Lágrimas de Sol escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 18
Capítulo 18 - Paixão


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Tudo bem com vcs?
Eu sei que sumi uns dias, mas eu estava finalizando a fic.
E tenho boas notícias. CONSEGUI TERMINAR! =D
Então já podemos nos considerar em contagem regressiva, para o término dessa fic.
Como ela está tipo muito grande no meu word, peço que tenham paciência com as revisões, pois acabei fazendo tudo forever alone :( . Minha parceria começou um trabalho novo e não é sempre que pode acessar a net.
Então, bom.... gostaria de agradecer a todos os comentários! Obrigada as pessoas que deixaram de ser leitores fantasmas e por favor continuem assim até o término!!!
**Nos vemos lá embaixo. Boa leitura**



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O silêncio pairou sobre nós. Os únicos sons audíveis na sala de estar, era dos talheres batendo irritantemente na porcelana fria. Dimitri mal me encarava e eu fazia um bom trabalho, em tentar ignora-lo. Minha cabeça girava na velocidade da luz, enquanto eu tentava tanto entender a traição da Lissa, quanto minha própria traição. Na verdade eu sabia que o que estava fazendo era errado. Durante toda a minha vida, não liguei muito para as coisas, mas logo depois que tive a minha experiência de quase morte naquele maldito internato, as coisas pareceram um pouco mais claras para mim.

-A comida está muito boa – Dimitri comentou de repente, me fazendo quase pular do lugar.

-Obrigada – Respondi em tom gentil, pela sua tentativa que começar um diálogo.

-Voltou para a faculdade? – Ele arriscou e dessa vez, seus olhos encontraram os meus.

-Estou terminando. – Continuei em minha linha de respostas vagas. Era o melhor que poderia fazer. Minhas mãos suavam tanto, que eu tinha receio de deixar os talheres escorregarem pelos meus dedos.

-Eu vejo – Dimitri murmurou mais para si mesmo do que para mim. Foi minha vez de buscar seus olhos. Ele parecia desapontado, enquanto encarava um pedaço de torta de seu prato. Franzi o cenho.

-E você? Está em algum hospital? – Arrisquei.

-Estou sim – Dimitri voltou a me fitar e dessa vez, soltou seu garfo. – Trabalho como coordenador da ala de neurologia infantil do Mount Sinai Hospital*

-Sério? É um cargo importante. – Sorri. - Fiz tratamento de uma inflamação na garganta quando era pequena lá.

-Pelo visto se curou. – Ele também sorriu, me fazendo sentir mais calma.

-Eu quase precisei ser operada, mas ainda bem que os antibióticos fizeram efeito.

-É verdade – Dimitri então passou sua mão pela mesa, pegando um pouco mais de salada de rúcula. –Antigamente a cirurgia era muito requisitada mesmo, mas agora nem tanto. Tentamos de todas as formas, recorrer a tratamentos alternativos e menos traumatizantes para os pacientes.

Depois de uma longa pausa, resolvi voltar a falar.

-Você ainda lidando com crianças, deve ser ainda mais complicado. – Me servi de um pouco mais de vinho, enquanto observava mais atentamente Dimitri. Sua jaqueta agora estava aberta e sua postura era graciosa e relaxada. Ele tinha os braços dobrados e apoiados cuidadosamente na mesa, me observando comer.

-Eu gosto das crianças. - Ele deu de ombros. –Gosto de poder ajuda-las e me sinto bem em fazê-lo.

-Deve ser realmente um trabalho muito gratificante. – Depositei meus talheres ao lado do prato, me posicionando quase da mesma forma que Dimitri na mesa. Já havia encerrado minha refeição. –Eu gosto de crianças também.

-Está mais do que convidada a conhecer meu trabalho – Os olhos de Dimitri brilharam em expectativa. Pensei em comentar algo, mas um movimento estranho na porta me fez olhar em sua direção. Max começou então a latir, denunciando a presença de alguém. Meu sangue gelou automaticamente.

-Vou atender a porta. – Me levantei abruptamente, temendo ser a pessoa que havia esquecido de avisar sobre o jantar. –Não saia dai – Adverti Dimitri, que me olhava curioso.

Parei em frente à porta e logo a abri, mas ao invés de deixar quem quer que fosse entrar, eu sai ao corredor, fechando a porta atrás de mim. Andrew tinha a expressão um pouco confusa pelo meu gesto, mas eu não me importei. Meus olhos rapidamente passaram pelas suas mãos e vi um grande buque de rosas amarelas. Suspirei.

-Oi Andrew – Falei baixo, para que Dimitri não me escutasse.

-Você recebeu minhas flores? – Qualquer dúvida que ele tivesse, havia sumido. Seus olhos brilhavam, enquanto ele olhava para mim.

-Recebi sim. São lindas. – Sorri amarelamente, não sabendo o que fazer ao certo.

-Nosso jantar está de pé? – Agora ele havia erguido uma sobrancelha desconfiada. Talvez, por que eu estava suando demais para uma noite fria.

-Infelizmente não. – Fui direta. –Eu esqueci de te avisar, mas algumas coisas saíram do controle.

-Algumas coisas? – Andrew transparecia em suas feições, estar intrigado. –Aconteceu alguma coisa com você? – Automaticamente sua expressão mudou para preocupada.

-Não. Estou bem – Gesticulei com a mão em negação, para que ele soubesse que não havia acontecido nada de errado comigo. –É que uma amiga minha que não via há muito tempo, acabou vindo me visitar. – Não era tão mentira assim. A não ser pelo sexo feminino.

 -Ela está ai com você? – Andrew ainda continuava curioso, mas sua expressão havia suavizado um pouco. Notando que ele ainda estava com o pequeno buquê em mãos, o peguei.

-Está sim. Deixaria-te entrar, mas minha amiga está triste – parei para pensar em alguma coisa para dizer, que soasse coerente. Lissa era milhares de vezes melhor do que eu em enganar as pessoas.

-Aconteceu alguma coisa com sua amiga? – Andrew estava cada vez mais interessado, me deixando suar horrores. Dimitri já deveria estar se perguntando por que diabos eu estava demorando tanto. Eu já estava prevendo uma cena, quando ele abrisse aquela porta. Com medo do pior, me encostei-me à porta, tapando totalmente a passagem de Andrew.

– Por que deixou seu namorado em sua cidade e está se sentindo sozinha. – Dessa vez eu havia sido infeliz em meu comentário, mas não sabia mais o que inventar. Eu quase ri da minha situação catastrófica.

-Ah então presumo que seja assunto de mulheres – Andrew bufou desgostoso e eu me senti mal por ele.

-É mais ou menos isso. – Sorri de forma desconfortável. Eu estava me sentindo péssima por engana-lo, mas ou era isso, ou eu teria que lidar com dois homens confusos e irritados. Uma parte bem mesquinha de mim, achou que talvez isso fosse o certo a fazer. Dimitri estava casado com toda a certeza e eu tinha um relacionamento também. Um relacionamento com um homem que gostava de mim e era extremamente bonito e gentil. Para ser mais exato, um publicitário renomeado. Por que isso não poderia ser fácil afinal?

-Então vou indo nessa. Amanhã passo aqui para te ver – Andrew então tomou a decisão por mim, me fazendo respirar aliviada. Com um beijo rápido em meus lábios, ele logo partiu, entrando no elevador.

Encostei minhas costas totalmente na porta e fechei meus olhos. O que merda eu estava fazendo? Quando voltei a abri-los, eu já tinha a resposta sobre o que realmente precisava fazer.

Depois de entrar e esconder desastrosamente meu buque na cozinha, segui para a sala. Dimitri estava sentado no sofá com Max em seu colo. O enorme cachorro peludo havia adormecido, enquanto Dimitri afagava seus pelos dourados.

-Max é uma criança grande – Dimitri elevou seus olhos à altura dos meus, quando notou minha presença na sala de estar. Seus olhos eram sonhadores e eu pensei naquele instante, que talvez Dimitri tivesse uma boa história a contar sobre animais de estimação.

-Ele é carente – Franzi o cenho enquanto observava meu enorme bebê peludo. Sentei próximo deles. Max abriu os olhos negros e já veio em minha direção.

-Ele realmente ama você. – Dimitri constatou rindo. Quando encarei seus olhos, tentei ao máximo conter a decepção nos meus, mas era quase que incontrolável.

-É sim – Respondi vagamente. –Você quer sobremesa? – Ofereci, não sabendo direito o que dizer a ele. A resposta era clara, mas isso estava sendo mais difícil do que eu esperava.

-Estou cheio, obrigado – Dimitri então pousou seus olhos em meu rosto, fazendo com que uma sensação estranha se apossasse de mim. Era algo similar a uma avaliação minuciosa, porém com mais intensidade. Não aguentando a pressão de seus olhos chocolate, respirei fundo e me levantei, empurrando Max para o lado.

-Vou preparar um café para nós. – Ofereci e sem esperar uma resposta, fui em direção à cozinha para separar as coisas.

A água já borbulhava na chaleira, anunciando seu fervimento. Separei as xícaras prontas para servir, quando Dimitri apareceu na porta.

-Quer ajuda? – Ele agora parecia um pouco encabulado. Talvez, pela minha mudança repentina de humor. Eu não o culpava.

-Estou bem obrigado – Eu mal conseguia encarar seus olhos. Quando fui passar por ele, algo repentino aconteceu. Dimitri segurou meu braço, quase me fazendo derrubar a bandeja com as duas xícaras e um açucareiro. Sem entender ao certo o que estava acontecendo, meus olhos buscaram os seus.

-O que foi? – Perguntei temendo que minha voz soasse tão confusa, quanto eu mesma. Dimitri apenas me encarava. Emoções fluíam em sua face, como se ele estivesse decidindo ao certo o que fazer.

-Por que está fugindo de mim? –Quando ele pareceu retomar sua voz, ela não era mais do que um sussurro.

-Não estou fugindo de você – A negação foi minha primeira opção. Eu não sabia como lidar com aquilo. Eu não sabia como lidar, com Dimitri.

-Está fugindo e sabe disso Roza – A pronuncia quente e suave como um veludo quando ele pronunciou meu nome, fizeram os pelos de minha nuca eriçarem. Minha respiração automaticamente acelerou e eu precisei de muito esforço, para continuar mantendo minha voz neutra.

-Eu só estou tendo problemas para entender tudo isso. – Fui honesta. Desviando meus olhos dos dele, soltei meu braço de seu aperto, para logo depositar a bandeja em cima do balcão da cozinha. Em seguida, encostei minhas costas na pia de mármore e dirigi meu olhar ao chão, sem ainda ter coragem o suficiente para enfrenta-lo.

Dimitri então se aproximou alguns passos, mas logo parou a alguns pés de mim. A única visão que eu tinha agora eram de seus sapatos negros.

-Eu confesso que também estou meio perdido. – Ele confessou rindo tristemente, me fazendo buscar seus olhos. Dimitri parecia ter a expressão tão perdida quanto eu esperava estar a minha, refletida a ele.

-Vamos começar do começo então – Gesticulei com a mão e forcei um sorriso. Então lancei um breve olhar ao relógio da cozinha e notei que já eram quase dez horas. – Mas acredito que hoje não seja uma boa hora. Você irá se atrasar para a sua peça.

Dimitri também olhou o relógio e soltou um longo suspiro.

-Eu acredito que não irá me fazer tanta falta. - Ele pausou para fitar meus olhos. Era uma mistura interessante de se ver- Vicky que estava mais interessada em ir ao teatro. – ele deu de ombros. - E por um golpe do destino, acabei indo parar em sua rotisserie e ela desistir para dar lugar a você.

Não consegui segurar um sorriso com aquela declaração. Se Dimitri soubesse o quanto eu esperei por ele. Por ver aquele sorriso novamente.

-Pelo visto sua irmã não gosta de sua esposa. – Eu me segurei, mas a careta foi inevitável. Automaticamente corei, mas Dimitri pareceu ter achado graça de meu comentário.

-Então foi isso que você deduziu? – Seu sorriso se iluminou ainda mais, me fazendo corar ao nível máximo. O que ele queria dizer com aquilo? Eu deduzi o que?

-Me desculpe por me intrometer assim. – Rapidamente me desculpei. Eu não deveria tocar em assuntos familiares e muito menos, sobre a provável afinidade entre sua irmã e esposa.

-Está bem. Não se intrometeu. – Dimitri deu mais um passo em minha direção. –E suponho-me, que o rapaz que estava lá fora e te trouxe esse buque, era seu namorado.

Mordi meus lábios. Sem precisar me virar para o lado, eu sabia que Dimitri havia visto o maldito buque que eu havia largado ali.

-Não é bem isso. – Dei de ombros, tentando desviar o assunto, mesmo não entendendo o porquê realmente, eu estava fazendo aquilo.

-Não? – Dimitri voltou a dar mais um passo, me fazendo encostar mais um pouco na pia. O choque térmico entre o mármore gelado e minhas costas quentes, quase me fizeram pular no lugar. –O que é então? – E foi ai. Exatamente ai que eu perdi a linha dos meus pensamentos. Dimitri estava sorrindo e não era de uma forma convencional a qual nas últimas horas eu estava habituada. Ele sorria da mesma forma de quando o vi pela primeira vez. Da mesma forma, como quando resolveu me ajudar em Santa Maria e me ofereceu o presente de aniversário. Ele sorria com a alma iluminada que tinha. E era por aquele sorriso que eu percebi, que poderia morrer e nascer de novo.  Eu estava apaixonada por ele.

Mount Sinai Hospital* - É um dos maiores e mais antigos hospitais de ensino e treinamento dos Estados Unidos e considerado um dos melhores hospitais do mundo em onze especialidades.


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Notas finais do capítulo

Ownnnn.... Ela se deu conta disso só agora? hahahaha
O que acharam?
NÃO DEIXEM DE COMENTAR! PRINCIPALMENTE AGORA QUE ESTAMOS ENCERRANDO.
Quem também estiver inspirado, aceito recomendações rsrsrs

Beijos



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