– Precisamos conversar – disse Victor.

– Tudo bem.

Ele me levou até uma parte escondida da escola, ele não disse nada, então, quebrei o silêncio:

– Por que está agindo tão estranho?

– Vou ter que ir à Alemanha fazer um curso no segundo semestre desse ano.

– E você quer ir? – dava pra ver a tristeza em minhas palavras.

– Não.

– Quando você volta?

– No ano que vem já vou voltar a estudar aqui.

– Espera aí, você disse que o curso vai ser na Alemanha?

– Disse.

– Você fala alemão?

– Falo.

– Desde quando fala alemão?

– Falo fluentemente desde o começo desse ano.

– Por que nunca me falou?

– Não era importante e você nunca peguntou.

– Tem razão, não era importante e eu nunca perguntei. Mas porque você não podia ter me falado que ia fazer um curso na Alemanha?

– Ia fazer diferença?

– Iria sim fazer diferença, eu poderia ter começado a fazer um curso de alemão e visitar você.

– Desculpe.

– Desculpas aceitas, mas, vamos tirar esse clima tenso, vamos aproveitar enquanto você ainda está aqui.

– Essa é a ideia, curtir!

Estávamos de janela na última aula e o sinal pra irmos embora tocou, me despedi dele.

Quando cheguei em casa, adivinha: Diário.

Hoje é dia 25 de março de 2013.

“Querido Diário,

Hoje Victor me explicou o porquê dele estar esquisito, ele vai fazer um curso na Alemanha, eu nem sabia que ele falava alemão.

Tchau. Até meu próximo relato.”

Dormi do jeito que eu estava, com meu Diário na mão.