O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 13
Insólito




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Insólito

 (By Pérola e x Hunter-Nin)

.

Yukiko corria pelas ruas de Kantou sem olhar por onde passava e sem se importar por quem cruzava. Não era a desgastante rotina que a deixava nervosa. Muito menos o perigoso envolvimento com Near ou a presença de Shinigamis em seu quarto. Contudo, desde a pequena discussão com Raiya na noite anterior, não conseguia se concentrar nos próximos movimentos que deveria dar como D-Kira. Sem compreender o próprio coração, ela só desejava cansar seu corpo até que ele não tivesse condições sequer para pensar.

Os dois Shinigamis a acompanhavam pelos céus até o instituto em que a mesma assistia às aulas de defesa pessoal. Chegando ao local, Ryuuku começou a buscar suas preciosas maçãs sem nunca perder os movimentos do companheiro. Raiya observava a loira intensamente e vontade incontrolável de fazê-la acreditar em si o confundia. Deuses da Morte não deveriam se preocupar com os humanos. Até o momento, escrevia nomes aleatoriamente em seu caderno, contudo, desde que conheceu a pequena Matsuda e a viu planejando tão meticulosamente quem mataria e quem deixaria viver, se tornou incapaz de não querer ajudá-la nesse objetivo. Ao mesmo tempo em que não entendia suas ações, sentia como se fosse fortemente ligado a garota e vê-la nessa guerra lhe era nostálgico.

- “Nostálgico... Por quê? Por que isso tudo é tão familiar?”

A confusão nublava os vermelhos olhos e a face, sempre que se descuidava ou se perdia em lembranças inexistentes, perdia sua comum imparcialidade.

Yukiko calçou as luvas, retirou a blusa branca e, em seguida, golpeava um velho saco de areia freneticamente. Tanto quanto o Shinigami, a confusão dominava a mente da garota.

- “Por quê? Por que eu preciso tanto que ele aprove os meus atos? Por que dói tanto desapontá-lo? Ele é só um Shinigami idiota... Então por que não consigo parar de pensar nisso?”

O corpo despejava toda a sua raiva por não conseguir respostas tão simples. Cada golpe representava uma lágrima que ela queria derramar e que, entretanto, não se permitia. Não se arrependia de ser D-Kira. Não se arrependia de ter desafiado Near. Não se arrependia de ter permitido ao detetive beijá-la. Não via motivos para se arrepender de nada. Então, o que lhe tirava o ar? O que estava machucando-a tanto?

O suor começava a escorrer pela alva testa. Os olhos ainda perdidos na tristeza por não saber o que lhe acontecia. De repente, ela era uma criança que desejava a mãe para lhe auxiliar a entender o que sentia. Nem mesmo seus socos aparentavam usar toda sua força. Repentinamente uma mão segurou seu pulso a impedindo de continuar seus golpes.

- Bata assim. – A voz do instrutor ordenava enquanto reposicionava seus dedos. Refazendo a postura da garota, ele posicionou-se atrás do saco de areia e o segurou firmemente. – Agora, acerte com força! – Ele ordenou.

Sem pensar duas vezes, a garota voltou a golpear o alvo. Melhor posicionada, os movimentos fluíam com mais facilidade e suavidade. Era tudo uma questão de postura para ter o melhor resultado e extrair o máximo de sua capacidade. Só precisava estar posicionada e... Focada! Um sorriso iluminou o delicado rosto úmido pelo suor. Um brilho inundava os castanhos olhos e, como se tivesse todas as respostas na palma da mão, acertou um último soco no velho saco de areia. Sem raiva, somente com concentração e o resultado fora surpreendente.

- Bem melhor. – O instrutor a elogiou antes de se afastar e ir dar suporte a outro aluno.

A jovem olhou para o próprio punho e sorriu livre das incertezas. Elas ainda existiam, mas Yukiko não mais permitiria que problemas pessoais a impedissem de fazer seu trabalho como D-Kira. Satisfeita com o inicio do dia, a jovem andou até a mochila, de dentro da qual retirou uma pequena garrafa de água. Mentalmente repassava os planos para o resto do dia: um banho antes de sair da academia, aproveitaria para escrever alguns nomes no caderno que pegara durante a semana, em seguida iria para a aula de natação e chegaria em casa na hora do almoço, se tudo desse certo. Tranquilamente ergueu a garrafa e começou a beber o liquido cristalino. Porém o destino brincava consigo em todos os sentidos da palavra.

- Achei você Yukiko! – Naomi exclamou alto batendo nas costas da garota e fazendo-a se engasgar com a bebida.

- Sasaki? O que faz aqui? – Perguntou ainda curvada para frente e recuperando o ar.

- Como assim? Fui a sua casa hoje cedo e seu pai me disse que você tinha vindo para cá.

- Foi lá em casa?

- Sim. Agora me diz uma coisa, por que o seu peixe estava lá? – Perguntou com um sorriso malicioso.

- Meu peixe?

- A pequena Yukiko é mais rápida do que eu poderia imaginar. – Pensou alto alargando o sorriso.

- Ah! O Near. Ele está na cidade a trabalho e, como é amigo do meu pai, está hospedado lá em casa. – A jovem explicou calmamente.

- Mas isso é perfeito. Eu fui a sua casa para que analisar a situação com mais calma, porém acho que ela não poderá ser nosso quartel de guerra. Qual a profissão dele?

Um frio percorreu a espinha de Yukiko. Se contasse para Naomi que Near era um detetive, corria o risco de que a garota espalhasse o fato e de que mais pessoas descobrissem a identidade dele. Não que quisesse protegê-lo, no entanto isso poderia atrapalhar seus planos.

- Vai me dizer que nem isso você sabe?! – Sasaki questionou incrédula.

- Não é da minha conta, por isso não me contaram.

- Correção: não ERA da sua conta. Agora, tudo que tiver relação a esse peixe É da sua conta.

- Pode parar de chamá-lo de peixe?

- Você não me apresentou ele formalmente.

- O nome dele é Near.

- Prefiro peixe. – Yukiko ficou com o olhar incrédulo mirando Naomi. – Mas em consideração a você, na sua frente o chamarei de Near.

Totalmente resignada, a loira suspirou alto.

- Vamos começar de novo Naomi. O que foi fazer na minha casa tão cedo?

- Ontem a noite eu te prometi que te ajudaria a pegar o seu pe... O Near. – Corrigiu-se rapidamente. – Então resolvi que hoje você me contaria em detalhes em que patamar estamos para que eu decidisse qual a melhor tática de conquista. Mas devo confessar que também me surpreendi. Nunca imaginei que você lutasse.

- Desde os oito anos. – Informou naturalmente.

- Yukiko Matsuda se revelando. Que mais você faz? – Perante o olhar intrigado da outra, Sasaki resolveu explicar o motivo de tantas perguntas. – Já disse que vou juntar você e o pei.. Near! – Corrigiu-se antes de reclamar baixinho que seria difícil se acostumar a chamá-lo pelo nome. – Mas quando cheguei em casa lembrei que não sei nada sobre você, além dos boatos que correm na escola e do fato de você ser a número desde sei lá quando.

- Que boatos?

- Isso não é importante no momento. Mantenha-se focada!

A garota não acreditava que a colega tivesse tal personalidade. Precisaria repensar melhor em como a morena poderia lhe ser útil.

- Yukiko! Quer parar de sonhar com o Near e prestar atenção em mim? – Naomi perguntou furiosa.

- Pois bem Sasaki, diga-me o que quer saber.

- Tudo! Primeiro: o que você faz durante a semana e nos fins de semana?

Novamente Yukiko suspirava naquela longa manhã após ver seus planos totalmente alterados. Entretanto não se incomodara com o fato, já que poderia conhecer melhor seu novo trunfo sobre o detetive.

Raiya observava as duas garotas saindo do instituto enquanto Yukiko contava para Naomi sobra sua agitada rotina. Os olhos brilhando em contentamento e o sorriso que ele conhecia muito bem. Sua pequena protegida voltava a mentir. Furioso, virou-se repentinamente e acertou o saco de areia com a foice que carregava. Os outros alunos só viram quando o som dos grãos caindo se fez presente.

- Ainda irritado Raiya?

- Não. – Respondeu friamente ao outro Shinigami e saiu em busca da loira.

- Oe! Raiya! Não sabia que é falta de educação sair assim? – Ryuuku chamava pelo outro sem sucesso. – Eu não acredito que esse mau-humor todo é só porque ela voltou a agir como D-Kira.

A menção da alcunha agravou o estado de espírito de Raiya, entretanto ele lutava para não deixar transparecer.

- Pouco me interessa o que ela faz ou deixa de fazer.

- Até parece.

- Não me provoque Ryuuku! – O mais claro ameaçou.

- Como se você pudesse fazer algo contra mim. – Lembrou matreiramente o outro, pouco antes de abrir suas asas e voar para perto de Yukiko, a fim de ouvir a conversa entre as jovens.

oOo

Naomi Sasaki ocupara a maior parte do dia da pequena Matsuda, deixando-lhe livre somente na metade final da tarde. Imediatamente ela retornou a seus planos originais e rumou para a aula de natação. Após nadar por uma hora para descansar a mente e o banho, escrevia rapidamente os nomes que pretendia desde cedo no Death Note. Sempre que isso acontecia, Raiya se mantinha de costas para ela, além de segurar Ryuuku e garantir um pouco de privacidade à garota.

- Por que você demora tanto para colocar uma roupa? – Ele perguntou já impaciente.

- Por que um Shinigami sentiria tanta vergonha assim? – Ela respondeu arteira.

- Ela te pegou agora Raiya. – Ryuuku responde de baixo do amigo. – Quando é que você vai sair das minhas costas?

- Quando ela estiver devidamente vestida.

- E como você vai saber se não olhar?

- O soltarei quando estivermos saindo daqui. – Informou após alguns minutos de silêncio.

- Você é muito sem graça. – Comentou o negro Shinigami desistindo de sua luta.

- Vocês vão ficar discutindo por quanto tempo? – Yukiko perguntou sentada ao lado deles, totalmente vestida e com a mochila no ombro.

Sem um único comentário, Raiya libertou Ryuuku e os dois passaram a segui-la rumo ao último lugar que deveria ser visitado antes de retornarem para casa.

- Bibliotecas são chatas. – Comentou Ryuuku seguindo a loira pelos inúmeros corredores.

- Não são não. Esse silêncio vai me ajudar a recuperar o tempo perdido com a Naomi.

- Era só tê-la dispensado. – Raiya salientava.

- Não é tão simples assim Raiya. Eu preciso dela para que o Near tenha quem investigar. Ela e seus amiguinhos só me seriam mais úteis se eles brigassem e um deles morresse logo depois.

- Você tem o caderno e essas circunstâncias não são impossíveis. Basta escrever o nome de um deles.

- Eu não sou uma assassina Raiya! – Yukiko respondeu furiosa. – Nenhum deles fez algo de errado. Eles são o tipo de pessoas que só falam, mas nunca fazem nada. Não posso puni-los por isso.

- Impressionante. Mesmo com toda a carnificina que você causou, ainda acha que não é uma assassina?

- É diferente Ryuuku. Todos eles eram pessoas malvadas que feriram outras. Livrar o mundo de pessoas cruéis e desumanas como essas é uma coisa. Matar alguém que segue sua vida, por mais estranho que pareça, mas que não faz mal a ninguém é outra completamente diferente. Jamais derramarei sangue inocente, mesmo sabendo que isso não altera em nada o meu destino.

Os shinigamis a observavam selecionar mais alguns livros e se afastar dos prateleiras. Sentada em uma das longas mesas da biblioteca municipal, a loira possuía diversos livros abertos sobre a mesa. Física, química, matemática, biologia, história, cadernos de aula e o Death Note, além de lápis, borracha e canetas. Como uma verdadeira estudante exemplar, revisava os exercícios para garantir suas notas altas e, vez ou outra, anotava um nome no caderno após calcular a melhor data para o criminoso morrer. A concentração da loira era tanta que nada mais lhe importava, nem mesmo o relógio marcando 18 horas.

oOo

Yukiko, mais uma vez, corria pelas ruas apressada após ser avisada pela bibliotecária que o local estava fechando. Novamente ela não se importava por quem passava ou por onde andava. Tudo o que queria era chegar em casa o mais rápido possível. Um dia inteiro longe das vistas de Near, ela ansiava por saber a reação dele.

- Essa garota vai se matar se atravessar outra rua sem olhar em volta.

- Acho mais provável o motorista do carro que pensar em acertá-la morrer antes.

- Já estamos seguindo-a há semanas e ela não fez nada de suspeito. Não sei como você consegue convencer nossos superiores a manter esse caso.

- Ela era uma das poucas pessoas que sabia de nossa presença. Além do mais, os métodos utilizados por D-Kira são peculiares.

- Isso eu já sei. Mesmo assim... Ela aparenta ser uma adolescente normal.

- Normal? Você acha normal uma garota que faz tantas atividades ao mesmo tempo?

- Vai implicar com ela só por ela ser estudiosa?

- Estudiosa é uma coisa. Ela não tem explicação.

- Ta certo Jean. Vamos fazer nosso trabalho.

- Dom?! Não me deixe falando sozinho!

Enquanto os investigadores da Interpol seguiam pelo mesmo caminho da jovem Matsuda, Ryuuku observava a todos. Tanto Raiya quanto Yukiko estavam tão distraídos com os últimos acontecimentos e com os próprios planos que nem perceberam a permanência de Jean Russeau e Dominck Campbell na cidade.

 


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Notas finais do capítulo

Oe de novo!
Espero que se acostumem a ver a minha carinha sorridente aqui - ou não - porquem quem vai postar a fic no Nyah de agora em diante sou eu.
—aplausos imaginários-
Obrigada, obrigada XD

E aê, o que acharam do cap de hoje?
Começaram as intervenções do grupo da Naomi e ainda o aparecimento da Interpol, hmmmm, será que alguém se meteu numa enrascada? :D
Não percam o próximo capítulo de Retrorno e não esqueçam dos revieeeews!
Beijos açucardos,
Hunter-nin/Thais.

15 de Agosto
Somente no Fanfiction e, agora também, no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 13:
“INÉDITO”



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