Mudança De Planos escrita por Clara Ferler


Capítulo 17
Sonhos ou Pesadelos?


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora, aproveitem.



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(P.V. Cebola)

Fui pra minha casa com Cascão, eu ia pensando em como ganhar a competição no show de talentos, quem ganharia, eu ou a Mônica? Bom, eu acho que os outros não tinham chance.

-Cebola você tá me ouvindo? Alô! – uma voz me despertou dos pensamentos.

 -Ah desculpa Cascão. O que você disse?

-Aff você nem estava ouvindo.

-Me fala, por favor.

-Tá... Eu disse que eu fiquei surpreso ontem quando a Mônica me disse que terminou com Tony e eu acho que ele – eu o interrompi:

-Opa espera ai... Você disse o que?... A Mônica terminou com o Tony?

-É ela me contou quando agente se viu ontem. – Eu não acreditei no que eu acabava de ouvir, terminaram? Qual seria o motivo?

-Por que eles terminaram?

-A Mônica disse que o viu beijando a Denise, mas eu estranhei porque ela também disse que não estava triste com tudo aquilo.

-Não? – perguntei surpreso e feliz.

-Não. Só que ela ainda tá bolada pelo que eu fiz com ela, parece que não quer mais me ver, por isso que ela estava com aquela carinha triste. – ele se entristeceu de repente, será que ele e Mônica nunca mais voltariam a serem amigos?

(P.V. Mônica)

Um dia antes...

Nove horas da noite...

-VOCÊ FEZ O QUE?

-Magali larga de escândalo! – falei.

-V-você terminou com o Tony? – ela perguntou totalmente surpresa.

-Sim, ele tava beijando a Denise.

-Mas ele não se explicou?

-Mas não por isso, nós não nos gostávamos de verdade e aquela cena deles dois juntos só me fez perceber que não sentia nada por ele... Magali pensa bem, nós nunca nos abraçamos sinceramente, conversamos livremente ou determinamos algum tipo de compromisso sério.

-Compromisso sério amiga?

-É tipo... Eu estou apaixonado por você ou... Eu te amo. Eu nunca disse isso pra ele e muito menos ele pra mim.

-M-mas...

-Mas o que?

-É acho que você está certa, talvez tenha sido melhor assim para os dois.

-Também acho.

-Mudando de assunto... Você já decidiu que roupa vai usar pro show de talentos? Uh, e que música vai cantar?

-Eu não sei Magali. Já tá tarde, acho melhor irmos dormir.

-É você tem razão, mas a festa do pijama foi boa né? E nós comemos toda a pipoca. – disse ela olhando pro balde de pipoca vazio em cima do sofá.

-Nós? – indaguei levantando minhas sobrancelhas.

-Tá bom, Tá bom, fui eu que comi... Não é culpa minha se sinto fome à noite.

-Hehe é, sente fome à noite, de manhã, no período da tarde e...

-Tá eu já entendi.

-Haha, vamos dormir.

-Tudo bem. Aí, eu nem vi sua mãe quando eu cheguei né?

-E qual é a novidade? Ela nunca tá aqui mesmo. – falei em um suspiro.

-Ah Moniquinha, fica assim não vai. – ela disse tentando me consolar.

-Tudo bem, vamos dormir.

-Tá bom, já to indo.

Eu estava em um lugar escuro, como uma floresta e era cheia de árvores, aquele lugar me dava arrepios, eu olhava em volta para entender onde eu estava, mas eu não sabia o que fazer, eu não compreendia, onde eu estava? Que lugar era aquele? Estava tudo tão escuro, tão sombrio. De repente, para a minha surpresa, tudo ficou claro, uma luz surgiu, o sol apareceu e não era mais noite e sim dia, aquilo me tranquilizou mais do que tudo naquele momento, saber que pelo menos não estaria na escuridão. Eu estava sim em uma floresta, mas não era mais tão sombria, parecia mais com um jardim. Havia flores de todos os tipos de cores cercando o lugar, deixando-o mais belo, e havia também, pássaros de todos os tipos de espécies voando por ali, eram tantos pássaros que mesmo se eu fosse boa em matemática, eu nunca conseguiria contar. Em um canto, em cima de uma flor, pousava um pequeno filhotinho de pássaro que me chamou muita atenção, ele parecia tão inocente e indefeso, me aproximei um pouco mais dele, chegando bem perto da flor, eu olhei para ele e vi que estava perdido.

-O que foi pequenino, está perdido? – eu estava falando com um pássaro, aquilo só podia ser um sonho. – Você quer encontrar sua mamãe quer? – então uma coisa me tirou toda a concentração, eu vi a sombra de um homem se aproximar e ficar na minha frente, me virei imediatamente para ver quem era a figura sombria que se aproximava de mim.

-Tony? – perguntei confusa. Ele estava com uma faca afiada em suas mãos e me olhava com uma expressão nada boa, eu, porém, já sabia o que ele pretendia. Ele levantou o braço que segurava a faca pegando impulso, eu fechei os olhos sabendo que aquela seria a ultima vez que eu os abriria, mas não foi.

-Eu não posso fazer isso. – disse ele em lágrimas abaixando a faca que havia em suas mãos.

-Por quê? Eu não entendo o que está acontecendo? – perguntei.

-Foi ela, ela me obrigou a fazer isso, me desculpe.

-Ela quem?

-A rainha. Ela é má, cruel, não tem coração. – eu o olhei assustada, não sabia de quem estava falando, só tinha uma pessoa que me parecia exatamente daquela maneira que ele descrevia... Carmem. Eu permanecia em silêncio, ainda tentando entender tudo. Ele me olhou com confiança e ainda um pouco sombrio e falou:

-Fuja! Fuja para longe! – eu permaneci no lugar, até que eu me toquei que aquilo que ele dizia era realmente sério, comecei a dar alguns passos pra trás. – fuja, fuja, para o mais longe que puder – me virei e corri o mais de pressa possível e de longe eu o escutava dizendo: - não a deixe te encontrar, fuja e não a deixe te encontrar, se ela souber onde está, irá te matar.

Continuei correndo e então, tudo voltou a escurecer, não existia mais dia, só noite, não existia mais claro, só a escuridão, eu corria o mais rápido possível, até que tropecei e bati a minha cabeça com toda a força no chão, e ali adormeci. Fui abrindo os olhos devagar, e fui vendo que tudo estava claro de novo e me senti aliviada, eu estava de novo naquela linda floresta cercada de flores e animais, aí eu me toquei, aquela parecia à história da branca de neve. Porque eu estava ali dentro daquela história? Será que eu tinha que saber de alguma coisa? Levantei-me do chão e comecei a caminhar e parecia que os animas me seguiam, fui andando até que encontrei uma pequena casinha, como na história, aquela deveria ser a casa dos sete anões, mas quem seriam esses anões? Entrei devagar e como o esperado, não tinha ninguém. Eu não iria limpar, então pulei logo pra outra parte, onde a branca de neve dormia em uma das camas dos sete anões. As camas não eram pequenas como na história, eram de gente normal. Adormeci ali à espera deles, se passaram alguns minutos quando ouvi um barulho, deviam ser eles, desci as escadas e comecei a procurar alguém que deveria ter entrado ali.

-AHHHH! – tapei minha boca no mesmo instante que gritei, não acreditava no que eu estava vendo. – Franja, Tikara, Quim, Xaveco, Do Contra, Nimbus, Titi e Cascão? O que fazem aqui? – perguntei confusa. Xaveco logo falou:

-Como sabe nossos nomes? – inventei a primeira desculpa que veio na minha cabeça, mas eu só tive essa ideia porque estava na própria história.

-Eu vi que estava escrito na cama de vocês. – disse igualzinha a branca de neve.

-E o que fazia em nossas camas?

-Dormia – disse ironicamente, senti vontade de rir do meu comentário.

-E o que faz aqui? – perguntou Titi.

-Eu... Estou perdida e preciso que me abriguem aqui por um tempo – era óbvio que eles não iam deixar logo de cara então fui logo pra parte onde eles me deixavam ficar e disse: - eu faço torta de maça se me deixarem ficar.

-Ok então.

-Por mim tudo bem.

-É pra já.

Todos concordaram exceto um... Cascão.

-O que? Vão deixar essa clandestina ficar em nossa casa? Onde está o juízo de vocês seus bandos de idiotas estúpidos. – disse ele todo nervosinho, eu me toquei qual dos anões era o Cascão, ele era o Zangado, o anãozinho mais nervoso da história da branca de neve, e eu entendo o porquê, faz tempo que não vejo esse lado do Cascão. Então eu me lembrei de quando eu e ele éramos amigos, e sabia que quando eu fazia aquela carinha de anjinho, ele sempre se dava por vencido. Me dirigi até ele e olhei bem no fundo de seus olhos e disse:

-Por favor! – apenas isso pra ele ficar sem jeito.

-Tá que seja, mas vai limpar a casa e cozinhar. – eu não sabia fazer nenhuma dessas coisas, mas concordei mesmo assim, já que eu esperava não ficar ali por muito tempo, aquilo só podia mesmo ser um sonho.

-Legal, mas escuta, vocês não deviam ser sete? Vocês estão em oito, e não deveriam também ser anões? Vocês tem o tamanho de uma pessoa normal. – comentei.

-É só que o Xaveco quis entrar pra turma dos sete, e quem disse que nós somos anões? – disse Titi.

-He He, tá bom. – disse rindo.

De repente vi a imagem rodar em minha volta como se o tempo passasse sem eu precisar estar nele, até que parou o tempo, eu estava dentro da casinha com um pano de limpar na mão, a limpeza e o sofrimento já tinham acontecido sem que eu precisasse estar ali presente.

-Nós já vamos. – disse Cascão se aproximando.

-Vão pra onde? – perguntei.

-Trabalhar na mina de ouro. – bem como a verdadeira história da branca de neve, eu simplesmente concordei. Enquanto eles caminhavam floresta á fora, eu parei pra pensar, eles foram embora para trabalhar e me deixaram sozinha exatamente como na história da branca de neve, então o que acontecia depois? Ah é mesmo, a bruxa má aparecia e eu comia a maça... O QUE? Quer dizer que é isso? Eu morro envenenada? Calma Mônica, calma é só um sonho, e além do mais, é só você não aceitar essa maça. Pensando bem eu estou demorando muito pra acordar desse sonho, em todos os meus sonhos eu só acordei quando o sonho acabou, e se eu não aceitar a maça, é mais provável que eu nunca acorde, então já que isso é só um sonho, eu vou logo aceitar essa maça, não há nada que possa acontecer. Me sentei um pouco na cadeira perto da janela, quando então, aconteceu a coisa que eu já esperava, uma senhora corcunda se aproximava, não dava pra ver muito bem quem era porque usava um capuz cobrindo o seu rosto. A senhora se aproximou e colocou a sexta cheia de maças na janela.

-Gostaria de uma maça minha jovem? – ela perguntou, e no mesmo instante levantou sua cabeça e pude ver quem era aquela pessoa.

-Carmem? – perguntei totalmente surpresa.

-Sim, esse é o meu nome, estou lhe oferecendo uma maça. Aceita? – disse ela me estendendo a maça. Eu parei pra pensar um minuto, Tony era o caçador que prometeu a essa bruxa que era a Carmem arrancar meu coração, mas ele não teve coragem então me mandou fugir para bem longe, eu o obedeci, encontrei uma casa com sete anões, ou oito, que de anões na verdade não tinham nada, me abrigaram em sua casa e viraram meus melhores companheiros. A bruxa finalmente apareceu me oferecendo uma maça, ou seja, tentando me envenenar, eu já esperava isso dela. O que acontece mesmo no final da história? Ah é, ela é despertada com um beijo do príncipe encantado, mas se o Tony é o caçador, quem é o meu príncipe?

-Então... Aceita minha maça? – perguntou Carmem.

-Tá que seja – disse pegando de pressa a maça e mordendo um pedaço dela, queria acabar logo com aquilo. Senti-me tonta e meu corpo mole, cai no chão e tudo ficou escuro. Abri os olhos devagar, olhei em volta e todos os anões estavam em minha volta e percebi que estava dentro de um caixão cheio de flores, dei mais uma olhada para entender tudo aquilo, quando vi a figura em minha frente, o príncipe encantado que me acabara de despertar.

-Cebola? – perguntei.

-Mônica, Mônica, Mônica acorda. – gritou uma voz desesperada longe do meu sonho.

-Ahhhh! – pulei da cama, como o previsto aquilo não passara de um sonho.

-Agente vai se atrasar pra escola.

-Calma Magali.

Tomamos banho e nos aprontamos pra ir pra escola, corremos para não nos atrasar, fiquei pensando no sonho estanho que tive. Cebola um príncipe encantado? Como assim? E o que foi aquela história da bruxa e do caçador? Será que Carmem e Tony estavam armando alguma?

A aula passou voando, o que eu estranhei porque sempre a aula demorava um século pra terminar, eu mal vi o Cebola, na hora do recreio alguém colou a minha bandeja na mesa e depois eu não consegui tirar, eu achei estranho, quem será que teria feito essa brincadeira estupida comigo? O que eu achava um simples acontecimento, acabou se repetindo, trocaram a combinação do meu armário várias vezes, jogavam papeizinhos em mim durante a aula e quando eu olhava pra ver quem jogou, a pessoa disfarçava pra mim não saber quem era, e também grudavam chiclete na minha carteira e várias outras coisas, quem seria aquela pessoa que ficava implicando comigo sem que eu soubesse? Que estranho. Outra coisa estranha é que eu nunca via o Cebola, quando a gente se esbarrava ou coisa e tal, alguém chamava ele pra um canto fazendo com que ele não falasse comigo, e essas pessoas geralmente eram a Carmem e a Irene ou a Denise, será que Cebola estava sendo amigo dessas chatas? Parecia que alguém sempre fazia alguma coisa pra nos separar e essa mesma pessoa estava querendo me arruinar. Quatro semanas se passaram, eu já estava com saudade do Cebola, agente nunca se via e o pior de tudo é que só faltavam alguns dias pro Show de Talentos, eu estava nervosa com tudo, eu tinha ensaiado bem, mas era difícil não chegar no palco e desmaiar. O Tony andava meio distante, ele não andava mais com agente, talvez fosse pelo fim do namoro, mas ainda sim estranhei, porque depois de algum tempo ele já devia voltar a falar conosco, mas não, ele anda muito sumido ultimamente, o que me deixa um tanto desconfiada.

(P.V. Cebola)

Finalmente o mês acabou. Durante esse mês eu estranhamente fiquei mais próximo da Carmem, Denise e Irene, eu não sou amigo delas, mas elas sempre tentam puxar conversa comigo. Eu estou treinando cada vez mais pro Show de Talentos, não quero que nada dê errado. O que eu mais senti falta durante esse tempo todo foi a Mônica, agente não se vê nunca, será que ela está me evitando? Eu achei que agente fosse amigo agora, eu queria muito falar com ela, e o negócio do fim do namoro dela e do Tony talvez fosse algum tipo de assunto pra conversarmos. Toda vez que tento falar com ela acontece alguma coisa, isso me deixa com raiva... Engraçado, eu me sinto como um peixe exigindo por água, sem a Mônica perto de mim eu não consigo ficar bem, e se ela não estiver comigo talvez eu não consiga participar do Show de Talentos por falta de coragem e apoio. Por que essa sensação esquisita? Eu me sinto tão diferente quando estou ao lado dela e quando não estou é como se o mundo inteiro escapasse das minhas mãos, estranhamente eu gosto do sentimento que sinto quando estou com ela, talvez eu esteja... Apaixonado.

(P.V. Mônica)

As brincadeiras estúpidas comigo continuam, e dessa vez pior, hoje quando cheguei na escola vi escrito na lousa da sala “ Mônica, a dentuça” Eu morri de raiva, sorte que não tinha chegado quase ninguém na sala de aula e eu logo apaguei aquela mensagem ridícula no quadro. Algumas ameaças foram entregues pra mim por bilhetinhos através de outras pessoas, alguém estava querendo me irritar, me colocar pra baixo, e eu ia descobrir quem era essa pessoa. Engraçado, semanas atrás eu tive um pesadelo que acabou virando apenas um sonho baseado na história da branca de neve, e quando eu acordo pra realidade, vejo que o pesadelo apenas começou.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem, bjs e até o próximo cap.