Lua Cheia escrita por Ania lupin


Capítulo 2
Capítulo 1: Pequenas mudanças.


Notas iniciais do capítulo

:)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/277977/chapter/2

BPOV

Naquela hora, agradeci a Deus por ter exagerado nas panquecas de frango: aquilo estava cheirando muito bem. Sabia que nunca comia mais de duas, e Charlie com certeza pararia na terceira, mas algo me dizia que se tivesse me detido e parado na quinta, me arrependeria. Mesmo assim, contando que eu tinha um namorado que se alimentava de sangue, e aproximadamente dez panquecas extremamente recheadas na minha frente, eu sabia que amanhã não precisaria fazer o jantar. Ao menos quatro panquecas iriam sobrar, com certeza.

"Sua comida é realmente espetacular, Bells." Eu sorri com o elogio e vi meu pai repetir o prato, lá no fundo pensando que qualquer comida poderia ser muito boa para um homem que sobreviveu durante quase dezessete anos de ovos e bacon. "Vou sentir falta dela quando começar sua faculdade."

Imaginava que não era só da comida que ele sentiria falta, mas decidi não falar nada. O assunto da faculdade era extremamente delicado, e eu evitava ao máximo falar sobre Dartmouth. Nos últimos dias, tinha me vindo a idéia de cancelar a faculdade por mais um semestre. Por mais que Edward insistisse que eu precisava vivenciar aquilo como humana, seria um semestre perdido numa faculdade, num curso que não terminaria, um semestre que poderia passar aqui, com as pessoas que logo não mais poderia ver.

Senti meus olhos lacrimejarem, e decidi que andava muito sensível ultimamente em torno deste assunto: o melhor a fazer era não pensar, não na frente de Charlie. A última coisa que precisava era desmoronar na frente do meu pai, justo do meu pai. Acabei pegando outra panqueca, decidindo que comer me manteria suficientemente ocupada.

"Eu estava discutindo com Edward," Eu sabia que ele ficaria carrancudo, mas continuei mesmo assim. "E ele sugeriu algo interessante, te pagar um curso de culinária. Para aprender pelo menos o básico, sabe. Comer coisas mais saudáveis do que ovos, toda noite." Mas Charlie não respondeu, apenas pegou uma terceira panqueca. "Eu achei uma boa idéia." Enfatizei bem o sujeito.

Era totalmente irritante o fato de meu pai alimentar uma raiva nada saudável pelo meu namorado, futuramente noivo e marido, mas discutir com ele estava fora de cogitação. Coloquei mais um pedaço de panqueca na boca, quando notei que havia algo de errado com ela.

"O que foi?"

"Sem sal." Respondi, Charlie se divertindo com minha careta, e salguei a comida em meu prato sem piedade. Que estranho, poderia jurar que tinha colocado sal o suficiente para deixá-las no ponto.

"Desde quando você gosta da sua comida tão salgada?" Ele perguntou, cruzando os talheres sobre o prato após comer o último pedaço. "As minhas estavam ótimas de sal."

"Devo ter esquecido de salgar essa." Acabei com a panqueca enquanto Charlie ainda estava na cozinha, e ele pareceu notar minha fome ao colocar seu prato vazio na pia.

"Você almoçou hoje de meio dia Bells?"

"Yeap." Peguei a terceira. "Elas estão boas, e eu devo ter comido pouco no almoço pai."

Ele me olhou por um instante preocupado, mas depois sua expressão tornou-se engraçada, e eu neguei a ajuda oferecida para lavar a louça, querendo terminar minha janta sem mais perguntas. Charlie saía, indo religiosamente ligar a TV na sala, e eu pegava minha quarta panqueca.

"Por que, Bella?" A voz do outro lado da linha era triste e acusadora, e infelizmente, falava comigo. Me infernizava, na verdade, nos últimos vinte e sete minutos, enquanto Charlie ria alto de alguma coisa que passava na TV, a apenas um cômodo de distância.

Coloquei o último prato seco sobre a mesa já arrumada, e voltei a sentar-me na cadeira, na minha frente o prato com somente três das dez panquecas feitas. Quatro panquecas, e eu não me sentia mal por ter comido tanto como deveria me sentir. Na verdade, poderia comer mais, se quisesse. Tenho me alimentado demais ultimamente, a última coisa que preciso é engordar antes de me tornar uma vampira – passar a vida eterna com uns quilos a mais era a última coisa que eu queria. Iria me controlar, a partir daquele dia teria que diminuir a fome de qualquer jeito.

"Bella!" A voz aguda no telefone me tirou de meu devaneio.

"Alice, se você sabe, quer dizer que sabe que a idéia foi toda dele." Disse, tomando cuidado para não pronunciar nada suspeito como noivado, casamento, festa e afins. Aqueles não eram assuntos que me deixariam em bons lençóis com meu pai.

Nós não havíamos comentado com ninguém a decisão de cancelar o casamento, na verdade, não falamos mais nada sobre, nem mesmo entre nós. Mas depois de quase duas semanas achei que Edward mesmo havia esclarecido as coisas para sua família e apenas evitava tocar no tema, e agora Alice me fazia ver que meus pensamentos estavam errados.

"Esse é o problema, por que então eu não vi isso? Ele que se casar com você Bells, ele quer mesmo! Só precisa de um pequeno empurrãozinho da sua parte. Ele está com medo, tem tanto medo de fazer alguma coisa que você não goste." Eu enrolava o fio do telefone com um dedo, imaginando se Edward já estava deitado na minha cama, ouvindo toda a conversa. "Eu vi que ele andava um pouco abatido, ele não estar com um sorriso vinte e quatro horas por dia, agora, é anormal, você sabe." Eu me sentia pior a cada palavra, mas insistir com Edward, em uma coisa que não me sentia cem por cento segura, não era a melhor coisa a se fazer. Ele me lia muito bem, apesar do bloqueio de meus pensamentos. "Foi ele que me disse, que vocês tinham cancelado, assim como me disse que por ele, vocês já estariam casados."

Alice-"

"Bella, por favooooooooor! Se casar agora, ou se casar daqui a cem anos, que diferença faz? Vocês vão ficar juntos para sempre, de qualquer jeito." Suspirei. Era difícil admitir, mas a irmã mais nova de meu futuro marido estava certa. Que diferença faria para mim, casar-se agora ou daqui a algum tempo? Eu só teria que explicar a minha mãe, e a Charlie, não era algo tão difícil, eu que era muito medrosa por imaginar que a reação não seria uma das melhores. Mas, aquilo era tão importante para Edward, e eu já o havia feito abrir mão de uma coisa tão especial. Ele merecia aquilo. "E eu já tinha começado a escrever os convites."

"Você comprou os convites?" Por que não estava tão surpresa com aquilo? Era tão Alice. A imagem do vampiro abatido veio a minha cabeça mais uma vez, e então ela havia finalmente vencido. "Eu não prometo nada Alice, eu vou tentar."

"Aaaaahhhhhhhh obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, você é a melhor cunhada que eu poderia ter Bells!" A felicidade daquela pequena vampira em forma de fada era contagiante, e logo eu sorria junto com ela.

"Mas sem fazer mais nada pelas minhas costas," Avisei, baixando ainda mais o tom. "É meu casamento, e eu também quero participar dele!" E Alice me manteve ocupada falando sem parar, até meu vampiro aparecer.

Não havia uma palavra que definisse a sensação maravilhosa de passar uma tarde inteira ao lado do homem mais perfeito do mundo. Até passar ouvindo músicas antigas, e vendo filmes da época de minha avó – que fora nosso caso – era ótimo.

Estávamos nós dois na cama, eu esparramada no colo dele, enquanto ele mexia de leve numa mecha de meu cabelo. Acabávamos de ver "Bonequinha de Luxo", quando eu me tornei ridiculamente emotiva no final do filme, e ele me olhou, perguntando o que havia acontecido.

"TPM?" Aquilo sempre era a explicação para tudo que não tinha explicação com relação ao meu comportamento, mas naquele dia era realmente o que deveria ser.

Dividíamos um silêncio confortável, comigo secando uma última lágrima, quando um trailer de um outro filme qualquer começou a rodar no canal de TV a cabo. O pedaço mostrava uma noiva, em sua festa de casamento, e no momento em que eu vi aqueles olhos dourados grudados na cena, o dono perdido em seus próprios pensamentos, as lágrimas resolveram voltar imediatamente.

"Bella?"

Em uma questão de segundos, eu chorava compulsivamente nos braços de Edward, que me embalava, minhas lágrimas encharcando a frente de sua camisa branca. Mas não havia nenhum motivo muito concreto para aquela mudança súbita de comportamento, e eu tentava me controlar para ele não ficar tão preocupado como estava agora.

"Bella, meu amor, o que foi? Está me assustando!" Eu não sei, eu não sei, queria gritar, mas me limitei a balançar a cabeça. Os olhos dele mostravam a preocupação que sentia, mas quando eu consegui me acalmar e recuperar o fôlego para dizer alguma coisa, talvez não tenha dito as melhores palavras para o momento. "O que?"

"Acho que," Hesitei por um segundo. "devemos nos casar." Ele me olhou, seus olhos sem expressão, me colocando deitada na cama e inclinando-se sobre mim. Odiava quando ele ficava tão sério, quando aquele sorriso que eu amava tanto desaparecia. Ótima escolha de palavras, Bella Swan. "Edward?"

"Alice a fez mudar de idéia." Aquilo não havia sido uma pergunta, mas uma quase acusação. "Não adianta negar." E não era totalmente mentira.

"Edward-"

"Ssshh." Ele me silenciou com os dedos, o olhar finalmente suavizando. Ele não parecia mais aborrecido, e eu me senti ficar mais leve. "Bella, eu não quero que você se case comigo pelos outros, eu não quero que você se case comigo por mim. Eu quero que você aceite, porque você quer, e só por isso." O observei deitar-se ao meu lado, seus braços me puxando para mais perto. "Eu quero te ver com uma expressão feliz quando for contar para Reneé e Charlie. E eu não quero que você sinta sua mão pesar por causa de um simples anel. É isso que vai me deixar feliz, meu amor."

"Mas eu quero me casar com você!" Eu o amava tanto, porém ele conseguia ser tão chato de vez em quando.

"Eu não quero que você tenha vergonha, Bella. Assim, eu não quero." E ele começou a beijar minha testa, então meu queixo, e eu sabia que ele estava querendo que eu esquecesse aquele assunto, e tinha que admitir que ele estava quase conseguindo o que queria. Aquele cheiro me intoxicava, e seu toque gelado me desligava do mundo, mais alguns segundos seria o suficiente para eu esquecer de todo o resto.

Porém o que me levou a esquecer a conversa acabou não sendo os pequenos esforços do meu vampiro, mas sim meu estômago se fazendo presente, arrancando uma risada de Edward. Ele continuava achando incrível o modo que minha fome se manifestava nos horários mais impróprios.

"Hora de alimentar a humana." E ele parou com o beijo, apesar de meus protestos. Deus, o sorriso dele era tão lindo, eu poderia ficar olhando-o durante um dia inteiro. "O que quer comer?"

"Acho que pode ser qualquer coisa." Disse, já me levantando e indo em direção a porta fechada. Só longe dele consegui perceber que realmente estava com fome, como se tivesse um buraco muito fundo no meu estômago. Eu tinha comido o suficiente no almoço, e não eram nem cinco horas da tarde, que diabos acontecia com meu apetite nesses últimos dias?

"Estamos sem muitas opções em casa, Bella-"

"Cheeseburguer." A vontade de comer aquilo era enorme, e enquanto eu andava para as escadas, ele logo atrás de mim, a fome só aumentava. "Preciso de um cheeseburguer." Aquilo era tão estranho.

"Alguém está com fome aqui." Mais uma risada que eu amava. Me virei para olha-lo, meu pé no primeiro degrau da escada, quando os pontinhos começaram a aparecer na frente dos meus olhos.

"Bella?" Então tudo ficou preto.

"Bella!" Deveriam ter se passado segundos, apenas, mas quando abri os olhos eu já estava deitada num dos enormes sofás da sala dos Cullen, com sete vampiros me olhando, preocupados. No momento em que tentei me levantar, quando uma mão me manteve deitada, foi que percebi que Carlisle aferia minha pressão.

"Está um pouco baixa." Ele disse, retirando o aparelho de meu braço. "Mas provavelmente é por causa da fome." E quando eu vi o olhar de Edward então suavizar, tentei levantar novamente, apenas para ser mais uma vez impedida.

"Eu só fiquei tonta, está tudo bem." E quando eu tentei pela terceira vez, ele desistiu de me manter no sofá, e começou a me carregar nos braços, provavelmente em direção ao carro. "Edward, está tudo bem!"

"Você está tonta de fome, até comer, eu carrego você."

"Vampiro irritante superprotetor." Já estávamos na porta quando ouvi os risos de Alice e Rosalie.

Sangue, havia muito sangue ao meu redor. Comecei a ficar nervosa, ainda mais quando procurei ao meu lado e não havia sinal de Edward. Tentei mexer as pernas, mas meu corpo não me obedecia, era como se estivesse sedado.

Havia dois vultos usando longas capas, ambos com capuzes que cobriam seus olhos, e então, eu podia ouvir um choro que vinha de longe.

Edward, onde você está? Mas, tem muito sangue...

"Edward, não!" Imediatamente senti os braços gelados que me envolviam protetoramente, e logo um par de olhos dourados estava olhando os meus, preocupados. "Eu-"

"Bella, foi só um pesadelo, está tudo bem." Respirei fundo, o alívio fora quase momentâneo com as palavras dele. Virando-me para ele, afundei a cabeça no peito frio, o cheiro adocicado me intoxicando e acalmando ainda mais. "Sangue, amor?"

"Eu não conseguia te achar." Minha voz saiu sufocada, mas sabia que tinha sido o suficiente para ele ouvir. "Eu falei mais alguma coisa?" olhei para Edward, e vi que ele hesitou antes de me responder que não, mas logo eu tinha ficado com muito sono para pressioná-lo a me dizer o que parecia esconder. Tudo ficou melhor quando senti seus lábios em minha testa.

"Volte a dormir Bella, ainda é cedo." Ele não precisou me pedir duas vezes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lua Cheia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.