu-se de frente para um sisudo homem de óculos escuros, sobretudo e gravata, que o examinava de alto a baixo de pé junto a uma prateleira contendo artigos para o lar.
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Só nesse instante o jovem lançou os olhos sobre o carro preto estacionado junto à calçada diante da loja, certamente propriedade daquele que viera buscá-lo. Um arrepio percorreu seu corpo. Teria se metido em alguma encrenca? Para quem trabalharia aquele sinistro sujeito? Polícia? Governo? Antes de tirar conclusões precipitadas, preferiu perguntar:
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Largando a vassoura e caminhando a passos incertos, Henri acompanhou o personagem até seu carro, sentando-se de modo desconfortável num dos bancos da frente. A um sinal incomodado do motorista, o francês lembrou-se de abotoar o cinto de segurança, enquanto indagava:
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Ernest pisou no acelerador, e o veículo deixou as ruas de Montparnasse rapidamente.
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Justine simplesmente não conseguia se concentrar na aula. As palavras da professora eram para si como uma língua desconhecida e incômoda. Entre os breves e isolados burburinhos dos alunos, o som de páginas sendo viradas, lápis sendo apontados, alguns risos... Ela se sentia vigiada, observada, sondada por tudo e todos ali. Temia que seu segredo já fosse conhecido por um grande número de pessoas, e que a qualquer momento alguém agiria contra si baseado nisso. O pior era a recordação do sonho que tivera na noite anterior... A lembrança da infância, a temível frase a respeito do destino dos usuários do caderno ecoando em sua mente, tomando forma como se inscrita em letras de fogo, deixando uma cicatriz em sua consciência para sempre...
Mas ela tinha de resistir ao medo e seguir em frente. Não se deixaria vencer tão fácil pela paranóia. Por mais que tramassem contra si, que a cercassem, que planejassem uma derradeira investida contra sua pessoa, ela não desistiria. Tinha algo a provar para si mesma, para os Shinigamis... para o mundo todo.
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Quando o carro conduzido pelo intrigante Smith ganhou as cercanias do Arco do Triunfo, Henri não poderia imaginar que estacionaria bem diante do luxuoso Hôtel Splendid Etoile, e que, descendo do veículo, o motorista o convidaria a entrar no local. Ainda temeroso e um tanto encabulado, o rapaz adentrou a recepção, sendo saudado por sorrisos cordiais dos funcionários que nela se encontravam enquanto seguia o agente do FBI até as escadas. Percorreu com ele os degraus rumo ao último andar, cansando-se um pouco, até que o guia indicou a porta semi-aberta de uma suíte. Aiton avançou lentamente, como não querendo chamar atenção. Mas todos no quarto já pareciam aguardar sua chegada. E não eram poucas pessoas...
O jovem viu-se de frente para homens e mulheres de diferentes nacionalidades, todos com expressões sérias em seus semblantes, braços cruzados ou mãos na cintura. Usavam ternos, gravatas e pareciam bem formais em seu ofício, fosse qual fosse. Atrás de si, Henri notou Smith entrando, trancando a porta – ato que o deixou um pouco mais assustado – e oferecendo uma confortável cadeira para que se sentasse, dizendo:
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O garoto sentou-se um pouco intimidado, seu olhar se alternando entre os rostos dos ali presentes. Ackerman tomou a frente do grupo, exibindo seu distintivo falso:
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O francês visivelmente estremeceu, arregalando os olhos. Endireitou-se no assento, nervoso, suando. Em seguida perguntou:
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Dizendo isso, Henri se ergueu da cadeira de repente e tentou correr até a porta da suíte, porém foi barrado pela sinistra figura de Adams, ou Smith. Choroso, o jovem, no ápice do desespero, retornou até o móvel e nele se sentou com a face coberta pelas mãos. Passaram-se alguns instantes de completo silêncio, nenhum investigador tomando a palavra, até que Aiton ergueu de novo a cabeça e falou, numa voz baixa e amedrontada:
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Aiton baixou a cabeça por cerca de dois minutos, olhando para os próprios pés calçados de tênis, os quais movia freneticamente, deixando claro seu nervosismo. Aos poucos, todavia, cessou de tremer, e seu corpo foi demonstrando maior tranqüilidade. Logo tomou sua decisão, tornando a levantar o rosto levemente corado. Encarando o grupo de policiais, começou a falar:
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O jovem assentiu com a cabeça enquanto se erguia da cadeira. Ernest destrancou a porta e, atravessando-a com ele, ganharam o corredor. Aqueles que permaneceram no interior da suíte aguardaram alguns instantes, até que a dupla se distanciasse, para em seguida Boruanda se aproximar de um notebook mantido até então fechado sobre uma cômoda, abrindo-o diante dos demais. O aparelho foi ligado automaticamente e o logotipo de “R” surgiu de imediato na tela, sua voz sendo reproduzida de modo distorcido pela máquina:
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A transmissão foi encerrada, toda a equipe ciente de sua grande responsabilidade.
Haviam chegado à reta final da caçada a Kira.
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O inconformismo me domina
A indignação me impele
Este mundo está caótico
O mal domina livremente
Liguei hoje a TV
Mais um maníaco solto
Pena das vítimas que fará
Raiva do sistema que o favoreceu
Madame Guilhotina, faça justiça!
Reestruture este mundo de ponta-cabeça
Puna quem mereça, Madame Guilhotina
Sua justa lâmina está sedenta!
Madame Guilhotina, você me ouve?
Meu clamor impele seu mecanismo
Puna a todos, Madame Guilhotina!
O mundo lhe está pedindo socorro
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Prévia:
Eu realmente não previ que as coisas chegariam a este ponto... Não previ, errei, e admito!
Agora só tenho uma coisa a fazer...
Minha sobrevivência e a continuidade de minha cruzada dependem disso!
Próximo capítulo: Fuga
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