Forgetting. escrita por Zoë Nightshade


Capítulo 2
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, né? Me desculpem mesmo, era para eu ter postado há duas semanas, mas não deu certo... espero que gostem c:



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Apertei sua mão.

Alagan Dhiren Rajaram. Ah, meu Deus...

–Você está bem? - ele perguntou quando sentiu que minha mão tremia. Na realidade, meu corpo inteiro estava inquieto.

Puxei o braço gentilmente, sentindo o rosto corar.

– Sim, estou bem - eu disse, por fim. Ainda não acreditava. Aquele momento foi, literalmente, um exemplo de sonho se tornando realidade.

Recuperei a postura e tentei secar minhas lágrimas discretamente. Pigarreei.

– No que posso ajudá-lo, Sr. Rajaram?

– Pode me chamar de Dhiren - ele me corrigiu, dando um meio sorriso. Meu rosto corou ainda mais, provavelmente. Dhiren riu. - Onde posso encontrar o proprietário do circo?

No mesmo instante em que ele disse aquilo, vi o tigre branco aproximar-se. Fiz um carinho atrás de suas orelhas e ouvi-o emitir um som que lembrava quando gatos ronronavam.

Dhiren - o homem - levantou uma sobrancelha.

– Não tem medo do tigre? - perguntou. Sr. Kadam havia feito a mesma pergunta em meu sonho.

Suspirei.

– Ele é dócil e eu acabei de alimentá-lo. Não acho que me machucaria. Respondendo a sua outra pergunta, o Sr. Maurizio deve estar em seu trailer. Posso levá-lo até lá, se quiser - respondi, mordendo o lábio inferior.

Dhiren sorriu.

– Se não for incomodá-la...

Verifiquei a jaula do tigre e as chaves. Saímos do recinto e caminhamos em silêncio enquanto eu tentava assimilar o que aconteia. Dhiren era, obviamente, real, porém não como em meu sonho - ele não era um príncipe indiano de trezentos anos, mas mesmo assim... E mesmo que não ficássemos juntos, pelo menos eu iria saber que seu rosto não sairia de minha mente tão rápido.

Assim que chegamos perto do trailer preto e prateado, Dhiren parou a minha frente.

– Obrigado - ele disse. - Foi um prazer conhecê-la.

– Você é indiano? - perguntei antes que pudesse me conter. Argh.

Dhiren me olhou, confuso.

– Nasci na Índia e vivi no país por quinze anos, e então me mudei para a América. Fiquei no Maine por quatro anos e faz dois que estou aqui. O Oregon é... definitivamente o melhor - ele respondeu, me olhando da cabeça aos pés várias vezes. Senti meu rosto esquentar novamente.

– O.k. - eu disse, sorrindo falsamente. - Foi um prazer conhecê-lo também.

Ele sorriu e bateu na "porta" do trailer. Ouvimos uma voz gritar Só um minuto! e me afastei.

Enquanto dirigia-me a tenda de Cathleen, pensamentos tomaram conta de minha mente. Ele era real! Apenas saber aquilo já era ótimo, apesar de não significar praticamente nada. Passei pela entrada da tenda e me joguei na cama, tentando adormecer, mas é claro que não conseguia; pensamentos e lembranças vinham em minha mente a todo momento, tais como as lágrimas - porém eu não as deixava sair.

Não me lembrava de ter adormecido até abrir os olhos e ver a claridade invadindo o local. Peguei meu celular e apertei uma tecla aleatória para ver o horário: oito e dezesseis da manhã. Suspirando, forcei-me a levantar, ligeiramente cambaleante. Escovei os dentes e troquei minhas roupas antes de Cathleen chegar, e perguntei-lhe se haveria alguma apresentação naquele dia.

– Não - ela respondeu, mexendo no cabelo louro. - O Sr. Maurizio cancelou os shows de hoje. Parece que ele irá fazer algum comunicado, mas ainda não sabemos do que se trata.

– Humm - murmurei. - O.k., obrigada.

Ela sorriu e começou a mexer em sua mochila. Saí da tenda e fui comer alguma coisa no refeitório. Como não estava com tanta fome, apenas peguei uma xícara de chá e um pão de queijo e sentei-me.

– Olá, Kelsey - ouvi uma voz ao meu lado e me assustei. Era o Sr. Davis, que segurava uma caixa com algo que parecia se mexer dentro dela.

– O que é isso? - perguntei, referindo-me a embalagem.

Ele olhou para a caixa e respirou fundo.

– Alguns itens que vamos precisar usar nas próximas apresentações - arregalei os olhos ao compreender algo. - Não se preocupe, são apenas algumas molas e bolinhas de borracha.

Suspirei, aliviada.

– Kelsey, poderia me fazer um favor daqui a alguns minutos? - assenti. - Há um visitante no circo hoje, porém não posso recebê-lo. Poderia fazer isso por mim?

– Claro - respondi. - Quem é?

– Um tal de Alagan.

Quase me engasguei com o chá.

– Ah, sim... claro. Eu o conheci ontem a noite - disse, me recuperando.

Ele levantou as sobrancelhas.

– Quero dizer, ele estava procurando pelo Sr. Maurizio e eu o ajudei - me corrigi.

– Certo, certo - o Sr. Davis pegou a caixa novamente e se levantou. - Esteja em frente ao trailer do Maurizio em dez minutos, o.k.? Tudo o que você precisará fazer é mostrar o circo.

Sacudi a cabeça positivamente e terminei de tomar meu chá. Assim que acabei, saí do refeitório e fui dar uma olhada em Ren, o tigre. Ele estava dormindo, o corpo virado para o lado e a língua prestes a escapar de sua boca. Dei uma risadinha e observei-o por um instante antes de trocar sua água e deixar um pedaço de carne para ele comer quando acordasse. Fiz um carinho em sua pata e saí, indo ao trailer. Não havia ninguém lá, pelo menos da distância em que eu estava, não conseguia ver algo ou alguém. Me aproximei um pouco mais e de repente parei. Senti algo atrás de mim e me virei.

– O que estava tentando fazer? - perguntei.

Dhiren suspirou, balançando a cabeça.

– Você estragou minha tentativa de te assustar.

Pisquei.

– Por quê?

– Não gosta de surpresas?

– Na realidade, não.

– O.k. - ele se deu por vencido.

– Venha - chamei. Eu ainda tinha que mostrar-lhe o circo, então achei melhor não perder tempo.

Primeiramente fomos ver os cães, que estavam sendo treinados. Dhiren pareceu fascinado com um truque no qual os animais passavam por aros em segundos, e confesso que sua expressão era bonitinha. Droga.

Passamos, então, para os palhaços. Eles não estavam na tenda, porém haviam deixado uma porção de roupas, acessórios e coisas do gênero espalhadas. Franzi a testa ao ver uma peruca vermelha em um cabide, mas achei melhor não dizer nada.

Levei cerca de uma hora para mostrar o circo inteiro, deixando o tigre por último, dando tempo para ele acordar e comer - seria melhor não incomodá-lo - e só então fomos vê-lo. Dhiren não parecia notar suas semelhanças com o tigre, mas eu o fazia. Talvez fosse por causa do sonho, até mesmo porque eu jamais iria comparar os olhos de um homem com os de um tigre - mas vê-los assim, juntos, era impossível não se sentir triste. Virei o rosto, a fim de tentar escondê-lo.

– Kelsey - chamou-me. Olhei para ele. - Qual a idade deste tigre?

Se o Sr. Davis havia mencionado isso, eu não me lembrava.

– Sinceramente, eu não sei. Mas creio que ele não seja muito novo, mas também não deve ser tão velho.

Ele assentiu, de repente parecendo preocupado.

– Certo. Poderia me fazer um último favor?

– Sim - respondi baixinho. Ele se dirigiu a porta e olhou a sua volta.

– Hoje, o Sr. Maurizio irá fazer um comunicado...

– Já sei disso.

– ...e queria que você me ajudasse.

Franzi as sobrancelhas.

– Ajudar no quê? - perguntei, confusa.

– Você irá entender hoje a noite, depois que ele falar.

Assenti.

– Se estiver ao meu alcance, tudo bem.

Dhiren sorriu.

– Obrigado.

Ele deixou o local e eu fiquei ali, estática.

***

A noite não demorou a chegar, o que foi um alívio. O Sr. Maurizio havia reunido todos nós no pátio principal, e eu pude observar Dhiren a uma distância. Quando ele percebeu que eu o observava, sorriu. Corei e soltei um meio sorriso. Maurizio apareceu alguns segundos após todos nós estarmos acomodados e pediu silêncio.

– Temos um visitante em nosso circo! - ele disse e Dhiren encolheu os ombros, dirigindo-se ao seu lado. - Seja bem-vindo, Dhiren. É uma honra termos um descendente dos Rajaram por aqui. Seus antecendentes provavelmente fizeram parte do Império... ahn...

– Mujulaain.

Uma batida de meu coração falhou. Olhei para os dois, respirando pesadamente. Eu sabia que ele deveria ter alguma ligação com a velha família indiana, mas não imaginava isso.

– Ah! - exclamou Maurizio. - Ótimo, ótimo... Vejamos, Dhiren, sua proposta é tentadora, mas precisamos da opinião de nossos amigos, aqui...

Suspirei, imaginando o que aconteceria.

– Este jovem, Dhiren, está propondo comprar este circo. Mas não se preocupem, vocês permanecerão por aqui, apenas com um proprietário e cuidados diferentes.

No mesmo instante, compreendi. Dhiren precisava de mim para cuidar do tigre. Um pensamento tomou conta de minha mente e eu, de repente, saí correndo do pátio principal, esperando que ainda houvesse tempo.


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Notas finais do capítulo

Não ficou tão bom, não é? Me desculpem, mas acho que vocês vão gostar do próximo capítulo... ou não alkjsla vão me matar. Comentem, comentem o//



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