P.O.V Freddie

Procurei por Sam em toda a parte. Perguntei a todos que eu conheço - o que não demorou muito –, mas encontrei alguém que parecia culpado demais.

- Onde ela está? – perguntei.

- Não sei do que você está falando.

- É claro que sabe. – falei, levantando a sobrancelha. – se não falar por bem, vou ter de fazer você falar por mal.

- Mesmo que eu te diga você não vai poder matar aula, Freddie! Você não seria capaz. – ele me disse.

- Está duvidando de mim, Chuck? Vou te dar três segundos. Um...

- Não sei, eu não...

- Dois...

- Não posso te falar, desculpa!

- Trê...

- NA ARVORE EM FRENTE À ESCOLA! – ele berrou e saiu correndo. Depois de um segundo ele voltou – VOCE NÃO SOUBE POR MIM! – e recomeçou a correr. Tinha certeza que iria arruinar meu histórico perfeito sem faltas por cinco anos, mas, seria por uma boa causa. Na verdade, por uma coisa que eu causei. Cheguei à frente da escola e rapidamente achei a tal arvore.

- Sam! Ainda bem que eu te encontrei, escuta, você tem que voltar. – eu disse, cansado por correr.

- Sai daqui, não quero falar com ninguém! – ela tentou puxar briga.

- Calma, calma. Eu não quero falar com você. Eu só vou ficar sentado aqui e descansar um pouco, tudo bem? – cortei rápido.

Fiquei sem resposta, então me sentei. Depois de uns dez minutos de silencio, ela recomeçou a falar.

- Olha só, sei que você não veio só pra descansar. O que você quer mané?

- Só quero que você me responda. Por que você é assim com todo mundo? Digo, fala critica os outros, e tudo mais? – eu perguntei, ainda arfando.

- É uma longa história, mas... NÃO VOU CONTAR PARA VOCÊ! – ela logo se manifestou. Estava certa, não esperava que ela dissesse a tal história para um garoto que ela recém conheceu.

- Tudo bem, eu não pedi para você contar. – eu disse.

- Hey, você não manda em mim. – ela rebateu.

- Você não quer contar a história.

- Eu conto se eu quiser. – me cortou.

- E você não quer.

- Você não me entende.

- E de que adianta? Você não contará. – eu disse, apoiado em meus joelhos. Agora já eu havia me recomposto da corrida.

- Você acha que pode saber de tudo? Está enganado. Eu vou te contar a história.

Sorri involuntariamente. Não era minha intenção parecer um garoto mimado que consegue tudo que quer. Sam pareceu não notar, olhou para o céu e começou a contar a história, como se estivesse realmente revivendo-a. Quando terminou, seus olhos estavam marejados, e, contra minha vontade, eu a abracei. O mais estranho foi que ela retribuiu.

- Desculpe, não sabia que tinha sido tão difícil para você... – eu disse, meio triste, depois que nos afastamos.

- Acho que nem Carly sabia dessa história... E você sabe... Não vai dizer para NINGUÉM. Isso não foi uma sugestão. Foi uma afirmação. Eu sei que você não vai contar. Não quero que ninguém que saiba que eu sou fraca por dentro... Porque se você fizer isso, Benson, eu quero que você saiba que eu vou estar nos seus pesadelos. Nos mais sombrios... – ela me disse, com uma voz nebulosa.

- Deixe-me ver se eu entendi. Sua irmã tem a mesma cara que você, então, vocês são gêmeas. Você era inteligente, sensível, tinha poucos amigos e usava óculos...

- E era gorda. – ela complementou, passando os dois antebraços em sua barriga, para tampá-la.

- Não, você não era gorda. Só tinha uma quantidade de peso excessiva. Mas isso não importa. Sam, você era uma pessoa boa, e olha só o que fizeram com você. O que a vida fez com você. O que a realidade fez com você. Te transformaram em uma valentona – mais bonita – só que mais insensível que xinga tudo que tem vida e passa na sua frente para não parecer fraca? Fizeram isso com você na sua infância, e você não gostou, certo? Por que você faz isso com os outros agora? – eu indaguei.

- E-Eu não quero parecer uma perdedora, Freddie. Eu não sou uma perdedora. Eu queria provar para todos os vermes que me disseram que eu nunca ia ser bonita, nem magra nem ia ter personalidade engolirem o que eles me disseram. Eu queria provar de uma vez por todas eu poderia ser... – ela ia dizendo, mas eu não a deixei terminar.

- A Melanie? Pois saiba que você fez exatamente o oposto do que o seu pai te falou. Você critica as pessoas, exatamente como a Melanie fazia e te deixava para baixo. Não entende, Sam? Seu pai gostava de você do jeito que você era, por que você foi mudar? – eu perguntei.

- SAI DAQUI! VOCÊ NÃO É NINGUÉM PARA FALAR DO MEU PAI! EU NEM SEI POR QUE EU TE CONTEI ISSO! – ela disse, botando a cabeça entre os joelhos. – SAI! O QUE VOCÊ ESTÁ OLHANDO?! VAI PARA A SUA AULINHA IDIOTA!

- Gritar comigo não vai fazer o que eu te falei se tornar mentira. – eu disse, calmo, e sai andando.

- Espera! Freddie! – eu me virei rápido, pensando que Sam tinha voltado atrás, mas era a Carly que me chamava. – você achou a Sam?! Onde ela esteve? Você falou com ela?

- Sim, e, falei. Ela estava sentada embaixo daquela arvore. – eu disse, apontando para ela. Sam não estava mais lá. - Estávamos nos resolvendo, daí eu arruinei tudo por ter falado a verdade. Cadê o Nevel? – perguntei.

- O cabeçudo? Ah, ele saiu num celta preto, com um motorista. – Carly me informou. Foi ai que eu me deparei com o relógio: Já estava na hora da saída.

Ótimo. Não fiz as pazes com Sam e ainda tinha perdido minha carona para casa. Sem falar que eu havia matado aula e estragado meu histórico perfeito e impecável sem faltas. Eu tinha feito aquilo tudo a custo de nada. Parabéns, Benson.