Heat-Haze Days escrita por Bacon


Capítulo 7
Irmãos


Notas iniciais do capítulo

Volteeeeeeeeeeei~
Quem sentiu a minha falta? 8D
o/ o /o/ o o/ -----> Ou seja, só eu mesma *yaoming face*

Enfim, MUITÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍSSIMO OBRIGADA À Anaí Chan QUE FAVORITOU E RECOMENDOU ESSA FIC ;w;
Sua linda, amo você, viu? ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Bem, aqui vamos nós para o ~clímax~ da fic. Eu tentei fazer uma coisa bem chorosa, mas acho que falhei épicamente -q
Sem mais delongas, boa leitura~ ♥



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As mortes seguintes vinham cada vez piores.

Há muito eu já havia perdido as contas de há quanto tempo isso acontecia. Semanas? Meses? Anos? Lenny dizia que isso se prolongaria por décadas e, por mais que não quisesse, eu acreditava nele. As mortes aconteciam de modo cada vez mais violento, fazendo-me perder a sanidade, lentamente, dia após dia, se é que era possível chamar assim. A cada morte, Lenny manchava um novo relógio com seu sangue, fosse ele colorido, pequeno, grande, digital ou qualquer um presente naquela enorme sala. O relógio, porém, estaria com seus ponteiros parados em determinada hora do dia, a hora exata em que Rin morreu. Tais horas nunca se repetiriam. Poderia haver milésimos de segundos de diferença entre uma morte e outra, mas os horários continuavam a ser diferentes. Às vezes acontecia mais tarde, às vezes mais cedo, mas nenhuma das mortes jamais acontecia antes do caminhão vermelho daquela mesma manhã repetente. Não que eu ou Lenny soubéssemos o porquê, é claro.

A pior delas, até aquele momento, fora por causa de cães.

Como em todas as outras, eu havia acordado à mesma hora do dia naquela manhã, logo após a minha conversa com o Lenny, que, indiferentemente das outras, em nada me ajudou a ter ao menos uma hipótese de como aquilo começara ou, melhor, de como fazer parar. Assim, mais uma vez eu escutei meus pais brigando de manhã, confirmando meus medos de que tudo recomeçara. Corri para o parquinho, sempre infestado com o som das cigarras, e lá encontrei Rin e seu gatinho preto.

Sentei-me ao seu lado, puxei conversa. Depois de algum tempo, novamente o gato pulou do colo dela e correu em direção à rua. Nem precisei me levantar do balanço para segurá-la, tão acostumado que eu estava com aquilo.

– Ops. – Levantei meu queixo, indicando a rua. – Cuidado com o carro.

Logo em seguida, o caminhão apareceu. Rin arquejou, assustada com o que podia ter-lhe acontecido caso eu não a tivesse segurado. Virou seu rosto para mim e docemente sorriu, sussurrando um “obrigada”. Sorri de volta e me levantei.

– Por que não vamos ao cinema? – perguntei. Para chegar ao shopping, deveria fazer o caminho contrário ao do prédio, do qual as vigas cairiam. – Sei que não nos conhecemos muito bem, mas já sinto como se fôssemos amigos há anos – e forcei meu sorriso mais animado.

– Vamos!

E, assim, nós passamos a melhor tarde de todas juntos.

Assistimos a um filme de comédia no cinema, depois fomos a uma sorveteria e eu comprei um sorvete de casquinha sabor menta, com cobertura de chocolate. Rin, por sua vez, quis ir a uma iogurteria e comprou um iogurte com toppings de morango e chocolate para si mesma. Enquanto ela estava distraída olhando uma vitrine de jogos eletrônicos, eu dei uma lambidela em seu sorvete. Ela logo se virou e notou minha cara culpada.

– O que você fez?

– Nada, ué – respondi, com um rosto cínico, evitando uma risada. Ela grunhiu e logo mordeu o meu sorvete, devorando quase metade. – Ei!

No fim, tudo aquilo resultara numa guerra de sorvete no meio da rua e na nossa expulsão da praça de alimentação do shopping. Quando nos demos conta, já eram seis horas da tarde, o dia já escurecia. Dirigimo-nos, então, de volta para o parquinho, iluminado por dois ou três postes de luz. Íamos conversando sobre nosso dia a dia, e ela disse que adoraria me ver no dia seguinte, sendo o nosso ponto de encontro ali, no parquinho abandonado. Eu apenas sorri e concordei. O fato de ela estar ali não me incomodava mais, porque, afinal de contas, eu não era o dono do parque e não podia impedir que outras pessoas o frequentassem. Além de que éramos apenas eu e ela, mais ninguém. Comecei a imaginar como seria a Rin do outro mundo, que provavelmente era a versão oposta de...

Oh, não, pensei. Eu me esqueci.

– Sentiu minha falta?

Meu coração disparou quando olhei para a frente e vi que Lenny estava ali, a dois metros de distância. Rin me encarou, interrogativa, quando segurei seu braço firmemente.

– Temos que sair daqui. – Saí correndo pelo parquinho, puxando-a junto comigo, à procura de algum lugar seguro ou de alguém que pudesse ajudar. Qualquer coisa. Mas era tarde demais.

Em poucos segundos, estávamos rodeados por uma matilha de cães raivosos e, aparentemente, famintos.

Todos os quatro avançaram em Rin, garras e presas à mostra. Enquanto ela gritava, os cães mordiam-na, arranhavam-na, rasgavam suas roupas e pele. Eu gritava junto, tentando arrancar os cães de cima dela, mas eles eram grandes e fortes, inutilizando meus esforços. Lágrimas rolavam por minhas bochechas incansavelmente, misturando-se com a chuva que começava a cair. Rin gritava alto, chorando lágrimas vermelhas que haviam se misturado com o sangue de um de seus olhos que fora ferido. O maior dos cães, o provável líder, deu-lhe o golpe final, com uma mordida no pescoço.

Os outros três pularam em mim, mas tudo já estava escuro.

Quando acordei na sala dos relógios, Lenny estava de pé na minha frente, com o rosto coberto por seu capuz, em meio a suas roupas rasgadas. Havia um sorriso divertido em seu rosto, como se ele achasse graça de tudo o que acontecia. Ele esperou que eu me levantasse para que pudesse falar, sem tirar o sorriso do rosto.

– Eu sabia que era gostoso, mas nem tanto assim – foi seu único comentário.

Uma espécie de raiva tomou conta de mim. Como ele ousava tirar sarro de algo tão trágico? Dei-lhe um soco no rosto. Ou melhor, tentei dar-lhe um soco no rosto. Eu sempre me esquecia daquele detalhe. Ele podia me tocar, mas eu não podia tocá-lo. Caí no chão enquanto ele ria. O dim dom dos relógios em conjunto com a risada dele foi o último som que ouvi antes de acordar novamente na minha cama.

***

– Mas, sabe, eu meio que odeio o inverno. Foi quando minha irmã morreu. É por isso que eu amo o verão.

– Ah... Eu sinto muito.

Eu me balançava de leve, segurando as correntes laterais do balanço ao lado dela. O caminhão já havia passado há alguns minutos e nós estávamos, novamente, conversando, no parquinho. Daquela vez, eu não queria sair de lá. Não havia mais o que eu pudesse fazer, todas as minhas ideias já haviam esgotado. E, então, minha última alternativa foi ficar lá, conversando com a amiga que nunca se lembraria de mim. Mas a conversa tomou um rumo mais feliz, depois que ambos desabafamos sobre nossas vidas. Descobri que Rin tinha uma irmã, que cuidava de um rapaz com amnésia como um filho adotado. Em troca, ela ficou sabendo de minha irmã. Mas, apesar disso, rimos de umas e outras palhaçadas que fizemos.

Houve, então, uma hora em que ela se levantou, esticando os braços para se espreguiçar.

– Preciso esticar as pernas. Estamos aqui sentados há o quê? Duas horas? – Ela sorriu e estendeu-me sua mão. – Topa apostar uma corrida?

– Ah, é claro – respondi, pegando sua mão e me levantando, sorrindo. – Mas é melhor você se preparar para perder. – Ela riu e se posicionou na borda da calçada, eu logo imitando-a.

– Um, dois três, VAI! – ela gritou, e então disparamos pela rua.

É claro que eu havia checado discretamente se a rua estava vazia, sem o perigo de caminhões assassinos e – obrigado, maldito ciclo de tempo repetitivo –, como eu queria, não havia nada nem ninguém por perto. Continuamos correndo. Eu estava alguns metros à frente e escutei uma risadinha vinda de Rin. Sorri e virei minha cabeça para trás para poder vê-la rir.

BOOM!

O rosto sorridente logo tornou-se inexpressivo enquanto uma bala perfurava seu cérebro.

E, mais uma vez, tudo se repetiu. Eu vi o sorriso inocente de Rin se desfazer em seu rosto, enquanto um jato de sangue saía de um ponto lateral de sua testa. Seus olhos perderam a luz e seu corpo, inanimado, caiu no chão, enquanto eu escarava tudo, atônito. Tudo parecia se passar em câmera lenta, fazendo cada instante ser o mais doloroso o possível.

Quando consegui recuperar o controle de meu próprio corpo, corri até ela, caída no meio da rua, sem vida. Coloquei o corpo em meu colo da forma mais gentil que pude, mas minhas mãos tremiam descontroladamente, fazendo a gentileza de meus movimentos ser algo quase impossível. Abracei Rin, colocando sua cabeça encostada à minha, para ver se ela ainda conseguiria se impressionar com nossa proximidade. Tentei ouvir seu coração bater, colocando meu ouvido em seu peito, mas nada ouvia. Ela não podia estar morta, não podia! Aquele jogo estúpido estava brincando comigo. Alguém estava brincando comigo. Alguma coisa estava fazendo com que tudo aquilo acontecesse. Alguma coisa má.

O som do tiro chamara a atenção das pessoas próximas ao parquinho. Logo, havia uma multidão no meio da rua, cercando a mim e a garota morta no meu colo. Eu chorava, desesperado, tentando de alguma forma revivê-la ou fazer a mim mesmo acreditar que ela estava viva. Mas era impossível fazê-la voltar à vida e, como sempre, eu não acreditava em mim mesmo. Num apelo desesperado por ajuda, comecei a gritar para as pessoas na multidão que me ajudassem.

– Me ajudem, me ajudem! Chamem uma ambulância! Não fiquem parados aí, ajudem!

Mas ninguém parecia ouvir. As pessoas apenas encaravam-nos, cada uma com uma expressão diferente de espanto, medo, tristeza, pena. Algumas até tiravam fotos. Fotos. Quão estúpidos poderiam ser os seres humanos? Gritei mais alto.

– Por quê? Por quê?! Ela precisa de vocês! Façam algo!

As pessoas continuaram sem me dar uma resposta. Um espasmo fez com que o corpo dela tremesse, dando-me uma mínima esperança.

– Ei! Ei! Acorda! – Eu a sacodia desesperadamente. – Acorda! – Lágrimas minhas pingavam por todo o seu rosto. – Fica comigo! Fica...

– Ela morreu, Len.

Olhei para a frente, reconhecendo minha própria voz. Lenny estava logo ali, no meio das pessoas inúteis que observavam. Seu capuz estava levantado e ele estava com as mãos nos bolsos. Seus olhos olhavam para baixo e seus lábios contornaram um “sinto muito”.

***

Quando acordei, estava de costas para uma parede, sentindo os ponteiros de um relógio baterem atrás de mim. Antes que pudesse mesmo abrir os olhos, comecei a chorar, chorar alto, muito alto. Abracei meus joelhos e enterrei o rosto entre as pernas, querendo esquecer toda a minha vida. Eu não aguentava mais aquilo. Ter que ouvir todos os dias meus pais brigando. Ter que ver todos os dias minha amiga morrer. E agora aquilo. Fui forçado a rever a morte de minha irmã. Era a gota d’água.

Um calor sufocante tomou conta de meu corpo e, segundos depois, senti dois braços quentes rodeando-me, uma cabeça apoiando-se na minha. E chorei mais. Por mais arrogante que fosse, Lenny entendia. Daquela vez, ele não tiraria sarro da morte de Rin, ele sofreria comigo. Senti algo quente escorrendo por minha orelha. Lágrimas. Ele estava, silenciosamente, chorando comigo, em meio aos meus gritos e soluços.

Naquele momento, eu senti como se realmente fôssemos a mesma pessoa.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? *-*

Perguntinhas:
1- Eu tô com a impressão de que o nível da fic tá baixando e subindo de capítulo por capítulo. O que vocês acham?
2- O cap. ficou cansativo? DX
3- CONSEGUI FAZER ALGUÉM CHORAR? ;3;
4- Alguém reconheceu o Konoha~? ♥
5- Gostaram o Shounen-ai do fim? ;w;

Enfim, é isso. O próximo capítulo vai ser o último da parte, um, hehehehehehe~ *risada maligna*

Mereço reviews? Please, please, please? :3