O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 12
Véu Translúcido




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Dois carros avançavam rapidamente pelas ruas de Kantou. No primeiro, Matsuda guiava tranquilamente. O banco ao seu lado ocupado por Mogi, e os traseiros por Yukiko e Ide.

- Desculpe chegar tão de repente na festa minha filha. Mas vocês estavam demorando tanto e não davam nenhuma noticia...

- Tudo bem papai. Eu nem percebi a hora passar. – A loira respondeu alegremente.

- Conseguiram alguma coisa nessa festa? – Ide perguntou descrente.

- Bem, papai você se lembra dos Itos?

- Nossos antigos vizinhos?

- Eles mesmos. Você também lembra que o Toshikazu começou a andar com o Watanabe e a Sasaki logo que entramos no Colegial?

- Lembro sim. Aqueles dois foram uma péssima influencia para o pequeno Toshikazu-kun. Ele era uma criança tão doce. – Falou nostálgico.

- Aonde você quer chegar? – Mogi perguntou curioso, enquanto Ide não entendia a relevância do assunto.

- Bem, há algumas semanas adentrou um aluno novo na turma. O nome dele é Inoue Shinji e ele rapidamente entrou no grupo do Ito-kun. – Matsuda ergueu a sobrancelha após o tratamento carinhoso usado por sua filha.

- Inoue? – Ide questionou realmente interessado na conversa.

- Só um segundo. Inoue não era o sobrenome de um dos policiais mortos durante o caso Kira?

- Será que esse garoto tem alguma relação com esse policial? – Mogi pensava o óbvio.

- Eu ainda não sei muito sobre ele. Faz algum tempo que não converso com o Ito-kun e só conheço os novos amigos dele pelo nome.

- Mas por que você acha que eles podem estar envolvidos no caso minha filha?

- Porque eles passam o tempo todo falando sobre pessoas sujas, que esse mundo precisa ser limpo e pelo menos um deles nós temos certeza de que possui relação com um policial morto por Kira. Além do mais, as mortes tiveram inicio pouco tempo depois que Inoue entrou no grupo.

A última informação surpreendeu os policiais presentes no veiculo.

- E você precisa ter vindo a esta festa para descobrir isso?- Ide perguntou curioso.

Yukiko virou o rosto completamente constrangida. Era óbvio que ela buscava alguma desculpa. Do seu lado, o policial se divertia com o constrangimento da garota. Por mais inteligente que ela fosse, ainda era uma adolescente e, provavelmente, se aproveitara da investigação para ir a festa.

- Sinceramente não. Mas eu queria ver o comportamento deles com os outros fora da escola. Então essa festa me pareceu o melhor momento. – Ela respondeu distorcendo a realidade com maestria.

Enquanto no primeiro veiculo debatia-se sobre os novos suspeitos, no segundo, Linda e Aizawa tentavam convencer Near a falar. O policial ao volante mirou uma última vez o detetive pelo retrovisor após cansar de não receber respostas e se concentrou na estrada a sua frente. Ao seu lado, Linda observava o detetive cansada. Ela sabia que algo deveria ter acontecido. Near poderia ter encontrado os mais prováveis suspeitos e poderia estar se sentindo culpado pelo longo período em que duvidou de Yukiko, como também poderia não ter encontrado nada e estar frustrado. A única coisa que a policial não cogitava é que o silencio do detetive poderia estar relacionado à filha de Matsuda.

Com um pé sobre o banco do carro e o respectivo braço apoiado no joelho, o homem olhava pela janela em busca de alguma resposta para o seu comportamento. Nunca em sua vida desejara um beijo como naquele momento e não entendia como se deixara levar tão facilmente. Agradecia aos céus por seus companheiros terem chego depois do ato. Não queria imaginar a reação de Matsuda ao ver sua pequena filha nos braços de alguém mais velho como ele.

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Flashback

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Near virava-se e se apoiava na parede na qual antes aprisionara Yukiko. O sabor do beijo ainda o perturbava e confundia. Virou o rosto e a viu com a face avermelhada conversando com alguns adolescentes. Analisou o cenário antes de permitir que sua vista recaísse sobre a garota novamente. Ele realmente não pertencia ao mundo juvenil de Yukiko e deveria sair dele o mais rápido possível. Entretanto, como poderia se afastar se nem mesmo os olhos era capaz de desviar?

Mais afastada do detetive, a loira era interrogada a respeito de seu comportamento pela dona da festa.

- Pensei que fossem namorados, por que fugiu depois daquele beijo? – Uma jovem morena se aproximava da loira.

- Nós não estamos juntos.

- Mas você gosta dele, não é Yukiko? – A garota perguntou curiosa.

- Sim. – A loira mentiu após alguns segundos em silêncio, fazendo a outra sorrir.

- Então por que fugiu?

- Isso é errado. Ele é amigo do meu pai.

A outra se assustou com a informação.

- Peraí! Quantos anos ele tem?

- Sei lá. Nunca perguntei. – Respondeu displicente.

- Mas se ele é amigo de seu pai deve ser no mínimo 20 anos mais velho que você.

- Pelo amor de Deus Kiryuu, ele não é tão mais velho assim. Eu diria que entre 12 e 14 anos de diferença.

- É quase o dobro da sua idade! – Ela quase gritava.

- E daí? Homens mais velhos são mais interessantes. – Uma morena se aproximava das duas após perceber o foco da conversa. – Além de serem mais experientes. – Completou com um sorriso malicioso.

- Que nojo! Como você pode pensar em algo assim com alguém que quase tem idade para ser seu pai Sasaki-san?

- Ele está longe de ter idade para ser meu pai. Não exagere Kiryuu. Eu já me sinto mal o suficiente.

- Pois não devia. Garota eu sempre pensei que você fosse do tipo exibidinha que se acha boa demais para qualquer um da nossa sala, mas vendo o peixe que você quer pegar, tem todo o meu apoio. Para começar, essa sua fuguinha foi brilhante. Agora ele vai ficar pensando nisso por um bom tempo. – A garota rebelde completava.

- Se quiser podemos lhe dar alguma ajuda. - Yushiro Watanabe, namorado de Naomi, surgia ao lado da mesma e se colocava a disposição da loira.

Yukiko não poderia desejar mais. Além de ter Near envolvido por seu plano, agora possuía a desculpa perfeita para se aproximar dos quatro que colocaria no topo da lista de suspeitos.

- Eu mesmo já namorei diversas mulheres mais velhas. – Shinji Inoue, o mais novo aluno de sua turma, revelava.

- Mas conquistar um homem e conquistar uma mulher são duas coisas completamente diferentes. – Toshikazu alegava.

- De qualquer forma, gostei de você Yukiko. É difícil achar pessoas que não se importam com as estúpidas regras estabelecidas pela sociedade quando desejam alguma coisa e, se você o quer, eu a ajudarei a tê-lo.

- Sasaki-san, você está agindo de maneira muito errada. E se ele não quiser nada sério com a Yukiko-san? Ela só vai se arrepender e você será a culpada.

- Deixe disso Kiryuu. Ele não tira os olhos de nós, é óbvio que ele quer algo com a nossa pequena Yukiko. Só precisamos fazê-lo desejá-la mais do que qualquer outra coisa nesse mundo e, sinceramente, acho que não teremos muito trabalho.

A loira tinha vontade de gargalhar com a situação. Sem mexer um único dedo, todos criavam as situações perfeitas para serem úteis a ela. O que mais poderia desejar? Naomi Sasaki queria tornar Yukiko o sonho de consumo de Near, logo não se afastaria da garota facilmente.

- Acho melhor mudarmos de assunto. – Toshikazu alegou. – Aquele não é o seu pai Yukiko?

- Como? – A jovem virou descrente.

- Que sorte que chegou depois do beijinho. – Naomi sorria divertida. – Retoca esse batom e vai lá para não levantar suspeitas. – Piscou divertida e estendendo a maquiagem para a outra.

Após confirmar a identidade do homem ao lado de Near, a garota se aproximou de ambos.

- Papai? O que faz aqui? – Perguntou surgindo ao lado de Near e ganhando toda a atenção do mesmo.

Sem saber como agir, o detetive resolveu deixar para conversar com a menina quando pudesse ficar a sós com ela.

- Bem, vocês estavam demorando muito e fiquei preocupado. – Alegou com uma mão na cabeça e sorrindo sem graça.

- Desculpa Yukiko. Não conseguimos segurá-lo. – Linda contava.

- Está tudo bem. Realmente acabei deixando a hora passar e amanhã preciso levantar cedo. Vamos indo, Near? – Chamou o acompanhante que se mantinha sério.

- Hai. – Completou saindo da festa e sendo seguido por todos os outros.

Antes de sair do local, viu Naomi acenando para a mesma e ela retribui com um sorriso. Todas as peças começavam a se posicionar.

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Fim do Flashback

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Chegando à residência dos Matsuda, os outros membros da investigação contra D-Kira partiram, cada qual para sua respectiva casa. Yukiko despediu-se de seu pai e de Near, alegando cansaço, e foi se preparar para dormir.

- Eu também estou morrendo de sono. Melhor ir dormir também Near. Amanhã teremos uma longa reunião com os outros. – Touta se despedia e subia lentamente pelas escadas.

O detetive permaneceu alguns minutos a mais na sala, tentando entender como a adolescente fora capaz de agir como se nada tivesse acontecido. Confuso com as próprias atitudes, se revirou na cama até conseguir descansar.

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No quarto, Yukiko observava Raiya com certa curiosidade. O shinigami estava sentado em sua cama, as pernas e os braços cruzados e a expressão de quem desejava o sangue de alguém.

- Algum problema? – Ela perguntou temerosa.

- Nenhum! – O outro respondeu ríspido.

- Ele te viu beijando o seu amiginho. – Ryuuku respondeu tentando não rir do amigo, porém falhando miseravelmente.

- E o que tem demais? É a prova de que estou conseguindo confundi-lo.

- E até onde você pretende ir para continuar sendo D-Kira? – Raiya perguntou raivoso.

- Até onde for necessário. Estou sozinha nisso e preciso ter a certeza do poder que tenho sobre meus inimigos. Não entendo por que está se importando tanto.

Ryuuku analisava a discussão feita em mudos gritos. A vontade de rir se apossava dele. Se aqueles dois soubessem o real significado do que sentem...

- Eu odeio ter lhe desapontado Raiya, mas isso não é da sua conta. – Falou sincera.

- Está errada. Tudo sobre você é da minha conta. – Tomado pelo momento, o shinigami falava mais do que gostaria ou devia. – E você não está sozinha nisto. Eu estou aqui e não permitirei que nada lhe aconteça. – Alegou se aproximando das costas de Yukiko e acariciando-lhe o rosto com a fria mão.

Ao sentir o toque, a loira acertou-lhe e afastou-se bruscamente. – Não se faça de meu amigo Raiya. Sei bem que, quando minha hora chegar, você é quem ira escrever meu nome no seu caderno. Então, por favor, não tente me iludir. – Completou deitando-se na cama e fechando os olhos com força. Por alguma razão, discutir com o Deus da Morte lhe apertava o coração e a entristecia.

- “Eu não estava mentindo. Ninguém mais vai machucá-la Yukiko.” – Raiya pensava enquanto saia do quarto da garota para deixá-la descansar.

- “Esses dois terão uma surpresa quando souberem da verdade... Hehehe... Isso será muito... Interessante.” – Ryuuku divertia-se com a situação.

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- Yukiko-chan! Não vai se atrasar? – O grito do moreno desertou o detetive que não acreditava na agitação da casa em pleno domingo.

- Já estou quase pronta. – A garota gritou do quarto próximo ao seu.

Sabendo que não conseguiria voltar a dormir, Near resolveu levantar e se preparar para o longo dia. Milagrosamente, o banheiro estava desocupado e ele não teve de esperar para se lavar antes de descer. Preparando-se para conversar com Yukiko, lentamente se aproximava da cozinha. Ao chegar nesta, só pode vislumbrar uma mesa posta para o café da manhã. Totalmente vazio o ambiente.

Sem saber se ficava satisfeito ou não pelo tempo extra que ganhara, Near sentou-se à mesa e serviu-se de café. Os pequenos prazeres da vida. Não sabia nem como abordar a conversa com a loira, ou como ela reagiria, entretanto tinha medo do clima que reinaria na reunião.

Cogitando todas as possibilidades do que poderia acontecer no decorrer do dia, Near foi totalmente pego de surpresa quando uma alegre Yukiko lhe beijara o rosto. Sem conseguir reagir ao ato da garota, ele a viu passar por si e chamar seu pai da porta da cozinha. Os olhos do detetive não foram capazes de evitar a analise. Usando nada mais que um top preto, uma corsário também preta e um tênis e meia brancos, além do cabelo preso em um alto rabo de cavalo, ela lhe lembrava as teenagers dos filmes americanos.

Logo Matsuda adentrava o ambiente e alcançava para a jovem uma camiseta branca totalmente larga e que deixava um dos ombros a mostra. Nem mesmo o contorno de gato em pequenos pontos prateados na camiseta tornava-a menos sedutora para o detetive. Ainda sem se importar com o efeito que causava no hospede, ela mordeu com vontade uma maçã vermelha e se despediu, correndo para a rua.

Na mente de Near nada era mais visível do que os avermelhados lábios em contraste com o intenso da fruta e, involuntariamente, recordou-se da sensação de tê-los prensados contra os seus. Yukiko Matsuda estava turvando a mente do belo detetive. Já lhe era difícil se concentrar no trabalho. Era o óbvio ululante que ela cobria-lhe a razão com um véu que não lhe permitia ver nada que não fosse a bela garota. Ele sabia que precisava lutar contra essa situação, contudo ele sabia reconhecer a dificuldade da batalha.


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Notas finais do capítulo

Oe, galera.
Como é que vocês estão?
O cap de hoje foi postado por mim e eu espero que todos vocês gostem \o/
Beijos açucarados e não se esqueçam dos reviews \o/
Hunter-nin/Thais

Somente no Fanfiction e, agora também, no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 12:
“INSÓLITO”



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