O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 16
Paradoxal




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Paradoxal

(By Pérola e x Hunter-Nin)

.

E, afinal de contas, o que é uma mentira?

É apenas a verdade mascarada.

Don Juan

George [Lord] Byron

.

- Realmente não sei de mais nada.

Horas de interrogatório desgastaram Yukiko de tal maneira que sua mente estava à mercê do investigador. O corpo implorava por descanso após tantas surpresas e os escuros olhos não eram capazes de esconder a real condição. Entretanto, Jean não cessava as perguntas e pressionava a jovem mente além do suportável.

- Nunca se interessou em ler algum documento arquivado?

- Não. Com a aproximação das provas, nem tenho tempo para me interessar por qualquer coisa que seja.

- Nem mesmo em algum garoto? – O agente perguntou desacreditado.

- Não podemos ser mais diretos? Foi um longo dia e estou muito cansada.

- Sinto muito, mas ainda tenho diversas perguntas. – Informou reassumindo a frente da conversa. – Lembra-se do dia em que fomos apresentados?

- Sim.

- Lembra do que eu e meu colega pedimos?

- Os documentos do caso Kira. – Yukiko respondia sem pensar muito em suas palavras.

- Exatamente. Você sabe quem foi ele?

- Não.

- Não tem interesse em descobrir?

- O caso Kira foi encerrado antes do meu nascimento. Se houvesse algo para mim saber sobre ele, já teriam me contado. Sendo assim, não vejo motivos para perder meu tempo com um assunto policial já arquivado.

- E se eu lhe dissesse que o caso Kira foi reaberto?

- Ainda assim... Sou somente uma estagiaria que auxilia o diretor com a documentação.

- Entendo... Mas não está nem um pouco curiosa por saber por que estou lhe fazendo tantas perguntas que não lhe dizem respeito?

- Sempre me interessei pelas equipes de investigação e suponho que logo você vá me fazer a pergunta que realmente importa. No momento em que achar mais provável que eu vacile na resposta e me entregue.

- Garota esperta você.

- Só há um problema: como eu não tenho nada a esconder, poderemos ficar nessa conversa sem rumo a noite toda.

- Pois bem. Vou encurtar nossa pequena reunião e fazer a última pergunta.

- E eu agradeço por isso.

- Como já lhe disse, o caso Kira foi reaberto e há poucas horas Watanabe Yushiro morreu de forma violenta. Mesmo contrariando os padrões de homicídios causados pelo suspeito, acreditamos que seja a mesma pessoa. A morte do jovem Watanabe aconteceu pouco depois que a pseudo equipe de investigação que se reúne nessa casa começou a suspeitar do grupo de adolescentes. Sendo você a única ligação entre os dois grupos e a única herdeira de Yagami Raito, levando em consideração que ainda não desvendamos todas as características dos Death Note e não podemos descartar a possibilidade de sua posse ser hereditária, eu e meu colega achamos melhor mantê-la sob supervisão. Minha pergunta é extremamente simples. Quero saber onde você guarda o caderno!

oOo

Dominick conversava com Matsuda e Near na cozinha, garantindo que nenhum dos dois interferisse no diálogo entre seu colega e Yukiko. Saboreando o chá que lhe fora oferecido, Campbell tentava obter informações sobre a garota que pudessem lhe ser úteis. Entretanto Touta se mostrava atento e descontente com a presença do agente, assim como Near que, apesar de tudo, era mais discreto e distante.

- Vocês não precisam ficar tão na defensiva. Nós só queremos esclarecer algumas dúvidas com ela.

Como se planejado, após a frase confortadora de Dominick, a porta da sala abriu-se e revelou Jean que aguardava no batente Yukiko atravessá-la. Enquanto Matsuda pulava ao encontro da filha, o resto da sala parecia manter os olhos nas algemas nas mãos da moça e no seu olhar derrotado.

Alheio a surpresa dos outros, o agente Russeau conservava um ar vencedor na face.

- Já podemos ir, Dominick.

Yukiko, ao ouvir a última frase do investigador, soltou um sorriso desanimado para o pai.

- Acho que eu tenho que ir também, papai.

Antes que o inglês se aproximasse do parceiro, Near tomou a frente e ganhou a atenção de todos.

- Ordeno que a solte!

Surpreso, Dominick olhou para Near.

- O que pensa que está fazendo? - Sussurrou ele, na vaga esperança de receber silencia em resposta.

- Garantindo que vocês não atrapalhem meu trabalho. – Ele afirmou petulante.

- Desculpe, trabalho? - Perguntou Jean insatisfeito, aquele estranho com cabelos brancos havia estragado o seu grande momento.

- Sim. Yukiko é um importante membro de minha equipe e vocês não possuem autoridade para interferir.

- Perdoe-me senhor, – Dom interferiu em falsa diplomacia – mas temos autorização do governo japonês para agir e manter a jovem Matsuda sob custódia não é uma decisão impulsiva. Agora, se nos permiti, temos um caso internacional para resolver e, infelizmente, sua investigação deverá prosseguir sem a presença de Yukiko ou esperar por ela.

- O caso Kira está sob minha responsabilidade e a Interpol já deveria saber disso.

- Como sabe desse caso? – Jean perguntou desconfiado.

- Ele é um curioso que viu aquela mensagem de dois meses do detetive L para Kira e que fica brincando de tentar descobrir quem é ele. Como podem ver, ninguém importante. – Yukiko começou tentando desviar a atenção dos investigadores para si.

- Sou o próprio L.

- Esqueci de falar que ele é meio doido também. Vocês acreditam que ele acha que se convencer o maior número de pessoas de que ele é L, o grande detetive vai vir atrás dele? Pois é. Ele tem certeza absoluta que é bom o bastante para ajudar L. Agora, me digam como vocês classificariam a inteligência de alguém que monta um plano desses?

Jean e Dominick desviaram os olhos da loira e miraram Near. O detetive escorou-se na parede logo que a garota começou a defendê-lo, considerando-se é claro que está fosse a intenção dela, por mais que não parecesse.

- Yukiko, por mais que eu agradeça pela sua ajuda, ela realmente não é necessária.

- Near, deixa que eu converso com os agentes da Interpol, afinal eles vieram até aqui só para me conhecer melhor, não é?

- De certa forma... – Dom comentou com a mão no cabelo.

- Liguem para o oficial responsável por esse caso e instruam-no a entrar em contato com o FBI a partir do código “Chaveiro”.

- Chaveiro? – Yukiko perguntou com uma sobrancelha erguida e levando ambas as mãos para retirar uma mecha de cabelo do rosto.

Tão confuso quanto a garota, Jean pegou o celular e entrou em contato com seu superior, passando, logo em seguida, as instruções de Near.

- A resposta para “Chaveiro” é “13 flores”. – Jean informou após escutar a resposta do outro lado da linha, ainda mais intrigado.

- A pergunta secreta é “Com?”. – O detetive confidenciou.

Para a surpresa geral, após desligar o aparelho, Russeau libertou as mãos de Yukiko e avisou o parceiro de que precisavam partir imediatamente.

- Pedimos desculpas por interromper seu trabalho L. – O francês alegou formalmente.

Near não respondeu ao estrangeiro, somente mirou os dedos de Yukiko que acariciavam o pulso dolorido. Sem motivos para permanecer na residência, os agentes da Interpol retornavam para o hotel em que se hospedavam enquanto Matsuda abraçava a filha pelos ombros, aliviado por vê-la bem.

- Chaveiro? – Ela perguntou repentinamente.

- O que tem demais?

- Que tipo de código secreto é esse? Chaveiro com 13 flores?

- É um bom código.

Matsuda, ao perceber que a visita de Jean e Dominick em nada alterou a relação dos dois, resolveu por se despedir e descansar para o dia seguinte.

- É um código muito esquisito isso sim.

- Por isso é um bom código. – Ele completou já subindo as escadas e sendo prontamente seguido pela garota.

- E eu o conheço agora.

- Após utilizado a mudança é automática.

- E como você sabe o novo código? Usar um padrão pode ser perigoso.

- Conheço os fluxogramas utilizados.

- Vai me contar?

- Você pede demais Yukiko.

- Só peço o que está ao meu alcance. – A garota completou escorando-se ao lado da porta do quarto do homem.

Antes que ela falasse mais uma palavra, Near apoiou as mãos na parede, prendendo a loira entre seus braços. O corpo próximo demais confundia os sentidos da jovem que não era capaz de desviar os olhos dos castanhos. Sem tocar na alva pele para não perder o controle da situação, o detetive saboreava a proximidade antes de recordar dos planos para esquecê-la.

- É melhor dormimos... – Alegou afastando os lábios que quase capturavam sem relutância os rosados. O homem tentava convencer mais a si mesmo do que a mulher, entretanto lutar contra as estranhas sensações que o invadiam era cada vez mais difícil e a falta de resistência dela não colaborava com sua empreitada.

oOo

Yukiko tentava prestar atenção na colega de aula sentada em sua cama, entretanto sua concentração aparentava querer se focalizar em um assunto bem distinto. Saber que Naomi ouvira grande parte da conversa não lhe agradava e ela já pensava nas complicações que poderiam surgir caso ela contasse para alguém qualquer informação que obtivera.

- Você podia ter me contado que ele era L, Yukiko. Eu não contaria para ninguém.

- Eu jurei nunca contar.

- Para ele?

- Para mim mesma.

- Isso é muito lindo. Você gosta dele mesmo. Ainda nem acredito que quase foi presa só para não contar quem ele é na verdade. Se eu gostasse de coisas extremamente fofas, você estaria no topo da lista.

A loira somente riu falsamente e a morena percebeu, porém não comentou nada. Ambas estavam cansadas e o dia não fora fácil para ninguém.

- Queria que o Yushiro gostasse assim de mim.

- Mas ele gostava Sasaki. O Watanabe era louco por você e faria qualquer coisa para vê-la feliz.

- Então por que ele começou a briga? – A mais velha perguntou com lágrimas surgindo em seus olhos.

- Discussões acontecem. A questão é que, se vocês tivessem tido tempo para superá-la, certamente estariam mais próximos ainda.

- Não sei se eu seria capaz de perdoá-lo pelo que disse.

- O tempo é soberano Sasaki-san. Nunca sabemos se ele vai nos dar uma segunda chance. Mesmo que nada tenha seu valor no tempo de duração, mas na intensidade com que acontece, é ele quem define o quanto poderemos apreciá-la. Quanto tempo lhe foi proporcionado ao lado do Watanabe?

- Estávamos comemorando sete meses de namoro hoje.

- E essa é a primeira briga?

- Sim.

- Então é disso que você tem de se lembrar. Vocês viveram uma linda história por sete meses. O tempo foi generoso com vocês.

- Não vejo por quê. Há pessoas que vivem bem mais tempo juntas, sem brigas...

- Mas não tem a intensidade dos momentos de vocês.

- É difícil acreditar que uma criança está me dando essa lição toda. Quem lhe ensinou tudo isso?

- Meu pai. Na profissão dele, nunca sabemos se ele vai voltar para casa. A primeira vez que ele se feriu gravemente, eu pedi para que ele trocasse de trabalho e ele se negou. Ele falou que se pudesse tornar o mundo um pouquinho melhor para mim, ele não se importava com o perigo e disse que eu não devia me preocupar, pois no dia em que ele morresse, ele iria tranqüilo sabendo que sou forte e feliz por cada momento único que viveu ao meu lado. Desse dia em diante, resolvi que cada dia seria mais especial que o anterior e que não faria nada do que pudesse me arrepender depois. Não há tempo suficiente para isso e eu prefiro perder o meu rindo ao lado de quem eu gosto.

- Queria ter esse tipo de pensamento.

- Pode começar esquecendo a briga e se lembrando de algo bom.

- Não é fácil Yukiko. Está tudo tão claro na minha mente. O terror do acidente.

- O que foi que aconteceu?

- Estávamos conversando sobre essas mortes estranhas que os jornais comentam e sobre a batalha entre Kira e o seu namorado.

- Near não é meu namorado.

- E começamos a debater sobre quem estaria certo. – Naomi prosseguia ignorando por completo a indagação da loira. – E por mais que eu ache que os bandidos mortos por Kira mereçam esse fim, quem deveria fazê-lo é a justiça. É poder demais e ele não devia ficar nas mãos de uma única pessoa.

Yukiko olhava a morena relatar os acontecimentos e refletia sobre cada frase que ouvia.

- Yushiro achava diferente. Ele disse que se a justiça era tão falha quando julgava um criminoso, ela deveria é auxiliar Kira a limpar esse mundo e deixar que ele trabalhasse em paz. Depois disse eu falei que se ele desejava a morte de alguém, ele era tão sujo quanto as pessoas que Kira matava e que deveria morrer como elas. Eu nunca vou esquecer como ele me olhou antes de atravessar a rua, nem do som do ônibus colidindo contra o corpo dele ou das sirenes que perseguiam o louco que seqüestrou o ônibus. – Limpando o rosto, a garota respirou um pouco antes de prosseguir. – Se Kira é o responsável pela morte do Yushiro-kun, ele vai pagar caro por isso. Meu Yushiro nunca fez mal a ninguém e não merecia isso... E eu desejei que ele morresse... Acho que sou pior que esse assassino...

- Fique calma Naomi-san. Você não tem culpa de nada. Simplesmente estava nervosa. É normal as pessoas falarem o que não querem quando estão irritadas. É melhor você descansar. Amanhã estará um pouco melhor.

- Acho que tem razão. Vou deixá-la dormir também. Seu dia não foi nada fácil. Boa noite Yukiko e obrigada.

- Não precisa agradecer. Até amanhã Naomi.

Ao chegar no quarto destinado a si, a morena já havia limpado as lágrimas que irritavam seus olhos. A tranqüilidade com que observava a mensagem no celular não combinava com a tragédia vivenciada.

“Venha ao hotel logo cedo.”

- Como se fosse fácil sair assim depois de toda encenação para entrar aqui. – Resmungava para o aparelho antes de apagar a mensagem e dormir um pouco.

oOo

- Vamos mesmo embora?

- Claro que não Dom. Não podemos deixar L sozinho com a garota. Ela pode estar enganando-o.

- Existe alguém capaz de enganar L?

- Se ela for Kira, tudo é possível.

Os agentes da Interpol adentraram o quarto que reservaram em um hotel simples. Ambas as camas encontravam-se repletas de papel sob minuciosa analise em poucos segundos.

- É muito estranho a suspeita número 1 da lista morar na mesma casa que L e muito mais ele revelar sua identidade para protegê-la.

- Por isso acho que ela o está manipulando.

- O que vai fazer?

- Estou marcando uma reunião para amanhã cedo. Quero saber como são os dois sem nossa presença e perante alguém mais inofensivo.

“Venha ao hotel logo cedo.”

- Será que eles são naturais na frente dela?

- Por que não seriam? Ela é colega de aula da garota.

- Acho que Annie não vai gostar de saber que vamos ficar mais tempo fora.

- Sua esposa já deveria saber que tempo é crucial em nosso trabalho.

- Sinceramente, eu não me importo. Ela queria que eu estivesse em casa para o aniversário de minha amada sogrinha. – Dominick comentou carregado de cinismo ao se referir a mãe da esposa.

- Sei que você adora se lembrar de Madame Dawson – o outro soltou um resmungo indecifrável em resposta – mas vamos nos concentrar em L e Kira, ok?

oOo

Raiya observava, sem emoção alguma na face, a mão que deslizava sobre a capa do Death Note. Ryuuku, ao lado do outro shinigami, analisa o sorriso do novo dono do caderno. Ele não sabia definir se fora esperteza ou burrice enviar o caderno para alguém tão próximo.

- Eu achava que Kira fosse alguém inteligente, mas fico feliz por ele ter falhado. Acho que serei um dono melhor para um item tão valioso.

O sorriso sedutor de Toshio contrastando com o olhar cruel enquanto o Deus da Morte imaginava como sua garota poderia recuperar o caderno. A vontade de matar Near e acabar com os problemas dela formigava em sua mão, porém o pedido de que ele não matasse inocentes gritava em seus ouvidos.

- “Cometa um único erro Near e eu acabo com você!”

- Vamos Raiya. Vamos mostrar ao mundo que nossa aliança é soberana.

- Não sou seu aliado.

- Não me importa. Eu tenho o caderno e esse mundo vai contar a história da mais longa Era Kira.

Abdicar do caderno, no final, fora um ato desnecessário graças a Near. Contudo, Yukiko o fizera e, desde que se tornou D-Kira, pela primeira vez não mentiu.


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Notas finais do capítulo

Gente... Eu juro que posso me explicar pela hora...
1 – Eu terminei o cap só hoje de manhã x.x
2 – Só terminei hoje de manhã porque assumi uma carga horária desumana. To tendo aula todos os dias de noite, trabalho todos os dias de tarde (com exceção de terça que tenho aula de tarde, logo trabalho de manhã), tenho aula quinta de manhã, alguns sábados (até domingo agora x.x), natação 3 vezes por semana... Sim eu me odeio...
3 – Passei o dia compenetrada em criar uma conta no AS para levar minhas fics para lá. Descobri que uma chegou antes de mim e sem meu nome >.<4 – Minha linda irmãzinha e eu estamos com os horários bem conflitantes e quanse não conseguimos conversar ç.ç
5 – Acho que não tem número 5 XD
6 – Comentário tosco que não devia estar nessa listagem: prometi fazer de tudo para não me atrasar mais e termino com um super atraso não justificado >.< Sou uma garota muito má >.
Espero que tenham gostado do cap ;)
Kissus e até o próximo
.
03 de Outubro.
Somente no Fanfiction e no Nyah
O Retorno de Kira
Capítulo 16:
“OSTENSIVO”



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