O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 9
Inocência - Parte 1




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Inocência - Parte 1

 (By Pérola e x Hunter-Nin)

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Yukiko suspirava aliviada em seu quarto. Após levá-la em um ginecologista e três exames de gravidez diferentes, Matsuda finalmente esquecera a história. Livre da vigilância doentia do pai, ela poderia assumir o ritmo normal de suas tarefas. Para sua sorte, tinha mortes programadas o suficiente para que ninguém suspeitasse de sua falta de atividade.

- Seu pai é um pouco doido, não é? – Ryuuku perguntou rindo da situação imposta à loira.

Há dias a garota mirava o caderno e lamentava. – Tem certeza de que nada vai acontecer se eu escrever o nome dele? – Perguntou para Raiya.

- Já tentei diversas vezes. O Death Note não atingi Shinigamis.

- Vocês não vão se livrar de mim tão facilmente. – Ryuuku ria da expressão dos outros dois.

- Pode rir, mas um dia eu me livro de você. Por sua culpa essas foram as duas piores semanas da minha vida.

- Obrigado. Eu faço possível, sabe? – Falou cinicamente comendo outra maçã.

- Eu já não disse que você não pode comer maçãs nessa casa? – Yukiko foi direta ao retirar as frutas do quarto.

- Mas você não me pode negar minhas saborosas frutas. Sabe o que acontecerá comigo se eu não comer maçãs?

- Dessa vez eu preciso concordar. Você não vai querer ver o que já vi. – Raiya comentava como quem lembra de algo extremamente desagradável.

- Ele que as pegue em outro lugar. – Alegava furiosa. – Me recuso a passar por uma situação dessas de novo por causa de um Shi... – Yukiko se interrompeu quando alcançou os últimos degraus da escada e avistou Near sentado na sala a mirando curioso.

- Por causa de um o quê? – Ele perguntou voltando seus olhos para o quebra-cabeça que resolvia sem, no entanto, deixar de prestar atenção em cada movimento da jovem.

A loira ergueu uma das mãos buscando alguma saída e amaldiçoando a existência de Ryuuku. – Não é o que, mas quem, Near. Shi, no Japão, significa uma pessoa perfeita, só com as melhores qualidades. É alguém distinto e ilustre. – Emendou rapidamente na tentativa de escapar da armadilha que montara para si.

- E quem seria essa pessoa tão perfeita?

- É um colega de aula. Ninguém importante.

- Se não é importante, por que fica esbravejando contra ele em casa?

- Foi uma situação chata no colégio. Esse idiota resolveu me desafiar em um debate sobre um assunto que eu não dominava e me colocou em uma situação que eu não poderia negar. Agora tenho poucos dias para aprender sobre essa droga de assunto. Mas se ele pensa que vai me vencer nesse debate está redondamente enganado. Ninguém desafia Yukiko Matsuda e a vence. Ele que se prepare para a maior derrota da vida dele. – Ela jurava ao mesmo tempo em que adentrava a cozinha, tornando sua voz quase inaudível para o detetive.

Near mirava a porta intrigado. Poderia jurar que esse debate era uma desculpa qualquer para algum segredo da loira, contudo a raiva dela era tão convincente que lhe deixava com duvidas. Especialistas levavam anos para conseguir controlar os músculos faciais e simular emoções não sentidas. Quais as probabilidades de uma garota do colegial conseguir a mesma façanha? Mínimas. Esse era o problema.

oOo

- Eu juro Ryuuku. Um dia eu descubro como me livrar de você. Quase fui pega de novo por sua causa.

- Mas dessa vez eu não fiz nada. – O negro Shinigami se defendia da acusação. – Você é que ficou toda nervosinha e me xingando em voz alta.

- Quer parar de acertar? Era mais fácil tolerar você quando estava sempre errado.

- O que quase nunca acontece, não é?

- O que quase sempre acontecia para ser mais exata e pelo amor de Deus, ande direito.

- Não posso. Você me tirou minhas valiosas maçãs e eu perdi o controle sobre meu corpo. É isso que acontece quando me tiram meu vicio.

- Raiyaaaa...

- Não há nada que eu possa fazer, Yukiko. Tudo seria mais fácil se você não tivesse insistido em ver essa coisa do Ryuuku.

- Nada como um amigo para nos defender.

Yukiko suspirou desanimada. Seus dias eram tão simples e felizes enquanto eram somente ela, Raiya e o Death Note. Entretanto, depois da chegada do segundo Shinigami, ela tinha a sensação de estar perdendo o controle sobre si. A loira fazia o possível para ignorar Ryuuku, que andava de ponta cabeça ao seu lado, com as pernas cruzadas e os pés quase tocando o nariz, entretanto a tarefa se tornava quase impossível. Respirando fundo, ela mirava o outro lado com olhos pidões e ouvia sempre a mesma resposta de Raiya, que nem mesmo dirigia mais o olhar a si.

Chegando ao estágio, Yukiko esperava por algumas horas de tarefas repetitivas e entediantes que pudesse dar descanso e tempo ao seu cérebro para pensar um pouco em como se desfazer da constante investigação de Near.

- Yukiko! – Akio a chamava em sua sala.

Porém ela logo constatou que seu desejo não seria facilmente realizado.

- Pois não senhor Toshio. – Perguntou adentrando a sala e deparando-se com dois homens desconhecidos.

- Estes são Dominick Campbell e Jean Russeau. Eles fazem parte da Interpol e estão atrás dos arquivos de um caso chamado Kira. Viu algo assim enquanto organizava aquela sala?

- Sim, senhor. – Ela respondeu rapidamente antes que algum dos presentes pudesse desconfiar, entretanto agradecia a confiança em excesso que seu chefe depositava em si.

- Ótimo. Leve os arquivos para a sala 307, imediatamente.

- Sim, senhor. – Consentiu antes de se retirar rumo à sala que lhe revelara mais do que o esperado e buscando maneiras de tirar seu nome das folhas que constavam no arquivo. – “Se eles querem o caso Kira, então estão atrás de mim. Já não basta o Near... Ou será que eles estão juntos? Pouco provável. Near não aparenta ser do tipo que aceitaria a ajuda de uma grande organização. Nesse caso, seria bom meu nome não estar presente. Por outro lado, pode ser uma maneira dele conseguir esses arquivos. Talvez esses homens nem sejam da Interpol mesmo... Então, se eu tirar os papéis que me liguem ao caso poderia parecer suspeita... Ou talvez sejam... Talvez fosse interessante que eles chegassem até mim...” – Analisava com um sorriso discreto na face.

- Hey, Yukiko! Fala comigo Yukiko! – Ryuuku pulava na frente da garota enquanto ela andava de cabeça baixa e pensativa.

- Você pode dançar frevo que ela nem percebera sua existência. Conheço essa expressão, ela está planejando algo grande. – Comentou orgulhoso da inteligência da garota e da mente da mesma, sem nem ao menos entender o motivo de tal sensação.

O outro Shinigami o mirou. Braços cruzados sobre o peito estufado e cabeça erguida. Zeloso, analítico e conhecedor – apesar do pouco tempo de contato – de cada habito da loira. Raiya se deixava envolver pela garota facilmente e Ryuuku sabia que não poderia ser diferente. Entretanto, a ansiedade ao ver a reação do “amigo” ao descobrir o motivo de tanto apreço o consumia rapidamente.

- Você não foi prudente ao revelar nossa identidade para essa jovem. – Jean alertava, com o forte sotaque francês, logo após a saída de Yukiko da sala.

- Até que esses assassinatos estejam resolvidos, todos são suspeitos e gostaríamos que o menor número de pessoas possível soubesse que a Interpol está investigando o caso. – Dominick completava seriamente.

- Não precisam se preocupar. Tenho total confiança nessa garota. Já está trabalhando comigo há algum tempo e é filha de um dos policiais mais antigos dessa unidade. Não há com o que se preocupar. Ela sabe que não deve falar nada a respeito do que escuta dentro dessa sala.

- Espero que esteja certo. – Dominck alegou.

- Mas até que estejamos convencidos, ficaremos atentos. – Jean comentava displicente.

oOo

Jean e Dominck lideravam uma grande equipe de investigadores estrategicamente posicionados. Como era de se esperar, a residência dos Matsudas estava sob constante vigilância. Enquanto Touta se mostrava indignado com mais uma organização desconfiando dele e de sua família, Near e Yukiko aparentavam nem mesmo perceber as condições em que se encontravam. Analisando-se mutuamente e escondendo suas verdadeiras intenções, eles lutavam para não serem descobertos.

Passadas três semanas de constante observação, uma reunião de emergência entre os perseguidores de D-Kira foi convocada. Linda apresentava a nova mensagem do procurado destinada a L, sobressaltando Aizawa que, sem pensar em seus atos, abordou a loira que adentrava a casa naquele exato momento, retornando da natação.

- Yukiko Matusda! – Chamou-a logo que ouviu o som da porta.

- Aizawa? Tudo bem? – Ela perguntou sorrindo educadamente.

- Você está presa! – Ele anunciou se aproximando com as algemas.

- Como é? – O sorriso dela desapareceu.

- Aizawa, acalme-se. – Mogi segurava o companheiro, enquanto Ide impedia Matsuda de avançar sobre o outro.

- Como você ousa acusar minha filha! Não temos prova nenhuma de que seja ela! – Touta gritava furioso.

- Provas? Você precisa de mais provas? – O acusador perguntava furioso.

- Como mais provas? Não temos nenhuma! – A resposta era furiosa.

- Do que eu estou sendo acusada? – Yukiko perguntou confusa.

- Não se faça de inocente. Seu último movimento te entregou D-Kira. – Aizawa era incansável em sua acusação.

- D-Kira? Quem é D-Kira? – A adolescente perguntava assustada.

- Não se faça de inocente Yukiko, já descobrimos tudo. – Aizawa insistia.

- Tudo o quê? – Voltava a questionar demonstrando desespero pela falta de informação.

- Você se entregou ao alegar que poderíamos mandar os investigadores da Interpol embora, pois jamais cometeria o mesmo erro de seu pai. – Esclareceu calmamente enquanto, após se soltar de Mogi, alcançava a foto com o recado escrito em sangue no chão de um presídio, bem como o corpo que antes ocupava a cela.

- Do que ele está falando papai? – A jovem perguntou para Matsuda que gritava incessantemente para que o outro parasse de falar e para que ela não acreditasse em nada.

- Você mesma já revelou que sabe de sua origem. Você é a única descendente do Yagami, mais ninguém poderia agir sob o nome de filho de Kira.

- Ya-ga-mi? – Gaguejou deixando a mochila cair ao seu lado. A foto, suspensa na mão, tremia. O rosto pálido abandonou a face de Aizawa em busca do homem que a criou.

Matsuda desviou os olhos. Para ele doía pensar que a loira não era sua filha. Simplesmente a amava demais para se lembrar desse detalhe. O som de passos apressados chamou-lhe a atenção e ele pode visualizar uma lágrima deslizar pelo rosto da garota enquanto ela corria para o quarto em busca de proteção. Ele tentou chamá-la, sem sucesso. Estava abalado demais com os acontecimentos para recordar-se do responsável pela situação.

- Você poderia ser mais sutil Aizawa! Ela é só uma garota. – Linda repreendia o comportamento impensado.

- É D-Kira. Vocês leram o aviso e sabem que mais ninguém se enquadra no perfil além dela.

- Ou não. – Near interveio em defesa da loira. – D-Kira poderia estar fazendo referencia ao fato de Raito ter sido o primeiro a agir sob o nome Kira e, portanto, o pai de todos que o seguiram.

- Se realmente for algo simbólico, Yukiko está sofrendo de graça? – Matsuda perguntava sem esconder a raiva que sentia de Aizawa no momento.

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Yukiko jogou-se na cama, abraçou o travesseiro e enterrou o rosto na fronha rosada. Raiya aproximava-se da garota com o intuito de confortá-la. Antes, porém, que pudesse tocá-la, percebeu que o movimento dos ombros não provinha de choro, mas sim de risadas.

Ela ergueu o rosto tentando controlar a vontade de gargalhar quando avistou o Shinigami. – Eles acreditaram Raiya. Eles acreditaram em tudo.

- Meus parabéns. Nem mesmo eu suspeitei que você estivesse fingindo.

- É fácil impressionar você Ryuuku. Yukiko, se quiser que seu plano dê certo, é bom parar de rir e começar a chorar novamente.

A garota, seguindo o conselho do Shinigami, virou-se e começou a chorar como se seu mundo realmente tivesse sido destruído naquele exato momento.

- Podemos conversar? – Near perguntou abrindo a porta sem se anunciar antes.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado n.n
Yukiko foi esperta nesse XD
Beijos e até o próximo cap

18 de Julho.
Somente no Fanfiction e, agora também, no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 9:
“INOCÊNCIA - Parte 2”



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