O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 10
Inocência - Parte 2




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Inocência - Parte 2

 (By Pérola e x Hunter-Nin)

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Near subia as escadas demonstrando indiferença pelas possíveis conseqüências do dia. Concentrado demais em se convencer de que realmente não se importava, não ouviu os pequenos risos que escapavam do quarto pouco antes de alcançar a porta.

- Podemos conversar? – Perguntou abrindo a porta sem se anunciar antes.

A visão de Yukiko com o rosto coberto por lágrimas não agradou o detetive que, após tanto tempo convivendo com aquela família, não pode evitar se apegar a ela. Afinal, era somente uma criança que por culpa dele teve seu mundo destruído. Certo?

- O que você quer? – A jovem perguntou sem nem ao menos tentar esconder o desagrado em vê-lo.

Near suspirou cansativamente. Tentar convencê-la de que não intencionava feri-la seria difícil. Tudo aconteceu só por desejar superar D-Kira e ela não tinha culpa de ser a principal suspeita.

- Agora que já sabe da investigação, gostaria de pedir que não comentasse nada com quem quer que fosse. Qualquer um pode se tornar uma ameaça ao nosso objetivo.

Yukiko abaixou a cabeça e permitiu que a franja encobrisse sua expressão para logo em seguida começar a rir. O som que começou baixo em poucos segundos se tornou uma alta gargalhada sem ser, no entanto, alegre.

- Você não tem vergonha na cara de vir me pedir uma coisa dessas? – Perguntou mirando-o com os olhos marejados novamente, contudo não derramaria uma única lágrima na frente do detetive.

- Como? – Near estava claramente confuso.

- Você vem para a minha casa se aproveitando da proximidade que tem com meu pai com a clara intenção de me investigar. Reuni os policiais que me viram crescer e os convence da minha culpa. Destrói tudo o que eu conhecia como verdadeiro. Tira todas as minhas bases.

- Eu não fiz tudo isso. – A interrompeu.

- Não? Não, mesmo? – A raiva era palpável no olhar que a jovem direcionava ao homem. – Você não se mudou para a minha com a intenção de me investigar? Não reuniu os amigos de meu pai com o intuito de pegar D-Kira, o qual você sempre acreditou ser eu? Não me considerou uma fria assassina? Não permitiu que eu fosse acusada sem provas contundentes?

Near recuava no mesmo ritmo em que a jovem avançava sem desviar os olhos por mais culpado que se sentisse.

– Negue Near. Negue qualquer uma delas. Só, por favor, negue.

O detetive abaixou a cabeça sabendo que não poderia mentir para a loira.

- Eu sabia. – Yukiko voltava a caminhar em direção a cama com a voz embargada pelo choro. – Eu nunca mais quero vê-lo na minha frente. – Declarou tentando ocultar toda a tristeza que sentia.

- Yukiko, eu preciso falar contigo...

- Some da minha frente! – Gritou arremessando o urso de pelúcia que ganhou da mãe contra o detetive e, em seguida, batendo a porta com força.

Raiya e Ryuuku, que observavam a cena com muito interesse, chocaram-se ao ver o urso voando rumo ao homem.

- Você tem certeza de que está fingindo?

Yukiko estava deitada na cama com o braço caído sobre os olhos.

- Está tudo sob controle. Não há com o que se preocupar Ryuuku.

- Então por que diabos você arremessou o caderno nele? – Perguntou aos gritos.

- Ele já sabe o que tem dentro do urso e não há motivos para ele abri-lo. Afinal, se eu fosse D-Kira, por que entregaria a arma do crime facilmente?

- Mesmo assim. – Raiya apoiava o outro Shinigami.

- Fiquem calmos, ok? Podem deixar comigo.

Ambos se olharam e miraram a porta ainda incrédulos.

oOo

Near descia as escadas carregando o urso com uma das mãos e sem acreditar na falta de sucesso. Normalmente era digno do titulo de L e obtinha sucesso ao indicar algum suspeito ou a persuadir alguém a auxiliá-lo. Contudo, não estava preparado para enfrentar Yukiko Matsuda. A garota possuía o temperamento mais difícil com que já se deparara.

- Como está minha filha? – Matsuda perguntou logo que avistou o detetive entrando na sala.

- Está bem o bastante para arremessar esse urso em mim. – Comentou largando o brinquedo em cima do sofá e sentando-se ao lado do mesmo.

- Você acha que ainda há possibilidades dela ser D-Kira? – Mogi perguntava feliz por, finalmente, poder soltar Aizawa. Ide também aproveitou a folga dos dois para sentar-se em uma poltrona.

- Menores de 1%.

- Mas ainda existentes? Como ainda pode achar que minha filha é suspeita depois de tudo que viu?

- Ela será suspeita até que encontremos o caderno.

- Enquanto vocês continuam com essa discussão sem futuro, eu vou ver como ela está, já que, aparentemente, o Near não conseguiu nada.

- Aproveite e leve isso de volta. – Pediu entregando o urso a Linda.

- Somente isso?

- Como assim?

- Nenhum pedido de desculpas? – Todos ficaram quietos a mirando.

- Diga a minha filha que eu quero falar em particular com ela. Só vou encerrar essa reunião.

- Pode deixar Matsuda. Darei o recado. Há mais algum? Aizawa? Near?

- Eu não tenho nada a declarar. – O policial virava o rosto sem remorso.

- E eu teria de me desculpar pelo quê?

Linda suspirou sem acreditar na falta de reação dos homens que auxiliava e saiu da sala rumo ao quarto de Yukiko.

oOo

O som de batidas na porta desanimou Yukiko que pensava no próximo movimento com relação à Near e a Interpol.

- “Será que eles já não torturam uma pobre garota o suficiente para um único dia?” – Refletia enquanto se preparava para voltar a fingir.

- Yukiko, podemos conversar um pouco?

- Linda?

- Não se preocupe querida. Estou sozinha aqui. Isso é claro se você desconsiderar o seu urso. – Completou rindo do outro lado da porta.

A loira abriu passagem para a mais velha entrar após refazer a expressão abalada.

- Acredito que isso seja seu.

- Obrigada. – Agradeceu abraçando o boneco e sentando-se novamente na cama.

- Yukiko, seu pai disse que, assim que se livrar dos idiotas que estão lá embaixo, virá falar com você.

A mais nova consentiu com um leve aceno de cabeça, sem pronunciar nenhuma palavra ou desfazer a posição.

- Escute minha querida. Eu sei que não tenho o direito de te pedir algo assim, ainda mais depois de tudo o que eles lhe fizeram, mas...

- Não se preocupe. Não contarei nada. – A loira a interrompeu visivelmente irritada e magoada pela desconfiança da policial.

- Eu nunca duvidei disso Yukiko. – A loira levantou o rosto surpresa pela confiança recebida e curiosa ao mesmo tempo. – O que eu queria pedir é que você ajudasse na investigação.

- Você só pode estar brincando.

- Mas não estou. Você é inteligente demais. Tanto que, provavelmente, já sabe quem o Near é, estou certa?

- Eu não sei de nada. – Alegou virando o rosto.

- Mas deve desconfiar. Sua esperteza foi o principal motivo dele suspeitar de você, por isso nem ao menos tente se subestimar. Acho que de todos os presentes nesta casa, ele é o que mais confia na sua capacidade.  Agora, diga-me, com bases nos jornais, nos noticiários e na confusão de hoje, quem você acha que ele é.

A loira não precisou dizer o que pensava para que Linda a entendesse. Ciente da linha de raciocínio da garota, a policial resolveu continuar. Seu poder de persuasão não era tão bom quanto o de Near, contudo sua pequena experiência como mãe talvez fosse o suficiente para entrar na mente da outra.

- L jamais entra em um caso que não lhe desperte o interesse e, acredite, esse está sendo complicado para ele resolver. Por isso eu estou pedindo sua ajuda em nome dele.

- Por que ele mesmo não pede?

- Ele é orgulhoso demais e está envergonhado pelo que aconteceu. Esse não é o primeiro combate entre L e Kira. Porém, o primeiro L acertou em seu primeiro suspeito, apesar de ter sido derrotado. Near não consegue aceitar este erro. Lawliet também precisou de apoio para combater seu pai biológico e perdeu. Pedir ajuda para a filha do homem que superou o antecessor dele é difícil demais.

Yukiko refletiu sobre as palavras de Linda e, fingindo aversão a sua relação com Raito, considerava a situação seriamente. A mais velha não era capaz de controlar a alegria que sentia por acreditar que conseguiria o apoio da filha adotiva de Matsuda.

- Nada melhor que a legitima herdeira do título de Kira para pegar o bandido que age sob esse nome.

- Eu não tenho orgulho nenhum do sangue que carrego.

- Devia. Por mais que ele tenha agido errado, seu pai era alguém brilhante. Near tem grande consideração por ele e não aceita que ninguém fale mal de seu nome na sua frente.

Pela primeira vez desde que Linda entrara no quarto, a expressão de Yukiko era genuína. Surpresa com a revelação, quase se esqueceu de continuar o fingimento. Contudo, caso se perdesse no meio do plano, não poderia se considerar digna de sua genética.

- É verdade?

- Por que eu mentiria para você?

A jovem apertou o urso entre os braços com força enquanto pensava em cada palavra trocada.

- Somente você pode ajudar o Near a pegar esse assassino.

- E o que eu poderia fazer?

- Simples. Leve-o com você a festa de hoje à noite.

- Agora sim você só pode estar brincando.

- Yukiko, eu estou falando sério desde que entrei aqui. Não vim com intenção alguma de brincar.

- E como espera que eu o leve para uma festa? Meu pai odeia as festas dos meus colegas de aula e fica super apreensivo quando me larga em uma delas, imagina se eu for acompanhada? Mesmo sendo do Near, ele não vai aceitar. Sem falar que é estranho eu ir a uma festa jovem com alguém tão mais velho que eu.

- Isso já havia sido mencionado e o Matsuda concordou, apesar de muito relutante e após muita insistência de todos.

- Como?

- Você pode até duvidar, mas o Near já estava considerando outros suspeitos. Ele não aparentava querer duvidar de você.

- Jura?

- Pela minha alma.

- Não precisa jurar perante algo tão importante. – Yukiko alegou rindo. – Mas, como ir a uma festa jovem pode ser útil para a investigação?

- Como você aparenta ser inocente, ele suspeita que seja alguma família policial que tenha sofrido com o seu pai e que saiba de você. Near pretende vigiar seus colegas em busca de algum suspeito enquanto os outros procuram suspeitos entre os policiais.

- Entendo. Ele é bem audacioso, não é? Colocar policiais vigiando colegas de trabalho...

oOo

- Elas estão sozinhas há muito tempo lá em cima. Sobre o que será que conversam? – Mogi perguntou curioso.

- Não sei. – Near respondeu escondendo o interesse que tinha no desenrolar do dialogo entre as duas mulheres.

Matsuda abaixou a cabeça e não podia deixar de imaginar sua filha chorando nos braços da amiga. Tanto tempo a protegendo para ser o culpado pelo sofrimento dela. Parado com o braço apoiado na parede e a cabeça encostada nesse, não percebeu de imediato os risos femininos que vinham da escadaria no corredor.

Near foi o primeiro a distinguir o som e a mirar a porta da sala. Aizawa, Mogi, Ide e Matusda, ao perceber, correram para descobrir por que motivo elas estariam rindo. O detetive verificou a hora e deduziu o que Linda fizera. Rapidamente calçou os sapatos e caminhou até o grupo de curiosos.

Linda e Yukiko desciam alegres e pararam de frente para os homens que as miravam além do intrigado. Near já sabia o papel que deveria desempenhar e estava pronto para qualquer coisa, menos para o maldito vestido preto que lhe atormentou na noite em que Yukiko fugira de casa para ir a uma festa.

- Minha filha, por que está vestida assim?

- Linda me contou do plano para infiltrar Near entre meus colegas de aula e eu resolvi colaborar. Há uma festa hoje na casa da Kiryuu e estava todo mundo falando sobre ela na escola. Acho que será uma ótima oportunidade, não é Near?

- Se haverá um grande número de alunos presentes, é um dos melhores momentos para agirmos.

- Papai, precisaremos do carro emprestado.

- Como é? – Matsuda não sabia para quem olhar em busca de explicações.

- Quais são suas intenções Yukiko? – Aizawa questionou desconfiado.

- Vou provar que sou tão inteligente quanto meu pai biológico como vocês acham e que, diferente dele, não sou uma assassina, psicopata, sociopata ou seja lá o quê vocês acharam. – Alegou a garota antes de sair pela porta sendo seguida por Near, que pegou as chaves do carro, e de Linda, que os acompanhou até o portão.

Antes que o detetive entrasse no veiculo, Matsuda saiu correndo e gritando precauções que ele deveria ter para com a jovem, como, por exemplo, as bebidas alcoólicas estavam proibidas.

- Não sou babá de uma quase mulher adulta. – Ele respondeu antes de se colocar o automóvel em movimento.

- Vamos Matsuda. Eles vão ficar bem. – Linda alegou puxando o moreno de volta para dentro de casa e empurrando os outros que alegavam ter de segui-los. – Quanto menos gente para chamar atenção na festa, melhor. Deixemos eles fazerem o trabalho deles e nós faremos o nosso.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E a Yukiko continua aprontando XD
Próximo cap, a última parte de inocência
Espero que tenham gostado do cap n.n
e muito obrigada aquem comentou n.n
25 de Julho.
Somente no Fanfiction e, agora também, no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 10:
“INOCÊNCIA - Parte 3”