P.O.V Carly

- Estranho ele ter saído assim... Pelo que nós conversamos, ele tem um histórico perfeito, acho muito doido ele ter matado aula... – eu falei, desconfiada, a Chuck.

- E-Eu não tenho nada a ver com isso! – ele disse, olhando para os lados.

- O QUE VOCE DISSE A ELE? ONDE ELA ESTÁ? – eu falei, pegando na gola da blusa de Chuck, com raiva. – VOCÊ VAI ME FALAR, NÓS TEMOS TODA A AULA DE EDUCAÇÃO DO LAR, VOCÊ SABE DISSO!

- Eu disse que Sam estava na arvore em frente à escola... – Chuck disse ofegante. – me solta, por favor! – ele pediu, e eu o fiz. No exato momento, o sinal bateu, era hora da saída. Corri para a porta da sala e sai antes de todos. Logo eu o avistei do lado de fora do colégio.

- Espera! Freddie! – eu o chamei, e ele se virou bruscamente, mas vi uma sombra de decepção passando por seu rosto quando ele percebeu que era apenas eu. Ignorei o fato e o interroguei – você achou a Sam?! Onde ela esteve? Você falou com ela?

- Sim, e, falei. Ela estava sentada embaixo daquela árvore. – ele me disse, apontando para uma árvore com a copa vazia. - Estávamos nos resolvendo, daí eu arruinei tudo por ter falado a verdade. Cadê o Nevel? – me perguntou, desvencilhando-se do assunto.

- O cabeçudo? Ah, ele saiu num celta preto, com um motorista. – eu lhe disse. Parece que o assunto quase o fere... Com essa mudança brusca eu fiquei meio abalada. Eu queria falar sobre Sam, saber como ela está e porque ela fugiu daquela maneira. Entretanto, Freddie não estava tão interessado.

- Droga. Perdi minha carona. – ele disse. – Carly, eu tenho que ir. Não se esqueça, de estar amanha, as 19h00min, na casa do Nevel. – Freddie falou, andando de lado, sem tirar os olhos de mim.

- Então tá! Até! – eu falei, me despedindo também com um aceno. Eu ia achar Sam. Com, ou sem a ajuda de Freddie.

Fui para um dos lugares preferidos da Sam. Entrei no meu prédio e procurei por Sam na escada de incêndio, e depois de uma longa busca de 40 minutos, eu a achei, abraçada aos joelhos, quase na posição fetal. Tão vulnerável e inofensiva... Ha, só parece, porque, a Sam que eu conheço jogaria você dessa escada facilmente, sem pensar duas vezes.

- Sam? Está tudo bem? – eu perguntei.

- Eu achei que estava, Carls, mas o nerd estragou tudo. – ela me disse, com um sorriso amarelo, sem tirar os olhos do prédio ao longe.

- Ah, amiga, o que ele te fez? – eu perguntei.

- O que ele não me fez, seria a melhor pergunta. Eu te digo o que ele fez. Ele NASCEU! – Sam falou, começando a ficar irritada.

- Se você pudesse ser um pouco mais específica... – pedi.

- Estava falando sobre meu pai. E dos últimos pedidos dele. Meu pai disse, exatamente com essas palavras: “Minha Sammy, me prometa que um dia, todos saberão o quão especial você é!” Ai, ingênua, eu perguntei: “Por que está me dizendo isso, papai?” e ele respondeu: “Me escute, querida, você tem de ser forte. Você tem uma personalidade incrível – e meio explosiva -, mas isso é o que te torna especial! Eu gosto de você assim, desse jeito, e quem te ama, irá gostar de você do jeitinho que você é! Outra coisa: Minha filha, nunca queira ser nem igual à Melanie nem a ninguém. Cada um tem a sua personalidade. Cada um é especial da sua maneira”.

Sam fez uma pausa e respirou fundo. Ela simplesmente cuspiu as palavras que Freddie havia dito:

- “Você fez exatamente o oposto do que o seu pai te falou. Você critica as pessoas, exatamente como a Melanie fazia e te deixava para baixo. Não entende, Sam? Seu pai gostava de você do jeito que você era, por que você foi mudar?” e depois, eu berrei com ele. E ele piorou: “Gritar comigo não vai fazer o que eu te falei se tornar mentira”. Foi por isso que eu tinha ficado com tanta raiva do Freddie quando ele disse que eu tinha que ser igual a você. Foi como se a voz do meu pai tivesse sido acionada no meu cérebro. – Sam falou, tampando o rosto com as mãos.

- Escuta. Você, Samantha Puckett, vai mesmo ficar abalada por causa das palavras de um garoto bobo que conheceu hoje? Não é assim que as coisas funcionam! Cadê a Sam durona, que não se atinge com nada? Cadê a Sam forte e engraçada que eu conheço?! A Sam risonha e feliz?! – eu disse, dando um soco bem leve no ombro dela. Bem abafada, pude ouvir a risada dela, passando por entre seus dedos.

- Tem razão, Carlotta. Eu não deveria me importar tanto com a opinião de um perdedor. – ela disse, tirando as mãos do rosto. – ele vai engolir o que ele disse. Eu não mudei. Eu sempre fui assim, só que por dentro. – ela falou, agora tirando os pés do degrau. – ele vai pagar por isso. Eu vou à entrevista, sim. E ele vai engolir o que disse! – Sam triunfou, como se fizesse um discurso, agora botando-se de pé. – EU DAREI A VOLTA POR CIMA! – prometeu.

- É disso que eu estou falando! – eu disse, abraçando-a.

- Obrigada, Carly. – ela me agradeceu. – será que eu posso dormir na sua casa? São 21h00min, e eu não estou com a mínima vontade de ir para casa, encarar minha mãe, reclamando no meu ouvido, falando da hora.

Não vi problema algum e assenti, orgulhosa da minha amiga. Sam NUNCA está para baixo, sabia que seria algo serio, e que eu tinha que resolver logo. Bom, pelo menos Freddie não é um total bocó. Ele tentou consertar as coisas, mas só magoou mais a Sam. Quando o assunto é o pai, é melhor não mexer nas velhas feridas. Mas eu sei como curá-las. Sam precisa de um curativo. E eu sei exatamente onde encontrar...