Love And Music escrita por Mari Scotti


Capítulo 16
Capítulo 16




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Capítulo 16

              

                Já passava das três horas da tarde quando o doutor Wagner adentrou o quarto em que Isabella estava internada. Ela já estava pronta para ir embora, sentada à beira da cama com Jacob em uma cadeira conversando animado com ela. Interromperam o assunto para ouvirem o médico.

                ― Como se sente? – Enquanto falava, a examinava minuciosamente.

                ― Ótima e o senhor? – Ele sorriu e a encarou.

                ― Bem, obrigado. Quero saber se ainda sente falta de ar e como estão suas costas.

                Suspirou e baixou o olhar.

                ― Estão bem, eu to bem. Quero ir para casa... ver meu namorado... cantar. – Mordeu o canto do lábio.

                ― Você já vai. Me diga, os exames que estavam agendados foram colhidos?

                Isabella demorou um pouco a entender a pergunta e assim que entendeu, sorriu abertamente.

                ― Já. Vieram aqui para tirar meu sangue, me levaram para fazer os outros exames. Tudo certinho. O doutor Paulo já está até com os resultados.

                ― Tem certeza que quer fazer isso? – Questionou desconfiado.

                ― Absoluta. – Aspirou o ar. – Sabe, vai me ajudar com a falta de ar.

                Ele concordou com a cabeça, assinou o prontuário e a abraçou rapidamente.

                ― Está de alta, pode ir quando quiser. Vou avisar a enfermeira para tirar o acesso. – Apontou para a agulha presa ao braço direito dela e saiu do quarto, depois de apertar a mão de Jacob.

                ― Ele é legal. – Disse o amigo.

                Uma senhora loira e silenciosa entrou no quarto, retirou o acesso do braço de Isabella e colocou um curativo sobre o buraco arroxeado, em seguida saiu, sem dizer uma única palavra. Eles se entreolharam.

                ― Vamos sair daqui! – Ela riu, mas Jacob não se moveu.

                ― Prometi avisar seu namorado. – Isabella se sentiu culpada por não ter enviado uma mensagem ao Edward, mas estava entretida com a saída e os exames para a cirurgia que mal se lembrou que possuía crédito. Ela ouviu quando Jacob começou a conversar. – Ei, e ai? – Houve uma pausa e ele ficou sério. – Ta tudo bem cara? Bem, então... a Bella acabou de receber alta. Posso levá-la direto para casa? – Perguntou mais baixo.

                ― O que ele tem? – Ela sussurrou perto dele, tentando pegar o celular que ele recolheu fazendo uma careta para ela.

                ― Certo. A deixo na casa dela. Abraço, se cuida. – Desligou. – Ele ta bem, só parece gripado. Falou para te deixar na sua casa que ele passa lá mais tarde. Vamos?

                ― Ele deve ta chateado comigo... – Fez um bico.

                Jacob tocou o rosto dela e o ergueu.

                ― Duvido. Ele ama você mais que tudo. Ele estava na escola, dando aula, deve ta corrido. Não enfie coisas na sua cabeça.

                ― Achei que você fosse a fim de mim. – Brincou ela, mas Jacob se aproximou, entrelaçando os dedos da mão direita aos dela.

                ― Eu posso ser, mas antes de ser afim ou qualquer coisa, respeito seus sentimentos. E eles não me pertencem. – Sorriu. – Vamos?

                ― Minha nossa... você é meio filosofo não? Vamos sim. – Riu.

                ― Só me sinto culpado por você estar aqui e o Edward é um cara bem legal. – Isabella viu algo no olhar dele, mas aquele brilho sumiu rapidamente. Decidiu ignorar enquanto dirigiam-se para o estacionamento do hospital.

                No estúdio da escola de música, estavam Emmett, Edward e um dos alunos que faria um teste para entrar para a banda. Excelente contrabaixista durante as aulas, porém queria saber se sabia improvisar, pois nem tudo dava perfeitamente certo nas apresentações ao vivo. O rapaz, Seth, estava ansioso, as mãos suando enquanto aguardava as instruções.

                ― Estamos esperando o Edward desligar o celular. – Avisou Emmett mal humorado. – E a Rosalie aparecer.

                ― A Bella recebeu alta. – Disse adentrando a salinha do estúdio.

                ― Vai buscá-la?

                ― Não. O amigo dela está lá. Depois que sair daqui vou direto pra casa dela. – Suspirou. – Se ele for bem, pode me substituir esta noite? – Questionou mais baixo, falando próximo do ouvido do primo.

                ― Claro. – Respondeu desgostoso.

                Ambos se acomodaram em suas cadeiras de plástico, os instrumentos posicionados. Seth os imitou, puxando o ar ruidosamente. Era visível o tremor de suas mãos.

                Rosalie entrou no estúdio quando começavam a tocar um blues.

                ― Até que enfim! – Bradou Emmett.

                ― Desculpe... tinha que me arrumar. Vamos ficar direto, esqueceu? – O beijou rapidamente e pegou o microfone. – Pronto.

                ― Vamos tocar outra. – Emmett entregou aos demais uma partitura com a música escrita por Isabella, além do improviso, precisava testar a rapidez do novato em assimilar notas, tempos e acordes.

                Edward estava distraído, não tinha contato a ninguém sobre a visita de Jéssica mais cedo e várias vezes errou as notas que deveria tocar, recebendo um olhar duro do líder. Por fim, abandonou o instrumento em um canto e saiu, sem dar satisfações. Desceu até sua sala, pegou suas coisas, incluindo o exame, e decidiu chegar na casa de Isabella junto com Jacob.

              

                Os pais de Isabella a aguardavam ansiosos. Charlie grato por terem despistado a polícia e mais disposto depois que teve sua primeira sessão com a doutora Cullen. Sabia que uma única conversa não o ajudaria, mas parecia mais leve depois de desabafar todos os maus tratos que submeteu esposa e filha.

                Jacob estacionou um Honda Civic preto na porta de entrada da casa e rapidamente deu a volta, abrindo a porta para Isabella. Ouvindo o carro, Charlie e Renee saíram, o ajudando a levá-la para dentro de casa.

                A sala estava diferente, haviam montado a cama da garota em um canto, onde também se encontrava o aparelho de inalação e todas as medicações que precisaria. Ela suspirou chateada, pois permaneceria em observação, mesmo após sair do hospital, mas não reclamou da preocupação deles. Sentou na cama e aguardou todos se acomodarem.

                ― Desse jeito vou ficar mimada. – Riu.

                ― Você merece. – Jacob sentou-se ao lado dela.

                ― Para com isso. – Ficou sem graça, olhando para o chão.

                ― Preparei uma carne com batatas para você, filha. Vai te fortalecer. – Dona Renee avisou.

                ― Obrigada mãe.

                Isabella sabia e se lembrava que em uma semana a situação financeira deles não mudaria, por isso estranhou haver carne e batatas na casa, mas nada disse, decidindo não chatear com perguntas.

                ― Como se sente?

                ― Estou bem, mas preciso conversar com vocês sobre duas coisas.

                ― Pode falar. – Charlie sentou-se no sofá ao lado de Renee.

                ― Vou fazer uma cirurgia de redução do estomago. – Ela esperou a reação dos pais e continuou. – E fiquei noiva do Edward...

                ― Noiva? – Charlie arregalou os olhos, levantando a voz. – Você é nova para se casar!

                ― Pai...

                ― Nem pai, nem mãe! Você não vai se casar! – O homem já estava em pé, irritado.

                ― Calma meu amor, deixa a menina falar. – Pediu Renee com olhar suplicante.

                ― Pai... não vamos nos casar agora, calma. Só daqui dois anos.

                ― De toda forma ainda será muito nova.

                A campanhia soou quebrando o clima tenso dentro da casa. Renee se levantou indo até a porta.

                ― É o Edward.

                Isabella levantou da cama, ajeitando o jeans e a camiseta que estava usando. Sentia-se feia, amarrotada e mal cheirosa, pois sentia o cheiro do hospital ainda em suas narinas, porém, mesmo assim, saiu para receber o noivo. A saudade era maior que a vergonha.

                ― Já entramos mãe. – Avisou fechando a porta e deixando os três dentro da casa. – Edward! – Sorriu e se atirou nos braços dele, deixando o peso do corpo cansado sobre o dele.

                ― Minha pequena. – Murmurou manhoso, passando os dedos sob a pele nua das costas dela, aproveitando-se da posição e da camiseta ter levantado um pouco. – Desculpe não ter buscado você hoje.

                ― Não tem problema! Você ta aqui. – O beijou rapidamente. – Contei que vamos nos casar e meu pai ta meio bravo. – Sussurrou.

                ― Mas ele já sabia.

                ― Verdade, ne? – Isabella lembrou e estranhou a reação de Charlie. Entraram na sala e sentaram-se na cama junto com Jacob. Um homem de cada lado de Isabella.

                ― Seu Charlie, o senhor esqueceu que aprovou me casar com a Bella? – Perguntou Edward, notando a irritação do homem depois de ter cumprimentado a todos.

                Ele imediatamente encolheu os ombros e olhou para Edward, parecia ter se lembrado do fato no mesmo instante.

                ― Esqueci. – Suspirou. – Mas é cedo. Ela é muito nova.

                ― Ela disse a mesma coisa quando a pedi em casamento. – Sussurrou Edward e sorriu para Bella. – Vamos esperar mais um pouco, não se preocupe.

                ― Certo... – Charlie resolveu controlar o nervosismo e foi para a cozinha, seguido de Renee.

                Jacob constrangido por ficar de vela, se remexeu virando-se para Isabella.

                ― Vou indo gatinha, já está entregue.

                ― Não precisa ir. – Ela o abraçou.

                ― Eu sei, mas também to cansado. Se precisar de algo me avisa. Remédios... qualquer coisa.

                ― Ta bom. Obrigada. – Bella se mexeu para sair, mas Edward se antecipou.

                ― Eu o levo à porta. Fica quietinha. – Beijou a testa dela e em seguida acompanhou o rapaz para fora.

                ― Vai mesmo se casar? – Questionou Jacob enquanto abria a porta do carro.

                ― Por mim sim, mas ela pareceu não gostar muito da idéia. – Suspirou Edward. – Ei, obrigado por trazê-la. Você tem sido um grande amigo. – Apertaram as mãos e ele notou algo errado no olhar do outro. – Aconteceu alguma coisa?

                ― Não. – Se apressou. – Só estou melancólico. Bem vou indo. Não precisa agradecer, faço porque amo a Isabella e já gosto de você. – Deu um tapa forte no ombro de Edward antes de se acomodar atrás do volante.

                ― Ama é? – Riu.

                ― Como amigo. – Jacob suspirou e sorriu. – Tchau.

                Mal deu tempo de responder e Jacob sumia ao final da rua. Edward entrou na casa pensativo, mas logo esqueceu de tudo ao se aproximar de Isabella. Ela parecia tensa, mas tinha um sorriso apaixonado no rosto, o que o deixou mais tranqüilo. Sentou-se ao lado dela e a enlaçou pela cintura, aproveitando da solidão para beijá-la rapidamente.

                O pigarrear os fez separarem e olharem em direção da porta da sala.

                ― Ei Jasper! Ta sumido véi. – Edward levantou e apertaram as mãos.

                ― É... Ando na correria. To trabalhando... – Coçou a nuca.

                ― Trabalhando? – Perguntaram Edward e Isabella em côro.

                ― É mano... – Ficou sem graça e se afastou para ir à cozinha. – Preciso ter como sustentar a minha princesinha. – Sorriu para eles e saiu de fininho antes que pudessem dizer algo.

                ― Que bonitinho. – Bella soou apaixonada e Edward se sentou novamente.

                ― Eu achei que eles tinham brigado. Não o vi e nem a minha irmã esta semana. – Comentou, abraçando Isabella e escondendo o rosto no pescoço dela. A barba por fazer a fez rir baixinho e se encolher. Notando isso, o rapaz passeou com o queixo pela pele dela, rindo também de suas reações.

                ― Vai ver meu irmão também pensa em casar. – Sussurrou, encolhida.

                ― Um casamento duplo.

                ― Como?

                ― Nós dois casamos no mesmo dia, sai mais barato sabia? – Brincou Edward.

                ― Não mesmo! – Ela o afastou com força, chateada. – Será um dia só nosso, Sr. Cullen!

                ― Opa, claro que será minha dama. – Riu. – Estava brincando.

                ― Sei. – Riu. – Amor, queria te contar uma coisa, já que pelo visto eles não vão retornar. – Sussurrou Isabella, olhando-o diretamente.

                ― Ah sim... também preciso te contar uma coisa. – Falou preocupado, lembrando-se da gravidez da ex-namorada.

                ― Fala você primeiro. – Pediu.

                ― Não. Pode começar. Prefiro. – Sussurrou roubando um selinho dela.

                ― Vou fazer uma cirurgia. – Ela pausou esperando alguma reação, mas como ele permaneceu a fitá-la, emendou. – De redução do estomago. Foi o que o Jacob me levou para ver na semana passada... ele conseguiu o exame para mim, o médico, tudo.

                Como se uma nuvem se desfizesse de cima dele, Edward sorriu, agora entendendo porque ela não o chamou para levá-la ao médico.

                ― Ele que conseguiu tudo? Por que não me falou que queria? Minha mãe conhece todos os médicos daquele hospital. E acha saudável fazer essa cirurgia? Você tem asma...

                ― Eu não pensava em fazer, ele que sugeriu... não foi algo planejado. Quando vi, estávamos indo até o HF. – Explicou. – A cirurgia vai melhor minha condição pneumologica também. – Murmurou fazendo uma careta. – Essa palavra existe?

                Ambos riram e Edward negou.

                ― Acho que não. – sorriu. – Olha amor, entendo um pouco dessa cirurgia e ela ajuda sim, mas tem um problema e isso me preocupa muito.

                ― Qual?

                ― A recuperação não é fácil. Você terá de se alimentar certinho, nos horários corretos, fazer exercícios para não ficar com um monte de pele sobrando... – Ao dizer isso, notou os olhos dela se arregalarem. – Eu te ajudo. Tenho uma esteira na minha casa, eu trago para cá. Ou... você vai até lá e fazemos academia juntos. – Sugeriu.

                ― Você tem uma academia na sua casa?

                Ele corou.

                ― Bem quase... minha mãe é viciada em exercícios. – Explicou. – Topa?

                ― Sim. – Sorriu. – Achei que seria mais difícil te convencer. – Riu baixinho.

                ― Não... confesso que já tinha me passado isso pela cabeça quando te vi pela primeira vez.

                ― Sério? Você não gosta do meu tamanho, ne? – Chiou baixinho, se acomodando nos braços dele e apoiando a cabeça em seu peito.

                ― Eu não me importo mais. – Sussurrou. – Você sabe que eu era fútil. – O tom que ele usou, meio afeminado, a fez rir. – Sério... Agora penso na sua saúde apenas. Se quer fazer, te dou todo apoio. Se precisar de remédios, exames, eu te ajudo.

                ― Já fiz os exames durante a internação. – Ela o apertou no abraço. – A cirurgia foi marcada.

                ― Mas já? – A olhou inseguro.

                ― Pelo que entendi, estou com um probleminha sério na tiróide e serão feitas duas cirurgias. Do estomago e da tiróide.

                ― Você está com os exames?

                ― Não. Esqueci de pegar no hospital. Por quê?

                ― Quero ver... acho muito antecipado marcar uma cirurgia assim, da noite para o dia.

                ― Amor... Eu também achei, mas eles me garantiram que estou pronta para entrar na faca. – Brincou.

                ― Quero ver mesmo assim. – Insistiu. – Preciso voltar para a escola. – Murmurou baixo ao notar as horas no relógio de pulso.

                ― E o que você tinha para me contar?

                Edward corou visivelmente, era fácil esquecer os problemas quando estava com ela. Afastou o rosto para encará-la.

                ― Podemos conversar sobre isso hoje a noite? Venho te buscar para jantarmos.

                ― Ela ainda não está boa para sair. – A voz de Charlie quebrou o silêncio parcial do ambiente.

                ― Pode vir que ficamos lá na laje conversando. – Bella antecipou-se.

                ― Combinado. – A beijou rapidamente. – Até mais Sr. Charlie. Tchau Dona Renee! – Gritou mais alto para ela ouvi-lo e saiu, com Charlie atrás dele.

                ― Desculpe agora a pouco, eu me sinto oscilando. – Explicou ao saírem.

                ― Não se preocupe. – Apertaram as mãos. – Eu entendo. O que achou da consulta com a minha mãe?

                ― Ela te contou alguma coisa?

                ― Não. Ela nem pode. – Sorriu para tranqüilizá-lo.

                ― Ah... Bem, gostei. Ela é atenciosa.

                Charlie parecia constrangido e irritado ao mesmo tempo, por isso Edward entrou no carro, acenou e partiu, deixando-o sozinho.

                A noite caiu lentamente, Isabella já havia se banhado, arrumado a laje para ficar mais aconchegante e quente para eles e esperava ansiosa a chegada do noivo. Para ajudar, Charlie havia pendurado alguns cobertores nos varais, fazendo uma cabaninha para a menina, que ao mesmo tempo sentia-se uma criança e uma garota prestes a ficar a sós no escurinho com seu namorado. O estomago se agitou ao se lembrar de como era gostoso ficar sozinha com ele e pela primeira vez na vida, imaginou-se fazendo amor com alguém, deixando-o ultrapassar limites que não ousaria se não fossem casados.

                Os pensamentos foram interrompidos ao ouvir a campanhia. Tinha combinado com a mãe de mandá-lo subir assim que chegasse. Havia uma travessa com torta e outra com bolo o aguardando, e uma garrafa de suco de laranja. Pensou que em breve teria de se acostumar a beber apenas um pouco de liquido enquanto se recuperasse da cirurgia, mas valeria a pena, ficaria linda para ele.

                ― Bella? – Ouviu e se levantou, indo para perto da caixa d’água onde os cobertores não a escondiam. – Oi... – Ele sorriu ao vê-la e correu para abraçá-la.

                Edward vestia uma calça jeans escura, sapatos pretos e uma camisa preta com as mangas dobradas até o cotovelo. O cabelo estava espetado e bagunçado ao mesmo tempo e ela não resistiu, passando os dedos pelos fios endurecidos com gel e desmanchando ainda mais. Ele a apertou contra o corpo, aspirando seu pescoço e gemeu baixo.

                ― Oi meu amor. – Deram um beijinho rápido demais para a saudade dela e foram na direção da cabaninha que o pai ajeitou. Ali, ele havia colocado um sofá velho, coberto por um lençol limpo e cheiroso. Edward sentou e fez Isabella se acomodar em seus braços.

                ― Legal essa cabaninha.

                ― Meu pai me ajudou.

                ― Ele é mesmo de lua. – Riram. – Você está cheirosa demais. – Murmurou mordiscando a pele dela e a apertando um pouco mais.

                ― Obrigada. – Riu, encolhendo-se. – E ai, o que queria me contar?

                ― Caramba, você é apressada! – Reclamou.

                ― Sou curiosa. Bem diferente. – Ela virou o rosto e notou a ruga na testa dele.

                Edward deslizou as mãos até a barriga da menina, sentindo o tecido da camiseta na ponta dos dedos. Bella estava de jeans e blusinha azul claro, e uma sapatilha do mesmo tom. Os cabelos escovados e uma maquiagem bem leve, realçando seus olhos.

                ― É uma notícia complicada. – Começou. – Bem complicada... e eu não acredito que seja verdade, mas preciso compartilhar com você. – O medo dele não era ter um filho com Jéssica, mas que Isabella se afastasse dele por isso. Suspirou pesadamente sem dizer mais nada.

                ― Me fala.

                ― A Jéssica... Ela me procurou hoje de manhã...

                ― E? – O coração dela já estava apertado e a respiração ficava pesada a cada segundo que ele demorava a contar. Sua imaginação indo desde um beijo a um momento mais intimo entre eles.

                ― Me contou que está grávida. – Soltou de uma vez, esperando a reação dela.

                ― Grávida? – Sussurrou quase sem voz. Depois que ele concordou, continuou no mesmo tom. – De você?

                ― Diz ela que sim.

                ― Vocês já... vocês... – Ela saiu de perto dele, os olhos marejados. Sentia o peito doendo, quebrado. O coração pulsando dolorosamente. Seu homem teria um filho com outra. Agora eles estavam ligados novamente e de uma forma que não desligaria por toda a vida. Ela não conseguiu continuar, apenas se levantou, andando para longe dele, o máximo que a cabaninha permitia.

                ― Já. – Confirmou sem sair do lugar. – Mas foi quando ainda estávamos saindo. – Explicou.

                ― Você não sabe o que é camisinha não? – Esbravejou, perdendo um pouco do controle.

                ― Estourou... – Lamentou. – Mas não acredito que o filho seja meu. – Comentou baixo, sentindo-se envergonhado com a situação. 

                Bella passou as mãos nos cabelos nervosamente e deu as costas a ele, olhando para a rua. Ventava muito, mas não se importou. Sentia-se jovem demais para lidar com uma situação daquelas e adulta demais para agir como uma criança e gritar com ele. A confusão de sentimentos a fazendo tremer.

                O silêncio durou por mais de cinco minutos, até que ele tomou coragem e se aproximou a abraçando por trás e repousando os lábios em seu ombro.

                ― Não planejei isso, também estou assustado.

                ― O que vai fazer? – Deixou-se ser amparada por ele.

                ― DNA. Se for mesmo meu, vou dar toda assistência que a criança precisar.

                ― E quanto a ela?

                ― Ela que cuide da vida dela. – Soou chateado. – O pai dela quer que nos casemos.

                ― E você?

                ― Nunca me casaria com ela. Estando grávida ou não. – Ele a virou para si, passando os dedos no rosto marcado por lágrimas e afastando uma mecha de cabelo. – Nunca amei ninguém. Nunca. E não vou perder você por causa dela ou de um filho não planejado. Só me importa você... E aquela criança se for mesmo minha. – Ele a encarou, os olhos ganhando um tom mais claro. – É capaz de me aceitar se eu tiver um filho?

                A dor e o medo nos olhos dele desarmaram Isabella que o abraçou pelo pescoço e apertou como se pudesse se fundir a ele.

                ― Claro que sou. – Sussurrou perto do ouvido dele. – Só estou assustada... Ela vai fazer de tudo para te tirar de mim.

                ― Ela pode até dançar pelada que nada me fará desejar e amar outra pessoa que não seja você. – Murmurou no ouvido dela, fazendo Isabella arrepiar inteira.

                ― Se ela dançar pelada na sua frente, é uma grávida morta. – Ameaçou rindo baixinho.

                ― Nossa, que mulher ciumenta. – Brincou e afastou o rosto, tocando a bochecha dela. – Prometo que não vou deixar nada atrapalhar a gente.

                ― Promete mesmo?

                ― Prometo. – Reafirmou.

                Mesmo sentindo-se destruída por dentro, preferiu confiar nele.

                ― Se o filho for seu, o que vai fazer? – Perguntou baixinho.

                Edward a levou de volta para a cabaninha onde era mais quente, preocupado com a saúde dela.

                ― Vou colocar um berço no meu quarto, aprender a trocar fralda, essas coisas. – Deu de ombros, um frio gelado incomodando a boca do estomago.

                ― Vou poder te ajudar?

                ― Em tudo. Sempre. – Escorregaram no sofá até ela ficar debruçada sobre o peito dele, o rosto acomodado no vão do pescoço.

                ― Não sei como me sentir. – Confessou baixinho, lágrimas silenciosas rolando de seus olhos.

                ― Eu sei. Também me sinto assim. Mas se você não me deixar, posso suportar qualquer coisa. – Edward se sentia desesperado e ela notou isso no tom de voz dele.

                ― Não vou te deixar. – Prometeu.

                Ela queria que ele prometesse também, prometesse várias vezes até o buraco em seu peito sumir, mas não teve coragem, pareceria que não acreditou da primeira vez. Ficaram abraçados ali, em silêncio por um tempo interminável, até que adormeceram.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos os comentários! Estou muito feliz!!! Assim que der, respondo todo mundo.
Cap dedicado a vocês!
beijo. Mari



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